sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Frases e citações em Póvoa

Amigos,

Não estou conseguindo atualizar o blog porque o ritmo das Correntes é intenso. Mas fiz umas notinhas para o PublishNews, conhecem? É um portal que publica diariamente todas as notícias do mercado editorial brasileiro. A newsletter é gratuita, basta se inscrever: http://www.publishnews.com.br/

Em todo caso, eis o link, para facilitar:

Na sexta-feira saiu nota minha sobre a mesa com o Zuenir Ventura - http://www.publishnews.com.br/telas/noticias/detalhes.aspx?id=56387 - e na segunda deve sair uma "geral" sobre o evento.

Sábado termina o Correntes D´Escritas, passou rápido! Aqui, algumas frases ouvidas em Póvoa de Varzim:

"Comi demais!" - Dita por todos após cada almoço e jantar!

"Escrevi o primeiro livro porque a minha mulher mandou. Ela manda em mim." - Zuenir Ventura

"O vento aqui é tão forte que isso não é Correntes D´Escritas, mas correntes de ar!" - Mário Azambujal, jornalista e escritor português.

"Me mandaram à guerra de de Angola matar pretos. Eu tinha 23 anos e passei 36 meses lá. O que aprendi? A matar, beber e fumar. Só. Graças a Deus, nunca mais peguei em uma espingarda na vida." - Francisco Guedes, diretor do Correntes D´Escritas

"Cada vez que publico um livro é como se estivesse fazendo um striptease." - Tania Ganho, escritora portuguesa.

Histórias e frases contadas e citadas por escritores:

Um amigo perguntou a James Joyce, que estava pensativo: "O que houve? Está preocupado com as palavras?" Joyce respondeu: "Não, as palavras eu as tenho todas. O que me preocupa é a ordem a dar a elas".

García Marquez, durante uma longa conferência, ao perceber que uma parte da platéia dormia e a outra partia em retirada, disse: "Por favor, os que se vão, que saiam nas pontas dos pés para não acordar os que estão dormindo."

"A literatura é transformar em rio um copo com água.", Jorge Luis Borges

"Eu nunca minto na vida, nunca minto na escrita, só minto aos homens.", Marguerite Duras

"Se me perguntarem o que é o tempo, eu não sei. Se não me perguntarem, eu sei.", Santo Agostinho.

Abaixo, a mesa com Zuenir.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cá estou...

... Na terra dos nossos antepassados, que não conhecia: é a minha primeira vez em Portugal.

No avião, esbarrei em uma senhora gordinha que arrumava enormes sacolas de plástico colorido no bagageiro de mão. Ela sorriu, simpática, e me veio a constatação: Minha nossa, como somos parecidos!

Em Póvoa de Varzim, a 30 km da Cidade do Porto, o tempo é terrível. O vento quase carrega a gente e chove sem parar. À tarde, choveu granizo e a varando do meu quarto ficou cheia de pilhas de pedrinhas de gelo. Da minha janela, enxergo o mar. Mas é um mar agitado, bravo, pontilhado de rochas nada amigáveis. Dizem que durante todo este inverno o tempo está assim.

O criador e diretor do Correntes D´Escritas é Francisco Guedes, um senhor de ótima prosa e de mente muito clara. Ele é a alma do festival: a ordem é privilgiar os escritores, sua qualidade literária, e não o fato de serem bons vendedores de livros. O importante é trazer gente nova, arejar e abrir espaço para novas vozes. É maravilhoso ouvir isso em um mundo em que o aspecto comercial é cada vez mais valorizado. É louvável e nos dá esperança! E os editores das grandes casas da Europa comparecem todos, com olhos e ouvidos bem abertos.

A comida é maravilhosa: pescados frescos, camarões quase crus, firmes e tenros (o segredo é tirá-los da fervura e jogar água gelada em cima), enormes mexilhões de água doce. De sobremesa, além de tortas etc, adivinhem? Queijo com doces de frutas. Nós herdamos tantas coisas!

É agradável ouvir escritores portugeses e de língua hispânica conversando, cada um no seu próprio idioma, sem que nenhum tente imitar ou falar a língua do outro. Nada de portunhol. E todos se compreendem perfeitamente.

Amanhã é a abertura oficial do Festival, com a presença do nosso querido Zuenir Ventura, jornalista e articulsta de O Globo, na mesa. Vejam a programação completa em: http://www.cm-pvarzim.pt/go/correntesdescritas/


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Correntes D´Escritas e mais

Queridos amigos e leitores do blog

Em primeiro lugar, peço desculpas por não ter comentado os blogs de vocês nas últimas duas semanas. Eu estava terminando um trabalho de grande fôlego e me permiti curtir o Carnaval.

Agora, as novidades:

Viajo hoje a Portugal, para o Festival Literário Correntes D´Escritas, em Povoa de Varzim. É um festival pequeno e prestigiado, ao qual comparecem muitos editores e agentes literários europeus. Sou convidada do evento graças à indicação do escritor chileno, residente na Espanha, Luis Sepulveda, cuja vinda ao Brasil eu coordenei em 2009, para a Feira de Ribeirão Preto. Minha intenção com esta viagem é abrir caminhos para que os escritores que represento participem de eventos no exterior.

Retorno ao Rio em 14 de março, mas espero atualizar o blog pelo menos duas vezes por semana até lá. Vou compartilhar com vocês muitas coisas boas, se Deus quiser.

Abraços e até daqui a pouco!!!




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Brian Eno e a Criatividade

"Na minha casa em Oxfordshire, há uma grande e bela escultura de Pégaso com asas azuis de vidro (...) Um comentário que sempre ouço é: 'Mas o que ela quer dizer?' Ou 'O que isso significa?' com base na idéia de que alguma coisa existe porque precisa dizer alguma coisa ou se refere a algo mais. Essa idéia me é estranha.

Os primeiros quadros de que gostei eram os menos referencias que existiam (...) O que me entusiasmava neles era o fato de não se referirem a nada mais - eram únicos, objetos carregados de magia que não obtinham sua força da conexão com coisa alguma".

Essa fala de Brian Eno, publicada na Folha de S. Paulo, me encantou. Eno, 61 anos, é o inventor da música ambiente que precedeu a música eletrônica. É considerado um artista super-criativo e visionário, e sempre se manteve na modernidade. É produtor do Coldplay, atualmente, mas já trabalhou com U2, David Bowie e outros mega-stars do rock.

A frase é maravilhosa porque nos libera de qualquer peso, preconceito ou culpa na hora de criar. Quantas vezes pensamos em fazer algo - que normalmente tem a ver com o nosso dom, nosso bem mais sagrado - e paramos por pensar... Simplesmente pensar já atrapalha. Criar nada tem a ver com pensar. O pensar traz a necessidade de significado, o julgamento, a crítica.

Tive um professor que dizia que não conseguia escrever um livro porque era muito narcisista. "Como assim?", perguntei. "É que a minha obra de arte tem que ser perfeita. Eu sou tão narcisista que não me permito fazer nada imperfeito, então, acabo não fazendo".

Brian Eno nos ilumina com sua clareza e genialidade. Outra fala do camarada:

"Outro dia, ouvi uma banda que tinha o pior cantor, o baterista mais fora do tempo e o guitarrista mais desafinado que já ouvi em um disco profissional (...) Um engenheiro de som que use Pro Tools (programa equalizador) teria resolvido o problema, mas aquela banda, na verdade, era uma celebração da fragilidade humana. Era tão crua que chegava a animar".

Viva a criatividade! Viva Brian Eno! (Abaixo, o moço ontem e hoje).





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnaval 2010

Domingo, sete horas da manhã, o despertador toca e...



Cordão do Boitatá, Centro do Rio, Praça XV, ao redor do Paço Imperial, onde D. Pedro I disse ao povo "que fico"!



O casal Avatar foi sucesso total!


Amigas queridas, cariocas, que vieram do Sul...



A consagração de um sambista da nova geração!

Mãos de Carnaval


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Viva o Carnaval!

O melhor do Carnaval é ver a cidade da gente toda diferente.

É permitido andar no meio da rua, onde passam os carros.

Vemos os edifícios e tudo mais de ângulos que nunca vemos.

Pode sair na rua fantasiado, borrocado de pintura, mulher vira homem, homem vira mulher.

Dá pra beijar na boca sem muita conversa.

A ordem das coisas vai pro espaço.

Passamos o ano inteiro organizados, cumprindo regras e no Carnaval...

Bah!

É hora de desorganizar, para depois organizar novamente.

Eu acho ótima essa desorganização!

Sacode as idéias

Liberta o corpo

É a festa do excesso

E isso, de vez em quando, não faz mal!

Nos faz sentir que estamos vivos.


Viva o Carnaval!!!


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O dinheiro, a riqueza

Tenho a sorte de estar convivendo com uma pessoa que tem muito dinheiro. É uma convivência temporária, em breve iremos nos distanciar. Mas o que eu aprendo com ela é muito bom, muito divino, muito valioso em todos os sentidos.

Nossa relação com dinheiro é permeada de culpa e preconceito. Consenquência do que aprendemos ou testemunhamos com as pessoas a nossa volta, à medida que crescemos. Na minha família, dinheiro era motivo de brigas e chantagem emocional. Também cresci vendo parentes que tiveram dinheiro gastar tudo com besteiras, e a expressão que se usava era: "fulano torrou tudo". Torrar, queimar dinheiro. Isso me apavorava. Era melhor nem ter o dinheiro, sob o risco de gastar.

Ao mesmo tempo, eu via a riqueza e pensava, naturalmente, de acordo com meus condicionamentos: "Dinheiro traz problemas e infelicidade". Bullshit!, como dizem os norte-americanos.

E agora que venho trabalhando para resignificar a riqueza e o dinheiro, surge esse sêr na minha vida... É alguém que ama o dinheiro e demonstra isso pra todo mundo ver. Sem vergonha, sem culpa, sem pudor. Que maravilha! Que alegria! Que bênção!

Dizem que o psicanalista Jacques Lacan era assim; preferia receber o pagamento dos clientes em dinheiro e andava sempre com um gordo maço de notas no bolso. Quando alguém pagava, ele tirava o maço e manuseava o dinheiro cuidadosamente, vagarosamente, na frente do paciente.

Tenho muito a aprender... E agradeço a Deus por ter colocado essa pessoa no meu caminho.

E vocês? O que sentem e pensam a respeito do dinheiro e da riqueza?...


sábado, 6 de fevereiro de 2010

Com efeito

Fui assistir à peça Restos, com Antônio Fagundes, no teatro. Não fui eu que escolhi, ganhei de presente de aniversário. Mas fui feliz, pensando na minha avó Violeta, que era apaixonada pelo ator. Dizia:

- Ele é muito simpático.

- Como assim, vó? "Simpático"?

- Ah, assim... Simpático.

Nós morávamos no Jardim Botânico em um prédio com muitos apartamentos. Era uma grande família. Eu tinha um amigo que ficou sabendo da preferência da vovó e sempre que ia lá em casa perguntava:

- E aí, Dona Violeta! Como vai o Fagundão? - ele esticava o "ão" de propósito e ela ficava encabulada, mas sacudia de rir.

Na peça do dramaturgo norte-americano Neil LaBute, o Fagundão está muito bem: corpo enxuto, cabelos brancos, muito ágil e bem charmoso apesar dos 60 e muitos. Ele está sozinho no palco em um monólogo no qual lamenta a perda da mulher, 15 anos mais velha, seu grande amor há 30 anos. (O final guarda um segredo que sacode e choca a platéia).

Logo no início, o personagem repete sem querer um cacoete de fala, a expressão "com efeito". Ele se repreende por repetir essa "expressão de velho" ao fim de cada frase, mas continua repetindo-a até fim da peça.

Escutar o ator falando "com efeito" despertou algo lá no fundo da minha memória... Depois da segunda e terceira vez, eu me lembrei: sabem quem usava essa expressão seguidamente, ao fim das frases, como uma ênfase? A minha avó Violeta!

Ao fim do espetáculo, Antônio Fagundes agradece as palmas, pede cinco minutos para tomar um banho e trocar de roupa, e volta para um papo com a platéia. Muito generoso! Não perdi a oportunidade. Levantei o braço, pedi para falar e contei:

- A minha avó era sua fã... - no meio do discurso a voz tremeu de emoção, mas eu dei o recado.

Fagundão sorriu, disse que em inglês a expressão usada pelo autor é "indeed" e eles quiseram trocar por uma expressão antiga como... "com efeito".

Só sei que a Violeta estava presente, de alguma forma, nessa noite na platéia do Fagundão. E ele, de fato, é muito simpático.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A qualidade de um guerreiro

Alguém aí assisitiu Avatar? Porque este post é sobre o vilão do filme...

O coronel Miles Quaritch - interpretado de modo impressionante pelo ator Stephen Lang - é o chefe de segurança da colônia humana em Pandora. Ele é muito mau!... Mas sua lógica e coerência internas são tão fortes que eu não consegui odiá-lo. Pelo contrário, passei a admirá-lo. Principalmente após assistir pela segunda vez o filme, acompanhando uma amiga que não tinha visto.

O lado ruim do coronel Quaritch é que ele adora fazer guerra. As ordens de seu superior são apenas um pretexto para ele pôr em prática seus dotes belicistas - vale dizer que o mundo está cheio de gente assim, dentro e fora das forças armadas.

O lado bom do coronel Quaritch é que ele não desiste nunca. Vai até o fim... Seja onde for.

A atmosfera de Pandora é irrespirável pelos humanos. É preciso uma máscara de oxigênio. Mas quando uma rebelde foge da base a bordo de um helicóptero, ele não pensa duas vezes: arromba a porta que o separa do mundo natural e vai atrás de cara limpa, sem máscara e atira, atira, atira... Quando as balas acabam, ele tira outra pistola do bolso e atira mais. Quase morre sufocado, mas faz tudo.

No fim do filme (não vou contar, fiquem tranquilos), quando ele está todo machucado, estropiado, à beira de ser derrotado, o mocinho diz:

- Acabou, Quaritch. Você não está vendo?

Mas ele se levanta e diz entre dentes:

- Nada acabou enquanto eu estiver respirando!...

Sensacional!

O coronel Quaritch pode ser um FDP... Mas ele tem a qualidade de um guerreiro. Caiu? Respira fundo e levanta! Só não pode desistir. Nunca!


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Vamos pensar no depois, depois

Cada vez mais consigo pensar menos no depois. Aprendi a fazer isso há uns 4 anos, graças à influência da minha amiga Lilian Gallagher, economista e consultora financeira, autora do livro Planeje seu futuro financeiro (Ed. Campus Elsevier).

Quando me preparava para investir em uma previdência privada, eu a consultei e soube que existe a questão do que fazer com o dinheiro ao fim da aplicação: se confiamos ao banco a tarefa de nos pagar mensalmente uma "pensão vitalícia", o dinheiro passa a ser do banco. Podemos, também, resgatar tudo e fazer o que bem entendermos - desde que sejamos equilibrados com dinheiro.

Comecei a fazer mil perguntas, patinar em dúvidas, e ela:

- Valéria, lá na frente você vai pensar no que fazer com o dinheiro. Até lá muita água vai passar embaixo da ponte.

Ufa! Relaxei e segui em frente.

Desde então, sempre que me pego desperdiçando energia num exercício de futurologia - ruminando desde questões mais complexas até as mais simples como: vou malhar amanhã? Mas eu vou dormir tarde hoje. E se não malhar amanhã, quando irei? etc, etc, etc - Faço: Stoooop! Amanhã eu vou acordar e decidir. O que me der vontade, eu faço.

A vida tem sido bem mais leve assim! Chega de tantas obrigações! Já basta as que o dia a dia nos impõe!

É claro que é importante fazer planos, criar intenções... Mas isso é assunto para outra conversa.

Imaginem se esse povo aí embaixo está preocupado com o depois...