sábado, 30 de outubro de 2010

Amor ou paixão?

Conversando com uma amiga ao telefone, a pergunta me surpreendeu:

- Você está apaixonada?

Refleti um pouco e respondi, cautelosa:

- Paixão me lembra uma coisa ansiosa, tipo ficar grudada ao telefone esperando ele ligar. Então, não estou apaixonada, não. Estou amando.

- Mas nem um friozinho na barriga???

Desconversei. E fiquei pensando: deveria estar sentindo o tal friozinho? Mas o que eu sinto é uma sensação de calma e plenitude que me faz sentir inteira e preenchida. Isso, para mim, é estar amando.

Passou o tempo e as respostas foram chegando.

Uma resenha do livro Sociedade excitada (Ed. Unicamp), de Christoph Türke, em que ele disserta sobre a enxurrada de estímulos que recebemos a todo instante, o que nos torna "viciados" em sensações fortes fazendo o cotidiano parecer pálido e enfadonho. O desafio, segundo o filósofo, é tentar criar espaços de reflexão em meio a essa torrente.

Uma conversa com minha cunhada, a atriz e preparadora de atores Camilla Amado - também filósofa a essa altura da vida, pelo menos, é assim que os artistas que trabalham com ela a consideram. Outro dia, batendo papo ao telefone sobre um assunto qualquer, ela soltou:

- Felicidade é estar em paz.

Expus a ela a questão do Amor X paixão e ela completou:

- Valéria, na paixão não há paz.

A questão se esgotou para mim.

E para vocês, o que é melhor ou mais desejável, Amor ou paixão?



segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Inspiração

Eu sou o senhor do meu destino
Sou o capitão da minha alma

Esse é um trecho de um poema que serviu de inspiração a Nelson Mandela para que se mantivesse lúcido e firme ao longo dos 27 anos que passou trancafiado em uma cela em Robben Island, Cidade do Cabo, trabalhando nas minas de sal. Isso antes de ser eleito presidente e governar a África do Sul de 1994 a 1999, dando fim ao apartheid.

No filme Invictus (disponível em DVD), dirigido por Clint Eastwood, Mandela (Morgan Freeman) convoca François Pienaar (Matt Damon), capitão do da seleção de Rugby da África do Sul para uma reunião. O time está na pior e o povo africano torce sempre pelos adversários estrangeiros - uma distorção que reflete o ódio entre brancos e negros, resultado de décadas de apartheid.

- O que pode fazer seus rapazes acreditarem que são melhores do que são? - pergunta o presidente ao capitão do time. - Vou lhe dar uma dica: inspiração. Então, vou lhe dar de presente um poema...

Lembro de uma vez em que li no jornal sobre uma exposição de pinturas que Nelson Mandela havia feito na prisão ou logo após ser libertado, não sei ao certo. Eram lindas aquarelas com imagens marinhas em cores suaves. O jornalista perguntou:

- Mas o senhor passou 27 anos preso numa cela em que mal dá para abrir os braços. Como pode pintar imagens tão bonitas enquanto estava sofrendo tanto?

Ao que Mandela respondeu:

- Mas a prisão serviu para que eu aprendesse coisas muito importantes: a paciência, a esperança, o valor da liberdade... As pinturas são um reflexo dessas descobertas.

Se uma pessoa sobre a Terra serve para mim como inspiração, essa pessoa é Nelson Mandela.

Quem quiser saber mais, assista Invictus. Vale!


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Querer mudar

Fico comovida quando vejo uma pessoa querendo mudar, disposta a isso. O que ela tem já não serve ou não basta. É preciso "uma comida diferente, com maior variedade e quantidade", como no conto sufi A história de Mushkil Gushá - procure no Google e poderá ler, se quiser.

Recentemente, dois amigos compartilharam comigo o desejo de mudar. A necessidade de mudar, melhor dizer.

Por que as coisas não estão dando certo?

O que é preciso fazer para que dêem certo?

Um primeiro sinal, louvável, da consciência de que não é o mundo que está errado, mas talvez nós é que precisemos nos moldar e nos adaptar ao mundo.

Dou o maior apoio moral aos amigos que querem mudar. Dou força, incentivo, digo que procurem ajuda - pois muitas vezes a gente, sozinho, não consegue. Eu acredito em terapia!

E vamo que vamo!


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cariocas e gaúchos

Sempre achei cariocas e gaúchos seres muito parecidos. São abertos a um bom papo com um desconhecido, têm sempre um sorriso no rosto e adoram pegar sol.

Após a Feira de Caxias do Sul fui visitar meus parentes em Porto Alegre - parte da minha família por parte de pai é de lá. Fomos beber chope no mercado municipal, emendamos nos bares da Cidade Baixa e na terça-feira de manhã, um lindo dia de feriado com céu azul límpido, fui passear no Parque da Redenção. É a praia dos gaúchos de Porto Alegre!

O parque é enorme e fica no centro da cidade. Parece que toda a população vai para lá: famílias inteiras fazendo piquenique, gente andando de bicicleta, uma área só para as brincadeiras com cachorros, todos correndo livremente e brincando de "pegar a bolinha". Tem também atrações como um minizôo com macacos, araras, jabutis e um pavão lindíssimo. Lagoa onde se anda de pedalinho com peixes e tartarugas enormes.

Uma manhã tão alegre e luminosa, com a alegria dos gaúchos me contagiando e me alegrando!

Voltei para casa cantarolando a velha música do Kleiton e Kledir, que o meu pai - gaúcho de Cruz Alta - adorava e cantarolava sempre.

Deu pra ti
Baixo astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau!

Quando eu ando assim meio down
Vou pra Porto e bah! Tri legal
Coisas de magia, sei lá
Paralelo 30

Alô tchurma do Bonfim
As gurias tão tri a fim
Garopaba ou Bar João
Bela dona e chimarrão

Que saudade da Redenção
Do Fogaça e do Falcão
Cobertor de orelha pro frio
E a galera do Beira-Rio

Abaixo, o Parque da Redenção.




domingo, 10 de outubro de 2010

Ler é iluminar-se

A 26º Feira do Livro de Caxias do Sul (RS), de 1º a 17 de outubro de 2010, acontece na Praça Dante Alighieri, no Centro da cidade. É uma praça pequena e a feira também é pequena - comparada a outras por esse Brasil a fora. O grande barato é o trabalho de promoção da leitura que é realizado na cidade e redondezas ao longo de todo o ano, e que tem seu ápice neste evento.

São vários os projetos da Secretaria de Cultura de Caxias do Sul para plantar a semente do gosto pela leitura na população: Gangurus da Leitura, Bibliotecas comunitárias, Malas de Leitura, Tapete Mágico, Passaporte da Leitura e outros. Todos tem como base a familiarização com os livros - pegar, manusear, experimentar - e o suporte de especialistas para incentivar as pessoas a ler por conta própria.

O resultado, eu vejo nessa feira, que é como uma caixa de jóias: as pessoas vêm, param nas barracas (algumas munidas de seus chimarrões), examinam os livros, compram. Os bate-papos com autores são de excelente nível: público numeroso, concentrado, fazendo perguntas pertinentes.

Neste sábado (9/10), foi a vez do Reinaldo, da Casseta & Planeta, apresentar seu livro de cartuns sobre escritores famosos, Noites de autógrafos (Desiderata). Domingo (10/10), Guilherme Fiuza falou sobre Bussunda, a vida do Casseta (Objetiva).

Um 'viva!' a coordenação do Programa Permanente de Estímulo à Leitura (adoro a palavra 'permanente' no nome oficial do programa), que empreende esse importante trabalho em favor do livro, da leitura e das pessoas - principais beneficiadas - em Caxias do Sul.

Abaixo, dois cartuns do livro do Reinaldo para alegrar vocês.

sábado, 2 de outubro de 2010

Da série "O futuro do livro"

Amigos, esse texto é a capa do site Shahid (http://www.shahid.com.br/) essa semana. Mas resolvi compartilhar com vocês porque o assunto interessa a todos nós, blogueiros que sonham ser escritores. Aguardo seus comentários. Beijos, obrigada.



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Smashwords – A maior plataforma de auto-publicação e distribuição de ebooks dos Estados Unidos

Mark Coker parece ter pouco mais de 40 anos. Usa calça cáqui meio amarrotada e camisa xadreza de mangas curtas. Seu jeito de falar é direto, sem rodeios. Sua apresentação em PowerPoint tem apenas frases, gráficos e poucas imagens – nada de cores ou efeitos. Esse homem aparentemente comum é o fundador e mantenedor da plataforma de auto-publicação e distribuição de ebooks que mais cresce atualmente nos Estados Unidos: Smashwords (http://www.smashwords.com/ )

Em uma hora de palestra na Casa do Saber (RJ), no dia 30 de setembro, Mark não mencionou a palavra “papel” uma vez sequer quando se referiu ao futuro dos livros. Falou, sim, no impacto das novas tecnologias para editoras e livrarias. E mostrou números significativos do crescimento desse mercado – e de sua própria ferramenta, o Smashwords – defendendo que “No futuro, os autores vão determinar o que será publicado e os leitores vão determinar o que será lido".

Abaixo, um breve resumo em tópicos da palestra de Mark, que veio ao Brasil a convite da Singular Digital (http://www.singulardigital.com.br/) – braço da Ediouro para impressão de livro sob demanda/digitais.

What´s an ebook? It´s a different way to enjoy a book”.

O computador (PC) ainda é o principal leitor digital hoje no mundo.

Ebooks podem oferecer uma experiência melhor de leitura porque, entre outros motivos, as letras podem ser aumentadas quanto o leitor quiser; são mais baratos que os livros impressos (nos Estados Unidos, um título em hardcover custa U$ 35 e a versão em ebook, U$ 10).

Uma breve história do livro: a escrita nas grutas de Lascaux, França; os monges copistas, na Idade Média (que detinham o poder sobre o conhecimento); a prensa de Gutemberg (que torna possível a impressão e distribuição massiva de livros); as editoras como conhecemos hoje. Segundo Mark, a relação de poder continua, só que em vez dos monges, são os editores que decidem: quem merece ser publicado? Quais lançamentos terão investimento em promoção e marketing? Quais livros o público irá ler?

But then internet happened and... Pow!” – Mark mostra o cartum de um alce com os olhos arregalados prestes a ser atropelado.

Mais e mais clientes estão comprando on line porque: os preços são mais baixos; conveniência/conforto; maior perspectiva de visualização/seleção de títulos – pois as livrarias também têm sua cota de poder e decidem quais livros serão expostos nas bancadas.

Em 2009 foram publicados mais ebooks nos Estados Unidos, do que livros impressos.
Eu acredito que, no futuro, ebooks serão mais comprados e mais lidos que o livro impresso”.

Um autor da Smashwords vai ganhar 20 mil dólares este mês – isso representa a receita de um ano a ser ganha por um autor de livro impresso nos Estados Unidos”.

As editoras estão cada vez mais seletivas e não querem assumir riscos. Estão tendo dificuldade em se adaptar às mudanças porque seus custos são altos e querem preservar os preços altos de seus produtos.

Ao mesmo tempo, com a democratização dos livros, há uma explosão de conteúdo disponível, o que nos leva a perguntar: o que merece ser lido? Resposta de Mark: “No futuro, os autores vão determinar o que será publicado e os leitores vão determinar o que será lido".

Algumas dicas que o gestor da Smashwords dá às editoras: desenvolver estratégias de longa cauda e nunca dizer ‘não’ a um autor; agregar o self-publishing ao seu negócio; dizer ‘sim’ ao relacionamento com novos e improváveis autores; desenvolver os talentos brasileiros (Mark ficou impressionado com a predominância de autores de língua inglesa traduzidos nas livrarias que visitou no Rio de Janeiro); transferir o risco da publicação ao autor; os autores que apresentarem boa performance, estes, sim, merecem investimento.

Por Valéria Martins