domingo, 28 de setembro de 2008

A arte de dar um fim às coisas

Isso (o título) é algo que aprendi com a maturidade. Porque antes, por falta de confiança em mim, por medo ou por falta de “culhões” mesmo (hoje o mundo exige essa nova parte anatômica das mulheres), eu tinha dificuldade em tomar atitudes – principalmente no campo afetivo. Ia deixando rolar, rolar, embalada por pensamento mágico do tipo: tudo vai se encaminhar, a vida vai arrumar as coisas...

Mentira. Tem horas em que a gente tem que se posicionar. Se não fazemos isso, levamos a pior. Porque diante da nossa inércia, os outros tomam as atitudes que querem da forma que querem. E a gente fica pra trás, comendo poeira, tendo que se adaptar à nova situação escolhida por outra pessoa. Ruim!...

Tomar uma decisão sozinha requer muita coragem... Será que é o melhor pra mim? E se eu estiver enganada? E se eu estiver jogando fora o grande amor da minha vida?... Mas aí a gente tem que lembrar e valorizar nós mesmos. Acho que saberemos reconhecer o grande amor das nossas vidas quando ele surgir, certo?

E tomar a iniciativa de uma atitude radical não implica em sofrer menos. Vamos sofrer, sim... Mas é um outro tipo de sofrimento: não somos vítimas, somos os protagonistas da história. Uma baita responsabilidade, mas assim vamos crescendo e nos afirmando como adultos, donos da nossa vida e do nosso destino.

Assim vou, com fé!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

À maneira de Deus ou à maneira dos homens?

Até mesmo entre as flores, há diferença de sorte.
Umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.

Perto do meu trabalho tem uma maternidade. Todos os dias, há um desfile de mães com seus bebês recém-nascidos no colo. São mães de baixa renda, pobres, mas não miseráveis.

Outro dia, vi uma cena diferente: um homem carregando o filho recém-nascido no colo com todo cuidado, todo orgulhoso, e a mãe atrás, gordinha, ainda inchada do parto, carinha simpática, feliz. Pensei: esse bebê tem sorte. Esses pais vão cuidar bem dele.

Logo em seguida, outra mãe: magra, seca, andando devagar, olhar perdido, braços frouxos, o bebê pendurado... Outro menino magrinho agarrado à barra da saia. Pensei: pobres crianças...

Isso me faz lembrar uma história de Nasruddin que eu adoro, mas que deixa muita gente indignada. É mais ou menos assim:

Quatro garotos se aproximam de Nasruddin e entregam a ele uma bolsa cheia de doces.

"Nasruddin, nós não conseguimos dividir esse doces entre nós. Pode nos ajudar?"

Nasruddin coça a barba e pergunta:

"Vocês querem que eu faça a divisão à maneira de Deus ou à maneira dos homens?"

As crianças se entreolham e respondem em uníssono:

"À maneira de Deus!"

Nasruddin abre a bolsa e entrega duas mãos cheias de doces à primeira criança, uma mão cheia à segunda, dois doces à terceira e nenhum à quarta.

"Nasruddin, que tipo de divisão é esta?", perguntam atordoados.

"Bem, meninos, é à maneira de Deus. Ele dá muito a algumas pessoas, pouco a outras e nada a alguns. Se vocês tivessem pedido que eu fizesse a divisão à maneira dos homens, eu daria mais ou menos a mesma quantidade de doces a cada um".


Tirem suas próprias conclusões, bom fim de semana!


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Senhor, tende piedade de nós

A oração que repeti tantas vezes no domingo à noite, quando ia à missa na adolescência, veio espontaneamente aos meus lábios hoje de manhã, enquanto esperava o ônibus que me leva na segunda etapa da viagem até o trabalho. A editora fica em uma rua em S. Cristóvão onde não mora ninguém, onde não passa ninguém, igual ao antigo samba.

Hoje no ponto de ônibus no local aprazível chamado Cancela, onde a calçada de pedestres deve medir pouco mais de seis palmos, havia uma amostra de cada um dos problemas que acometem os seres humanos em sua jornada sobre a face da Terra.

Perto de mim, uma mulher carregava nos braços a filha de uns 7 anos, vítima de paralisia cerebral. A menina bem arrumada, limpinha, cabelos cheios de trancinhas enfeitadas com laços de fita. Os pezinhos nus, pois, deformados, não comportam sapatos comuns. E a mãe carregava aquela filha com tanto carinho, tanta abnegação...

Ao meu lado, um homem negro de uns 35 anos fazia cara de sério, mas estava completamente bêbado. Lutando para manter-se ereto no mesmo lugar. E olha que eram 9h45 da manhã.

Na minha frente, uma mulher corcunda. A coluna retorcida, o tronco medindo a metade do comprimento das pernas. Mas firme e forte, esperando o ônibus que a levaria a algum lugar.

E lá vem um menino negro, sorriso no rosto, calçado com tênis com o dobro do tamanho dos seus pés, vestido com moleton sujíssimo e rasgado. Vinha mexendo com todo mundo, dando beijos nos braços das mulheres, sendo repelido e achando graça. Uns 10 anos, sozinho. Esse me deu um aperto no coração...

Meus olhos se encheram de lágrimas, olhei o céu branco, nublado, sobre a minha cabeça, e me veio aos lábios: Senhor, tende piedade de nós.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mamma mia!

You can dance, you can jive, having the time of your life, uhuu, see that girl, watch that scene, dig in the Dancing Queen...

Eu tinha uns 8 anos e essa música tocava nas rádios, e eu ouvia muito o rádio. Cantava, dançava sozinha no quarto, nas festinhas, na casa do meu pai, que tinha o disco do Abba. (http://pt.wikipedia.org/wiki/ABBA).






O tempo passou e uma mulher teve a bela idéia de aproveitar as canções de letras elaboradíssimas do grupo sueco e adaptá-las para um musical. Assim surgiu Mamma mia!, que estreou em Londres em 1999 e é sucesso da Broadway desde 2001. Agora, o espetáculo chegou aos cinemas na forma de um filme delicioso, divertidíssimo, que faz as pessoas rirem e saírem da sala escura felizes da vida. Andamos sedentos de assistir a coisas leves, que nos alegrem a vida. O resultado é que Mamma mia! é a primeira bilheteria em todo o brasil pela segunda semana consecutiva.

O filme narra a história de uma jovem que vai se casar e resolve convidar o pai. Mas ela não sabe quem é, foi criada somente pela mãe. Escarafunchando um diário da genitora, descobre que ela transou com três moços na mesma época, 20 anos atrás, e qualquer um deles pode ser seu pai. Escondida da mãe, resolve convidar os três para a festa. E começa a confusão.

Meryl Streep, quase sexagenária, interpreta uma mulher com pouco mais de 40, canta, dança, pula, abre as pernas no ar. Um colosso! Pierce Brosnan, antigo 007, canta mal mas é uma simpatia. E Colin Firth, o eterno namorado da Bridget Jones, está um gaaaato!

O melhor é que a trama, apesar da leveza e da alegria, tangencia com precisão várias facetas da relação mãe e filha. Fui assistir com minha filha, com quem vinha tendo umas rusgas, e o filme coroou um fim de semana de reconciliação. Muito bom!!! Vão assistir correndo e me falem!

Por enquanto, vão aprendendo a cantar Dancing Queen, a mais famosa canção do grupo – injustamente classificado como cafonérrimo –, neste karaokê que encontrei no YouTube.


sábado, 20 de setembro de 2008

Imagens da natureza

Quarta-feira passada, fui à Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, às 10 horas da manhã. Era o primeiro dia de sol após quatro dias de chuva intensa. O chão da praça estava todo elameado, cheio de poças, tive que andar com cuidado para não escorregar e me estatelar no barro.

O motivo da visita é evento que vai rolar no dia 27, sábado que vem, em comemoração aos 80 anos do poema "No meio do Caminho", de Carlos Drummond de Andrade. A partir das 9h30 da manhã, haverá arte educadora e recreadoras orientando as crianças a pintar pedrinhas redondas – por coincidência vindas de Minas, terra do Drummond –, e contadora de histórias acompanhada de violonista. Vamos distribuir balões, chocolates Garoto (apoiador) e marcadores de livros com o poema.

Tudo isso para dizer que no final da visita, enquanto procurávamos um ponto de luz para viabilizar a instalação de amplificadores de voz, a arte educadora me alertou: "olha que coisa linda!"

Numa grande moita de cedrinho, ainda coberta de gotículas da chuva que caíra durante a noite, o sol incidia e acendia dezenas de minúsculas bolinhas de Natal. Ou minúsculas lantejoulas coloridas. Ou minúsculas partículas de arco-íris. Pequeníssimas luzes vermelha, amarela, azul, verde, cintulando sob o sol brilhante que afastava as nuvens naquela manhã de quarta-feira. Ficamos eu e a moça paradas, estáticas, encantadas com aquele espetáculo particular. As outras pessoas se distanciaram e nós ficamos ali. "Nossa, eu nunca tinha visto isso...", ela balbuciou. "Nem eu", respondi baixinho.

Meu celular não tem máquina fotográfica, nem o dela, então, não pudemos registrar. Mas essa vai ficar marcada na memória, junto com outras imagens maravilhosas que tive a oportunidade de presenciar em minhas andanças pelo mundo, quando em contato com a natureza.







E vocês, qual imagem maravilhosa da natureza gostariam de relatar? Deve haver várias, mas a primeira que vem à memória é...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Três voltas de pérolas

A noite de sábado foi iluminada, linda. Chegamos à sinagoga às 16h30. Fica no início da Barra da Tijuca, junto à Pedra da Gávea. É um bairro residencial e em volta só vemos florestas e a pedra imponente. Nos vigiando e acalmando.

Minha filha desenhou sua própria roupa. De shantung de seda em tom de azul um pouco mais escuro que turquesa. Ajudei somente a comprar o pano. Ela foi à costureira, encomendou, orientou e apareceu com um vestido de corpete justo, de onde partiam umas pregas largas. Muito chique e diferente. Na hora de escolher as jóias, perguntou: "Você tem pérolas?"

Pensei com meus botões e lembrei do colar de pérolas da vovó Violeta, minha querida avó que está no céu há muito tempo. "Mas são três voltas, minha querida. Talvez um tanto pesado para uma menina de 13 anos". "Deixa eu ver..." E, de repente, minha avó estava presente no Bat Mitzvá. Em três voltas de pérolas envolvendo o delicado pescoço da minha filha. Essa garota tem muita personalidade. Êita capricorniana arretada, sô!

As duas horas de cerimônia transcorreram sem eu sentir. Estava tão envolvida nas rezas, nos cantos, que são lindíssimos, nas palavras do rabino, que não vi o tempo passar. Ele fez uma homenagem às famílias das meninas (minha filha fez junto com uma colega da escola), e depois as próprias batmitzvandas declararam porque escolheram este caminho.

Os momentos mais emocionantes, sem dúvida, foram quando ela carregou a Torá, dando uma volta no recinto, e a bênção do rabino, com seu manto aberto sobre todos nós: eu, ela, o pai e o irmão. Senti que minha filha foi realmente abençoada por toda a vida!

Depois, fomos todos para a festa em um clube no Leblon. Muito funk – é isso que eles gostam de ouvir –, mas sem proibidão! E os meus amigos, como sempre, desde sempre, sendo a minha família. Não tenho pai, avós ou irmãos, minha mãe tem a vida tão limitada. Mas um milhão de amigos, eu tenho. E assim, bem mais forte posso cantar.

sábado, 13 de setembro de 2008

Frivolidades e grandes emoções

Numa semana em que as coisas se acumularam para acontecer todas juntas, garantindo grandes emoções, resolvi escrever sobre frivolidades, para a mão não pesar muito... Então, vamos lá:

Indicação de revista

Aqui em casa, nós somos fãs da Vogue RG (http://www.rgvogue.com.br/). Faz um ano que compramos quase todo mês e os motivos são vários. É uma revista com muita informação sobre as novidades ultrafashion que acontecem no mundo. Revista de perua! Mas as reportagens são ultra bem escritas, nada caretas, e assim ficamos sabendo da última moda em Paris, Londres, Nova Iorque e outros lugares um pouco distantes, mas que procuro manter sempre na mira. Pés no chão e cabeça nas nuvens, certo?

A edição deste mês (Adriane Galisteu na capa) traz perfil do dono da grife de roupas de malha super simples e super em alta nos EUA, American Apparel. Além da história do case de sucesso, a matéria conta que o empresário Dov Charney costuma trabalhar de cueca samba canção e suas peças têm certificado de produção sustentada. Ou seja, nada de usar mão de obra de criancinhas da Asia, como a Gap foi flagrada recentemente fazendo – e alegou que "não sabia"!

Tem também perfil de Natalie Klein, filha do dono das Casas Bahia, jovem discretíssima que levanta um império da moda em São Paulo, a NK Store, que se prepara receber – e vender – a grife Marc Jacobs, pela primeira vez no Brasil.

E mais: ensaio fotográfico com a diretora artística de acessórios da Chanel pelada, os seios enormes e nada turbinados; editorial de moda sobre jóias, as peças expostas em acessórios de cozinha (anéis lindíssimos em mãos cobertas por luvas de lavar louça!!!); as últimas páginas sempre têm fotos das festas mais quentes no Rio, SP e lá fora, e ainda a seção Anos Dourados, com flagras do jet set dos anos 50, 60 e 70. Neste número: Jorginho Guinle, Carmen Mayrink Veiga e Odete Lara em festas no Copa Palace, uns 40 anos atrás. Um barato!

Indicação de filme

Lemon tree, longametragem israelense que consegue ser comercial sem ser enlatado, muitíssimo bem feito e bem interpretado. Conta a história de uma mulher palestina, viúva, que mantém um limoeiro há mais de 50 anos, plantado por seu pai. Um belo dia, o ministro da defesa de Israel se muda para a propriedade vizinha e o serviço secreto decide que é preciso derrubar as árvores, pois podem esconder terroristas. Aí, começa uma epopéia ao mesmo cômica e triste, com direito a um romance no meio. Muito bacana!






***

Hoje é o dia do bat mitzva da minha filha de 13 anos. Não sou judia, mas o pai dos meus filhos é. Ninguém é muito religioso, mas ela escolheu seguir o caminho dele por "uma questão cultural" (suas própria palavras).

Na quinta-feira, houve uma espécie de batismo, pois só quem nasce de um ventre judeu pode ser considerado assim, e ela precisou se converter. Foi muito emocionante. Primeiro, na presença do rabino (Nilton Bonder), teve que aceitar uma série de preceitos como "Você tem consciência de que isto que está sendo feito agora não pode ser desfeito? Nunca poderá renegar sua fé?" e "Você sabe que os judeus foram perseguidos ao longo da história da humanidade e que volta e meia isso torna a acontecer, e que pode acontecer novamente?" Ela respondeu sim a tudo.

Depois, ficamos sozinhas eu, ela e uma ajudante da sinagoga. Ela tirou toda a roupa, ficou nua, e fazia muito tempo que eu não a via nua, ela não deixa. Vi as formas de seu corpo de mulher surgindo meio tímidas, meio desajeitadas, mas ela já é uma mulher. Então, ela entrou na piscina, chamada mikva, e havia uma luminosidade muto bonita, às 10 horas da manhã, filtrada através de tijolos de vidro translúcido. A ajudante abre uma espécie de fonte de onde jorra água colhida da chuva. E após receber a água desde a cabeça, ela mergulha três vezes, tirando os pés do chão, dizendo uma reza enquanto submersa.

Saiu da piscina e me deixou enxugá-la. A ajudante nos deixou a sós. Passei a toalha na superfície do seu corpo em transformação, o mesmo que eu banhei e enxuguei tantas vezes quando ela cabia nas palmas das minhas mãos. Muita querida filha! Que Deus a abençoe e proteja! Mil vezes!!!

Hoje tem mais emoções... Depois eu conto.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Problemas

Não faça a sua felicidade depender do que não depende de você.

A frase figurava em um banner na entrada da clínica de terapias alternativas onde, em algum lugar do passado, fiz formação em massagem ayurvédica.

Procuro sempre me lembrar disso e repito essa frase aos amigos que teimam em vincular sua felicidade a questões alheias a sua vontade e poder. Aliás, a maioria dos problemas estão desvinculados da nossa vontade e poder. Podemos fazer a nossa parte no sentido de resolvê-los, mas são tantas variáveis influindo – inclusive aquelas que a gente nem sabe que existem – que eles têm vida própria – e morte também, graças a Deus!

Como costumava dizer um velho amigo, "A gente pensa que resolve os problemas, mas eles se resolvem sozinhos".

Lógico que os pequenos problemas do cotidiano são mais fáceis de solucionar: ir ao banco, fazer compras, limpar a casa. Mas há também os grandes, que demandam tempo. Ficam encostados em um canto, sabemos de sua existência mas tentamos esquecer porque incomodam, doem, perturbam. De repente, alguma coisa chama nossa atenção para eles e reaparecem em toda sua potência. Cruuuuzes! E o pior: não se resolvem de uma hora pra outra. Temos que aguardar... A vontade dos céus.

Já tive alguns problemas assim na minha vida. Por exemplo, tive que esperar mais de 10 anos para receber o dinheiro da venda de um imóvel; o caso foi parar na justiça. No início, vinculei a minha felicidade e a resolução de várias questões – como a compra da casa própria – ao recebimento desse montante. Quando a grana finalmente saiu, eu já havia comprado a bendita casa própria por outros meios.

Assim, quando um desses big problemas reaparece – e eu fico cega, surda e muda; a garganta e a cabeça doem; o bom humor vai pro espaço; nem de escrever no blog tenho vontade – me recordo de outro ditado, enigmático:

A recompensa da paciência é a paciência...

Também recordo a história da tradição oral sufi, Fátima a Fiandeira, que convido todos a ler... E a refletir. http://www.caravansarai.com.br/ConFatima.htm




sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Fazer gente feliz

Muitas vezes eu me questiono sobre a minha vida profissional. Acho que todo mundo faz isso. Porque as coisas não costumam sair exatamente como a gente havia planejado ou sonhado.

Há cerca de 6 anos, quando comecei a realmente me empenhar em migrar do jornalismo para o mercado editorial, minha meta era me tornar editora. Já havia editado revistas e uma página em um jornal (Religião & Fé, em O Dia, 1997-1998). Queria editar livros.

Mas eis que a primeira editora que me acolheu, a Campus/Elsevier, especializada em livros de Negócios e Desenvolvimento Pessoal, reservara para mim um cargo no meio do caminho entre o marketing e o editorial: gerente de autores. Uma espécie de RP responsável por eventos também.

Depois da Campus, vim parar na Record, onde estou há 2 anos e meio. No início, iria cuidar somente de noites de autógrafos, palestras de autores etc. Mas graças ao know how adquirido na outra editora e a vários empurrõezinhos da vida – além do esforço pessoal –, meu trabalho cresceu e apareceu, e hoje cuido não só disso, como também faço a ponte entre os autores e as feiras nacionais e internacionais, vinda de autores estrangeiros ao Brasil, além de eventos grandes, como nunca imaginei que fosse capaz de realizar.

Um deles aconteceu nesta terça e quarta-feira (2 e 3/9) na Estação Central do Metrô Rio. Montamos um palco ao lado da biblioteca popular que funciona no local, contratamos som, músicos e atores para ler trechos de Vidas secas, clássico de Graciliano Ramos, que está completando 70 anos de publicação.
Passei a semana em função disso, corri pra lá e pra cá, fiquei sem almoçar até tarde, ontem estava exausta! Mas no fim das contas, constatei: meu trabalho é fazer gente feliz. Vejam:
A atriz Mel Lisboa está grávida, sem fazer novela, de bobeira em casa. Mas subiu em um palco, foi vista por dezenas de pessoas, deu autógrafos, saiu em matérias no Estado de S. Paulo, G1 e outros veículos importantes. Apareceu! http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL745549-5606,00.html




Cerca de 60 crianças da rede pública, de escolas nas redondezas, mataram aula, ganharam autógrafos, receberam livros de presente, tiraram fotos com artistas. Um dia diferente! Com cultura ao vivo e a cores!





Dois músicos que contratei em cima da hora, por terem repertório de música nordestina, tocaram em altos brados, com toda garra e alegria, ajudaram a juntar gente, teve até dança! Eles ainda sortearam um CD para o melhor dançarino e tiraram fotos com a vencedora, uma senhora que passava pelo local e acabou ficando. Nada disso estava no "script".






Essas são apenas algumas facetas desse evento que correu maravilhosamente bem, e que tornou a vida de muita gente mais alegre, mesmo que por breves momentos. E não foi responsabilidade só minha, não – nunca é. Quando a gente trabalha com eventos, o imponderável está presente o tempo todo. Temos que rezar com fé e mãos à obra!

Por isso, quando às vezes eu me angustio com os rumos que a minha vida toma, lembro que por enquanto está tudo bem. Enquanto eu estiver fazendo gente feliz – e isso me faz feliz também, claro – tudo estará bem.