domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz 2012!

Queridos amigos e leitores, que em 2012 as coisas boas se multipliquem e se derramem sobre nós, envolvendo-nos em um manto de Amor e Bondade, para que tenhamos a paz necessária para trabalhar pelos nossos sonhos. Muitos beijos, continuamos aqui, juntos!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sobre a AMIZADE

- Ah, Vá, escreve da gente...

Eu tinha um post sobre a viagem a Buenos Aires na cabeça, mas resolvi mudar depois que ouvi o pedido da minha amiga Renata na mesa do bar.

Renata é minha amiga desde... (melhor omitir datas) Desde o Científico no Colégio Santo Agostinho, no Rio de Janeiro. Além dela, estavam também: Maria, Simone, Ana Paula, Paulo Bernardo, Sérgio Gonçalves. Faltaram Luciana e Sérgio Garcia. Nós estudamos juntos no 1º, 2º e 3º ano Científico - hoje chamado Ensino Médio - e o tempo e as vidas diferentes não conseguiram nos afastar. Várias vezes por ano nos encontramos em algum bar do Leblon, bairro onde ainda está o bendito colégio, e onde a maioria de nós ainda mora.

Confesso que o Santo Agostinho foi o lugar em que estudei do qual menos gosto. Colégio de padres, careta demaaaais!... Além do mais, meu pai morreu quando eu estava no 2º ano e minha vida desabou. Mas nada disso turvou a amizade com meus queridos colegas.

Por isso, proponho uma reflexão especial, nesse fim de ano, sobre o valor da AMIZADE e dos AMIGOS nas nossas vidas. Com parentes e amores a gente, volta e meia, se atrita. Com amigos também, mas menos. Na maioria das vezes, é com eles que compartilhamos... tudo! Alegrias e tristezas, ganhos e perdas.

Ainda me lembro do abraço do Paulo Bernardo na missa de sétimo dia do meu pai. E do abraço que eu mesma dei na Simone, na missa de sétimo dia do pai dela. E a Maria, que é fisioterapeuta, hoje mesmo cuidou do meu joelho!

VIVA OS AMIGOS!!!

Muita saúde, AMOR, AMIZADE, Paz, Prosperidade, Felicidade para todos nós em 2012! E para sempre, amén!

Abaixo, nós todos juntos no antigo bar Guapo Louco, com o querido Norton (bem no meio, de azul), que já nos deixou, mas continua vivo em nossos corações.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Mi Buenos Aires querido

Eu fui ano passado e gostei tanto que estou voltando... Uma semana comendo assados en la parrilla e bebendo bons vinhos. Y otras cositas más... Até a volta!

Abaixo, a livraria El Ateneo, visita obrigatória.

sábado, 26 de novembro de 2011

Ser índio

Índio, na verdade, não é o nome correto para os brasileiros, nossos irmãos de sangue, que formam mais de 250 etnias em nosso país, e falam mais de 180 idiomas diferentes.

Eles eram 5 milhões no século XVI, e hoje são 350 mil.

Todos os dias, pela manhã, eles se levantam antes do sol raiar, lá paras quatro ou cinco horas, e se banham no rio gelado para lavar os sonhos da noite.

Eles se levantam e se deitam junto com o sol para aproveitar toda a claridade do dia.

Aprendi essas e muitas outras coisas com Daniel Munduruku, escritor indígena da etnia Munduruku com mais de 40 livros publicados, formado em Filosofia, mestre em História e Psicologia e doutor em Educação pela USP. Eita homem estudioso, sô!

Foi durante a mesa redonda Cultura indígena: do direito ao respeito à diversidade, na Primavera dos Livros 2011. Uma presença tranquila ao meu lado...




Lembrei da entrevista que fiz com o também escritor Kaka Werá Jecupé, da etnia Guarani, para meu livro de entrevistas Encontros com Deus. Ele estava de passagem pelo Rio de Janeiro e me recebeu na casa onde estava hospedado, em Copacabana.

Ficamos conversando na sala e noite foi caindo, caindo... Ele não esboçou movimento para acender a luz, tampouco eu...

E assim terminamos a entrevista em completa escuridão. Mas eu conseguia vê-lo, enxergá-lo, porque meus olhos haviam se acostumado ao escuro.

E ali eu entendi profundamente o que era ser índio... (ops!)


sábado, 19 de novembro de 2011

Descobrindo a sua força interior com o Leão Cordélio

Walt Disney produziu alguns filmes curtos, além dos famosos longa-metragens de animação, e eles chegaram ao Brasil, em revistinhas acompanhados de discos de vinil compactos, por volta de 1970. Eu tinha menos de 10 anos e logo virei colecionadora: tinha um organizador com lâminas de plástico onde guardava os discos, as revistinhas ficavam em uma estante, e eu me sentava durante horas para ouvir e acompanhar as histórias.

Dentre todas, uma ficou na memória: o Leão Cordélio. Alguém aí ouviu falar? Ou assistiu e também se lembra?

Cordélio era um filhote de leão que, por engano, foi deixado pela cegonha em um rebanho de ovelhas. Foi criado por uma velha ovelha, que não podia mais ter filhos, e cresceu forte e... bobo. Porque Cordélio era menosprezado por todos desde sempre! Nos campeonatos de cabeçadas das ovelhas, levava a pior. Todas zombavam e faziam troça, apesar de gostarem dele.

Até que certa noite... Um lobo aparece rondando o rebanho e arrasta consigo justamente quem? A mãe de Cordélio. Ela grita: 'Cordéééélio, Cordéééélio!' Mas ele morre de medo, mete o rabo entre as pernas e se esconde como as outras ovelhas. Até que, de repente, um grito mais forte e desesperado da mãe: 'Cordééééééééééélio!' Faz Cordélio acordar para a sua natureza de leão...

O resto eu não vou contar. Tem que assistir ao filminho - são 8 minutos, dublado em português.

Pra gente se lembrar do leão que existe em nós, muito embora não acreditemos nisso algumas vezes.



domingo, 13 de novembro de 2011

Peço desculpas

Domingo recente, fui caminhar no calçadão da praia e lembrei, pela décima vez, da necessidade de pedir desculpas a uma pessoa querida que magoei - e já faz tempo, quase dois anos sem nos falar. Refleti: "é fim de ano, boa época para resolver esses assuntos".

O problema é que eu já havia refletido e tomado essa decisão várias vezes ao longo desse tempo, porém, sem partir para a ação.

Termino de caminhar e paro na calçada, esperando o sinal fechar para atravessar a rua. Olho para a esquerda, distraída, e quem está ao meu lado, ombro a ombro? A tal pessoa.

Ziiiiiiimmmm... Pow! É agora.

Toco em seu ombro e ela me olha... Que susto! Trocamos meia dúzia de palavras sem sentido - o tempo, o calor, a bicicleta, o cachorro... O sinal fecha, atravessamos a rua.

Chegamos à outra calçada e ela se prepara para seguir seu rumo, mas eu interrompo:

- Espera!... Quero te dizer uma coisa e estou para fazer isso há muito tempo...

?

- Quero te pedir desculpas por qualquer coisa que eu tenha feito e que tenha te aborrecido.

Olhar desviado, expressão de ironia como quem pensa (com razão) "é fácil pedir desculpas".

Continuo:

- Não apenas pedir desculpas, mas te garantir que não vai acontecer novamente, caso ainda exista uma chance da nossa amizade continuar... (Nessa hora a minha voz tremeu, muita emoção!)

Olhos perscrutando o meu rosto, um misto de surpresa e desconcerto.

- Tá desculpada... - e ainda ganhei um abraço.

Pronto, cada um seguiu o seu caminho com o coração mais leve.

E tem gente que diz que milagres não existem!




segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SOS Leblon

Graças a Mônica Paiva, do blog Moniquinha, que veio ao Rio neste fim de semana, conheci uma porção de mundo ainda real dentro do Leblon que habito desde 1998.

Porque o Leblon de Manoel Carlos pirou. Os preços triplicaram, não só dos imóveis, mas de tudo. Vejam:

Outro dia, fui ao armarinho da Rua Dias Ferreira comprar um zíper para uma almofada, que havia arrebentado. Na hora de pagar, o atendente me disse: "Sai pela metade do preço". "Por que?", perguntei. "Porque o aluguel da loja dobrou. Passou de R$ 2,5 mil para R$ 5 mil e vamos fechar".

Olha que o armarinho é uma micro-loja, onde mal caberia uma sorveteria. "Há quanto tempo vocês estão aqui?", eu quis saber. "Quarenta anos", respondeu o rapaz, cabisbaixo.

No domingo, a Mônica me convidou a encontrá-la após a missa, aqui no Leblon mesmo, pois sua irmã Marília, que a estava hospedando, é minha vizinha de bairro. "Na Santa Mônica, né?", deduzi, por ser a principal igreja do Leblon, na Ataulfo de Paiva esquina com José Linhares. "Não, naquela outra..."

Aquela outra é uma igreja onde eu nunca havia pisado, perto do Shopping Leblon, bem na entrada da comunidade de baixa renda chamada Cruzada - espécie de favela horizontal dentro do bairro. (Sim, por mais que queira ser chique o Leblon não se livra de ter a sua favelinha).

Foi uma surpresa boa: lá dentro havia gente comum, moradores da Cruzada misturados com a classe média dos arredores. Havia até uma vizinha do meu prédio. O coroinha era um adolescente negro e o coral, muito afinado, formado de moças com jeito de serem da Cruzada também.

No fim da missa, o padre falou da necessidade de os fiéis contribuírem com mantimentos para as cestas básicas distribuídas pela paróquia, pois com o fechamento do supermercado Sendas, o Leblon está servido, apenas, pelos dois supermercados mais caros do Rio de Janeiro: Zona Sul e Pão de Açúcar. "As pessoas têm que sair do seu bairro para fazer compras. E não é o bairro ao lado, mas, mais longe, como Botafogo, Copacabana ou até Barra da Tijuca".

O que começou como uma brincadeira e um charme, o Leblon do Manoel Carlos, está virando um pastiche do que já foi um bairro calmo e familiar do Rio de Janeiro. O último que sair, apague a luz.

Abaixo, a Rua Dias Ferreira, onde hoje os paparazzi correm atrás dos artistas o fim de semana inteiro.




sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Artistas que eu admiro

São aqueles que expõem seu inconsciente de forma ordenada e bela, presenteando-nos com obras de arte.

Mas é preciso ter muita coragem para expor o inconsciente, porque é mais do que ficar nu na frente dos outros, é deixar a alma nua pra todo mundo ver - e julgar.

Mas quem se importa?

Os escritores João Gilberto Noll, Nuno Ramos e Reinaldo Moraes não se importam. Por isso eu gosto tanto dos livros deles.

Outro que saiu totalmente do padrão esperado e nos assalta com um filme perturbador é Pedro Almodóvar. La piel que habito, que acaba de entrar em cartaz, apesar de se basear em um romance - Tarantula, do francês Thierry Jonquet - contém todas as obsessões deste mestre do cinema. Um filme de poucas gargalhadas, que faz a gente sonhar com ele e acordar no dia seguinte pensando nele.

São obras assim que nos fazem entender a famosa frase de Picasso: "A arte é uma mentira que nos conta a Verdade".



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Alguém aí tem filho adolescente?

Putz!... A adolescência chegou aqui em casa com força total: arrombando portas, quebrando tudo, abrindo passagem.

Não que isto esteja acontecendo ao pé da letra, mas é como se fosse.

De repente, aquela doçurinha que saiu de dentro da sua barriga não quer saber mais de você. Pelo contrário, se você diz 'azul', ela diz 'roxo'. Se você diz 'alto', ela diz 'baixo'. Se para você é 'bom', para ela é 'ruim'.

Temos que nos transformar em monges para suportar o atrito!

Mas como foi na nossa época?

Fui uma adolescente tardia, a rebeldia irrompeu por volta dos 20 anos. Não sei se foi melhor ou pior, o fato é que a crise da entrada na vida adulta se estendeu... Só fui procurar estágio no último semestre da faculdade, a contragosto, com vergonha dos outros colegas que já estavam trabalhando. Até então, eu escapulia em qualquer oportunidade, viajando de ônibus ou de carona por todo lugar do Brasil. Meu pai já tinha morrido e a pobre da minha mãe ficava em casa se preocupando e segurando a barra sozinha. E olha que sou filha única. Coitada!

Na hora de encarar a vida real, doeu!... Mas cá estamos nós.

Lembrando disso, extraio de mim uma dose extra de paciência... Haja!


domingo, 23 de outubro de 2011

Desejos que são necessidades

Acredito que certos desejos que nos acompanham a vida toda mereçam ser ouvidos e realizados, pois são mais que desejos, são necessidades do ser, da alma.

Não sou espiritualista nem sigo a doutrina de Kardec. Mas acredito que, quando não realizamos essas necessidades, nós as levamos conosco para outras vidas. E assim vamos acumulando tarefas.

Não deixe para amanhã o que pode resolver hoje - é uma das minhas frases favoritas.

Acontece que esses desejos/necessidades quase sempre são difíceis de realizar. É trabalho pra vida inteira. Quem está disposto?

"Todos os caminhos que levam ao que o coração almeja são longos", disse Joseph Conrad, autor do clássico da literatura inglesa Coração das trevas. E pensar que ele nasceu polonês, só foi aprender inglês aos 21 anos e antes de publicar seu primeiro livro já tinha tentado o suicídio!

As necessidades não realizadas ficam nos atormentando, gritando dentro da gente, inimigas da paz. É preciso reconhecê-las e olhar para elas sem medo. O que é possível realizar? Por onde podemos começar?

Muitas vezes, arranjamos desculpas muito bem fundadas para não realizar as necessidades. Essas teorias só existem na nossa cabeça e são como uma prisão. As grades são invisíveis, mas nós as enxergamos como se fossem de ferro, muito fortes...

Ah, se soubéssemos que bastaria um passo à frente, um sopro, para que se desfizessem no ar!... Ai, que vontade de provar a liberdade!...

Às vezes, acho que o maior medo do ser humano é da felicidade. Vai entender...



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Surpresa!

O que é a vida senão uma sucessão de situações corriqueiras e chatices - formam a nossa rotina, sem a qual enlouquecemos - pontuada por alguns fatos espetaculares?

Conversar até altas horas com um escritor que se admira.

Jantar uma comida maravilhosa, acompanhada de um vinho maravilhoso, em companhia do primo querido da adolescência.

Ser acolhida com tanto amor e carinho e sentir-se em casa, apesar de tão longe de casa.

Viva a vida!

Com todas as suas chatices corriqueiras!

Daqui a pouco vem outra felicidade, outro momento espetacular.

Surpresa!

Vamos aguardar.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Eu não fui ao Rock in Rio

Mas curti muito, tudo, pela televisão. No conforto do lar. Estou ficando velha? Não, só que a única banda que eu realmente queria ver acabou. Quer dizer, ainda existe, mas acabou.

Guns´n Roses marcou época. Era o início dos anos 90 e, embora não tenha sido um período fácil na minha vida, foi marcado por muuuuuuita diversão. Querem ver?

No show do Guns que assisti em 1991, para começar, eu penetrei no Maracanã. Como??? Nada simples: comprei do cambista, por engano, ingresso para arquibancada enquanto todos os meus amigos iam na pista. Após chorar e me descabelar, combinei com a minha amiga Ana Paula, que tinha uma credencial: ela entraria primeiro e, uma vez lá dentro, tentaria me passar a credencial pela fresta da grade ao lado das bilheterias. Mas havia 1.000.000 de seguranças ao redor!

Quis o Céu que um camarada que tentava escalar o muro do Maracanã, para penetrar como eu, despencasse lá de cima. No que o cara se estatelou no chão, todos os seguranças foram em cima. Minha amiga passou rapidamente a tal credencial pela grade e eu entrei correndo e gritando pelos corredores de acesso ao gramado: uhú!!!!

Lá dentro, pulamos e dançamos muuuuuito ao som de Don´t Cry, Paradise City e, principalmente, Sweet Child O´Mine - esta última, um clássico.

Na volta para casa, ao corrermos para pegar um ônibus, Ana Paula caiu e arrebentou o joelho no chão. Viemos conversando com o motorista do ônibus, contando os melhores momentos do show. Era um 410, que passa batido pela Rua Jardim Botânico e não sobe a Lopes Quintas, rua onde morávamos. Teria que ser um 409 para subir a rua.

Mas, bem na esquina, o motorista que já tinha super ido com a nossa cara disse: 'Péra aí, você não pode subir a rua com esse joelho. Vou levar vocês lá em cima!" Virou a direita e, saindo do percurso normal da linha, nos deixou na porta de casa.

Delícia, né?

Axl Rose não tem mais voz, mas ainda rebola e mantém o jeitinho matador. Mas prefiro vê-lo pela televisão, mudando de canal quando a saudade apertar.



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Liberdade X segurança


De tudo o que o brilhante velhinho diz - sobre temas que vão de política a relações pessoais -, ficou na minha memória o paradoxo liberdade X segurança. Diz Bauman (livremente adaptado por mim): "O ser humano se debate entre dois pólos. O que ele mais almeja é a liberdade. Mas a liberdade sem segurança é o caos. Por outro lado, à medida que tem mais segurança, precisa abrir mão da liberdade".

Essa fala ficou ecoando dentro de mim.

O Brasil é amado por nós e sonhado pelos estrangeiros por ser um lugar onde se tem muita liberdade: de andar com pouca roupa, tomar banho de mar seminus, dançar no meio da rua, fazer sexo livre. Não por acaso, o Rio de Janeiro foi eleito o destino número 1 para gays em todo o mundo.

Por outro lado...

Fui a Maceió como convidada da Flimar - Festa Literária de Marechal Deodoro - e fiquei hospedada na Praia do Francês, uma linda praia margeada por coqueirais a perder de vista. Entre ficar em frente aos quiosques com música aos berros e me distanciar caminhando pelas areias planas, escolhi a segunda opção.

Estou eu, bem feliz, sentindo-me mais livre que uma pluma ao vento, quando se aproxima um homem.

- É melhor a senhora não se distanciar tanto, porque volta e meia vem uns cabra e levam carteira e celular. Cuidado!

Despenquei do paraíso na terra, comecei a caminhar mais rápido, voltando à muvuca barulhenta que havia deixado para trás. Que m... a liberdade sem segurança!

Ao assistir a reportagem sobre arrastão e furtos dentro da Cidade no Rock, no primeiro dia do Rock in Rio, me veio novamente a questão: precisamos de mais liberdade ou mais segurança? Acho que, nesse momento, em nosso país, carecemos de mais segurança. Nem que, para isso, tenhamos que abrir mão da nossa tão propalada liberdade.

Abaixo, a linda Praia do Francês.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Foram me chamar...

Eu estou aqui o que é que há?

Quem me puxou de volta foi o André, leitor de Taubaté, interior de São Paulo, cidade de Monteiro Lobato. Ele foi até a Flip (Festa Literária de Paraty), como faz todos os anos, assistir a Off Flip. Apareceu com um sorriso e um abraço, e me deu de presente uma estátua de Monteiro Lobato junto com a Emília, uma graça!


Lá pelas tantas, me disse:

- Se vc estava cansada, deveria diminuir o número de postagens, espaçar, mas não parar.

Fiquei com aquilo na cabeça. E depois ouvi de Affonso Romando de Sant´Anna em uma palestra:

- Se o sujeito hoje não tem um blog, não pode nem sair de casa!

Lembrei que eu tinha um blog, bem visitado até! E resolvi voltar. Vou escrever de vez em quando. Visitar os blogs de vocês. Compartilhar amor e alegria. Tristezas também, vez em quando.

E vamo que vamo!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Pausa do Tempo no blog

Amigos,

Chegou a hora de fazer uma Pausa do Tempo no blog. O que precisava ser dito, foi - da melhor maneira possível.

Sempre tive enorme prazer em escrever os posts, mas acho que agora a energia se extinguiu. Vai reaparecer em algum outro lugar, daqui a pouco, mas eu ainda não sei.

O melhor de tudo foram os amigos que eu fiz. Alguns deles, cheguei a conhecer pessoalmente e a amizade continua: Mônica Paiva, Rafael Velasquez, Pablo Lima.

Outros eu nunca vi ao vivo e a cores, mas sinto muito perto de mim: Maria Neide Ferreira, Fernandes.

Outros, ainda, migraram para o Facebook: Fig (MeloBateroMania), Carolina (Que tal um café e um papo?); Mônica Loureiro (Inventadeira de Moda), Vander Hugo.

Um agradecimento especial à Denise, do Papo Calcinha, que me incentivou a começar o blog.

Obrigada a todos pela leitura, pela troca e o afeto. O plano de publicar os melhores textos desses quase 4 anos de blog persiste.

Eu os convido a ler as atualizações semanais do site da minha empresa, Shahid Produções Culturais. E a serem meus amigos no Facebook.

Foi uma longa caminhada... Quando o blog começou eu era outra pessoa. Quanta água passou embaixo da ponte! Ainda bem!

Mas temos que dar um fim às coisas, quando se esgotam... A vida é assim. Vamos em frente! Muitos beijos e abraços.



sexta-feira, 1 de abril de 2011

O espírito de 1º de Abril

À mesa do almoço, meu filho disse:

- Mãe, tirei 5.0 na prova de Geografia.

Meus olhos soltaram faíscas; já ia começar a esbravejar quando ele...

- Caiu, caiu, 1º de Abril!

Hahaha!... A indignação deu lugar ao riso.

Em seguida, fomos juntos ao quarto da Vivi, nossa funcionária "do lar":

- Vivi, o porteiro descobriu uma ninhada de gatinhos atrás da casa dele e decidimos adotar um. Vai fazer companhia à Piblu (que já dá um bocado de trabalho).

Vivi começou:

- Vocês é que vão cuidar! Pápápá...

Hahaha!...

Sempre gostei de pregar peças nas pessoas em 1º de abril. Mas não pode ser qualquer peça. Tem que ser algo que faça o cabelo na nuca do outro arrepiar. Não de medo, mas de desconforto. Grrr...

- Meus filhos, a mamãe tem uma coisa especial para contar: estou grávida!..

Hahaha!...

E vocês, pregaram alguma peça em alguém nesse 1º de Abril?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Uma linda - e nada banal - história de amor

"(...) A partir desta interferência, a dupla dá adeus à filosofia e engrena uma história banal de casal, com longa lista de cobranças, expectativas e desiluções”.

A frase me saltou ao olhos em meio à crítica da jornalista Susana Schild sobre o filme Cópia fiel, obra do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, em cartaz nos cinemas cariocas. Não vi o filme, mas fiquei pensando: ao perseguirmos tanto o amor, será essa a recompensa, o pote de ouro ao fim do arco-íris? Acho que não!

Porém, ao olharmos para trás, quantas das histórias de amor que vivemos não incluíram esses componentes: cobranças, expectativas, desiluções? Todas, ou quase. É preciso muito cuidado para não cair nessas fáceis armadilhas que estragam a felicidade.

Querem ver? Listei, com base em minha própria experiência, situações comuns no dia a dia dos casais:

  • Manipular pela culpa – O outro deu uma pisadinha na bola e a gente arma um circo, faz crescer uma tromba do tamanho de um bonde, e a cara feia dura dias... Pobre do outro.
  • Fazer criancices para chamar atenção – Uma mulher que conheci me contou: “hoje eu me enfiei em um bingo a tarde inteira e não avisei ninguém”. “Por que?”, perguntei. “Para eles sentirem a minha falta e virem atrás de mim”. E olha tinha quase 50 anos, filhos criados.
  • Não falar o que está incomodando e deixar a coisa “apodrecer” dentro – Isso cria ressentimentos terríveis.
  • Deixar de falar “eu te amo” ou outras coisas lindas que vêm à boca por vergonha ou para “não baixar a guarda”.
  • Criticar o outro e querer mudá-lo para que “caiba no seu sonho”, como já disse Cazuza.
  • Não perder a oportunidade de citar um ex-namorado para provocar ciúmes no outro.

Muito mais... Tudo isso são tonterías (palavra do espanhol que eu adoro) passíveis de protagonizarmos a qualquer tempo.

Vamos ficar de olhos e coração bem abertos... E nos permitir viver uma linda - e nada banal - história de amor.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Medo da liberdade

- Algum de vocês teria um bom livro sobre o medo para indicar? - perguntou o amigo no meio da reunião, e todos se entreolharam.

- Por que sobre o medo?

- É que estou desenvolvendo um novo projeto para crianças... - de fato, esse colega trabalha com teatro infantil.

Alguns fizeram sugestões e eu indiquei a coleção Quem tem medo, da Editora Scipione, que ajudou minha filha a perder o medo do mar após ter sido literalmente "pescada" por um anzol na praia, aos 4 anos.

- Não - explicou nosso amigo - Eu queria um livro sobre o medo em si. Uma teoria sobre o medo.

Confabulamos e concluímos que esse livro não existe. Um de nós filosofou:

- O mestre tal disse que o medo é causado pela falta de liberdade. Se conquistarmos a liberdade, não haverá medo.

Aí eu intervim:

- Mas as pessoas também tem medo da liberdade. Liberdade demais assusta - e todos me olharam desconfiados...

A propósito dessa afirmação, lembrei de um texto que escrevi em 2009, e que agora sai da gaveta.

No sábado à noite, ela saiu livre, leve e solta, o vestido bem decotado, o certo era usar sutiã, mas ela foi sem sutiã mesmo, os seios livres sob o tecido de algodão.

Tinha ido à praia e estava bronzeada, o certo era usar maquiagem, mas ela não usou, foi de cara lavada mesmo.

Chegando à festa, a amiga arranjou um paquera, o amigo colou com outra e, de repente, ela se viu só. Foi para a pista e dançou, dançou, dançou... Os seios balançando, os cabelos voando, a cara sem maquiagem.

Nesse momento, se deu conta do quanto sempre teve liberdade, a dádiva da liberdade. Porque desde cedo teve que aprender a tomar conta de si, administrar seu dinheiro e isso lhe permitiu lançar-se ao mundo, viajar, fazer o que bem entendesse sem ligar para o que os outros pensam ou dizem.

Deu-se conta, ao mesmo tempo, do quanto é difícil viver a liberdade, porque implica riscos. É mais fácil apegar-se a hábitos, manias, obrigações auto-impostas. Tudo para não se ver a olho nu, não estar exposto ao vácuo que é o daqui a pouco, no virar da esquina.

É preciso muita coragem para viver a liberdade, isso sim. (Ou falta de juízo também!)



quarta-feira, 2 de março de 2011

As coisas mudam

Tem um filme ótimo do David Mamet com esse título (Things change, 1988), e eu me lembrei dele recentemente após a entrevista com MV Bill e a leitura do conto sufi O homem cujo tempo estava alterado no livro Histórias dos derviches (Nova Fronteira, esgotado).

Primeiro, o enigmático depoimento do Bill:

"Meu relativo sucesso é recente. Antes eu fazia show na Cidade de Deus, cobrava ingresso barato, mas ninguém ia. E olha que eu me vangloriava de fazer música para preto. Ficava frustrado, porque não era ouvido nem pelas pessoas da comunidade e nem pelos lá de fora. Isso foi me desmotivando de uma forma que eu quase desisti. Mas, de uma hora para outra, sem que eu fizesse nada, a coisa mudou. Não sei como, nem porque, mas mudou! Isso aconteceu de uns 3 anos para cá”.

O conto do homem com o tempo alterado, narra a trajetória de um próspero comerciante que vai perdendo tudo e sendo atingido por uma série de infortúnios até ficar quase na miséria. Valendo-se da antiga amizade com o rei de um país vizinho, viaja até lá para pedir ajuda.

Quando finalmente é admitido à presença do rei, o soberano indica que o o homem deverá receber 100 ovelhas e cuidar delas às margens do reino. O homem fica chateado, pois esperava mais. Mas cumpre as ordens do líder. Porém, as ovelhas são acometidas por uma misteriosa doença e morrem, e ele volta à miséria.

Numa segunda visita ao Rei, o monarca ordena que lhe sejam dadas 50 ovelhas, para que tente de novo. Menos ovelhas ainda? Mais uma vez, uma tragédia natural leva as ovelhinhas e ele fica sem nada.

Numa terceira visita, a cota passa a ser de 25 ovelhas. O homem está desalentado e cansado, mas não pode decepcionar o rei. Eis que o rebanho cresce e se multiplica!

De volta à presença do rei, este fica satisfeito e oferece ao homem o trono de um reino vizinho. Mas ele fica intrigado: "Por que não me ofereceu o trono na primeira vez em que o procurei?" Ao que rei responde: "Porque se houvesse lhe dado naquela época, não existiria hoje naquele reino pedra sobre pedra".




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Linus e os velhos sentimentos

Existem velhos sentimentos que carregamos dentro de nós vida afora. O tempo, o lugar e as pessoas mudaram, mas os sentimentos continuam lá, repetindo-se, repetindo-se... Quem é do tempo da vitrola lembra de quando a agulha ficava pulando em algum risquinho do vinil e repetindo um trecho da música.

Essa repetição atrapalha um bocado a vida da gente.

Ainda sobre o filme O discurso do rei - não que eu tenha gostado tanto, gostei mais de A última estação, sobre os últimos dias da vida de Tolstói -, tem uma hora em que o fonoaudiólogo chega para o rei e diz: "Você não é mais aquele menininho assustado e sacaneado pelos irmãos. Isso ficou para trás, passou..." É uma fala simples e, aparentemente, está na cara. O rei é adulto e tem plenos poderes para assumir o seu destino. Mas os velhos sentimentos...

Fico me perguntando por que nos apegamos a essas coisas, se elas nos atrasam tanto. Desconfio que é porque em priscas eras, quando aconteceram as situações que originaram os sentimentos, obtivemos alguns ganhos a partir deles: atenção, amor... Ou o que pensávamos que era amor na época.

Velhos sentimentos devem ficar no passado. Deixo amorosamente o meu passado para trás, ensina a mestra Louise Hay. Mas, ao mesmo tempo, dá um medo deixá-los!... Como será a vida sem eles?

Lembrei agora daquele personagem da Turma do Snoopy, o Linus, que carrega sempre um paninho. Querido Linus, pode soltar o paninho... Mas ele deve pensar: ainda serei eu sem o paninho? Vão me reconhecer? Continuarei recebendo amor e atenção? (ui!)

Vamos todos tentar soltar os nossos paninhos? Dá um medo!... Mas acho que a recompensa vale muito: a Liberdade.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um lindo filme sobre a Amizade

A Amizade é uma dádiva quase sempre pouco lembrada. Quando fazemos votos a alguém, costumamos pedir saúde, Amor, paz, felicidade, dinheiro... Mas e a Amizade? Ela é muitíssimo importante!

Tenho família pequena e boa parte mora longe, no interior do Rio Grande do Sul. Recentemente venho estreitando laços com os que estão mais perto, e está melhorando. Mas até isso acontecer, o que eu tinha? Com quem podia contar? Com os amigos. Esses, eu tenho muitos! Costumo dizer: os amigos são a minha família.

O discurso do Rei, em cartaz nos cinemas, é um lindo filme sobre a Amizade de um rei gago e seu fonoaudiólogo. Duas pessoas completamente diferentes em suas origens e formação... Mas a Amizade eclipsa as diferenças e é capaz de erigir reinos em lugares e condições insuspeitadas. (Isso não quer dizer que eles não briguem - o rei tem um gênio terrível!)

Essa semana, uma amiga contou detalhes da difícil fase que acabou de passar. Foram quase 3 anos atoladas em dívidas que a levaram a vender o apartamento em que morava e comprar outro, menor, a fim de poder saldá-las e pagar todos os amigos que lhe emprestaram dinheiro no período. "Sabe lá o que é chegar para um amigo a quem você já pediu dinheiro emprestado e pedir mais, embora não saiba quando poderá pagar?".

Agora que tudo se acalmou, ela convidou a nós, os amigos, para inaugurar a nova casa. Na hora do brinde, as pessoas lançaram: "Saúde, paz, Amor, felicidade, dinheiro!..." Ao que ela emendou: "Amizade!... Pois os amigos são minha verdadeira riqueza".

Tintin! Um brinde aos amigos!




quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Encontro com MV Bill na Cidade de Deus

De vez em quando ainda rolam alguns frilas como jornalista e aí... É sempre bom o exercício de ser jornalista. A gente conhece um monte de gente e fatos interessantíssimos aos quais não teríamos acesso de outro modo. Dizem que o jornalista é aquele cara que sabe de tudo um pouco, mas não sabe nada profundamente. É verdade! Mas que é fascinante, é.

Então, segunda-feira fui parar na Cidade de Deus - palco do famoso filme do Fernando Meirelles. Desavisada, em vez de ir pela Barra da Tijuca, muito mais rápido, fui passando por outras comunidades onde nunca havia estado antes: Tijuquinha, Rio das Pedras - onde fica o famoso templo do funk, Castelo das Pedras, e o cartaz dizia: 'nesta sexta, A Gaiola das Popozudas'! -, Jacarepaguá, Taquara, Freguesia, Anil... Quase 2 horas de viagem contabilizando os engarrafamentos. Mesmo assim achei tudo... Fascinante!

Na Cidade de Deus, fomos recebidas pelo Nino, produtor do MV Bill que é a cara do Lenny Kravitz. A entrevista foi feita no Coroado, como é conhecida a quadra em frente ao bloco de apartamentos onde MV Bill passou a infância e onde mora até hoje.

Lá pelas tantas ele aparece: 1,90m, braços com o diâmetro das minhas coxas, careca brilhante, sorriso perfeito em meio ao cavanhaque bem cuidado. As pessoas da comunidade o param para cumprimentar e saudar a casa 2 passos.

De tudo o que ele disse, o que mais chamou minha atenção foi a explicação para escolha de não ter ingressado no crime. Compartilho com vocês:

"Na comunidade, o crime não te chama de maneira direta, ostensiva. O traficante não te chama para trabalhar com ele. Mas eu via o meu pai trabalhar duro de manhã à noite e o único sapato que ele tinha era um chinelo de dedo. E via o traficante bem vestido, tênis importado, celular, carrão... Mas também via esse mesmo cara em situações nas quais eu não gostaria de estar, por exemplo, indo preso ou até mesmo morto. E o rabecão demora para vir buscar os corpos na comunidades, às vezes, o defunto fica ali exposto quatro, doze ou até mesmo 24 horas. No início é um choque, mas depois vira peça de decoração. E a gente tem tempo de refletir: ‘é isso que eu quero para mim?’ Eu decidi que não.”

Ficamos tão absorvidas com a conversa que esquecemos de tirar fotos com o Bill! Mas aqui vai um trecho do documentário Falcão - Meninos do Tráfico, realizado por ele e seus companheiros da CUFA, e exibido no Fantástico em 2006. Esse documentário foi o turning point na carreira do músico, ator - em cartaz em Malhação, na Globo -, autor de livros e empresário do Terceiro Setor, MV Bill.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bastidores da Academia Brasileira de Letras - As bibliotecas

Queridos amigos, eu os convido a saber mais sobre as duas bibliotecas maravilhosas que existem na ABL, abertas ao público gratuitamente. Leiam na capa do site Shahid:


Não costumo fazer isso, mas gostei tanto da visita que fiz à ABL, conduzida generosamente pelo acadêmico Murilo Melo Filho, que resolvi compartilhar com vocês também, além do público que lê toda semana a capa do site.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

La Noche de las Librerías

Na semana que passei em Buenos Aires, havia um evento anual que, por coincidência, tem tudo a ver com o meu trabalho: La Noche de las Librerías. Aconteceu em um sábado, 18 de dezembro, quando todas as livrarias de um certo trecho da Avenida Corrientes - uma das mais movimentadas da capital portenha - ficam abertas 24 horas e oferecem descontos em suas mercadorias.

O trânsito é interrompido e a população ganha as ruas: velhos, jovens, famílias inteiras carregando bebês em carrinhos. Em alguns pontos, sofás e poltronas são arrumados formando o que chamam de livings de lectura, onde escritores batem papo com o público mediados por jornalistas e donos de livrarias.







Vale dizer que, neste trecho da Corrientes, há praticamente uma livraria ao lado da outra, o que torna a aventura de entrar em cada uma delas algo emocionante, pois ficam lotadas. É quase um Carnaval dos livros!




Nesse dia, eu já havia caminhado quilômetros percorrendo as ruas do bairro de Belgrano e arredores, e ainda caminhamos mais 25 quadras ao longo da Corrientes, empolgados com La Noche das Librerías. No caminho, encontrei até uma loja de lingerie com o meu nome!


Caí na cama desmaiada de cansaço e sonhei com livros.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Aniversário em Paquetá

Dia 31 de Janeiro sempre foi um dia feliz para mim - é o meu aniversário. Por isso, gosto de fazer festa, reunir os amigos, etc. Esse ano, no entanto, a vontade sumiu... Outro acontecimento muito importante - bom - canalizou toda a minha energia e eu quis ficar quieta. Decidi respeitar esse sentimento.

Mesmo sem festejar, eu havia programado uma comemoração especial. Pois, no dia do aniversário, a gente tem que fazer algo diferente, que nos faça lembrar: "naquele ano eu fiz aquilo..."

Então, parei de trabalhar às três da tarde e fui... a Paquetá! Para quem não sabe, é uma ilha no fundo da Baía de Guanabara onde o tempo parou. Não há automóveis e todo mundo anda a pé, de charrete ou bicicleta. O romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, se passa lá e as casas do tempo da Moreninha ainda estão lá.




A viagem para Paquetá dura uma hora e dez minutos em uma barca enorme e antiga. No caminho, passamos embaixo da Ponte Rio Niterói, uma experiência interessante!



Chegando a ilha, alugamos bicicletas - R$ 3,00 a hora - e pedalamos por todo canto... Uma delícia, pois não há ladeiras, é tudo plano.




Relembrei as paisagens da infância, quando costumava ir com a minha mãe passar o dia. Levávamos uma cesta de piquenique com comida, alugávamos charrete, tomávamos banho de mar - já era poluído naquele tempo, mas sobrevivi! Lembranças muito boas.




Voltamos já com a noite fechada, sentados na proa da barca, sentindo o vento quente, observando as luzes da cidade ao longe.

Cheguei em casa cansada e feliz. Foi um maravilhoso dia de aniversário.

domingo, 23 de janeiro de 2011

El tigre - Buenos Aires

El Tigre é o rio Tigre, que deságua formando um delta ao Norte de Buenos Aires. É o fim da linha do trem. É um lugar com casas de veraneio enormes, espalhadas nas ilhotas do delta, daquelas que hoje custam caro, então, muitas estão abandonadas ou fechadas. Mas muitas são bem conservadas e habitadas, e remetem à época fausta em que Perón e Evita passavam férias nos hotéis do Tigre.



Descobri o Tigre na primeira vez em que fui a Buenos Aires, nos anos 90, e me encantei. Era um lugar meio deserto - ainda mais no outono -, e ainda havia o mistério dos canais que formam um labirinto, levando a lugares inimagináveis.

Todas as vezes que voltei a Buenos Aires, eu fui ao Tigre. Dessa vez, uma surpresa: era verão, pela primeira vez, pegamos um barco e fomos nos aventurar pelo delta.

O Tigre mudou muito, virou uma área realmente turística. Tem um museu de arte contemporânea maravilhoso, um mercado de artesanato e objetos para casa espetacular. Mas nada disso me interessou mais do que finalmente desvendar o delta.

Entramos em um barco cheio de gente, crianças, velhos, sacos de mantimentos, material de construção... Esses barcos são como ônibus e vão parando nos cais ao longo do Tigre.



O fim da linha era em um bar à beira rio. Fazia muito calor, um sol de rachar. Pegamos um mapa e fomos explorar algumas trilhas que havia por ali, passando por casas muito velhas e cais onde crianças se banhavam. Muito silêncio, o aroma das florestas de pinheiros, e o vento quente do verão argentino nos levando cada vez mais para longe do bar e da margem, até que os mosquitos resolveram atacar a voltamos.





Uma cerveja antes de embarcar de volta com o corpo cansado e alma em paz após esse break nas paisagens urbanas. O Tigre sempre foi o lugar do meu encontro com a natureza em Buenos Aires.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ajudar o ano inteiro

Recebi um torpedo ontem de manhã cedo:

"Estou em uma escola fazendo cestas básicas, vou passar o dia inteiro aqui trabalhando. Me sinto muito bem por fazer isso".Alinhar à esquerda

E mais:

"Não mandem mais roupas, já tem muito".

Ou seja, cerca de uma semana após o desastre das chuvas na região serrana, a população se mobilizou de tal forma que os donativos já são demais. Todo mundo resolveu ajudar! E está se sentindo extraordinariamente bem por fazer isso. Tão simples a causa desse bem estar: ajudar.

Quando escrevi o livro sobre a trajetória do cabeleireiro Werner - Beleza, um bom negócio (Ed. Senac Nacional, 2009) - vi que os gestores das áreas estratégicas na empresa eram bastante jovens. A gerente da área jurídica tinha 26 anos e ainda não havia concluído o curso de Direito. Comentei sobre isso com o Werner e ele disse:

- A gente deve passar adiante o que sabe, criar oportunidades para os outros crescerem. Isso traz uma energia boa de renovação. Faz a gente andar pra frente. Assim, todo mundo anda junto para frente.

Não por acaso, esse homem é dono de mais de 40 franquias de salões de beleza no Brasil e Angola, África.

Tudo bem que são coisas diferentes: ajudar pessoas traumatizadas por uma tragédia, provendo-lhes víveres básicos, e criar oportunidades de crescimento profissional para funcionários. Mas, no fundo, tudo não se resume a ajudar, apoiar, dar suporte para o outro caminhar, melhorar, por-se de pé, caminhar?

Aprendi com o Werner e aqui em casa a nossa funcionária e fiel escudeira, Vivi, já fez um curso básico de inglês, um curso de informática - ficou tão empolgada que comprou um computador - e esse ano voltará a estudar! Vai concluir o Ensino Médio em um colégio da rede estadual perto de casa.

Enfim.... Tudo isso para dizer que precisamos nos lembrar de ajudar o ano inteiro, todos os dias, e não apenas quando surge uma tragédia. Isso traz um bem estar enorme e, assim, todos vamos caminhando juntos, pra frente e pra cima.

O torpedo hoje dizia: "Não precisa mais roupa, mas pode mandar macarrão e sal..." Ok, vamos lá!




sábado, 15 de janeiro de 2011

Um novo mundo, mais harmônico

Foi só falar na felicidade de um típico fim de semana de sol no verão carioca, que veio a chuva...

Impressionou-me ontem a avaliação dos metereologistas. O fenômeno climático que provocou a tragédia é algo natural e comum nessa época do ano no sudeste do Brasil. O calor intenso do verão forma as tais nuvens cúmulus nimbus, que acumulam quantidades colossais de água e energia. "O problema foi a dramática combinação de violência de chuvas com uma área de extremo risco: íngreme, instável e densamente povoada". (Jornal O Globo, 14-1-2011)

Nós somos demais... A raça humana se multiplicou com uma velocidade e é capaz de transformar o ambiente que ocupa como nenhuma outra até hoje sobre a face da Terra. A única saída é desenvolvermos a nossa consciência, prestando mais atenção, consideração e amor ao próximo, e deixando de viver como se fôssemos imortais. Caso contrário, vamos continuar sofrendo...

2012 vem aí e muitas correntes espiritualistas apontam para o fim do mundo. Em 2001, porém, entrevistei o xamã norte-americano Foster Perry e ele previu para 2011 "o nascimento de um novo mundo, mais harmônico".

"Teremos uma comunidade global até essa época. As pessoas que ainda têm uma velha maneira de pensar estão aprendendo mais e mais rápido. Especialmente as crianças. Elas são muito avançadas e vão ajudar a criar esse novo mundo, onde todos vão pensar no bem-estar do próximo e não existirá a noção de separação". (Jornal Valor Ecanômico, 13-11-2001)

Hoje a TV mostrou uma longa reportagem sobre a população se organizando para fazer doações para as vítimas na Serra. Os comerciantes do Mercadão de Madureira, na Zona Norte do Rio, se uniram e estão mandando um caminhão de mudança inteiramente cheio de roupas, água, comida.

Na Tunísia, ao mesmo tempo, o ditador Zine Ben Ali, que durante 23 anos mandou e desmandou no país, teve que fugir após o site WikiLeaks - salve Julian Assange! - revelar provas da corrupção de seu governo.

Enfim... Podem me chamar de Poliana, idealista, otimista demais... Prefiro acreditar no Foster Perry. Vem aí um novo mundo, a duras penas, mas vem. Salve 2012!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Rio 36º

Uma pausa nas histórias sobre a Argentina para falar do... Verão no Rio de Janeiro, a minha cidade! Eu amo o verão! Nasci nessa estação e, dia 31 desse mês, vou comemorar mais um verão de praia. Na praia!

Esse é um verão especial. Está todo mundo feliz! A população está satisfeita com o governo e a polícia: finalmente há vontade política para mudar um estado de coisas que há muito vinha maculando a beleza e o alto astral da nossa cidade.

Essa satisfação está no ar. Além disso, esse verão não está tão quente quando outros, quando os termômetros costumavam, ao meio dia, 45º nos relógios de rua. Nos dias de sol mais forte, a temperatura ainda não passou dos 36º. Isso ajuda muito.

Que mais? Está todo mundo na rua, na praia, nos bares, rindo, conversando, celebrando, sendo feliz... Esse fim de semana teve sol todos os dias, um legítimo fim de semana de verão no Rio de Janeiro!

E aí eu me lembrei de uma música que tocava muito nas rádios quando eu era criança, e que tem A CARA do Rio de Janeiro. Passei o fim de semana cantarolando Tempo de estio, do Marcelo. Quer cantar comigo?


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A casa de Carlos Gardel em Buenos Aires

A partir de hoje vou contar algumas das aventuras em Buenos Aires, onde estive em Dezembro.

Essa foi a minha quarta viagem à capital portenha. Dessa vez, encontrei-a bastante suja e bagunçada - exceto os oásis turísticos da Recoleta e Puerto Madero. A nossa moeda, o Real, está valendo duas vezes mais que o Peso Argentino, o que nos dá uma sensação bem gostosa de sentir... Poder! De compra, pelo menos. Não muito, mas um pouco! E a cidade continua animadíssima, com as ruas cheias de gente dia e noite, os bares e restaurantes lotados, todo mundo rindo e falando alto.

Meu primeiro passeio foi uma visita à casa de Carlos Gardel (1890-1935), no bairro de Abasto. A minha avó Violeta adorava Buenos Aires e Gardel. Lembro de uma vez em que fui levá-la ao porto do Rio de Janeiro, onde embarcou em um enorme navio de passageiros junto com meu avô para uma viagem à Argentina. Lembro do rostinho dela lá no alto, debruçada na mureta da embarcação, me acenando com as mãos. (Acho que ali comecei a ficar encantada com a Argentina).



A casa de Gardel remete à epoca em que viveu a minha avó. Numerosos recortes de jornais e revistas, capas de discos e outras imagens dão uma visão da trajetória do artista que se tornou um mito quase à altura de Marilyn Monroe ou James Dean. Ele cumpriu todos os requisitos para isso: infância pobre, carreira rápida e ascendente, estrela de cinema, fenômeno de sucesso mundial e... morte súbita aos 45 anos, no auge da fama, em um acidente de avião.

De tudo, o que mais me impressionou foi o cuarto de planchar, um pequeníssimo comodo de teto baixo onde sua mãe, Bertha, trabalhou durante anos a fio, passando roupa para sustentar o filho único. Detalhe: era solteira e permanece ate hoje o mistério sobre quem foi o pai de Carlos.




Na cozinha, uma frase de Gardel expressa o amor e consideração por essa mae: "O mais modesto pucherete (espécie de cozido) vale mais e é mais saboroso que o mais caro prato do melhor dos hotéis do mundo".



No hall de entrada, iluminado por luz natural proveniente de clarabóias, o silêncio e o ar fresco nos fazem sentir um pouco da atmosfera em que viveu Gardel. Eu o imaginei criança, entrando correndo, vindo da escola, para encontrar a mãe no cuarto de planchar, e o abraço afetuoso dos dois.

Na bagagem, uma biografia do ídolo.