domingo, 26 de janeiro de 2014
Entrega
Entrega é abrir mão de todo e qualquer poder, até mesmo da ilusão dele.
Enquanto resistimos, temos a sensação de estar na condução das coisas. É nosso dever, nossa responsabilidade, não podemos permitir etc etc etc.
Mas tem horas em que essa atitude não rende efeito, só gera desgaste. É como se o mar se atirasse contra as rochas com o intuito de movê-las. Pode até gastar a rocha, mas ela não vai sair do lugar.
Quando o atrito provoca tanta desarmonia que a vida se torna difícil, é a hora da entrega.
Não é fácil render-se. Dá medo, sensação de perda, derrota ou que será arrastado até se perder. O que será de nós?
Mas vem também um grande alívio. Não é mais meu departamento, estou livre da responsabilidade. Entrego aos céus, à vida, a Deus. Sabendo que os resultados não são mais da minha alçada, sejam eles bons ou ruins.
Entrega requer coragem extrema. A coragem é maior e mais fácil quando se tem fé.
domingo, 12 de janeiro de 2014
Moedas
Páro no primeiro sinal da Av. Princesa Isabel, em Copabacana, e um exército de meninos com garrafinhas com água e sabão se aproxima dos carros. Evito o contato visual para que não venham limpar o vidro do meu carro. Mas, uma olhada e constato: não é que está precisando mesmo de uma limpeza?
Como se lesse meus pensamentos, um menino de uns 14 anos vem na minha direção e, sem pedir licença, joga a bendita água no vidro e começa a ensaboar. Enquanto ele trabalha, busco na bolsa o porta moedas. Está vazio. Busco a carteira. A menor nota é de R$ 10 reais. Na verdade, eu queria dar R$ 2 reais.
Enquanto revolvo a bolsa, o sinal abre, os carros começam a acelerar. Pego a nota de R$ 10 reais e pergunto:
- Tem cinco pra me dar de troco?
Ele mete a mão no bolso e ela volta cheia de moedas.
- Tia, só tenho moeda. Mas me dá essa moral aí. Eu tô sofrendo aqui na rua!
Não fala com tristeza ou comiseração, está sorrindo. Não há tempo para dúvidas:
- Ok, toma.
Entrego a nota e, para minha surpresa, ele me dá o troco. A mão envolta em espuma de detergente solta o punhado de moedas de R$ 0,5 e 0,10 centavos, todas molhadas e ensaboadas, na minha. São tantas que uma parte cai no chão, mas o sinal abriu, os carros buzinam, o guarda lá na frente faz sinais para andarmos logo.
Pego as moedas e jogo no banco do carona.
O carro prossegue, olho as moedas reluzentes ao lado e dou risada: "Vão virar moedas de R$ 1 real, se multiplicar, virar milhões".
E o menino ganhou o dia.
Como se lesse meus pensamentos, um menino de uns 14 anos vem na minha direção e, sem pedir licença, joga a bendita água no vidro e começa a ensaboar. Enquanto ele trabalha, busco na bolsa o porta moedas. Está vazio. Busco a carteira. A menor nota é de R$ 10 reais. Na verdade, eu queria dar R$ 2 reais.
Enquanto revolvo a bolsa, o sinal abre, os carros começam a acelerar. Pego a nota de R$ 10 reais e pergunto:
- Tem cinco pra me dar de troco?
Ele mete a mão no bolso e ela volta cheia de moedas.
- Tia, só tenho moeda. Mas me dá essa moral aí. Eu tô sofrendo aqui na rua!
Não fala com tristeza ou comiseração, está sorrindo. Não há tempo para dúvidas:
- Ok, toma.
Entrego a nota e, para minha surpresa, ele me dá o troco. A mão envolta em espuma de detergente solta o punhado de moedas de R$ 0,5 e 0,10 centavos, todas molhadas e ensaboadas, na minha. São tantas que uma parte cai no chão, mas o sinal abriu, os carros buzinam, o guarda lá na frente faz sinais para andarmos logo.
Pego as moedas e jogo no banco do carona.
O carro prossegue, olho as moedas reluzentes ao lado e dou risada: "Vão virar moedas de R$ 1 real, se multiplicar, virar milhões".
E o menino ganhou o dia.
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