sábado, 14 de junho de 2008

Os problemas e suas dádivas

"Não existe problema que não ofereça uma dádiva a você. Você atrai os problemas porque precisa das dádivas por eles oferecidas."

No ano passado, uma das comemorações do meu aniversário foi um jantar em casa para minhas amigas mais antigas, as Canarinhas, com as quais estudei do jardim de infância à oitava série no Colégio Canarinhos – escola particular de classe média alta no Leblon, que não existe mais.

Meu convite era original: cada uma – oito ao todo – deveria trazer um presente que coubesse em uma caixa de fósforo e um pedaço de papel onde deveria escrever sobre algo que aprendeu na vida. Num momento apropriado da festa, os presentes seriam trocados e cada uma leria a mensagem da outra.

Foi uma noite divertida e emocionante ao mesmo tempo. Primeiro, cada uma entendeu as regras à sua maneira. Houve gente que trouxe presente grande e a mensagem dentro da caixa de fósforo, e gente que preparou cópias da mensagem para distribuir às outras... Essa confusão foi motivo de muitas gargalhadas. Mas na hora da leitura dos papéizinhos, a energia mudou completamente. Muitas de nós choramos. Afinal, um aprendizado de vida é algo muito profundo e valioso.

Recebi a mensagem acima da minha amiga Andréa P. E no dia de hoje, me lembrei muito dela.

Como contei na postagem anterior, minha mãe está internada num hospital. Saiu do CTI na sexta-feira, o perigo passou. Ela tem muitos problemas de saúde e desde sempre eu cuidei dessa mãe. Desde pequena. Com o agravante que nós duas somos filhas únicas, não há irmãos, tios ou primos para ajudar. É hardcore!!!

Desde janeiro, nossa relação não andava boa. Tive que impor certos limites e ela sempre detestou e infringiu todos os limites. Por isso, vinha me maltrantando e eu estava conformada; achei que seria assim daqui por diante. Mas hoje tudo mudou. Beijinhos, carinhos, abraços, beijinho de esquimó (nariz com nariz), que a gente sempre deu uma na outra, mas que andavam esquecidos. Que gostoso! Voltei a ter mãe!

Por isso, me lembrei da postagem da Andréa. Em menos de uma semana um problema surgiu, mas outro – enorme e dolorido – foi embora, dando lugar à dádiva: a reconciliação com minha mãe. Já entendi o porque dessa doença...

4 comentários:

Anônimo disse...

Valéria, um dos motivos que me faz sempre voltar ao seu blog é a forma suave e as vezes até leve de contar uma história, por mais dolorosa que ela possa ser.
Sinto sempre uma energia boa quando seus sentimentos são transformados em palavras.
E pra quem lê isso é muito bom.
Não te conheço mas percebo que vc é uma guerreira vitoriosa.
Namaste!

Pablo Lima disse...

carinho de mãe é mesmo insubstituível! parabéns pela reconciliação, o que parece impossível se resolve às vezes com sentimentos sinceros.

Ana Carolina disse...

Meu Deus!!! Não sabia da sua mãe...puxa, que bom estar tudo bem agora. E que bacana esse post. Tão sensível, tão delicado...que bonito vcs terem se reconciliado. De coração, estou muito feliz por vc, minha amiga!
Essa semana é minha vó quem interna! Será que teremos reconciliações desse lado tb?
Uma beijoca!

Anônimo disse...

Querida Vá,
Fiquei sabendo da doença de sua mãe pela Chris e também sabendo que ela saiu do sufoco. Fiquei muito aliviada e mais ainda feliz pela sua reconciliação. Na verdade ela nunca esteve de mal com vc, mas vc era a única pessoa com quem ela poderia estourar pois vc não a abandonaria. Sou testemunha ocular do amor dela por vc desde muito criança.
Assim como ela te amo muito.
Beijos,
Ana