quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Que a Força esteja com você

Eu tinha 11 anos quando Guerra nas Estrelas estreou nos cinemas. Demorei um pouco a assistir e lembro dos amigos comentando: “O final do filme é chocante!” (gíria da época). Era mesmo. Tanto que assisti uma, duas, três... Mais de dez vezes. Meu quarto tinha um poster lindo e diferente que meu pai trouxe da França: Que la force soit avec toi – La Guerre des L´Etoiles. E o desenho de Luke Skywalker empunhando o sabre de luz com Leia a seus pés.

Meu material de escola era um fichário todo enfeitado com recortes de Guerra nas Estrelas, principalmente do Mark Hammill, o loirinho por quem me apaixonei, e que sofreu um acidente de carro – mega azar – entre o primeiro e o segundo filme da série, o que comprometeu sua carreira.

Mark Hammill até que não está mal em sua breve participação no novo filme Star Wars – The Force Awakens, apesar de não dar uma palavra. Harrison Ford, sem brincadeira, me lembrou Roberto Carlos. Adoro e respeito os dois artistas, mas que estão parecidos, estão. A mocinha e seu galã afro-descendente dão conta do recado, mas fico raiva porque uma atriz branca nunca beija um ator negro em filme americano. Já aconteceu antes em O dossiê Pelicano, com Julia Roberts e Denzel Washington. Rola o maior clima entre os dois – assim como entre Rey e Finn –, mas nada de beijoca no final. O racismo arraigado não deixa!

Quem rouba a cena, para não dizer o filme inteiro, são o vilão Kylo Ren – interpretação impressionante do feioso-charmosão Adam Driver – e Chewbacca com seus grunhidos adoráveis. Aliás, na minha opinião, só no trecho final é que o filme realmente decola, com o embate entre Han Solo e o filho e a escalada da mocinha naquele cenário estonteante em busca do mito vivo, Luke Skywalker. Procurei no Google e vi que se trata de uma ilha na costa da Irlanda onde houve, entre os séculos VI e XIII, um monastério católico. Verdadeiro Macchu Picchu à beira-mar.

No mais, Star Wars – The Force Awakens é uma forma eficiente – mas não original – de apresentar a saga às novas gerações. O roteiro é pífio, as batalhas das naves são rápidas demais, a gente perde os detalhes, certos personagens remetem escaradamente ao Senhor dos Anéis. Contudo, dá pra divertir.