quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O valor de um segredo

Dia desses fiz uma longa viagem de carro com uma pessoa não tão próxima que conviva comigo no dia a dia, nem tão distante que eu não considere uma amiga. Sempre que nos encontramos, o papo flui. Dessa vez, no meio do blá blá blá, surgiu um segredo. Ela me confidenciou algo que ainda não havia compartilhado com ninguém. Um fato muito bonito, porém, tão íntimo que me perguntei se teria coragem de compartilhar algo semelhante com ela, ou com qualquer outra pessoa.

Um segredo.

Conheço outras pessoas que conhecem esta pessoa, e que ficariam admiradas com o que ela me contou. Sou bem amiga dessa gente e poderia contar com facilidade pedindo “desde que isso fique entre nós” etc. Mas na hora em que ouvi a confidencia, pensei: “não posso e não vou contar a ninguém”. Ela nem se lembrou de pedir a mim essa discrição.

No mundo de hoje contar tudo a todos é cada vez mais comum. Até porque, por mais cabeludo que seja um segredo, os jornais estão cheios de histórias cabeludas todos os dias. Tantas, que a gente ouve e esquece.

Faz pouco tempo, Xuxa contou no Fantástico que foi abusada durante toda a infância por um tio ou amigo da família (sei lá, já esqueci!). Todos se admiraram com a revelação, o espanto durou algumas semanas e já faz parte do passado.

Outra questão é que a informação tem muito valor. Alguém bem informado – mesmo que as informações que detenha sejam sobre a vida dos outros – costuma ser visto com mais respeito e até temor por “saber das coisas”. Se ele resolve abrir a boca...

Portanto, para que guardar um segredo? Chega a dar coceirinha na ponta da língua de vontade de contar... Procurei dentro de mim a resposta e encontrei: por nada. Guardar segredo serve para nada. Só para ser fiel (a mim mesma) e estar em paz com o universo.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Nostalgia da juventude

Às vésperas de mais um aniversário, uma nova crise se anuncia. Digo "nova" porque houve outra, quando faltavam uns três anos para completar 40. Como boa aquariana, vivo tudo antes do tempo.

Ainda falta para os 50, mas, de repente, surgiu lá das profundezas uma nostalgia... Do que já vivi. Do que não vivi. Do que gostaria de viver agora. É horrível, porque é o desejo do impossível: voltar a ser jovem com cabeça de jovem. Com toda a irresponsabilidade, irreverência, inconsequência que a juventude encerra.

Domingo, passei pela praia de Ipanema à noite e havia uma 'rave' improvisada. Uma associação entre um jornal e uma marca de cerveja pôs um conhecido DJ para tocar nas tardes do fim de semana. No momento em que passava por ali, avistei um grupo de pessoas - a maioria jovens, adivinhei - dançando, bebendo, se divertindo noite adentro. "Que delícia!", pensei. Mas já tinha saído da praia, tomado banho, me arrumado e estava a caminho de outra programação - também ótima, é bom dizer.

Mas a nostalgia é implacável: vontade de estar na praia, sem lenço nem documento, toda suja de areia, lata de cerveja na mão, aberta a todas as possibilidades que a noite pudesse trazer.

Não posso dizer que não aproveitei a juventude. Aproveitei além da conta. Já me arrependi de algumas coisas, inclusive. Mas agora recordo o trecho de "O retrado de Dorian Gray" em que uma condessa comenta que, depois que envelhecemos, aquilo que menos lamentamos são os erros cometidos na juventude. Verdade!

Ó céus! Se for preciso apelar para a fluoxetina e outras "inas", juro que vou apelar! (Esse pragmatismo, só a idade traz).



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