quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As verdadeiras riquezas

O ser humano nunca está satisfeito. Faz parte da nossa natureza, acho. Como disse o Domingos de Oliveira na mesa da Flip: "O homem, quando está solteiro quer estar casado. Quando está casado, quer estar solteiro." E por aí vai.

Fui jantar com minhas amigas e cada uma tinha uma reclamação: os filhos não colaboram, a solidão, o marido que não ajuda em casa. Lá pelas tantas, uma delas soltou:

- Tem coisa pior...

Aí contou uma história horrível de uma mãe em luta com a filha drogada. Todas nós começamos a nos sentir melhor: nossa miséria não é tão grande assim! É claro que todos temos problemas e eles têm seu grau de importância. Não podemos fingir que não existem só porque sempre haverá algo pior. Mas será que nos lembramos das coisas boas que já temos? Nossas verdadeiras riquezas?

Rapidamente fiz um balanço da minha vida atual: na minha casa reina a paz, o amor e a felicidade; minha mãe se curou de um modo que eu nunca imaginei que seria possível, de corpo e alma; o trabalho está encaminhado; o amor... Diz o Werner - ave Werner! - que a vida humana é constituída de quatro esferas: física, emocional, mental e espiritual. Se estamos bem em pelo menos três delas, rapidamente a outra ficará bem também!

Então, vamos parar de reclamar e mãos à obra! Nada de reclamação! Vamo que vamo!




domingo, 25 de outubro de 2009

A corrente

Semana passada fui convidada a almoçar por uma pessoa que queria me ouvir falar sobre como está a minha vida depois que deixei a segurança do emprego para tentar encontrar o meu lugar no mundo. Foi uma oportunidade muito proveitosa. Porque à medida que narrava minha história, ia percebendo o encadeamento das situações. Lá pelas tantas, me peguei dizendo:

- Você assistiu Procurando Nemo? Lembra da parte em que o pai entra em uma corrente submarina junto com um bando de tartarugas? Ele ainda estava longe de encontrar o filho, mas a corrente o leva até bem perto do seu objetivo.

"Quando encontramos o nosso lugar no mundo, funciona de um jeito parecido: as coisas vão se encadeando, levando a gente ao encontro dos nossos objetivos. Presentes e surpresas que não esperávamos acontecem. Aí a gente sabe que está no caminho certo."

Meu interlocutor me agradeceu muito e disse que eu o inspirei. Ele também resolveu dar um tempo e apostar no que ama fazer: escrever. Dou a maior força!

Eu mesma devo me lembrar das minhas palavras, pois às vezes alguma coisa dá errado - isso acontece, faz parte - e o ânimo esmorece. Mas aí, bastará contar a mim mesma a minha própria história para lembrar.

Assim vamos.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Os 140 caracteres

"O interessante da ferramenta é que a gente começa a pensar em 140 caracteres. São aqueles pensamentos aleatórios que nunca encontrariam um lugar, uma trama ou um enredo. (...) O Twitter é um orfanato. Todos os pensamentos que não tinham pai ou mãe podem ser acolhidos pelo Twitter."

O poeta Fabrício Carpinejar desponta como o teórico - e o prático - do Twitter. Semana que vem ele lança o livro www.twitter.com/carpinejar , com frases que cunhou para a ferramenta que chegou devagarinho (faz uns 3 anos) e foi cativando todo mundo ao propor uma nova maneira de pensar e escrever: só é possível se expressar com 140 caracteres.

E não é que, uma vez no Twitter, as frases começam a surgir dia e noite, talhadas para esse formato? Quanta coisa dá para dizer com 140 caracteres!

E ainda tem a questão do anonimato, que dá uma liberdade enorme. O Twitter é uma enxurrada onde se igualam eu, Zé das Couves, Willam Bonner, Ashton Kutcher, Carpinejar... Eu os sigo, outros me seguem, lá pelas tantas a gente não lembra quem está seguindo quem, perde as contas, o controle, as estribeiras. Mas somos todos subservientes à regra das 140 letrinhas e vamos nos comunicando desse jeito, em meio a pérolas e maluquices que surgem aqui e acolá.

Se você que está lendo esse texto ainda não entendeu direito o que é o Twitter ou para que serve, uma dica: isso não importa! Vai lá, cria uma conta e embarca na onda dos 140 caracteres. A sua criatividade vai te surpreender.

Ah! E o meu Twitter, para quem quiser me seguir: http://twitter.com/mvalmartins

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um ato de amor

Semana passada eu doei sangue. É o tipo de boa ação que a gente faz e tem que divulgar. Para que os outros doem também.

No primeiro semestre deste ano, minha mãe recebeu uma transfusão de sangue e acho que isso ajudou a salvar sua vida. Na semana seguinte, recebi um telefonema de um hemocentro informando sobre a origem do sangue doado e solicitando que eu fosse repor, porque os estoques são permanentemente baixos.

Doar sangue dá um certo trabalho porque a gente tem que se preparar para o antes e o depois. Não pode comer uma feijoada ou ir no McDonalds, porque eles pedem que não se coma nada gorduroso. Também não pode tomar bebida alcoólica ou estar com alguma infecção, nem que seja uma dorzinha de garganta ou algo parecido.

- Meus pacientes já estão com a imunidade tão comprometida que qualquer coisa os afeta - disse a médica que me atendeu no INCA - Instituto Nacional do Câncer.

Após preencher um questionário com perguntas como: quantos parceiros teve nos últimos 12 meses? Tem tatuagem? Frequenta casas de massagem ou de prostutuição? Usa ou já usou drogas injetáveis?

Me deitei em uma larga cadeira e veio a picada. Dói um pouco, mas nada insuportável. O máximo que se pode doar é 500 ml, uma bolsinha de sangue.

Na saída servem um lanche, mas eu não quis. Saí meio zonza e passei o dia todo mais pra lá do que pra cá. Quem decidir doar, não deve planejar uma balada para mais tarde, pois não vai funcionar. No dia seguinte, entretanto, eu estava 100%. Outra doação, agora, só daqui a 4 meses.

Ja havia doado sangue outras vezes, sempre campanhas da Casa do Hemofílico, que costuma estacionar um ônibus enorme nos espaços públicos para colher doações. Nunca havia me programado e me deslocado em esse propósito. Ufa! É um pequeno sacrifício. Mas os resultados - que a gente não vê no momento em que doa - são enormes. Minha mãe está aí de prova, vivinha da silva.

sábado, 17 de outubro de 2009

Piblu Marley

Assisti Marley & eu no DVD e chorei mais do que em A partida... Será uma fase sensível? A questão é que o filme abre a tampa das memórias de todos os bichos de estimação que tivemos. E como eles normalmente vivem bem menos que a gente, são faltas que vão marcando o nosso caminho...

Fui criada em uma família de cachorreiros dos dois lados. Minha avó materna tinha três cadelas vira-latas - Fany, Pupy e Tula - e uma gatinha siamesa, Carolina. Isso sem falar nos micos e peixes e passarinhos. Minha mãe, em uma de suas crises, chegou a acumular 15 cães e 12 gatos em nossa cobertura no Leme - o que me deixou um pouco traumatizada, confesso.

Mais tarde, em uma fase mais equilibrada, tínhamos quatro pequineses e um yorkshire em nosso apartamento no Jardim Botânico. Meu pai, por sua vez, na casa da Joatinga, tinha cinco pastores alemães na área da piscina e três dinamarqueses na área da casa. Isso sem falar no papagaio Louro que cantava "olêlê, olálá, pega no ganzê, pega no ganzá"; na macaca Dorotéia (durou pouco, coitada) e no tucano Kojac. Ah, se existisse Ibama naquela época!...

É claro que não me afeiçoei igualmente a todos esses bichos. Eu tinha os meus preferidos: as gatinhas Pitilica e Melissa. A primeira fugiu de casa e a segunda morreu doente nos meus braços, tal qual o Marley do filme.

Já adulta e com filhos, fui escolhida pela Piblu, uma pantera negra e selvagem que se revelou a nós miando desesperadamente quando dei partida no carro há cerca de seis anos, em Teresópolis. Ela ia ser cozida pelo motor! Não pudemos permitir, claro. E ela vive conosco desde então. Não permite que a peguemos no colo, não gosta de chamego, mas é uma grande companheira. E tem uma saúde de ferro!

Marley & eu, bobo do jeito que é, nos faz refletir sobre a vida, as escolhas que fazemos e a passagem do tempo. Também renova o olhar e o afeto por esses seres que nos acompanham por um período, deixando um legado de amor incondicional quando partem.

Abaixo, a pantera Piblu cochila ao lado de Freud, do mestre sufi Nasruddin e de uma amiga deles. Ah, com a Louise Hay ao fundo.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Como os escritores criam?



Todo mundo que gosta de escrever quer saber como os escritores criam. Porque é um trabalho solitário. Diferente do cineasta, que cria rodeado de gente. Diferente do cantor, que cria de frente para uma platéia. Diferente do pintor, que geralmente tem um modelo a sua frente. O escritor cria sentado em frente a um computador ou caderno. Todos dizem que é difícil, dificílimo. Mas como?

Para responder essas perguntas, saciar um pouco da nossa curiosidade e ao mesmo tempo nos inspirar, criei em parceria com o diretor do Laboratório Estação, David França Mendes, a série de encontros Como os escritores criam? Acontecerá na semana que vem e as inscrições estão abertas. Todas as informações estão no site: http://www.grupoestacao.com.br/laboratorio/

Aproveito para agradecer os comentários carinhosos para os posts recentes. É muito importante e reconfortante o apoio de vocês. Obrigada!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um filme sobre a morte, o trabalho e o Amor

Demorei, resisti, mas acabei indo assistir A partida (Japão 2008), de Yojiro Takita, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2009. Fui adiando porque detesto ver filmes que eu sei que fazem chorar. Vou de cara amarrada, decidida a ser do contra. Mas no que diz respeito a esse filme, é impossível.

Um jovem violoncelista perde o chão quando a orquestra onde toca é dissolvida. Decide retornar a sua cidade natal, no interior, em parte para economizar, em parte porque sua auto-estima está péssima e ele acha que todas as suas chances terminaram. Chegando lá, arranja um emprego inusitado: preparar os mortos em uma cerimônia japonesa que bem que poderia existir aqui, por humanizar algo com que lidamos tão mal na cultura ocidental.

Os desdobramentos são vários: a esposa quer se separar, os amigos viram a cara. Ele se vê em dúvida o tempo todo e pergunta: "Pode ser este o trabalho da minha vida?"

Além de mostrar a morte de um ponto de vista que quase nunca vemos, o filme fala da importância de encontrar o nosso lugar no mundo e cumprir a nossa missão. Dar menor peso às pequenas coisas e reverenciar o comum. Os japoneses, na hora do derradeiro fechar do caixão, agradecem à pessoa que se vai pelo amor, pela troca, pela vida. Simples assim.

A partida é um filme que todos deveriam ver - só faz bem. Preparem os lenços, desamarrem as caras, abram o coração. E deixem as lágrimas rolar... Vale a pena.


sábado, 10 de outubro de 2009

O amor que transborda

Quarta-feira voltei ao Amor Singelo. Havia menos gente e a energia estava, digamos assim, mais calma. Seria por causa do tema?

Segundo o astrólogo e terapeuta Sergio Seixas, neste encontro, após discutirem durante meses as mazelas que afastam as pessoas do amor, eles falariam sobre as benesses - e os desafios - de quem encontra o verdadeiro amor. O título, a propósito, era: As doze jóias do amor, no sentido de que quem conquista cada etapa dessa jornada ganha uma jóia muito preciosa.

De tudo o que foi dito, o que mais me marcou foi o relato da esposa do Sérgio, a terapeuta Lygia, que coordena o grupo junto com ele. Ela contou:

"No sítio onde moramos em Petrópolis, temos quatro cães da raça Golden Retriever. Nós os amamos muito, são parte da nossa família. A primeira deles, a matriarca Branda que deu origem aos outros, morreu há cerca de dois anos. Foi uma dor enorme! Muito choro e sofrimento. Na mesma época, minha cunhada perguntou se nós não gostaríamos de acolher a sua Golden, que morava sozinha em seu sítio em Correias e andava muito tristonha. Meu primeiro impulso foi dizer não. Como assim? Mal a Branda se foi e já querem logo ocupar o lugar dela? Não é possível! Mas após refletir, percebi que em vez de me fechar no meu sofrimento, eu devia deixar o amor transbordar. Porque senão, deixaria de ser amor. Recebemos a Kiki em nossa casa e ela suavemente ocupou o seu lugar. Já nos deu uma linda ninhada. Ela nos faz muito feliz!"

Eu sempre achei que após cada amor partido é preciso um tempo para se recuperar, colar os cacos, e então partir para outra. Já critiquei pessoas que fazem trocas repentinas de companheiro sem dar tempo ao luto. Pela primeira vez enxerguei a questão sob um prisma diferente. É... Pode ser.

E vocês, o que acham?


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nasceu!

Foram seis meses de trabalho árduo, sendo que no meio do caminho a minha mãe foi parar no hospital com infecção generalizada, passou 15 dias no CTI entre a vida e a morte e mais dois meses internada. Em meio a esse maremoto, eu realizava as entrevistas e redação do livro Beleza, um bom negócio (Ed. Senac Nacional), baseado na experiência do empresário e hair stylist de mega-sucesso Rudi Werner. Haja cabeça! Haja serenidade e criatividade! Mas eu consegui.

Rudi Werner, para quem não sabe, tem um salão em cada esquina do Rio de Janeiro, interior de São Paulo, Sul do Brasil e até em Angola. São mais de 40 lojas em constante expansão através de franquias. Ele é gaúcho do interior do Rio Grande do Sul, descobriu que seria cabeleireiro meio que por acaso e cresceu rapidamente. Seu império de beleza tem pouco mais de 10 anos.

O mais bacana foi conhecer e entrevistar esse homem maravilhoso, pai de três filhos, que é um dínamo de entusiasmo e energia. Para mim, foi como se tivesse aulas particulares de empreendedorismo, saía de cada encontro com a cabeça a mil, as idéias pululando. Mesmo sem saber, ele me ajudou muito na etapa atual da vida!

E agora o livro chega às livrarias. Mesmo quem não é da área de beleza gostará de ler, pois ele ensina o que pensou, planejou e executou para chegar aonde chegou. Há dicas preciosas!

Já agredeci ao Werner por todo apredizado e riqueza que me transmitiu, e agora agradeço publicamente: Ave Werner! Um obrigada, também, às minhas editoras no Senac Nacional, pela gentil e cuidadosa gestão de todo o processo.

Na coluna ao lado está a capa e demais infos sobre o livro. Abaixo, Werner corta o cabelo da primeira-dama do governo do Estado, Adriana, esposa de Sergio Cabral Filho.

domingo, 4 de outubro de 2009

Tudo está certo

Certas notícias desestabilizam a gente. Toda mudança assusta. A vida é inexorável e segue o seu curso. Que bom! Mas de vez em quando se apresenta cada novidade...

A gente pensa que está preparado para as situações, mas por mais que criemos simulações em nossa cabeça, quando a realidade aparece é muito diferente. Surgem sentimentos das profundezas... O que fazemos com esses fantasmas?

Neste domingo, fui caminhar na praia com a respiração presa, ofegante, antes mesmo de apressar o passo. O dia cinzento não ajudava. As preces não chegavam aos lábios, pareciam falsas e sem propósito.

Deixei meus passos me levarem. Fui caminhando até o fim da avenida e senti que deveria ir até a Pedra do Arpoador. Nem sempre vou até lá , pois é mais longe do que de costume.

Escalei a rocha e me deixei guiar até o ponto onde me senti mais confortável. Parei quieta e aí sim, a prece veio clara e límpida.

"Obrigada por ser quem sou e por estar onde estou, aqui e agora". Junto, veio a consciência de que tudo está certo. Não preciso me afobar ou me amedrontar. Estou no lugar certo, na hora certa e tenho a certeza de cumprir o meu trabalho. Não estou falando do lado profissional: sinto-me em dia com o universo! Graças a Deus!

Respirei fundo, olhei bem a paisagem, escutei o barulho do mar e as vozes das pessoas na praia. Senti meu corpo vivo, amparado pelos pés. Finalmente tomei o caminho de casa. A partir daí, o dia transcorreu normalmente.



quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A todo volume

"A gente temia ficar saciado... Pois quando ficamos saciados, a gente meio que morre."

A frase é de Jack White, do White Stripes, no documentário It might get loud (Estados Unidos, 2008) que assisti nesta quinta-feira no Festival do Rio. Ele se refere a sua relação da música mas serve para outras coisas, né?

Resolvi me dar um mimo: parar tudo e ir ao cinema aproveitar a safra de filmes que brota no Rio todo mês de outubro. São centenas! Dá pra atordoar. O bom é que o ingresso diminui de valor: R$ 7,00 a meia e R$ 14,00 a inteira. Temos que cavar espaço na rotinha para aproveitar.

Entrei no cinema achando que estava vazio - a final, quem vai sair de casa com chuva torrencial numa quarta-feira, hora do jantar, para assistir a um documentário sobre rock? Resposta: um monte de gente. A sala escura estava lotada! Todo mundo batucando nas cadeiras e batendo os pezinhos no chão. Discretamente, mas sim.

Na tela, três ícones do rock e virtuoses da guitarra, de diferentes gerações, narram sua relação com o instrumento e a música: Mr. James Patrick Page - Jimmy Page -, Led Zeppelin; The Edge, U2; e Jack White, White Stripes.

O filme tem cenas maravilhosas, como Jimmy tocando novinho em um programa de televisão no interior da Inglaterra e dizendo: "quando crescer, quero ser biólogo". E já adulto: "desculpem, eu não sei cantar."

The Edge gosta de se refugiar em uma praia nublada da Irlanda para ensaiar e se inspirar. Foi lá que compôs Sunday Bloody Sunday. "Quando olhamos um bosque reflorestado, enxergamos um emaranhado de troncos. Mas quando chegamos num determinado ponto, vemos que estão perfeitamente alinhados. E há clareza." Isto é The Edge falando sobre o processo de criação de uma música.

Quem quiser aproveitar, ainda há sessões nesta sexta-feira, às 16h30 e 21h30 no Roxy 3 em Copacabana.