sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ganhos

Paris é uma festa chegou ao fim e o último e mais longo capítulo de um livro todo feito de capítulos curtos é dedicado às temporadas que Heminguay, sua primeira esposa e o filho pequeno passavam nas montanhas da Áustria, fugindo do cinza e da umidade do inverno parisiense.


Foram anos hospedando-se num hotel modesto, porém confortável, que o valorizado franco francês permitia pagar; deixavam o bebê com uma ama e saíam somente os dois, um casal ainda apaixonado, para longas excursões pelas montanhas, subindo cada vez mais alto, para de lá deslizar pela neve até embaixo. Heminguay descreve esses passeios com tanta beleza que é possível sentir o vento frio na pele e o perfume dos pinheiros.


Mas à medida que o final do livro se aproxima, começamos a vislumbrar algumas das mágoas podem tê-lo levado a se matar. (Dizem, também, que ele tinha uma doença terminal, sabia disso, e quis apressar o fim).


"Quando duas pessoas se amam, são felizes e alegre, e estão empenhadas, juntas ou individualmente, numa tarefa construtiva, os outros se sentem tão atraídos por elas como as aves migradoras são atraídas à noite pela faixa de luz de um farol poderoso. Se as duas pessoas que se amam fossem tão sólidas como um farol, nada sofreriam, pois a perda seria das aves. Mas o fato é que aqueles que atraem os outros com sua felicidade são geralmente pessoas despreparadas. Não sabem como evitar que as arruínem, nem como se livrarem a tempo do perigo."


A partir daí, ele narra por alto como as pessoas em volta interferiram negativamente na sua vida, no seu casamento, e termina dizendo que "Assim terminou a primeira parte da minha vida em Paris. Paris nunca seria a mesma para mim, embora continuasse sendo a Paris de sempre..."


Comentei isso com a escritora Lya Luft, sobre a qual vou escrever o próximo post e ela resumiu rapidamente, do alto de seus 69 anos muito bem vividos. "Já sei: ele descobriu que era feliz e não sabia".


Sim, é isso. Mais tarde, ouvi a Lya falando de seu best seller Perdas e ganhos (Ed. Record) e a motivação para escrevê-lo. "É que eu sempre ouvia as pessoas reclamando tanto, às vezes de coisas antigas que continuavam a atrapalhar suas vidas, e assim iam arrastando aquela choradeira consigo... E resolvi escrever sobre os ganhos que a vida também traz". (Um milhão de exemplares vendidos desde a publicação em 2003).


Concluo que, já que nosso passado passou e que a mudança pode acontecer a qualquer momento, a partir de nossas escolhas no momento presente, podemos escolher enxergar mais os GANHOS do que as perdas. Vamos nessa?




3 comentários:

Pablo Lima disse...

vamos! há sempre mais ganhos do que perdas, e o difícil é aprender a enxergar isto.

Denise Egito disse...

Vamos, com o olho aberto para não fazer disso um conformismo exagerado em achar que as perdas não foram fáceis...

Márcia Régis disse...

pra perder, a gente antes ganhou... bjs