terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sobre o Rio de Janeiro

Eu moro no Rio desde que nasci. Nunca morei em outro lugar. São muitos verões de praia e cada canto da cidade tem uma história gravada na minha memória.

Atualmente, todos os amigos que vivem em outras cidades ou países estão preocupados: como tem passado esses dias? Você e sua família estão em segurança? Trato de tranquilizá-los, pois moro no pedaço privilegiado da cidade, a Zona Sul, onde a violência respinga de vez em quando, mas nada parecido com o que acontece atualmente nas comunidades do Complexo do Alemão.

Sobre o estado atual de coisas, reproduzo dados impressionantes publicados em reportagem na Folha de S. Paulo domingo passado:

  • O tráfico emprega na cidade do Rio de Janeiro cerca de 16 mil pessoas, ou seja, gera tantos empregos quando a Petrobrás na capital Fluminense.
  • O faturamento desse comércio é da ordem de R$ 633 milhões por ano - o mesmo que o setor têxtil no Estado.
  • Mais de 100 toneladas de drogas são vendidas por ano, o que equivale a cinco vezes mais do que o total de apreensões anuais feitas pela Polícia Federal em todo o país.
  • O Complexo do Alemão representa a principal fonte de renda do mercado de drogas hoje no Rio, com faturamento anual de R$ 8 milhões.
  • O Governo Estadual gastou com segurança, ano passado, R$ 4,096 bilhões e calcula precisar de mais R$ 4 bilhões para estender o projeto das UPPS de 13 para 40 comunidades existentes no Rio, nos próximos anos.

Os dados são de pesquisa do economista e professor do Ibmec-RJ, Sérgio Ferreira Guimarães.

Quem entende um mínimo de Economia sabe que o dinheiro tem leis próprias. Ele não obedece ao nosso querer, do contrário, não existiria pobreza no mundo. Aonde vai parar essa economia das drogas? Existe uma oferta, existe um mercado. É essa realidade que precisa ser enxergada, para que medidas realmente efetivas possam ser tomadas, de acordo com a realidade.





quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sir Paul McCartney

Não sou fã dos Beatles, mas sou uma mulher feliz porque, no domingo à noite, liguei a TV na hora em que a Globo exibia os melhores momentos do show de Paul McCartney, realizado horas antes no estádio do Morumbi, em São Paulo.

Sir Paul chegou àquele ponto da trajetória em que virou meio santo. Apesar de toda a sua História, de todas as realizações, de todo o talento e toda a ovação do público, esse homem mantém a humildade, a delicadeza e a doação características de um sêr elevado.

A cortesia dele para com o público era tocante: falou em português o tempo inteiro, agradeceu à equipe que realizou o show, à banda e ao público: "And now, we (ele e a banda) would like to thank you, and you, and you..." E apontava a platéia.

Eu me emocionei quando ele se sentou ao piano e tocou e cantou sozinho Let it be. Porque Mr. Paul, como todos nós, passou maus bocados na vida: perdeu a amada esposa Linda cedo, de câncer; casou-se com aquela modelo maluca, sem uma perna, que todo mundo pensou que era gente boa, mas que meteu-lhe um processo na justiça e quis levar-lhe um pedaço dos bens. As notícias escandalosas foram a festa dos paparazzi e tablóides de fofocas no mundo inteiro durante muito tempo.

Acho que ele, sabiamente, deixou tudo isso ir, tudo isso ser. Let it be. Por isso conseguiu manter a atitude amorosa e de doação para com as pessoas.

Vida longa! a Mr. Paul McCartney, o artista mais gentil e amoroso que tive a oportunidade de conhecer nos últimos anos. Abaixo, um dos clímax do show de domingo: Live and let die.


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Receita para encontrar o Amor

Existe receita para encontrar o Amor? Sim, não, várias!... Cada um tem a sua.

Toda vez que encontro uma pessoa feliz no amor, costumo perguntar: Como você o (a) conheceu? O que precedeu esse encontro? Assim, vou colecionando lindas histórias de amor, permanentes fontes de inspiração.

Outro dia, em uma mesa de mulheres, várias amigas deram suas receitas. Uma delas, bem interessante, eu já fiz: anotar em uma folha de papel todas as qualidades do amor que deseja encontrar. Pode exagerar: lindo, honesto, rico, fiel... Tudo de bom. Assim, a intenção estará feita e Ele Lá Cima irá julgar e mandar aquilo que é do nosso merecimento. Dá certo!

Eu tenho a minha receita para encontrar o Amor. É a seguinte: é preciso ter cara-de-pau. Perder o medo de se ferir. Não deu certo? Levou um fora? Tome um tempo para o luto - não pode ser muito tempo - e tente novamente.

É claro que a gente tem que fazer o dever de casa: a cada fracasso, avaliar o que deu errado, o que poderia ter feito melhor ou diferente. Para aprender. Afinal, tudo que acontece é para nosso aprendizado. Como diz a terapeuta e escritora Anna Sharp no meu livro Encontros com Deus:

"Trato de aprender logo as lições que a vida me apresenta pra que não retornem mais".

Ter cara-de-pau é condição primordial para encontrar o Amor. O medo de se ferir faz a gente empacar e se fechar. A cara-de-pau nos faz continuar acreditando que é possível ser feliz.




domingo, 14 de novembro de 2010

A verdadeira idade

"Em minha mente eu tenho 18 anos".

A frase foi dita pelo ator Bruce Willis em uma das entrevistas para divulgação do filme Red (Retired Extremely Dangerous = Aposentados extremamente perigosos), em cartaz no Brasil, e me agradou muito... Porque a verdadeira idade é aquela que a gente sente que tem.

Uma grande amiga foi ao Carnaval e, no meio da folia, conheceu um rapaz 15 mais novo. Ficou quieta, mas, lá pelas tantas, veio a pergunta fatal:

- Quantos anos você tem?

Minha amiga, que é muito sincera e não sabe mentir, respondeu a verdade:

- Trinta e nove anos.

- Ah...

A diferença de idade não atrapalhou o romance aquela noite, mas ela sentiu que o rapaz começou a olhá-la de modo um pouco diferente...

Quando ouvi essa história, aconselhei:

- Na próxima vez, em vez de dizer a idade que consta na carteira de identidade, pergunta pra ele: quantos anos acha que eu tenho? O que ele responder, você diz: essa é a minha idade.

Minha amiga ainda relutou um pouco, mas concordou: a verdadeira idade reside em nosso coração. E se reflete no exterior.

Essa semana, após ler a frase do Bruce, vi na rua uma senhora de uns 70 anos vestida com jeans, camiseta e tênis Nike. Cabelos curtos, corpo magro, coluna ereta. Movimentava-se com uma agilidade... Pensei: é isso que eu quero para mim!

A minha verdadeira idade, hoje, é uns 24 anos. E a sua?


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Olhar o céu à noite

Durante certo período morei em uma casa e nunca ia dormir sem, antes, me deitar na varanda e observar o céu noturno. De preferência com todas as luzes apagadas.

Olhar o céu à noite muda a nossa perspectiva sobre vários aspectos da vida. A começar sobre o próprio céu. Uma vez, acompanhada de um amigo nessa observação, ele me disse:

- Valéria, já tentou olhar o céu não como um plano sobre as nossas cabeças, mas sim como algo infinito mesmo? Se tirássemos uma reta de onde estamos agora em direção ao céu, não iria parar nunca, não teria fim.

É...

Outra coisa: ao observar o céu atentamente, descobrimos novas estrelas, bem pequenininhas, brilhando lá longe. Um olhar mais rápido não nos permite enxergá-las. É preciso estar relaxado e atento ao mesmo tempo.

A prática da observação nos permite ver não apenas estrelas cadentes, ocasionalmente, mas também as diferentes posições das estrelas no espaço, umas mais próximas, outras mais distantes da Terra e da gente.

Além dessa observação física das estrelas etc, o hábito de olhar o céu noturno nos obriga a refletir sobre a nossa pequenez, a pequenez dos nossos problemas, quem somos e para onde vamos, a nossa finitude - diante da infinitude do universo e das estrelas (se bem que até elas têm fim um dia, né?)

Recomendo a todos a terapia de olhar as estrelas alguns minutos, todos os dias antes de ir dormir, mesmo morando em apartamento. Basta esticar o pescoço para fora da janela e dar uma espiadinha.

A recomendação vale até para quem pensa com uma das Cobras do Veríssimo (abaixo).