segunda-feira, 30 de junho de 2008

A Luz e a Beleza de quem está aberto para amar

Outro dia eu vi um homem aberto para amar.
Seu olhar tinha um brilho diferente e ele emanava uma doçura e uma luz que convidavam à aproximação. Naturalmente, me abri para ouvir o que ele tinha a dizer – o conteúdo não importava tanto.
Enquanto ele falava, fiquei olhando fascinada cada trejeito do seu rosto. Ele vivia cada palavra, sorria, se entristecia, gesticulava. Mas de vez em quando nossos olhares se encontravam e eu sentia: ele está aberto para amar. Que coisa linda! Que coisa doce!
Mas era uma situação meio social, meio familiar, outros interlocutores também se aproximaram (ciúme!) e interferiram. Por fim, nos despedimos.
Meu coração se apertou quando o vi partindo. Mas guardo na lembrança a beleza e a doçura do seu olhar.
A beleza, doçura e a Luz! de uma pessoa que está aberta para amar.

***

Amigos, nesta quarta-feira, 2/7, patirei em viagem de trabalho à VI Festa Literária Internacional de Paraty. Ficarei até domingo. Se cruzar com um computador ou uma lan house em meu caminho, prometo que contarei as novidades. Senão, vou contar tudo na volta. Até!!!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O nascimento de um best seller

Em recente encontro com a diretora editorial da Nova Fronteira, Isabel Aleixo, tive a dádiva de ouvi-la contar a história da descoberta (por ela mesma) de um dos maiores best sellers de todos os tempos, O caçador de pipas.

Por volta de 2002, um amigo comentou com Isabel que sua avó, que lia muito bem em inglês, havia lido um livro do qual gostara muito e não se cansava de elogiá-lo. Isabel pediu o nome do livro e, sempre em busca de novidades, entrou em contato com a editora nos Estados Unidos, a fim de pedir um exemplar para avaliação.

"A gente que trabalha com edição não tem tempo de ler os livros inteiros. A maior parte das vezes, lê em diagonal. Mas The Kite Runner, eu li inteiro. Rapidinho. Não dava para ler só algumas partes", conta ela.

O livro constava na lista de mais vendidos do The New York Times, porém em trigésimo e tal lugar. Isso, porque nos Estados Unidos existem muitos clubes de leitura. Alguém de um desses clubes leu e divulgou entre os colegas. Assim, começou o boca a boca – fenômeno que dá à luz os best sellers.

Na primeira reunião com a presidência da editora, após a leitura, Isabel Aleixo apresentou sua aposta. Todos torceram o nariz. Havia motivos para isso: cerca de um ano atrás, extremistas islâmicos haviam derrubado as torres gêmeas; a trama se passava no Afeganistão; o autor era um médico afegão, naturalizado americano, estreante, nunca havia publicado nada antes. Mas ela insistiu e conseguiu um pequeno montante para oferecer ao agente literário responsável pela obra: 2 mil dólares. Quantia irrisória comparando com os dias de hoje, quando os lances começam com 20 a 30 mil dólares.

Para surpresa de todos, ao fazerem a oferta, souberam que havia outra editora brasileira no páreo. Oferecendo 3 mil. A concorrência aumentou o apetite da Nova Fronteira. "Ok, ofereça 4 mil". Isabel foi em frente e a outra editora lançou 5 mil. Enquanto isso, o livro ia galgando posições na lista do The New York Times: em poucos meses estava em nono lugar.

No fim das contas, a Nova Fronteira levou O caçador de pipas por 12 mil dólares. Nas reuniões pós-compra, quando se discutia campanha de marketing e imprensa, perguntaram quantos exemplares Isabel achava que seriam vendidos. Chutou, otimista: "uns 40 a 50 mil". Só no Brasil, 1.250.000 exemplares foram vendidos até hoje. E o livro continua nas listas de mais vendidos.

Dois anos depois, Khaled Husseini lança A Thousand Spledid Suns, seu segundo romance. A Nova Fronteira desembolsa uma baba para comprar os direitos. O livro começa a ser traduzido mas os sites das livrarias brasileiras recebem centenas de pedidos do original em inglês. Cai a ficha: é preciso acelerar a produção da versão em português ou quando o livro sair no Brasil todo mundo já terá lido em inglês! Pressão na tradutora (a mesma de O caçador, Maria Helena Rouanet, excelente!) e o texto chega à editora numa noite de meio de semana. Toda a equipe do editorial se reúne, dividem os capítulos entre si e viram a noite juntos, terminando a edição quase à meia-noite do dia seguinte. O livro foi preparado em 24 horas!!!

Ainda não li A cidade do sol, mas a avó dos meus filhos leu e diz que é ainda melhor do que O caçador de pipas.

Isabel Aleixo deve ter contado essa história uma centena de vezes, para variados tipos de público. Mas ao contá-la novamente, seus olhos brilham, seu tom de voz se eleva, ela treme de emoção e entusiasmo, e contagia os ouvintes. Foi realmente uma dádiva ouvir a história do nascimento de um best seller. Contada pela própria mãe – a brasileira, no caso.










Vocês leram o livro? Sabem do que eu estou falando? Olha que eu demorei a ler, pois tinha preconceito justamente por ser best seller. Me rendi na primeira página. Sou a maior fã do Dr. Khaled Husseini: http://www.khaledhosseini.com/. (Quem tiver preguiça de ler pode pegar o filme no DVD, é bem legal).

terça-feira, 24 de junho de 2008

Coragem de se aventurar


Para mim, a sociedade com mais de quatro pessoas fica dura de suportar.

Albert Camus, Diário de viagem – A visita de Camus ao Brasil (Ed. Record).

Em sua coluna no domingo passado, na Folha de S. Paulo, Danuza Leão fala das pessoas que reclamam que a vida está chata, mas não saem de casa por nada desse mundo. Jantar com amigos? De vez em quando. Mas o jantar terá convidados fora do comum? Melhor inventar uma boa desculpa. Ir ao cinema, enfrentar fila? Melhor pegar um DVD. Ir a uma festa, tomar um porre, chegar tarde em casa? Melhor não, amanhã vamos acordar tarde e de ressaca. Assim por diante.

Refleti sobre esse fenômeno e concluí que a conquista da solidão, de estar só e bem consigo mesmo, é tão árdua que depois que chegamos lá, não queremos mais nos aventurar a perder essa "estabilidade". O problema é que viramos uma cápsula, um casulo, e todo mundo sabe que em um casulo não tem lugar para dois. Solidão chama mais solidão e logo nos bastamos, damos conta de tudo sozinhos, e não há lugar para outro. Ruim!... É preciso estar de olhos – e coração, principalmente – abertos para não cair nessa armadilha.

Por exemplo, nas postagens logo após minha viagem sozinha à Europa, em fevereiro, narrei os perrengues internos que passei por causa do excesso de liberdade e a solidão. Um duro aprendizado, mas muito valioso. Hoje, fico em casa só e feliz, lendo um livro, ouvindo música, cuidando das plantas, falando ao telefone ou no skype com os amigos, escrevendo.

Confesso que, quando surge um convite inesperado, fico na dúvida: melhor ficar quieta em casa, acomodada e feliz (?), ou ir de encontro ao desconhecido? Escolho sempre a segunda opção. Ainda...

Danuza Leão está com 70 anos. É uma mulher jovem de espírito, sem dúvida. Mas seus amigos, pelo que ela conta, envelheceram... Acho que isso é envelhecer: perder a capacidade ou a coragem de se aventurar.

E você? Ainda consegue se aventurar? Diga-me como...

domingo, 22 de junho de 2008

Agruras de ser Hulk

Hulk não pode transar. Após anos sem ver a namorada, os dois se reencontram e passam a noite cada um em seu quarto, fritando bolinho na cama. Mais adiante, quando finalmente o clima esquenta, ele interrompe: Stop, stop... É que, quando os batimentos cardíacos se aceleram demais, ele se transforma no monstro verde. Não é má idéia, visto que Edward Norton é um ator excepcional, mas sem graaaaça!... Tem cara de lápis bem apontado!

Fui cinema assistir The Incredible Hulk movida pela curiosidade de saber como o blockbuster norte-americano aproveitou a cenografia da nossa favela Tavares Bastos, no Catete, onde ocorreram as filmagens no ano passado. Muitíssimo bem, essa é a resposta! As ruelas apertadas, as biroscas cheias de gente falando em português, jogo de sinuca, pilhas de engradados de cerveja e refrigerante, lages repletas de caixas d´água e puxadinhos... Tudo isso se presta a uma perseguição sensacional, super-bem dirigida pelo especialista em filmes de ação Louis Leterrier (de Carga explosiva), onde Bruce Banner dá espetaculares saltos e cambalhotas de parkour para fugir dos militares comandados por General Ross, seu implacável perseguidor. Trilha sonora inspirada e montagem vertiginosa ampliam o impacto das cenas e seqüências, ou seja, adrenalina pura!!!

Quem não quiser investir tempo e dinheiro para ir ao cinema pode navegar no site http://incrediblehulk.marvel.com/. A trilha sonora, os efeitos, a favela da Rocinha/Tavares Bastos, está tudo lá. Vejam o trailer!!!

Quanto a mim, acho que preferiria o Bruce Banner em sua versão verde... Bem mais interessante!





Falando em Hulk, lembrei da minha experiência na Montanha-russa do Hulk, no parque Islands of Adventure – o meu preferido! – na Disney. Ir a este parque e não aproveitar essa atração é como vir ao Rio e não ir ao Corcovado. Bem comparando...

O carrinho vai subindo devagarinho e pensamos que vai dar aquela paradinha básica no alto para depois despencar. Ledo engano! Na metade da subida, o carro desembesta e a gente nem tem tempo de gritar: vem uma descida em 90 graus, loopings e mais loopings, dá pra sentir a coluna vertebral esticando e achatando por causa da gravidade. Um suporte segura nossas cabeças no encosto, do contrário nosso corpo se vergaria e, quiçá, se partiria ao meio!!!

Saí com as pernas bambas, os olhos vermelhos, mas posso dizer: conheci a sensação que o Hulk deve ter quando se transforma em verde. Irado!!!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O poder das piadas

Piadas têm o poder de harmonizar situações e ambientes. Reunião de família em que as pessoas começar a se estranhar? Conte uma piada e logo todos estarão rindo. Mesa de jantar sem assunto, silêncio constrangedor? Conte uma piada e as línguas se soltam. Uma piada puxa a outra.


Então, para desanuviar o blog, que andou triste, reproduzo aqui a minha piada favorita do livro As melhores piadas da internet, versão 2.0, do publicitário Luiz Avis (Ed. Record). Esse livro é poderoso e agrada a gregos e troianos; desde à minha empregada até aos meus filhos (existe um outro livro, As melhores piadas da internet para crianças espertas, que eles a-do-ram), amigos, parentes, gente de toda cor, sexo, credo e idade. Leiam e riam! Mas é pesada e suja, viu?


Freira higiência


Um trem bate em um ônibus cheio de freiras e todas vão para o céu. Estão todas diante de S. Pedro, tentando atravessar os portões do paraíso. Ele pergunta à primeira freira:
- Irmã Teresa, vc já teve contato com algum pênis?
A irmã sorri encabulada e responde:
- Bem, uma vez eu toquei a cabeça de um com a pontinha do dedo...
- OK - diz o Porteiro do Céu. - Mergulhe a ponta do dedo nesta bacia com água benta e pode entrar.
S. Pedro pergunta à segunda freira:
- Irmã Rosa, vc alguma vez já teve contato com um pênis?
A irmã reluta um pouco, mas responde:
- Sim, uma vez eu segurei e acariciei um...
- Sendo assim - determina Pedro -, enfie a mão inteira na água benta e atravesse o portão.
De repente, forma-se um tumulto na fila das freiras. Uma delas começa a empurrar as outras para passar na frente. Quando a freirinha mais afoita chega ao início da fila, S. Pedro pergunta:
- Irmã, irmã... Qual é o motivo da pressa?
- É que, já que eu vou ter que fazer gargarejo com essa água, melhor fazer agora antes que a irma Jurema lave a bunda!

***
E pensar que eu me fantasiei de freira nesse Carnaval... Fiz casamento e tudo!...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

As mães e seus ensinamentos

O Dia das Mães já passou, mas esse assunto esteve tão presente na minha vida desde terça-feira da semana passada, que é impossível não falar nele. Todos os dias dessa semana que terminou hoje foram Dias da Mãe.

Acabo de voltar da clínica/lar para idosos onde minha mãe mora há 3 anos. Ela teve alta hoje e foi uma longa operação transportá-la do hospital até lá. Graças a Deus, correu tudo bem e eu a deixei no seu quarto, decorado com suas coisinhas, repleto de retratos do Johnny Depp. Ela é louca por ele, então, sempre que viajo tragou souvenirs: um conjunto de copos adesivados com uma foto dele em Piratas do Caribe, um poster com ele fantasiado de Jack Sparrow, um calendário cujos meses mudam à revelia do tempo, só para variar o rostinho dele com barba, bigode, chapéu, óculos escuros... Minha mãe sempre teve bom gosto.

É um pouco triste levá-la de volta para um lugar que não é a sua casa. Quer dizer, de certa forma é. E tem as vantagens de ser relativamente perto de onde eu moro e de ser limpo e decente, apesar de muito simples. Tem um jardim lindo na entrada, sempre florido. E eu acredito que o jardim de uma casa diz muito sobre quem mora ou é responsável por ela.

Hoje em dia, eu não me desespero mais. Pelo contrário, fiquei admirada com a serenidade com que enfrentei essa internação. Uma amiga me disse que são os frutos que colhemos da maturidade. Só tenho uma certeza: atualmente, minha mãe me obriga ao exercício do amor incondicional, o amor apesar de. Entre muitas outras coisas.



***

Em recente viagem com uma autora da Record, ela me contou que nos longos anos em que sua mãe morou em uma clínica em Porto Alegre, pois tinha Alzheimer, seu único irmão (o filho)poucas vezes foi visitá-la. Ela, por sua vez, era responsável por tudo, desde o ônus financeiro até o emocional. Quando questionado sobre porque visitava pouco a mãe, justificava: "Não me faz bem, fico deprimido".

Sabendo que o irmão sempre fora o preferido da mamãe, meio que para se torturar (palavras dela) fazia questão de perguntar sempre que estavam juntas: "mãe, e o fulano, o que acha dele?" A mãe desfiava elogios: "Ah, aquele guri tão querido! Meu rico filhinho!..." Ela emendava, já sabendo a resposta: "E a fulana (ela mesma)?" "Ah, aquela... Está cada dia mais louca!"

Assim foi indo até o dia em que a mãe morreu. O corpo foi cremado. No fim da cerimônia, ela entregou ao irmão a caixa com as cinzas. "Toma. Eu cuidei de tudo até hoje. Agora é sua vez. Você vai decidir o que fazer com as cinzas". Parece que, a partir desse momento, todas as fichas caíram. Durante um ano, o homem foi incapaz de se livrar da caixa e de seu mórbido conteúdo. Alojou-a sobre a mesa do escritório e ele passava longas horas mirando-a e chorando. Até que um dia, a cunhada (esposa dele) telefonou e disse: "Olha, mandei seu irmão dar um fim naquela caixa. Dessa semana, não passa. Chega de loucura!"

E assim, as cinzas da mãe voaram ao vento da cidade onde ela nasceu, no interior do Rio Grande do Sul.




domingo, 15 de junho de 2008

Mulheres com lente de aumento

Fui assistir ao filme Sex and the city no sábado à noite com duas amigas muito queridas. Esse é um filme para se assistir com amigas. O que não quer dizer que não seja indicado aos homens, principalmente àqueles interessados em compreender melhor as mulheres. Porque nós somos... um enigma muito divertido!!!

O cinema inteiro ria o tempo todo. É impossível não se reconhecer nas personagens. Há um pouco de Carrie, Samantha, Miranda e Charlotte em cada uma de nós. Por isso o seriado fez tanto sucesso. E o filme é como um longo episódio, mas com diálogos SENSACIONAIS que refletem exatamente como funcionam a alma e a psiquê femininas.

Nós reclamamos dos homens, mas eu mesma tive que reconhecer: em alguns momentos perdemos a cabeça e agimos como loucas! E os homens adoram nos chamar de loucas quando brigam com a gente. Eles tem razão. Uma mulher à beira de um ataque de nervos é capaz de coisas inimagináveis! Almodóvar bem sabe disso e explorou nossas idiossincrasias em seu magnífico filme, que é uma homenagem às mulheres: vaidosas, fortes, guerreiras, mas também piram na batatinha em determinados momentos ou fases.

Eu, por exemplo, me reconheci bastante em Miranda, como retratada no filme. Pobre do meu ex-marido, antes de nos separarmos eu estava daquele jeito. Não foi à toa que o casamento acabou! Hahaha...!

O filme também mostra a beleza da amizade feminina. O carinho, a doação, o amor que somos capazes de dedicar às nossas amigas. A cena em que Samantha dá comida na boca da Carrie me levou às lágrimas. A sequência em que uma sai de casa correndo, em cima da hora do Ana Novo, só para não deixar a outra passar a meia-noite do dia 31 só e desamparada, é emocionante.

A relação com a moda, com o amor, com os homens, com os filhos, está tudo lá. Com lente de aumento – para o bem e para o mal. Vale a pena assistir como um "toque". Estamos sendo legais com nossos homens agora? Ou estamos pirando na batatinha?

Alguns homens sabem muito bem como dar limite às piradas femininas e as mulheres AMAM esse limite. Nós precisamos dele e sabemos disso! Mas quando o homem deixa rolar frouxo... Bem, aí, recomendo aos homens que assistam ao filme. E tirem suas próprias conclusões.








sábado, 14 de junho de 2008

Os problemas e suas dádivas

"Não existe problema que não ofereça uma dádiva a você. Você atrai os problemas porque precisa das dádivas por eles oferecidas."

No ano passado, uma das comemorações do meu aniversário foi um jantar em casa para minhas amigas mais antigas, as Canarinhas, com as quais estudei do jardim de infância à oitava série no Colégio Canarinhos – escola particular de classe média alta no Leblon, que não existe mais.

Meu convite era original: cada uma – oito ao todo – deveria trazer um presente que coubesse em uma caixa de fósforo e um pedaço de papel onde deveria escrever sobre algo que aprendeu na vida. Num momento apropriado da festa, os presentes seriam trocados e cada uma leria a mensagem da outra.

Foi uma noite divertida e emocionante ao mesmo tempo. Primeiro, cada uma entendeu as regras à sua maneira. Houve gente que trouxe presente grande e a mensagem dentro da caixa de fósforo, e gente que preparou cópias da mensagem para distribuir às outras... Essa confusão foi motivo de muitas gargalhadas. Mas na hora da leitura dos papéizinhos, a energia mudou completamente. Muitas de nós choramos. Afinal, um aprendizado de vida é algo muito profundo e valioso.

Recebi a mensagem acima da minha amiga Andréa P. E no dia de hoje, me lembrei muito dela.

Como contei na postagem anterior, minha mãe está internada num hospital. Saiu do CTI na sexta-feira, o perigo passou. Ela tem muitos problemas de saúde e desde sempre eu cuidei dessa mãe. Desde pequena. Com o agravante que nós duas somos filhas únicas, não há irmãos, tios ou primos para ajudar. É hardcore!!!

Desde janeiro, nossa relação não andava boa. Tive que impor certos limites e ela sempre detestou e infringiu todos os limites. Por isso, vinha me maltrantando e eu estava conformada; achei que seria assim daqui por diante. Mas hoje tudo mudou. Beijinhos, carinhos, abraços, beijinho de esquimó (nariz com nariz), que a gente sempre deu uma na outra, mas que andavam esquecidos. Que gostoso! Voltei a ter mãe!

Por isso, me lembrei da postagem da Andréa. Em menos de uma semana um problema surgiu, mas outro – enorme e dolorido – foi embora, dando lugar à dádiva: a reconciliação com minha mãe. Já entendi o porque dessa doença...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Flores em você


Hoje, como faço quase toda quinta-feira, comprei flores na feira da Rua General Argolo, em S. Cristóvão, perto da empresa onde trabalho. Lírios amarelos. Voltei com eles para o escritório e, no fim do dia, fui visitar minha mãe no hospital (tivemos um susto na terça-feira à noite, mas já está tudo sob controle, graças a Deus).

No caminho da empresa até o hospital, e no hospital, essas flores amarelas mexeram com o imaginário e as emoções de todo mundo. No balcão da clínica, o atendente brincou com sua colega: "suas flores chegaram! Antes tarde do que nunca!" A moça me olhou sem graça e fez cara feia pra ele. Tentei salvar a barra: "Essas flores, eu não ganhei, não. Me dei de presente hoje". Ela sorriu aliviada.

Dentro do CTI, depositei minha bolsa e as flores na bancada dos médicos e fui ficar ao lado da minha mãe. Cada enfermeiro ou enfermeira que chegava fazia uma piada sobre as flores. Eu levantava o dedo e dizia: "são minhas!"

É Dia dos Namorados, né?

Lembrei que há dois anos, recebi três ligações no Dia dos Namorados. No ano passado, estava namorando. Este ano, estou só. Pensei, pensei... e me lembrei do meu amigo C., com quem convivo desde agosto do ano passado. Não é meu namorado, mas também não é somente amigo, só sei que... é a pessoa para quem mandei um torpedo hoje: "Feliz Dia dos Namorados!" Ele me ligou de volta todo feliz (pois sei que também não está namorando).

E me lembrei da minha amiga Vera Lúcia, que faz aniversário no mesmo dia que eu (31 de janeiro), e que terminou um casamento de mais de 30 anos aos quase 60, filhos já adultos. Tivemos uma conversa certa vez, em São Pedro da Serra, em que ela disse: "tenho medo de que nada mais aconteça". Pensei cá com meus botões: "Glup! É verdade; é se for assim?" Pouco tempo depois ela estava namorando o Jean Pierre, um francês naturalizado brasileiro que tem os cabelos brancos e bigode preto, motivo pelo qual meus filhos o apelidaram carinhosamente de Inspector Clouseau.

Duas semanas atrás, relembrei essa conversa e a Vera: "Eu disse isso? Não me lembro!..." Sim, porque fazem dois anos que ela e Clouseau estão juntos; já viajaram à Europa várias vezes, ele a apresentou à família etc.

Dedico essa postagem a todos que, hoje, não têm namorado (a) para mandar flores, mas que mantêm o coração aberto para o amor, porque "o maior ato de coragem é amar. O amor é o maior agente de transformações" (Contardo Calligaris na Marie Claire que está nas bancas).
Viva o Amor!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A pausa do tempo

Na empresa onde eu trabalho existe um banheiro no terceiro andar que é espaçoso e tem uma grande janela aberta para a paisagem de S. Cristóvão. Dá pra ver a cúpula do Museu de Astronomia, cercada de palmeiras imperiais, o elevado da Linha vermelha e uma série de altas e frondosas mangueiras, que enfeitam os quintais do antigo casario ainda existente na vizinhança.

Quando estou de saco cheio, ou triste, ou simplesmente preciso de uma pausa no trabalho, eu vou pra lá. Nem sempre estou com vontade de fazer xixi, mas pego um copo d´água, entro numa das cabines – a tal que tem a janela – e fico lá respirando o ar da rua e admirando a vista. Também já chorei nesse banheiro, em algumas ocasiões. É o meu refúgio.

Frequentemente, quando vou lá no meio da tarde, encontro a Caroline, que trabalha numa das editorias, lavando as mãos. Falamos um rápido "oi" e continuamos na nossa pausa. Já observei: ela molha as mãos, pega uma porção de sabão e as ensaboa durante longos minutos, vagarosamente. Não interrompo, é a sua pausa do tempo no meio da loucura do trabalho.

Quando estava na faculdade, no penúltimo ano, queria viajar para a Bahia mas não tinha dinheiro. Arranjei emprego numa loja no Shopping Rio Sul na temporada pré-Natal. Era uma pancada: 6 horas de pé (não era permitido se sentar), 15 minutos de 'break' e uma semana antes do dia 24 a jornada foi estendida até as 23h.

Lembro que quando a loja fechava as portas todo mundo saía correndo para trocar de roupa – inclusive eu – a fim de ir embora daquela prisão. Mas uma das moças, Roberta, fica sentada toda arrumada, com o olhar perdido, comendo pipocas. O pipoqueiro do andar nos doava toda sua pipoca restante do dia reunida em dois grandes sacos: um com sal e outro doce. Eu achava graça da Roberta, que não tinha pressa de fugir daquele buraco, mas hoje entendo: era a sua pausa do tempo.

Observo ao meu redor formas variadas de pausa do tempo. Minha filha, nas manhãs dos fins de semana, não contem com ela. Às vezes, não quer nem falar. Uma grande amiga, depois que todos vão deitar, fuma um baseadinho. É o relax antes de dormir. Outro amigo escala a Cachoeira dos Primatas, no Horto, quase todo dia. Chega lá em cima, toma um banho, respira o ar puro e desce.
E vocês, como fazem sua pausa no tempo? O intervalo de "regeneração" de que tanto necessitamos? Ajuda a manter a saúde...

domingo, 8 de junho de 2008

A natureza

Após uma semana de trabalho maçante, tudo o que esperamos do fim de semana é relaxamento e diversão. Mas e quando o fim de semana exige mais trabalho? E trabalho chato (pois também há o trabalho bom)?


Na sexta-feira à noite eu estava meio desconectada de tão cansada e exaurida. Várias tarefas sem graça me aguardavam no dia seguinte; a principal delas, para dar uma idéia: fazer compras de mês, pois a casa estava oca. Então, só para fazer algo diferente, decidi ir ao supermercado na Barra da Tijuca, apesar de ter uma Sendas bem pertinho de casa.


"Sorria, você está na Barra", diz a placa ao fim do túnel da Joatinga. Virei à direita em direção à Barrinha. 20 minutos esperando para entrar no estacionamento do supermercado Mundial. Mas foram 20 minutos olhando a Pedra da Gávea com sua exuberante floresta verdinha cobrindo a encosta. Era um lindo dia de sol. Um vento suave trazia o cheiro do mar e de churrasco. A Barra da Tijuca, nos fins de semana, cheira a churrasco.


Bateu uma saudade de quando eu morei na Barra, bem pertinho dali, na Joatinga. Meu pai se mudou para lá em 1972 e, desde então, eu passava os domingos com ele. Marcou muito a minha infãncia e a minha vida, aquele encontro semanal com a natureza.


Encontros intensos, pois no início, quando a casa ainda não tinha piscina, meu pai e eu descíamos pelas pedras até o canal da Joatinga, que era limpo, e nós mergulhávamos e comíamos os mariscos vivos que ele retirava das rochas com uma faquinha.


E havia a casa do vizinho, eternamente em construção. Meu pai dizia que o dinheiro havia acabado e a obra ficava parada por longas temporadas. Na casa do vizinho, a vista era só mar, 180 graus de mar, enquanto na do meu pai víamos a Pedra da Gávea à direita, a Barra em frente e o mar à esquerda. Apesar de ser um pouco mais triste ver só mar, eu gostava mais dessa vista, talvez porque ela nos inspira a enxergar o infinito. Nas tardes após o almoço eu costumava ir até lá sozinha para ficar sentindo o vento forte despentear meus cabelos, sacudir minha roupa, imaginando como seria bom voar até o horizonte e voltar.


E havia a chegada das tempestades e os dias chuvosos e também os dias cinzentos, com variados matizes de cinza, do cinza claro ao chumbo, tingindo a paisagem. E também os dias de sol radiante após a saída de uma frente fria, céu azul límpido, tudo reluzindo e finas cachoeiras resultantes das chuvas passadas percorrendo as encostas da Pedra da Gávea.


Na fila da caixa, cheguei à conclusão de que eu estava com falta de natureza e precisava fazer algo a respeito. Fiz. Fui hoje à praia em Grumari: vazia, sol fraquinho, mar calmo (sorte), pasteizinhos de camarão, cerveja gelada. E depois atravessei a serrinha até Barra de Guaratiba, comi bobó de camarão com quindim de sobremesa. Voltei de carro pela praia quando o céu já estava escuro, janelas abertas, ouvindo o barulho das ondas.





A saudade passou, tô curada. E vocês, como passaram o fim de semana?

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Indy

Indy continua um charme, uma presença, um homão, apesar da cara amassada. Seu chapéu, para quem não sabe, é fornecido desde o filme I por uma fábrica de Campinas, interior de São Paulo (alô, alô, Marcinha!!!), a Chapéus Cury, a favorita de Chitãozinho e Chororó. Quem não acredita, veja no site: http://www.chapeuscury.com.br/

Indy dessa vez está acompanhado do filho, o jovem ator descoberto por Spielberg, Shia Labeouf (nome de origem judaica), que eu eu meus filhos já conhecíamos de Transformers e Paranóia (Disturbia), dois bons filmes para se assistir em DVD mesmo que vc não seja mais criança ou adolescente – mas tenha a alma de um.








O rapaz é uma graça e tem um baita potencial dramático; basta reparar numa cena em que está na cela onde o tio ficou preso e seu rosto aparece na penumbra, chorando. Não sei se estou maluca, mas vi tanta dor no rosto dele que destoou do filme, que, afinal, é Indiana Jones. É uma fração de segundo e logo tudo volta ao normal. Mas dá vontade de assistir Shia interpretanto um bom drama.

Indy também reencontra Marion, a mocinha do primeiro filme. É a atriz Karen Allen, que está com 56 anos. Cara amassada também, mas o sorriso é o mesmo. Na vida real, hoje, ela tem uma escola de tricô. Na pré-estréia do filme nos EUA as alunas de tricô foram todas juntas, ovacionar sua mestra.

Melhor diálogo do filme: no meio de uma discussão por ciúmes, ela atira na cara dele: "vc não pode falar nada, quantas mulheres teve depois de mim?" Ele responde: "Muitas, mas todas tinham o mesmo problema". "Qual?" "Não eram você, baby".

A trama de Indiana Jones e o reino da caveira de cristal é rocambolesca, mas faz sentido dentro do que se propõe. Spielberg é daqueles nerds que ficam horas pesquisando e estudando enigmas da história tipo Atlântida, ETs e... a caveira de cristal. Ele é um mistíco, sem dúvida, e começou a carreira fazendo filmes de terror.

O filme é uma delícia e até mais maduro – como seu protagonista – em comparação com os anteriores. Ou será que estou maluca??? Vcs viram? O que acharam??? Eu adorei!...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

um novo amor ajuda a curar a dor de um amor que acabou?

A postagem Como são os homens teve desdobramentos, comentários in e off blog. Para começar o que é Amor? A resposta é totalmente subjetiva, ainda mais porque todos sabemos que o amor existe mas nenhum cientista é capaz de provar sua existência.

Então, enquanto alguns, ao fim de um amor, se recolhem em isolamento para viver o luto, limpar a área, como diz uma amiga, outros procuram logo outro amor e embarcam em uma nova aventura ao longo da qual acreditam – e quem pode dizer que não – que irão esquecer o amor antigo. Que tipo é você? Ou será que existem variações e podemos agir dessa ou daquela maneira em diferentes situações e épocas da vida?

Eu sempre fui do tipo que vive o luto e nas poucas vezes em que fui levada a agir mais rápído, antes de limpar completamente a área, me dei mal. Quer dizer, toda experiência é válida, mas foram relações tumultuadas e sofridas, cheias de altos e baixos, muito por causa das "interferências" que o que restou do amor antigo causaram. Igual interferência de TV mesmo, como quando acontece de um canal provocar "fantasmas" no outro. A metáfora serve perfeitamente.

Mas em gente que muda de canal rapidamente (aproveitando a metáfora) e se um dia estão vivendo uma história, no outro o enredo é outro, e assim vão tocando a vida. (O carinha que estava se declarando a minha amiga enquanto terminava a relação de dois anos com uma namorada, a propósito, sumiu.)

Em agosto de 2007, vivi uma experiência muito emocionante, digamos assim, ao fim de um ano de namoro. Eu e ele estávamos separados havia pouco tempo após longos anos casados com outras pessoas. Por esse e por outros motivos, a relação foi um tanto quanto desgastante e terminou no osso, por que não dizer, muito por insistência de nós dois, preocupados em administrar um novo "fracasso".

Tudo isso para contar que um mês após o fim do namoro, esse camarada estava circulando com outra de mãos dadas, e com um agravante: somos vizinhos e moramos na mesma rua. Ui! doeu!... Com minha auto-estima abalada, concluí: "não fui importante". Com o tempo, revendo o filme, cheguei à conclusão de que fui importante, sim, o jeito dele lidar com as perdas é que é diferente do meu. Uma amiga em comum endossou: "Valerinha, repare na série histórica!..." Hahaha! É verdade, o que sei desse homem é que nunca ficou só, sempre pulando de um relacionamento para outro. Eu devia ter atentado para a bendita série histórica...

Mas por que toda mulher, quando se apaixona, pensa: Comigo será diferente? Bem, isso é assunto para outro post...

domingo, 1 de junho de 2008

O luxo é insustentável

Nessa viagem a SP, fiquei hospedada em um hotel 5 estrelas por conta do Projeto Sempre um Papo. Ótimo, pois normalmente em viagens de trabalho os hotéis são 3 estrelas.


Adentrei a suíte do dito cujo e me deparei com uma cama maravilhosa, gigantesca, onde três dormiriam folgados. Mas eu era apenas uma. Seis travesseiros. Como só preciso de dois, retirei cuidadosamente os outros quatro e os coloquei arrumadinhos sobre uma das poltronas do quarto. Fiquei pensando se, apesar do meu cuidado, iria tudo para a lavanderia após minha partida.


No banheiro, um kit de produtos Granado: shampoo, condicionador, creme hidratante, sabonete de glicerina. Pelo menos umas seis toalhas à disposição, todas amarradas com ramos de palha e um cartãozinho: "Preparado para você". Dá vontade de desamarrar todas, mas peguei apenas uma. Afinal, eu ia passar apenas uma noite naquele hotel.


Atrás da porta, um roupão. Lembrei de uma pessoa que conheci, que dizia que um hotel só é bom se oferecer roupão. Mas como tinha que tomar banho meio correndo, deixei o artigo lá onde estava.


Após o Sempre um Papo, Lya estava cansada e não queria sair para jantar. Levei-a até seu quarto, me despedi, peguei o elevador e fui comer num japonês bem bacaninha que há na rua do hotel. Pois não consigo dormir de barriga vazia. De volta ao quarto, encontro um prato de frutas já descascadas e cortadas sobre a mesa. Que pena, pois eu estava cheia de sashimis e shimejis, e não podia comer mais nada. Pensei em guardar na geladeira, mas não cabia, então, pensei que comeria no dia seguinte, antes do café. Mas no dia seguinte, as frutas já não estavam frescas, um leve gosto de azedo, e deixei pra lá. Foi tudo para o lixo.


Nessa minha breve estadia, refleti sobre o fato de que o luxo não é sustentável. Um dos maiores sonhos do ser humano é ser rico. E quanto mais rica uma pessoa se torna, mais exigente em termos de consumo ela é. Basta folhear as diversas revistas voltadas para Luxo que pipocam por aí. Lá na Record, recebemos várias. Suas páginas trazem: o novo IPod de ouro, o pen drive de diamantes... Domingo passado, a Revista de Domingo do JB trazia uma entrevista com um business man da griffe Louis Vutton, em viagem ao Brasil, e ele repetia que a LV é capaz de criar produtos "perfeitos" para agradar o consumidor mais exigente, ou seja, o mais rico!


Enfim... Nada contra a riqueza, pelo contrário, também quero ser rica! Mas espero manter sempre a consciência de que tudo que consumimos tem um custo para a natureza e, consequentemente, para as nossas vidas.