quarta-feira, 28 de abril de 2010

Falar

Quem fala o que quer ouve o que não quer. Cresci escutando minha mãe dizer isso. Mas, às vezes, vale a pena correr o risco de dizer o que se está pensando ou, principalmente, sentindo.

À amiga que não perde a oportunidade de contar que viu seu ex-namorado com outra, que ele parecia feliz, que a outra está grávida:

- Prefiro que não me conte nada. Cada vez que você conta, duvido que seja minha amiga de verdade.

Ao colega de trabalho que sempre dá uma cantada, mesmo que brincando:

- Por favor, pare com essas cantadas. Por mais que esteja brincando, me deixa constrangida.

Ao amigo por quem é apaixonada:

- Gosto de você mais do que como amigo. Eu te amo.

E outro que se vire com o que ouvir...

Tudo que nos deixa mais leve para viver e caminhar vale a pena.



domingo, 18 de abril de 2010

Crise

Amigos e leitores,

Compartilho com vocês uma crise terrível de preguiça e falta de vontade de escrever no blog.

Sento em frente ao computador para escrever e o trabalho ocupa todos os espaços, todo o tempo, e ainda fica faltando coisas pra fazer.

Isso é ruim, pois o blog é onde eu respiro. Mas vai passar.

Peço desculpas e um pouco de paciência. Vou descansar nesses feriados e volto na semana do dia 26, se Deus quiser!

Beijos e abraços,

quinta-feira, 15 de abril de 2010

5 anos

Dizem que a vida tem ciclos e que estes têm a duração de um certo número de anos. Só sei que, ultimamente, tenho ouvido falar muito em 5 anos como sendo um ciclo, um período em que o relógio da vida dá uma volta completa. Querem ver?

O Werner, meu querido mestre, um dia chegou para trabalhar em seu primeiro salão, chamado Luzes, em Ipanema e não havia nenhum funcionário. Descobriu que o concorrente tinha prometido uma percentagem maior de ganhos e levado toda a equipe. Perguntei:

- E quanto tempo levou para você se recuperar?

- 5 anos...

A São (de Conceição), que conheci em Cascais, flagrou o segundo marido com outra na rua, deu-lhe uma segunda chance, o sujeito reincidiu e ela o pôs porta fora. Viu-se com mais de 50, os filhos criados, morando sozinha na casa enorme que haviam comprado juntos e que estavam reformando para morar a vida inteira.

- Caí numa depressão profunda; minhas amigas tinham que vir à casa para retirar-me da cama e me levar ao chuveiro, de roupa e tudo.

- E quanto tempo durou isso?

- Uns 5 anos.

(Hoje ela está casada pela terceira vez com um homem que lhe traz café na cama e regressa da rua sempre com um ramalhete nas mãos).

Há mais exemplos, mas vou parar por aqui.

À frente do meu novo negócio, tenho refletido muito sobre esses 5 anos... Paciência, fé e trabalho é a resposta que me vêm.

E vocês, o que pensam dos ciclos da vida? Isso existe mesmo?



domingo, 11 de abril de 2010

Homenagem aos amigos

Antes de partir para a Europa, coloquei uma frase do escritor afegão Tahir Shah na barra lateral do blog que dizia assim: "Só quem viaja sozinho sabe quantas horas cabem em um dia."

Essa frase me tocou porque na primeira viagem que fiz sozinha ao exterior, apesar de estar hospedada na casa de gente conhecida, durante o dia todos estavam trabalhando e eu não tinha companhia. Isso foi um tanto sofrido, para mim, naquela ocasião.

Dessa vez, procurei me preparar para o exercício da solidão, mas, surpresa! Mudaram o tempo, o lugar e as pessoas e... estive cercada de gente o tempo todo. Fui acolhida, mimada, bem cuidada e acarinhada de um jeito que não esperava.

Por isso, tive a idéia de fazer um post em homenagem aos amigos que encontrei durante a viagem. Alguns eu conheci no meio do caminho. Outros viajaram ao meu encontro. Outros, eu viajei para encontrar. O fato é que o Amor esteve presente em todo o percurso.




Barbara e Anke são alemãs e me fizeram companhia na cidade do Porto. Se não fossem elas, com toda aquela chuva, eu ficaria deprimida!



São (de Conceição) passeou comigo em Sintra debaixo de um toró! Sempre com um sorriso no rosto.




Conheci Silvia Alves - vulgo A Bruxinha - nas Correntes D´Escritas e ela me convidou a conhecer Leiria. E ainda me deu um álbum com maravilhosas fotos!



Luís Novais generosamente me ciceroneou em Lisboa.



Em Madri, tive a oportunidade de conhecer melhor a Adriana Navarro, querida amiga e parceira de trabalho!



A amada Claudia, minha amiga desde os 20, veio de Marselha para me encontrar em Madri! E pensar que nós nos conhecemos em Sao Tomé das Letras (MG), em meio a duendes e ETs!



Fui a Alicante encontrar a amada Adriana, minha amiga desde os 14 anos. Linda!




A querida Michelle me hospedou em seu suntuoso White Castle em Londres.


Julie, que me hospedou na vez passada em Londres, aunt Gloria e, no carrinho, a princesa Ashanti Maya Afua.

Por isso, eu digo: quem tem amigos, tem tudo!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Rei Leão e o seu destino

Como mãe de duas crianças – hoje com 15 e 11 anos –, eu assisti todos os filmes da Disney. Alguns são meus favoritos: A pequena sereia, A Bela e a fera e... O Rei Leão.

Por isso, assim que decidi que encerraria minha viagem à Europa em Londres, comprei bilhetes para assistir ao musical no Lyceum Theatre, acompanhada da minha amiga, a tradutora Michelle Homden.

O Rei Leão é uma história divina porque fala sobre manter-se firme no seu caminho, seguir o seu destino, não perder a fé. Poucos dias antes de viajar, eu conversava com uma jovem amiga, que perdeu a mãe recentemente, e que ainda está muito triste. Ela me contou que havia ganhado um notebook em um concurso na faculdade, e eu disse:

- Viu? Quando a gente segue o nosso destino, as bênçãos vêm.

O Rei Leão, para quem não sabe, conta a história de um leãzinho chamado Simba, que está sendo preparado para ser rei. O tio, muito invejoso, forja a morte do irmão em um acidente impressionante e faz o jovem leão acreditar que ele foi o culpado. Depois disso, Simba foge e passam anos... Até ele assumir o seu destino.

No exílio, Simba constrói uma nova vida, mas é refém do passado. Enquanto isso, em sua aldeia natal, todos pensam que está morto. Mas o tempo – e o que é o tempo? – passa e um belo dia circunstâncias mágicas fazem com ele se depare com o fantasma de seu pai, que lhe diz:

- Lembre-se de quem você é...

O pai é quem nos põe de pé e nos dá direção no mundo material. Após o encontro, Simba ganha coragem e retorna, lutando bravamente para assumir seu lugar de rei. Logo vem um bebê que dará continuidade ao ciclo da vida.

O Rei Leão emociona e nos faz refletir sobre o tempo e a vida, que operam juntos levando-nos a situações que nos fazem crescer. Ao longo da nossa história, várias oportunidades nos são dadas para assumir o nosso destino, o nosso lugar no mundo. É pegar ou largar. Literalmente.


Abaixo, no palco do Lyceum Theatre, Simba e Nala, sua mulher, ao redor da feiticeira da tribo, que ergue o bebê nos braços.




sexta-feira, 2 de abril de 2010

Considerações sobre a profissão - II

Mas como a vida é um prisma de múltiplas faces, uma semana após encontrar Luis Naves, tive a oportunidade de conhecer melhor outro escritor, Luís Novais (foto), cuja trajetória é bem diferente de tudo o que vi e ouvi nas Correntes D´Escritas.

Luís é um self made man, fez seu pé-de-meia cedo e hoje se dedica a ler, escrever e viajar – as três coisas que mais ama fazer na vida.

Apesar de ter nascido gostando escrever e ter se formado em História, aos 27 anos, a realidade – ela, mais uma vez – chamou-o às vias de fato. Era o ano 1994 e começava o boom da internet. De forma bem pragmática, Luís observou que aquele era um bom mercado para investir e criou uma empresa de softwares. Em menos de uma década o negócio cresceu e apareceu: os softwares usados pelo governo de Portugal – presidência, ministérios etc – são fornecidos pela empresa dele. Porém, há dois anos decidiu entregar a gestão a uma administração contratada, mantenho-se apenas como acionista.

Desde então, é um homem livre. Mora metade do tempo em Braga, a outra metade em Lisboa. Tem ainda uma casa na Guiné, África, gosta de velejar e de mergulho submarino. Passa as manhãs escrevendo e as tardes lendo ou fazendo o que der na telha.

Luís escolheu uma profissão completamente diferente do que ordenava o seu coração – escrever – e mesmo assim chegou lá, gloriosamente. Tem dois livros lançados em Portugal: O sol se põe em Machu Pichu e Os parricidas, com excelentes vendas (o primeiro vendeu 8 mil exemplares e o segundo já está na segunda edição) e boas críticas. Em breve serão publicados no Brasil.

Aí eu penso no meu pai, o jornalista Justino Martins (1917-1983), diretor da revista Manchete nos seus áureos tempos, portanto, muito bem sucedido: ele não queria que eu fosse jornalista. De jeito nenhum! Costumava dizer:

– Vá ser economista ou trabalhe com informática!

Ah, seu eu tivesse ouvido o meu pai...