A Limo passou às seis da manhã para me apanhar no hotel. Acordei às 5h15 após ter ido dormir super tarde - na noite anterior fui assistir o espetáculo do Cirque du Soleil, Viva Elvis!, no Aria Resort.
Era o dia da partida e eu tinha pouco tempo. Como a viagem de carro dura quatro a cinco horas, fui de helicóptero. Caro, mas pareceu-me o melhor presente que eu poderia me dar para comemorar esta linda e inesperada viagem.
Meus companheiros de helicóptero eram três russos e um casal norte-americano. Viajamos em silêncio, meio tontos de sono, meio ofuscados pelo sol despontando detrás das montanhas. Abaixo, o relevo acidentado do deserto e o Lake Mead - imenso lago artificial formado pelas águas do Rio Calorado, que vertem por uma hidrelétrica gerando energia para acender as luzes de Las Vegas.
De repente, soa uma música apoteótica - trilha sonora de Guerra nas Estrelas ou Superman, não sei ao certo. As montanhas parecem aumentar, estamos dentro delas, cercados de altos paredões.
É o Grand Canyon.
O sol ilumina as camadas de tons avermelhados que mostram há quantos anos - milhares e milhares de anos - aquilo ali existe. Somos uma fração de segundo na história da Terra. Um milionésimo de segundo.
O helicóptero desce no fundo do canyon. Saltamos para o solo acidentado, é fácil tropeçar. O piloto nos diz para não nos afastarmos, porque há muitas cascavéis. Mas eu não tenho medo de cobra e vou caminhando, caminhando, o vento perfumado de terra e pedra, o silêncio alegre de pássaros e insetos. O cheiro que me faz estremecer e recordar do quanto também sou terra e pedra.
Estar no Grand Canyon é realmente estar. No meu lugar, toda permanência e conforto. Um lugar onde sempre quis chegar. Pronto, aconteceu.