terça-feira, 28 de julho de 2009

Visita ao Projac


Todo brasileiro tem o sonho secreto de conhecer o Projac. Afinal, as novelas habitam o nosso imaginário desde que a gente nasce. Nossas mães costumavam assistir as novelas enquanto nos davam de mamar!

Hoje, eu tive o prazer de adentrar esse reino. Fui convidada por um colega que trabalha na área de pesquisa de texto. Percorremos os principais estúdios, mas vou mostrar a vocês o mais interessante, claro: Caminho das Índias - u´hú ú ú!...


É permitido tirar fotos em todos os lugares, menos na área de caracterização. Nesse espaço, os artistas são maquiados e penteados e se vestem antes de entrar em cena. Infelizmente, não topei com Raj ou Bahuan, somente com a Surya (Cléo Pires) ajeitando sua bela trança negra... Mas educadamente, apenas sorri e seguimos em frente.

Nesta sala (abaixo) fica o diretor. Ele não permanece no estúdio durante a gravação. Em frente a quatro monitores, enxerga a cena a partir do ponto de vista das quatro câmeras e já vai fazendo uma primeira edição.



O estúdio principal (abaixo) tem 1.000 metros quadrados. Os cenários não ficam montados direto. A casa do Opash, por exemplo, é montada toda segunda e terça-feira. Todas as cenas da semana neste cenário são gravadas de uma vez. Depois desmontam tudo, guardam e montam outros ambientes. Homens trabalham em turnos de 8 horas dia e noite para montar e desmontar os cenários.



Casa do Opash (Tony Ramos)




Templo dentro da casa do Opash (abaixo). Tudo é feito de gesso, compensado de madeira e argamassa. Somente o chão é feito de um tipo de plástico mais duro. Ao fim da novela, será tudo destruído e reciclado, na medida do possível.




Detralhes da direção de arte.




Dentro do Projac, circulam 160 desses carrinhos (abaixo). São movidos a energia elétrica e custam mais caro do que um carro popular. Atrás, é a cidade cenográfica da novela Paraíso.




Índia cenográfica. A vaca é de verdade!!!




Templo do personagem vivido por José de Abreu (abaixo).



Do outro lado da rua (abaixo), estava rolando uma gravação. Dezenas de figurantes com cara de indianos, escolhidos a dedo, circulavam do lado de fora, dando a impressão de uma rua movimentada como na Índia.



A viagem durou quase duas horas. É tanta informação que a gente fica meio zonza... Mas foi uma experiência muito interessante e instigante!

domingo, 26 de julho de 2009

Mega Sena

Meu filho menor descobriu a loja lotérica na esquina de casa e agora aposta na Mega Sena toda semana. Ele acredita que vai ganhar! Estou acompanhando de perto, incentivando, mas ao mesmo tempo dando "a real" de que é difícil etc. Outro dia, veio a pergunta:

- Mãe, o que você faria se ganhasse na Mega Sena?

Sorri. Quem nunca se fez essa pergunta, mesmo que secretamente, antes?

- Não sei, tenho que pensar. E você, o que faria?

Ele tinha a resposta na ponta da língua:

- Primeiro, a gente se mudaria para aquele prédio novo do outro lado da rua (uns apartamentos com varanda enooorme onde bate o sol da manhã - o nosso pega o sol da tarde). Depois, eu compraria um vestido bem bonito pra você. Mais de um. Quantos você quisesse! E depois, a gente ia viajar!

Gostei de todas as idéias dele. E fiquei pensando no que eu investiria, se ganhasse na Mega Sena, além das coisas mais óbvias como trocar de casa, viajar o mundo, ajudar aos pobres etc. Em quais suplérfluos eu investiria??? Aquele sonho de consumo mais secreto? A resposta demorou um pouco a chegar, mas finalmente me surpreendeu: arte moderna, jóias e perfumes. Que perua, eu! Nem eu mesma sabia que era!

Agora, pergunto: em investiriam para prazer próprio se tivessem dinheiro sobrando?

Depois de assistirmos a uma emocionante reportagem na TV sobre o trabalho das tropas brasileiras e a ong Viva Rio no Haiti, onde a população no auge da fome come biscoitos de barro, meu filho completou:

- Mãe, se eu ganhar na Mega Sena, vou ajudar eles também!

- Deus te abençôe, menino!

Em tempo: o ganhador do concurso passado levou, sozinho, R$ 92 milhões. A estimativa para o próximo é de R$ 25 milhões.


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Passa vontade não

Fiz uma viagem na época da faculdade para o Santuário do Caraça, em Minas Gerais. Sem que eu soubesse, o lugar abrigava um encontro nacional de flautistas e acabei me juntando a eles. Um dos rapazes tinha um bordão que eu nunca mais esqueci: “Passa vontade não”.

Isso valia para tudo: desde quebrar a hesitação antes de um mergulho no lago gelado até mais uma colherada de doce na hora da sobremesa, ou mais um gole de licor de jabuticaba quando estávamos todos à beira de um porre.

Na quarta-feira à noite, fui assistir ao show da colega de blog Mônica Montone, que assina o Fina Flor. Era o lançamento do primeiro CD, feito em parceria com o poeta e namorado Claufe Rodrigues. No palco, Mônica aparece com o vestido de noiva que foi da mãe aberto nas costas, dança, rebola, joga os cabelos, faz caras e bocas. Uma entrega e desinibição tão grandes que contagiou a todos: os garçons atrás do balcão do bar riam e dançavam na maior farra.

Fiquei pensando: quanta gente tem vontade de fazer as coisas que ama, mas não se aventura por medo da não aceitação? Eu mesma já deixei de fazer muita coisa, mas venho sempre lutando contra esse baixo-astral que emperra a realização dos sonhos e projetos.

Nessa hora, voltou à minha mente a frase: “Passa vontade não”. É isso: tem vontade de cantar? Cante. Tem vontade de dançar? Dance. Tem vontade de escrever? Escreva. E ame, fale, pinte, corra, interprete, borde, se exponha. O importante é dar à luz o seu talento.

Pra que esperar? Passa vontade não!


quarta-feira, 22 de julho de 2009

A noite escura da alma

Na noite profunda e escura da alma são sempre três horas da madrugada.” Ouvi essa frase sendo creditada ao religioso e místico espanhol San Juan de la Cruz (1542-1591), e também citada por F. Scott Fitzgerald em um de seus livros. Ficou gravada dentro de mim e, nos dias subseqüentes, reverberava em meus ouvidos. O que, afinal, quer dizer?

Primeiro, pensei: “de fato, quando estamos na pior, parece que a noite nunca vai acabar. E três horas da manhã é o meio da noite.” Mas depois concluí: “Epa! O meio da noite é meia-noite e não três da manhã.” Então compreendi: às três horas falta pouco para o dia raiar. O mundo parece estar no fim, tudo parece estar perdido, mas com um pouco de paciência e persistência, veremos a luz do sol.

Ontem, me peguei citando San Juan de la Cruz para um amigo que me ligou raivoso, dizendo que iria parar a análise porque não está adiantando nada, que a mulher que ele ama não que vai voltar etc, etc, etc. Falei: “Calma, espera o dia de hoje passar, dorme e acorda, amanhã você pensa nisso de novamente, de uma outra maneira.” Ele desligou mais tranqüilo.

À noite, alugamos um clássico do cinema em DVD, Uma aventura na África (1951), com Humphrey Bogart e Catherine Hepburn. Lá pelas tantas, o barco em que navegam encalha em um pântano. Ele fica doente, ela reza a Deus encomendando a alma deles ao paraíso. Dormem. Chove. O volume do rio aumenta e a câmera se distancia, mostrando que eles estão a poucos metros de um imenso lago.

Na noite profunda e escura da alma são sempre três horas da madrugada. Logo irá amanhecer.


sábado, 18 de julho de 2009

Amigos

Dia 20 de julho é o Dia do Amigo.

Eu sou uma pessoa que mantém laços de amizade com amigos de todas as épocas da vida. Ninguém acredita, mas mantenho contato e encontro sempre que possível as minhas amigas do pré-primário - quando ainda tinha esse nome. Estudamos juntas dos 6 aos 10 anos e o carinho que sinto por elas é ancestral.

Quem mais? Os amigos da rua onde morei no Jardim Botânico dos 7 aos 17 anos. No sábado à tarde, fui a um churrasco onde estavam todos reunidos. As brincadeiras, as piadas... Tudo tão familiar!

E ainda os amigos do Colégio Santo Agostinho, onde cursei o ensino médio, que encontrei no sábado à noite por ocasião do aniversário de uma delas. E os colegas da faculdade, que reuni e revi na semana passada.

É claro que cada um tem sua vida e a toca dando prioridade à família e ao trabalho. Mas o importante é o contato. A tarefa contínua de manter essa chama acesa é o que se chama Amizade.

Eu os convido a comemorar o Dia do Amigo buscando no telefone, na internet, aonde for, os amigos de outrora, aqueles com quem não falamos há muito tempo, mas de quem gostávamos tanto! A Amizade e o Amor continuam os mesmos, vocês vão ver.

E pode começar me contando: quem é o amigo mais antigo que você têm e com o qual ainda mantem contato ou gostaria de retomar? Vou adorar saber.



sexta-feira, 17 de julho de 2009

Noite com Billie Holiday

O evento foi ótimo, com casa cheia. Quem quiser um relato muito bem humorado da noite deve ler o blog Panis cum ovum (http://paniscumovum.blogspot.com/).

Abaixo, um vídeo que a amiga Jussara Razzé capturou e já jogou no YouTube. Eu apareço à direita, muito compenetrada, escutando o Muggiati.


quarta-feira, 15 de julho de 2009

50 anos sem Billie Holiday

Nesta quinta-feira, estou produzindo um evento no Telezoom, uma palestra do escritor e jornalista Roberto Muggiati sobre a cantora norte-americana Billie Holiday, cuja morte completa 50 anos no dia 17 de julho.

Billie nasceu em Baltimore quando sua mãe tinha apenas 13 anos. Foi violentada antes dos 10 e novamente na adolescência, sendo que o criminoso foi pego em flagrante e ficou três meses preso.

Essas e outras marcas foram muito profundas e apesar da glória e do sucesso na vida adulta, ela não conseguiu superar. Como muitos artistas que conhecemos, morreu sem dinheiro e com a saúde debilitada pelas drogas e álcool. Mas deixou centenas de canções maravilhosa, principalmente interpretações maravilhosas, pois ficou conhecida como a cantora que nunca cantava uma mesma música de uma mesma maneira. Tudo dependia do seu estado de espírito, e apesar de toda dor e sofrimento ela conseguia filtrar a negatividade e nos oferecia o melhor através de sua voz.

Roberto Muggiati, uma curiosidade, foi contemporâneo do meu pai na revista Manchete e assumiu o posto de diretor de redação após a morte dele, em 1983. Eu o conheci quando criança e hoje é meu cliente na agência literária... Coisas da vida!

Convido os que moram no Rio de Janeiro a ir ao Telezoom (http://www.telezoom.com.br/espaco/) nesta quinta, às 20h. Vocês vão gostar e ver/ouvir boa música, clipada do YouTube pelo Roberto. Abaixo, uma amostra: Billie acompanhada de Louis Armstrong.

domingo, 12 de julho de 2009

Nosso rei

Não sou fã do Roberto Carlos, não compro os Cds dele e nem costumo assistir ao tradicional show de fim de ano na Globo. Mas ontem à noite eu estava em casa e resolvi ligar a TV para dar uma olhada no espetáculo que mobilizou o Rio de Janeiro neste sábado, no Maracanã. Não consegui desligar mais. Que coisa linda!...

Roberto Carlos é o rei porque aos 68 anos ainda mantém o charme e o carisma que encanta multidões. Ao conversar com a platéia, ele seduz todo mundo talvez porque seja sincero. E o set de músicas românticas, tenho certeza, fez todo mundo que tem namorado aconchegar a cabeça no ombro do outro, e tornou urgente para quem não tem, encontrar uma cara-metade já. Urgentíssimo!

Foram quase duas horas escutando a trilha sonora das nossas vidas. Algumas canções a gente ouvia quando era criança; outras, na adolescência, outras faz pouco tempo... E cada uma evocava lembranças de momentos em que choramos ou sorrimos, em que fomos felizes ou tristes, não importa.

O importante é que emoções eu vivi!...

Respondam a enquete ao lado e... Viva o Robertão!!!

sábado, 11 de julho de 2009

Never give up and luck will find you

Filme antigo também dá bom caldo. Nesta sexta-feira, minha filha levou para casa A história sem fim (1984), baseado no livro do escritor alemão Michael Ende, publicado em 1979. Sempre tive implicância com esse filme por causa dos efeitos especiais e bonecos toscos. Mas dessa vez, passada a irritação inicial por esse motivo, minha atenção foi capturada e revê-lo foi uma ótima surpresa.

O filme é uma metáfora do nosso caminhar na vida. Os perigos que nos rondam, as armadilhas. E por mais piegas que possa parecer, está tudo lá. Vejam um breve roteiro:
  • Nada está destruindo o reino de Fantasia. Onde passa não restam escombros, mas simplesmente nada.
  • A Imperatriz, ao mesmo tempo, está doente e irá morrer. Somente um bravo guerreiro é capaz de encontrar a cura. Um jovem se apresenta. É um menino de uns 11 anos. Porém, é avisado: terá que partir só e sem armas. Somente com seu cavalo.
  • A primeira etapa é atravessar o Pântano da Tristeza. Se parar de andar, afunda. O cavalinho não consegue superar. Atreyu, o jovem guerreiro, faz tudo para puxá-lo, mas só o animal pode de fato querer e fazer os movimentos para sair. Ele não faz e...
  • Ao consultar uma velha tartaruga no meio do Pântano, Atreyu descobre que ainda faltam milhas e milhas para chegar onde necessita. Ele tem consciência de que não vai conseguir, mas continua andando até cair de cansaço e ferimentos, mas...
  • ... É resgatado pelo dragão da sorte, que diz: “Nunca desista e a sorte encontrará você” (título desde post).
  • O próximo desafio é atravessar um portal onde “aqueles que não confiam em si mesmos” perecem. Atreyu vai em frente.

No fim, descobrimos que o Nada avança sobre o reino porque as pessoas perderam suas esperanças e se esqueceram dos seus sonhos. Fantasia chega a virar pó, mas resta um grão de areia e a partir dele tudo é reconstruído - de um jeito que vocês têm que assistir ao filme para saber. Recomendo!

E façam vista grossa para os efeitos especiais toscos. O conteúdo é ouro.



quinta-feira, 9 de julho de 2009

A gripe flipina e outros assuntos

Na volta do passeio de barco, já fim de tarde, pegamos um vento gelado, com céu nublado, e acho que já cheguei em Paraty gripada. Tosse, garganta arranhando, voz sumindo... No Rio, após falar com as pessoas que estiveram lá comigo, descobri que estavam todos na mesma situação. É a gripe flipina!...

Só para encerrar essa conversa de Flip, alguns registros bacanas:

1) No sábado, dia 4 de julho, houve a apresentação dos autores Clóvis Bulcão e Lucia Bettencourt na Off Flip. Este evento acontece paralelamente à Flip e vem crescendo e melhorando a cada ano. Em 2009, ganhou patrocínio da Fliporto - Festa Literária de Porto de Galinhas, em Pernambuco: R$ 5 mil reais de prêmio para o melhor conto, vencedor do concurso promovido pela Off. Quem gosta de escrever, vá preparando seus contos para mandar em 2010...

2) No domingo, fui parar no evento de encerramento da Flipzona, que é uma nova cria da Flip destinada aos adolescentes. Esta foi a primeira edição. Fiquei encantada! No antigo cinema da cidade, grupos de adolescentes - a maioria de Paraty - subiram ao palco para mostrar os trabalhos realizados em 5 dias de encontro: um filme rodado nas ruas da cidade, com direito a figurino e maquiagem de época; jogos de vídeo-game feitos a partir de uma oficina dirigida para isso; um livro de poesias ilustrado, cujos poemas foram lidos pelas autoras - a mais nova tinha 11 anos.

Este ano o evento cresceu tanto que ficou meio disperso. Era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que as pessoas corriam para lá e para cá, e ninguém teve tempo de se encontrar e conversar direito. Li no jornal que vão reavaliar e fazer mudanças no ano que vem.

Em breve devo postar as fotos da Off Flip. Abaixo, Marcelo Tas, do CQC, fala aos jovens da Flipzona.


segunda-feira, 6 de julho de 2009

O outro lado da FLIP




No último dia da FLIP, troquei a Catherine Millet por um passeio na escuna Banzay - www.escunabanzay.com.br para recarregar as baterias!!!
As fotos são do meu amigo, o produtor de vídeo e fotógrafo Ricardo Hanzmann. Vejam o vídeo que eu assisti, feito por ele, e que me deixou com água na boca, a ponto de trocar a FLIP pelo passeio: http://www.youtube.com/watch?v=t5pLR4SGVQ8





sábado, 4 de julho de 2009

Reality show literário

Os aspectos mais marcantes da sexta-feira na Flip foram a presença de Chico Buarque, que entupiu as ruas e todos os espaços ao redor da Tenda do Telão – e que bom que era por um brasileiro! – e a prótese que o mexicano Mario Bellatin usou em sua mão direita na mesa compartilhada com Cristóvão Tezza: um pênis de metal.

Explica-se: o escritor é vítima de Talidomida e nasceu sem parte do braço direito. Provocador e “muderno”, costuma usar próteses diferentes de acordo com o humor: pode ser um gancho, uma flor metálica, uma escultura abstrata. Mas para a platéia da Flip, ele reservou algo diferente. Cá entre nós, achei um pouco além de todos os limites!...

Que mais?

O jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, biógrafo de Che Guevara, disse na Casa de Cultura que adora o filme de Walter Salles, Diários de Motocicleta, mas que detestou Che, de Steven Soderbergh. “Não conseguimos entender como aquele jovem idealista se converteu em um revolucionário. Ficamos nos perguntando: mas por que esse homem está andando no meio do mato?”

Sophie Calle e Grégoire Bouillier discutiram a relação na frente a centenas de pessoas - fumando muito como bons franceses. O motivo desta mesa, chamada Entre quatro paredes, está descrito no post anterior Te cuida! Algumas falas deles:

Sophie:
“Eu pedi que 107 mulheres interpretassem aquele email. (...) Convidei diferentes profissionais (...) No fim, eu me descuidei e o papel com a mensagem acabou sendo comido por um papagaio.”
“Eu preferia que o Grégoire voltasse. Se ele voltasse, meu projeto perderia o sentido. Mas como ele não voltou, me afundei no trabalho.”

Grégoire:
“Não é proibido terminar o namoro com alguém. É um direito fundamental do ser humano começar a amar alguém e deixar de amar.”

Sophie não é escritora, é uma artista. Acho que a mesa com os dois não caiu no ridículo - pelo contrário, a platéia se manteve cativa o tempo todo – porque ela expõe sem defesas a sua fragilidade. A gente percebe que é autêntico. É a vida real. Um reality show literário ao vivo e a cores. Parece que o mundo caminha pra isso, né?

Abaixo, a exposição Prenez soin de vous, com a interpretação do "fora" dado por email, em Nova Iorque. Dia 10 de julho, estará em São Paulo.



sexta-feira, 3 de julho de 2009

O trema na lingüiça

Amigos, o tempo é curto e o espaço também. Então, vou me limitar a registrar as falas que mais chamaram minha atenção, em cada uma das mesas que pude assistir até agora. Combinado?

Tenda dos Autores, quinta-feira, 15h
Verdades inventadas, com Tatiana Salem Levy, Arnaldo Bloch e Sérgio Rodrigues.
Foi uma mesa com clima bastante cordial e harmonioso e todos se saíram muito bem. Tatiana me pareceu a mais despojada em sua maneira de se expressar ao vivo. Disse a respeito de A chave de casa:
“O meu livro é fruto muito mais de encarar a minha solidão e o incômodo da escrita, do que de experiências pessoais minhas. O escritor precisa transformar em sangue o passado – o seu e o dos outros – e depois doar o seu sangue."
"Precisei ter muita coragem, sim (para escrever o livro), não para expor os fatos da minha vida, mas para expor a minha solidão e o meu silêncio.”

Off Flip, quinta-feira, 17h
Luiz Ruffato falou sobre a experiência de ser jurado do concurso de contos promovido pelo evento.
“O jurado é meio como um editor. O critério principal, ao meu ver, é escolher o texto que consegue falar ao maior número possível de pessoas – esse texto é o que tem méritos.”

Tenda dos Autores, sexta-feira, 19h
Richard Dawkins, ateu e darwinista convicto, ao ser perguntado sobre o que diria a Deus se morresse e desse de cara com Ele: “Primeiro eu perguntaria ‘que Deus é você?’ (Referindo-se às variadas deidades nas variadas culturas). Depois eu diria: ‘Não existem evidências científicas de que Você exista!’”

Casa da Cultura, sexta-feira, 10h30
Marcelino Freire e o angolano Ondjaki, que desde o ano passado mora no Rio de Janeiro, tiveram uma conversa hilária sobre o acordo ortográfico, mediada por Marcelo Moutinho.
Ondjaki: “Sobre este assunto, o Mia Couto cunhou uma frase que tem a ver com o que eu penso, que é ‘A minha pátria é a minha língua portuguesa’. Mas tenho um amigo que tem uma mente muito pornográfica e ele mudou a frase para ‘A minha pátria é a minha língua em uma portuguesa.’”
Transar é uma solução cultural muito interessante que o brasileiro criou. É um meio termo que não existe em Angola, onde só existem o 8 e o 80 - ou se diz phoder ou fazer amor.”
Brochar é outra palavra que não existe em Angola, no máximo dizemos tive uma desistência. Aliás, como isso quase nunca acontece em Angola, é por isso que não temos uma palavra.’”

Marcelino Freire (na foto abaixo): “Para mim, o acordo é muito mais uma questão comercial do que cultural, para as editoras terem que reeditar todos os livros etc. Porque eu nunca precisei de um dicionário para ler Eça de Queirós ou Fernando Pessoa.”
“Estou mais para o lado de um acordo pornográfico, como, aliás, o meu colega aqui.” (Referindo-se a Ondjaki)
“Sinto saudades do trema! Aquelas duas bolinhas bem delicadas, bem viadinhas. Eu adorava botar o trema na lingüiça!”



quinta-feira, 2 de julho de 2009

Separações em Paraty

O tempo fechou em Paraty, o céu está cor de chumbo e chove uma chuva fina, entrecortada por temporais rápidos que causam um efeito muito curioso na Tenda do Telão: a água acumula-se na lona que faz as vezes de telhado e desaba de repente sobre as pessoas que assistem de pé, do lado de fora, encostadas nas divisórias de metal. É um tal de gente saindo correndo do banho repentino... É uma situação engraçada.

Na segunda mesa da manhã, o cineasta Domingos de Oliveira dominou a cena com seu jeito cativante e bem humorado. O tema era Separações – mesmo título de um filme de Domingos, de 2003. Mas o assunto é mais atual do que nunca. Aí vão algumas pérolas do Woody Allen brasileiro:

“Períodos de separação são muito produtivos.”
“Todo homem solteiro quer casar e todo homem casado quer ficar solteiro.”
“Seria ótimo se a gente pudesse amar, casar e separar sem sofrer.”
“Quando convivemos muito com a pessoa amada, perdemos a noção de como somos nós mesmos.”
“Tenho 72 anos e continuo querendo me separar da Priscilla (Rozembaum, mulher do Domingos há mais de 20 anos). E ela também continua querendo se separar de mim. Se pudéssemos nos separar sem dor, já teríamos perdido a conta de quantas vezes teríamos feito isso.”
“A minha receita para ser produtivo é muito fácil e eu indico a todo mundo: basta terminar tudo o que começar - seja um livro, um filme, um casamento, um trabalho. Você só passa a existir depois que tem algo pronto e terminado para mostrar aos outros. Independente de ser bom ou ruim; isso os outros vão dizer.”

A conversa terminou com uma homenagem do escritor Rodrigo Lacerda, que compartilhava a mesa com Domingos. Ele leu um texto que um dos personagens lê em Separações, e que vale a pena reproduzir aqui:


O texto é uma livre tradução, parte de um Tratado sobre a lucidez que teria sido escrito no séc. VI a.C, na Caldéia – parte sul e mais fértil da Mesopotamia, entre os rios Eufrates e Tigre.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

FLIP 2009

Estou indo para a FLIP, onde cinco autores com os quais trabalho fazem parte das várias programações: Clóvis Bulcão e Lúcia Bettecourt na Off Flip; Tatiana Salem Levy, convidada oficial da FLIP; Guilherme Fiúza e Marcelo Moutinho na Casa da Cultura de Paraty, a convite também da FLIP. É um excelente período de trabalho e temos que aproveitar as marés da vida, né?

Não contei nada a vocês – porque não iriam agüentar as minhas lamúrias – mas nos meses de março e abril a Miss Martha esteve internada em estado grave. Quinze dias de UTI, mais um mês e meio de internação em quarto comum, mais uns 20 dias de adaptação após o retorno ao lugar aonde mora. Ufa! Mas como a vida é bela, tudo passa e a gente segue em frente.

Pretendo postar diariamente sobre a Festa Literária, espero conseguir!

E aproveito para comunicar algo importante: meu livro Mr. Page e os sonhos, no site MOJO, estava cheio de erros de revisão. As pessoas começaram a ler e comentar, pedi a correção e já fizeram, está tudo direitinho agora. Então, quem não leu, pode aproveitar a oportunidade. Basta acessar http://www.mojobooks.com.br/, cadastrar-se e buscar as palavras-chave “Mr. Page” ou “Led Zeppelin” ou “Valéria Martins”.

Abaixo, uma foto maravilhosa de Paraty tirada no início do ano pelo meu amigo, o fotógrafo Ricardo Hanzmann, morador da cidade. Saca só o arco-íris!