domingo, 22 de setembro de 2013

Um dia muito louco

A gente vive tentando domar a rotina, faz uma lista de atividades e vai 'ticando' cada uma, e, no fim do dia, quando demos conta de quase todas, gritamos internamente: "Gooool!" Que bobagem, pois de repente a vida dá um solavanco, nos joga no chão, depois joga para o alto como quem diz: "Acorda!" Porque temos tendencia a ser robozinhos. "Acordaaaaa!" E, de repente, estou viva!

No sábado, levantei cedo com a lista em punho: levar a mãe ao dentista, ir ao churrasco do sobrinho neto na Barra, voltar ao Leblon para o chope com as amigas de faculdade, e ainda prestigiar o karaokê etílico no aniversário de outro amigo à noite.

O dentista com a mãe correu bem. Logo depois, acenaram-me com um ingresso para o Rock in Rio, que entendi que era de graça, mas depois soube que tinha que pagar :( A caminho de ir buscar o bilhete, roubaram meu celular com todos os contatos (nem vi, só a bolsa aberta). Após bloquear a linha e comprar novo aparelho, hora e meia de engarrafamento até a Barra. Chegando lá: "Ainda tem churrasco?" (morta de fome) "Ah, não era churrasco, são lanchinhos..." :(

Aí parei. Comi uns hamburguinhos, curti a companhia dos sobrinhos, recebi uma dose de Amor (seiva pura), e me levantei de novo... Rumo à cidade do Rock! No meio do caminho, a bateria do novo celular arriou e não tinha mais como falar com ninguém.

Fui ao Rock in Rio sozinha, andei por todos os lados, fui na montanha russa, desfrutei da companhia de várias pessoas em momentos distintos da noite. Assisti Gogol Bordello e Lenine (ótimos!), show de dança e música celta (lindo!), John Mayer e o espetacular Bruce Springsteen, que me ressuscitou quando eu já tinha morrido.

Antes de ir embora, olhei a Cidade do Rock, mirei o céu e agradeci: "Obrigada, meu Deus, pelo dia de hoje. Obrigada por estar Viva".


domingo, 8 de setembro de 2013

A quem tem, será dado

Primo Levi (1919-1987), escritor italiano, foi preso e passou 11 meses no campo de concentração Auschwitz-Birkenau, na Polônia, no fim da Segunda Guerra. Seu livro É isto um homem? (nova edição pela Rocco em 2013), narra o dia a dia no campo com menos detalhes mórbidos do sofrimento físico e mais descrições e reflexões sobre rotina e a dinâmica entre as pessoas. Um verdadeiro estudo da humanidade realizado com base em uma amostra de gente vivendo em condições extremas de fome, frio, desconforto, humilhação e pressão psicológica.

Uma das regras identificadas por Levi em suas observações é 'a quem tem, será dado'. Isso significa que os mais fortes, os mais políticos, os mais 'proeminentes' dentro do campo, são justamente aqueles que acabam conseguindo um tratamento melhor dos alemães ou dos outros judeus que ocupam posições estratégicas.

Pouco antes de ganhar o livro de presente do escritor Guille Thomazi, encontrei minha depiladora, Ana, no ônibus do Metrô, rumo ao Centro, e surgiu papo sobre o mesmo tema. Eu ia à cerimônia de premiação de uma mulher rica que ganhou, merecidamente, larga soma de dinheiro por conta de um trabalho realizado. Contei a Ana onde estava indo: a premiação, montante em dinheiro e a vencedora. Intrigou-me o comentário dela:

- Mas é sempre assim: que tem mais é quem ganha. Lembra quando existia bingo? Eu ia com minhas amigas e a mais rica era quem ganhava mais vezes. Presta atenção.

Fiquei espantada com a sabedoria da Ana e me pus a matutar. Qual seria a explicação? Posso especular que, quem tem dinheiro, já pulou as etapas dos pudores em relação ao mesmo - culpa, memória de conflitos (nas famílias que brigam por ele), medo de perder. Por outro lado, quem já tem dinheiro deve desfrutar de um sentimento de que aquilo é seu por direito, faz parte da sua vida e da sua natureza. Por que não desfrutar? Que venha mais!

Primo Levi, em É isto um homem?, confirma a teoria de Ana, a depiladora.

Só gostaria que a Vida, suavemente, operasse em mim as mudanças necessárias para que o dinheiro seja algo espontâneo, natural, meu por direito, e que eu possa logo desfrutá-lo livre de quaisquer pré-conceitos.

Abaixo, a pirita (dourada) e o citrino (amarelo), pedras que dizem ser ótimas para atrair riqueza e prosperidade.