Precisamos de um novo Maio de 1968 – o movimento que começou com a insatisfação dos estudantes na França, contra a política de Educação, e que contaminou a classe trabalhadora provocando uma greve geral que paralizou todo o país.
A sucessão de eventos inspirou ou foi sintoma de um movimento maior que sacudiu a Europa e reverberou no mundo. Hoje, historiadores e cientistas sociais dizem que depois tudo se acomodou e que o mundo seguiu seu crescendo de violência e capitalismo. Mas pelo menos houve questionamento, idéias e ideais foram postos à prova, e os reflexos disso são revistos e estudados até hoje – vide a quantidade reportagens e suplementos sobre os 40 anos de Maio de 68 publicados recentemente na imprensa mundial.
Influenciado pela afeméride, o tema da mesa de debates da Arena Jovem, que abriu a I Bienal do Livro de Minas, no dia 15 de maio, era: "Adolescer" dói? A adolescência continua dentro da gente? Participavam da mesa Orlando Paes filhos, autor da série Angus, adorada pelos adolescentes; Maria Dolores, jovem autora da biografia de Milton Nascimento – Travessia; e Wilmar Silva, poeta performático que vive em Ouro Preto.
No início, cada um falou de um aspecto da adolescência e a conversa seguiu desarticulada. Lá pelas tantas, uma jovem pediu o microfone e sua pergunta me fez vislumbrar e sentir a profunda solidão e deseperança da juventude hoje. Era algo assim: "Sou fulana, tenho 17 anos, estou prestando vestibular para medicina e às vezes me pergunto: para quê?"
Os autores se entreolharam e, um a um, tentaram responder. Mas cada um com seus argumentos, a meu ver, só faziam aumentar a angústia da moça. "Descubra o que faz de melhor e siga por esse caminho. Você vai se destacar", disse Maria Dolores. "Inicie um movimento contra o sistema. O mundo precisa de heróis", disse Orlando. "Encontre uma maneira de se expressar", aconselhou Wilmar.
De repente, um homem que estava na platéia tomou a palavra e falou dirigindo-se à jovem: "Eu tenho 48 anos. Trabalho em Brasília no Senado, para os ladrões. Mas não sou ladrão, sou músico. Tenho dois filhos e ensino a eles que não sejam ladrões. Meu salário permite que eu os alimente e que tenha uma banda de rock. Tenho CD gravado e tudo. E você, menina, só por ter feito essa pergunta, causou uma revolução nesse espaço. Parabéns por ter feito essa revolução".
Palmas!!!
No final do debate, todos foram falar com a jovem, inclusive eu. Tentei consolá-la citanto um ídolo da juventude, Bono Vox, vocalista do U2: "Se você não pode mudar o mundo, mude o mundo dentro de si". Mas ela ainda não estava convencida.
Então, lembrei a fala do sociólogo Alain Touraine (jornal O Globo, 11/5/2008), que era professor na Universidade de Nanterre quando eclodiram os primeiros movimentos de Maio de 1968: "(...) vivemos 40 anos de regimes de extremos liberalismo. Este sistema hoje não vai tão bem e os jovens têm uma inquietação geral. Enquanto que e 68 o pensamento era: estamos atrasados, ou seja, um clima de subida, hoje é clima é de descida, o que faz uma grande diferença. Os estudantes estão dizendo agora: vocês estão fazendo um mundo em que eu vou viver pior do que os meus pais. É a descida. Eles estão amargos e não acreditam em mais ninguém. (...) 68 era um período carregado de ideologia, de idéias. Agora, estamos ocos."
Lembrei também dos meus dois filhos, com 10 e 13 anos, e de que eles vão se defrontar com essas questões logo mais adiante. E de todas as crianças e jovens dos países pobres cuja situação está marcada para piorar, em vez de melhorar.
E pensei em como seria ótimo se houvesse um novo Maio de 1968, que aconteceria num outro mês, com outro nome, mas que seria um levante de jovens do primeiro mundo contra os adultos que dirigem aceleradamente este veículo meio desgovernado que é o planeta Terra hoje. E que eles conseguiriam fazer os governantes pararem um pouco e reavaliarem sua atitude para com o planeta e os povos que o habitam, corrigindo a rota – para melhor.
Mas aí eu pisquei, acordei, vi que ainda estava na Arena Jovem da Bienal de Minas, sozinha, ao fim de um longo e exaustivo dia de trabalho. E fui embora para o hotel dormir.
domingo, 18 de maio de 2008
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Saudade de gostar de alguém
Saudade de gostar de alguém é saudade de companhia boa, leve, com quem a gente se diverte muuuito.
É saudade de acordar de manhã e ligar para o outro só pra saber se dormiu bem, se teve bons sonhos, se acordou bem disposto e desejar um ótimo dia.
É ligar no meio do dia por qualquer motivo, só para ouvir a voz do outro e contar qualquer coisa tipo: "descobri uma livraria que você ia adorar..."
É sentir um calorzinho no centro do peito por saber que logo mais à noite vai ter encontro, abraços e beijinhos.
Saber que vai ter conversa boa, sem ter fim, sobre todo e qualquer assunto, porque nunca falta assunto.
E haverá risadas, muitas, entremeadas por mais beijos, abraços, cabeça no ombro, cheirinho do pescoço do outro.
E depois juntos a sós no quarto, tirar a roupa, unir os corpos, brincar de sexo e com o sexo, descobrir sempre novas coisas gostosas de fazer e de sentir com o corpo do outro.
E depois que cansar, dormir abraçados, depois separados, mas de mãos ou pés juntos, ou de costas com os bumbuns grudados.
E se o outro ronca ou se mexe muito, a gente não liga, acostuma, porque todas as outras coisas são tão gostosas que essas perdem a importância.
E depois acordar, abraçar, ficar em silêncio respirando juntos, ouvindo os sons da manhã, os passarinhos, a voz do vizinho.
E aos poucos ir despertando novamente o corpo, beijar na boca sem se preocupar com o hálito – saliva lava tudo – e mão aqui, boca ali e mais coisas gostosas pra fazer com o corpo e junto com o corpo do outro.
E depois tomar banho enquanto o outro faz a barba ou se arruma para trabalhar; fazer o café da manhã juntos, meio correndo por causa do trabalho, mas com conversa e com risadas e beijo de tchau com gosto de café e pasta de dentes.
E planejar juntos a viagem, a festa, o jantar, o passeio com os filhos, o fim de semana, a família, tudo.
E sentir que a vida é mais suave e redonda, muito menos pontuda, porque a gente gosta de alguém.
Quem tem a sorte de estar vivendo tudo isso agora? Não importa se tem um mês, um ano, ou 10 anos. Diga o quanto é bom...
É saudade de acordar de manhã e ligar para o outro só pra saber se dormiu bem, se teve bons sonhos, se acordou bem disposto e desejar um ótimo dia.
É ligar no meio do dia por qualquer motivo, só para ouvir a voz do outro e contar qualquer coisa tipo: "descobri uma livraria que você ia adorar..."
É sentir um calorzinho no centro do peito por saber que logo mais à noite vai ter encontro, abraços e beijinhos.
Saber que vai ter conversa boa, sem ter fim, sobre todo e qualquer assunto, porque nunca falta assunto.
E haverá risadas, muitas, entremeadas por mais beijos, abraços, cabeça no ombro, cheirinho do pescoço do outro.
E depois juntos a sós no quarto, tirar a roupa, unir os corpos, brincar de sexo e com o sexo, descobrir sempre novas coisas gostosas de fazer e de sentir com o corpo do outro.
E depois que cansar, dormir abraçados, depois separados, mas de mãos ou pés juntos, ou de costas com os bumbuns grudados.
E se o outro ronca ou se mexe muito, a gente não liga, acostuma, porque todas as outras coisas são tão gostosas que essas perdem a importância.
E depois acordar, abraçar, ficar em silêncio respirando juntos, ouvindo os sons da manhã, os passarinhos, a voz do vizinho.
E aos poucos ir despertando novamente o corpo, beijar na boca sem se preocupar com o hálito – saliva lava tudo – e mão aqui, boca ali e mais coisas gostosas pra fazer com o corpo e junto com o corpo do outro.
E depois tomar banho enquanto o outro faz a barba ou se arruma para trabalhar; fazer o café da manhã juntos, meio correndo por causa do trabalho, mas com conversa e com risadas e beijo de tchau com gosto de café e pasta de dentes.
E planejar juntos a viagem, a festa, o jantar, o passeio com os filhos, o fim de semana, a família, tudo.
E sentir que a vida é mais suave e redonda, muito menos pontuda, porque a gente gosta de alguém.
***
Quem tem a sorte de estar vivendo tudo isso agora? Não importa se tem um mês, um ano, ou 10 anos. Diga o quanto é bom...
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Qual é o seu maior sonho?
Fiz essa pergunta a mim mesma, essa semana, ao refletir sobre a origem da herança material que meu pai me deixou (porque existe a imaterial, imensa!), e que hoje se resume a algum dinheiro guardado num banco. Refletindo sobre meus sentimentos em relação a esse dinheiro, me perguntei: de onde ele veio?...
... Veio do trabalho de meu pai, que nasceu pobre, foi balconista de sapataria e ajudou a construir a estrada de ferro que passa nas cercanias de Cruz Alta, no interior do Rio Grande do Sul. Com sua inteligência, talento e ambição tornou-se um grande jornalista e realizou o sonho de sua vida: construir uma casa maravilhosa no lugar mais bonito do mundo, na sua opinião – a Joatinga. E olha que ele rodou o mundo...
Meus amigos que tiveram o prazer de conhecer e curtir A Casa junto comigo sabem do que estou falando.
Pois bem, após sua morte, em 1983, a casa foi vendida. Com a maior parte do dinheiro ajudei a comprar o apartamento onde moro hoje e o que restou está guardado no banco.
Refletindo sobre a prosperidade e a riqueza – influenciada por minhas recentes leituras de auto-ajuda –, descobri que ainda não tinha dado uma finalidade a minha herança. Concluí que seu destino deve ser realizar o meu sonho, visto que ela também é fruto da realização do sonho de meu pai. E ao me perguntar qual era o meu maior sonho, aquele de infância, a resposta foi imediata: viajar o mundo!
Lembro que com 8 ou 9 anos descobri um velho Atlas na estante da minha casa. Eu o consultava com freqüência e decorei várias capitais muito antes disso ser matéria de Geografia. Tinha um interesse especial pelo sudeste da Ásia, principalmente pela Tailândia. Não me pergunte por quê. Depois, surgiram interesses mais exóticos pela Birmânia – pobre país, assolado pelo tufão, mas que possui os mais belos templos budistas do mundo! – e Mongólia –, quem sabe, em vida passada, fui membro do exército de Gêngis Khan.

Neste início de maio, realizei na Livraria Argumento, o lançamento do romance Um livro em fuga, de Edgard Telles Ribeiro, que vem a ser o embaixador do Brasil na Tailândia. Eu o conheci em maio de 1982, no Festival de Cinema de Cannes, quando tinha 16 anos e viajava pela Europa com meu pai. Contei essa história e ele se lembrou, demos risadas juntos. Edgard mora há 2 anos em Bangkok e vai ficar mais dois. Avisei que vou visitá-lo antes que termine o mandato...
Tudo isso para contar que eu fiquei muito feliz por lembrar do meu sonho e descobrir que posso começar a realizá-lo.
E vocês, meus amigos, qual é o seu sonho? Vou adorar saber...
... Veio do trabalho de meu pai, que nasceu pobre, foi balconista de sapataria e ajudou a construir a estrada de ferro que passa nas cercanias de Cruz Alta, no interior do Rio Grande do Sul. Com sua inteligência, talento e ambição tornou-se um grande jornalista e realizou o sonho de sua vida: construir uma casa maravilhosa no lugar mais bonito do mundo, na sua opinião – a Joatinga. E olha que ele rodou o mundo...
Meus amigos que tiveram o prazer de conhecer e curtir A Casa junto comigo sabem do que estou falando.
Pois bem, após sua morte, em 1983, a casa foi vendida. Com a maior parte do dinheiro ajudei a comprar o apartamento onde moro hoje e o que restou está guardado no banco.
Refletindo sobre a prosperidade e a riqueza – influenciada por minhas recentes leituras de auto-ajuda –, descobri que ainda não tinha dado uma finalidade a minha herança. Concluí que seu destino deve ser realizar o meu sonho, visto que ela também é fruto da realização do sonho de meu pai. E ao me perguntar qual era o meu maior sonho, aquele de infância, a resposta foi imediata: viajar o mundo!
Lembro que com 8 ou 9 anos descobri um velho Atlas na estante da minha casa. Eu o consultava com freqüência e decorei várias capitais muito antes disso ser matéria de Geografia. Tinha um interesse especial pelo sudeste da Ásia, principalmente pela Tailândia. Não me pergunte por quê. Depois, surgiram interesses mais exóticos pela Birmânia – pobre país, assolado pelo tufão, mas que possui os mais belos templos budistas do mundo! – e Mongólia –, quem sabe, em vida passada, fui membro do exército de Gêngis Khan.

Neste início de maio, realizei na Livraria Argumento, o lançamento do romance Um livro em fuga, de Edgard Telles Ribeiro, que vem a ser o embaixador do Brasil na Tailândia. Eu o conheci em maio de 1982, no Festival de Cinema de Cannes, quando tinha 16 anos e viajava pela Europa com meu pai. Contei essa história e ele se lembrou, demos risadas juntos. Edgard mora há 2 anos em Bangkok e vai ficar mais dois. Avisei que vou visitá-lo antes que termine o mandato...
Tudo isso para contar que eu fiquei muito feliz por lembrar do meu sonho e descobrir que posso começar a realizá-lo.
E vocês, meus amigos, qual é o seu sonho? Vou adorar saber...
sábado, 10 de maio de 2008
Boate Chalana
Abri e fechei os olhos e já está hora de ir buscar minha filha mais velha nas festinhas. Ontem, eu era buscada nas festinhas pelo meu pai, que saía dos jantares e reuniões high society, que freqüentava, para me buscar no Roxy Roller e no Piraquê.
Eu costumava ir na boate Chalana, a maior, para menores, que funciona até hoje nas dependências do clube. O ambiente era o mais familiar possível e o máximo que fazíamos para subverter as ordens e recomendações de nossos pais era dar uns apertos e amassos nuns banquinhos que ficavam na beira da Lagoa, atrás das quadras de tênis, portanto longe dos olhos dos adultos.
Essa semana, minha filha chegou com um pequeno convite verde e ao abrir, voltei no tempo. O endereço da festa era a boate... Chalana (nome horrível, me lembra algo pornográfico). Lá fomos nós ao Piraquê. A entrada mudou, agora há um painel de fotos sobre a Marinha, cafona. O interior foi todo reformado e o salão me pareceu bem menor. Fiz esse comentário com a mãe do aniversariante e ela, também frenqüentadora de outrora, contemporizou: "não sei se era realmente maior ou se nós é que éramos menores e o enxergávamos grande".
De fato, adentrar aquele salão escuro com luzes piscantes, cujos limites eram impossíveis de se enxergar desde a porta, era uma emoção semanal, com hora e dia para se renovar, todo sábado à noite. "Será que o gatinho vai estar? Vai olhar pra mim?"
Deixei minha filhota, fui com meu filho a outra festa, de gente menor (Ufa!), e voltei perto da meia-noite para buscá-la. Entrou no carro agitadíssima: "mamãe, adorei o lugar; as luzes fazem um efeito sinistro; o Dj era bom mas não tocava os funks que a gente pedia porque alguns têm palavrão. Ah, que chato!..."
Pelo visto, o tempo passou mas a Chalana continua a mesma: familiar, mas mmmuuuiiitttooo legal...
Eu costumava ir na boate Chalana, a maior, para menores, que funciona até hoje nas dependências do clube. O ambiente era o mais familiar possível e o máximo que fazíamos para subverter as ordens e recomendações de nossos pais era dar uns apertos e amassos nuns banquinhos que ficavam na beira da Lagoa, atrás das quadras de tênis, portanto longe dos olhos dos adultos.
Essa semana, minha filha chegou com um pequeno convite verde e ao abrir, voltei no tempo. O endereço da festa era a boate... Chalana (nome horrível, me lembra algo pornográfico). Lá fomos nós ao Piraquê. A entrada mudou, agora há um painel de fotos sobre a Marinha, cafona. O interior foi todo reformado e o salão me pareceu bem menor. Fiz esse comentário com a mãe do aniversariante e ela, também frenqüentadora de outrora, contemporizou: "não sei se era realmente maior ou se nós é que éramos menores e o enxergávamos grande".
De fato, adentrar aquele salão escuro com luzes piscantes, cujos limites eram impossíveis de se enxergar desde a porta, era uma emoção semanal, com hora e dia para se renovar, todo sábado à noite. "Será que o gatinho vai estar? Vai olhar pra mim?"
Deixei minha filhota, fui com meu filho a outra festa, de gente menor (Ufa!), e voltei perto da meia-noite para buscá-la. Entrou no carro agitadíssima: "mamãe, adorei o lugar; as luzes fazem um efeito sinistro; o Dj era bom mas não tocava os funks que a gente pedia porque alguns têm palavrão. Ah, que chato!..."
Pelo visto, o tempo passou mas a Chalana continua a mesma: familiar, mas mmmuuuiiitttooo legal...
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Do estupro e suas variantes
Vocês sabiam 6 mulheres são estupradas a cada hora nos Estados Unidos? E que pelo menos quatro delas são atacadas por mais de um homem?
Essas informações são dadas no final do filme Acusados (The accused, 1988) que está sendo exibido no canal Telecine Cult (65 da Net), e é bem provável que desde então os números tenham crescido, infelizmente.
Assisti esse filme na TV há uns 10 anos e ficou gravado na minha memória por me fazer compreender que mesmo que uma mulher tenha "provocado" o estupro – esse é o principal argumento da defesa da maioria dos acusados desse crime – o homem não tem o direito, NÃO PODE ir às vias de fato. O fato dela ter provocado NÃO JUSTIFICA o crime.
Acusados narra a história de uma mulher de baixa renda, fudida, que briga com o namorado e vai para um bar afogar as mágoas e se "vingar". Bebe todas, fuma maconha, começa a dançar de modo provocador, as alças da blusa caindo, os seios quase à mostra. Lá pelas tantas, o cara com quem está flertando começa a agarrá-la e ela recua: "está ficando tarde, tenho que ir pra casa" etc. Mas ele a imprensa numa máquina de pinball e todos os homens do bar se reúnem ao redor deles, sendo que três gritam palavras de ordem incitando o estupro, do tipo: "vai lá, espeta essa boceta até machucar!" Resultado: a moça é currada por três homens enquanto cerca de outros 10 ou 15 olham e gritam como que torcendo num jogo de futebol. Depois que ela finalmente consegue se soltar, sai correndo nua pelas ruas e vai parar num hospital. Aí começa sua odisséia por justiça.
A cena completa – e terrívelmente realista – do estupro só nos é revelada no final, durante o julgamento dos três caras que incitam o estupro. Porque a advogada que pega o caso faz tudo para condenar não somente os estupradores como os incentivadores também. Isso, tendo como torcida contra os próprios donos do escritório de advocacia onde trabalha – todos homens, obviamente.
Acusados é um puta filme de tribunal, baseado numa história real que aconteceu em um bar em Massachusetts (EUA), em 1983. Jodie Foster, que interpreta a protagonista, ganhou todos os principais prêmios de Melhor Atriz do mundo cinematográfico por esse trabalho: Oscar e Globo de Ouro (EUA), Bafta (Inglaterra), Berlim, David Di Donatello (Itália).
É um filme que toda mulher deveria assistir. Em exibição no Telecine Cult ou nas locadoras.
Essas informações são dadas no final do filme Acusados (The accused, 1988) que está sendo exibido no canal Telecine Cult (65 da Net), e é bem provável que desde então os números tenham crescido, infelizmente.
Assisti esse filme na TV há uns 10 anos e ficou gravado na minha memória por me fazer compreender que mesmo que uma mulher tenha "provocado" o estupro – esse é o principal argumento da defesa da maioria dos acusados desse crime – o homem não tem o direito, NÃO PODE ir às vias de fato. O fato dela ter provocado NÃO JUSTIFICA o crime.
Acusados narra a história de uma mulher de baixa renda, fudida, que briga com o namorado e vai para um bar afogar as mágoas e se "vingar". Bebe todas, fuma maconha, começa a dançar de modo provocador, as alças da blusa caindo, os seios quase à mostra. Lá pelas tantas, o cara com quem está flertando começa a agarrá-la e ela recua: "está ficando tarde, tenho que ir pra casa" etc. Mas ele a imprensa numa máquina de pinball e todos os homens do bar se reúnem ao redor deles, sendo que três gritam palavras de ordem incitando o estupro, do tipo: "vai lá, espeta essa boceta até machucar!" Resultado: a moça é currada por três homens enquanto cerca de outros 10 ou 15 olham e gritam como que torcendo num jogo de futebol. Depois que ela finalmente consegue se soltar, sai correndo nua pelas ruas e vai parar num hospital. Aí começa sua odisséia por justiça.
A cena completa – e terrívelmente realista – do estupro só nos é revelada no final, durante o julgamento dos três caras que incitam o estupro. Porque a advogada que pega o caso faz tudo para condenar não somente os estupradores como os incentivadores também. Isso, tendo como torcida contra os próprios donos do escritório de advocacia onde trabalha – todos homens, obviamente.
Acusados é um puta filme de tribunal, baseado numa história real que aconteceu em um bar em Massachusetts (EUA), em 1983. Jodie Foster, que interpreta a protagonista, ganhou todos os principais prêmios de Melhor Atriz do mundo cinematográfico por esse trabalho: Oscar e Globo de Ouro (EUA), Bafta (Inglaterra), Berlim, David Di Donatello (Itália).
É um filme que toda mulher deveria assistir. Em exibição no Telecine Cult ou nas locadoras.
sábado, 3 de maio de 2008
Como agem as mulheres
Há cerca de um mês, esteve no Brasil o escritor norte-americano Steven Carter, para promover o lançamento da editora Sextante Homens gostam de mulheres que gostam de si mesmas http://www.esextante.com.br/ . O título é muito bom, e Carter já vendeu 300 mil exemplares de O que toda mulher inteligente deve saber anteriormente – o que em nosso país significa muita coisa.
Não comprei o livro, mas li atentamente as duas amplas reportagens publicadas na Folha de S. Paulo e em O Globo. Afinal, esse assunto interessa a nós, todas as mulheres que gostam de homens.
A repórter da Folha falava bem do livro, dizia que era divertido, mas que Carter dava conselhos meio óbvios como, por exemplo, "homens não gostam de mulheres que ficam bisbilhotando seu celular". Pensei cá com meus botões e cheguei à conclusão de que esse tipo de conselho não é tão óbvio, não. Principalmente quando estamos apaixonadas ou "à beira de um ataque de nervos", como definiu muito bem Almodóvar, profundo conhecedor da alma feminina.
Na matéria, Carter prosseguia com seus valorosos conselhos. "A mulher pode, sim, ligar no dia seguinte. O que ela não pode é ligar de 5 em 5 minutos". Hahahahaha. Mais uma dica "óbvia" na opinião da repórter. Mas será mesmo? Qual mulher nunca cometeu um pecado desses ou na mesma linha?
Por isso, repeito muito Mr. Carter, que estreou no mundo da auto-ajuda com o New York Times best seller Men who can´t love e cunhou a expressão "commitmentphobia" (fobia de compromisso) – esse tipo todas nós conhecemenos bem, né? Ele mesmo tinha esse tipo de fobia, mas diz que se curou e está casado há 14 anos com a mesma mulher.
O que vocês acham? As muheres precisam ou não dos conselhos de Steven Carter?
Não comprei o livro, mas li atentamente as duas amplas reportagens publicadas na Folha de S. Paulo e em O Globo. Afinal, esse assunto interessa a nós, todas as mulheres que gostam de homens.
A repórter da Folha falava bem do livro, dizia que era divertido, mas que Carter dava conselhos meio óbvios como, por exemplo, "homens não gostam de mulheres que ficam bisbilhotando seu celular". Pensei cá com meus botões e cheguei à conclusão de que esse tipo de conselho não é tão óbvio, não. Principalmente quando estamos apaixonadas ou "à beira de um ataque de nervos", como definiu muito bem Almodóvar, profundo conhecedor da alma feminina.
Na matéria, Carter prosseguia com seus valorosos conselhos. "A mulher pode, sim, ligar no dia seguinte. O que ela não pode é ligar de 5 em 5 minutos". Hahahahaha. Mais uma dica "óbvia" na opinião da repórter. Mas será mesmo? Qual mulher nunca cometeu um pecado desses ou na mesma linha?
Por isso, repeito muito Mr. Carter, que estreou no mundo da auto-ajuda com o New York Times best seller Men who can´t love e cunhou a expressão "commitmentphobia" (fobia de compromisso) – esse tipo todas nós conhecemenos bem, né? Ele mesmo tinha esse tipo de fobia, mas diz que se curou e está casado há 14 anos com a mesma mulher.
O que vocês acham? As muheres precisam ou não dos conselhos de Steven Carter?

quinta-feira, 1 de maio de 2008
O tempo
Meu post mais recente foi domingo passado. Eu havia prometido a mim mesma que atualizaria o blog dia sim, dia não. Mas esse intervalo passou tão rápido e eram tantos os afazeres que são quase quatro dias depois.
Todo mundo comenta que o tempo está passando mais rápido atualmente. Em 2005, fui cobrir como frila a reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) em Fortaleza. Lembro que havia uma tenda interativa – na qual infelizmente não consegui entrar por causa do trabalho – que mostrava cientificamente porque o tempo, de fato, está passando mais rápido ou porque temos essa sensação. Alguns colegas viram e comentaram, impressionados.
A educadora Rose Marie Muraro, em seu livro Textos da fogueira (Ed. Letraviva, 2000), mostra um panorama dos mitos de origem e de destruição da humanidade e comenta que a aceleração que sentimos hoje é fruto das frequentes inovações tecnológicas que intervêem na nossa maneira de viver e fazem com que as informações sejam transmitidas cada vez mais rápido.
Se na Idade da Pedra essas transformações ocorriam em longuíssimos períodos – um milhão e meio de anos entre os hominídeos começarem a confecionar armas para se defender até conseguirem se organizar para usá-las para caçar –, desde a Segunda Guerra Mundial, com a invenção dos primeiros computadores, esses períodos encurtaram. Hoje, a cada ano diversas inovações surgem tornando outras obsoletas e por aí vai.
O que tudo isso tem a ver com a gente? Bem, minha filha de 13 anos, outro dia, num domingo à noite, me perguntou incrédula: "mãe, o fim de semana já acabou? Nossa, parece que ontem era sexta-feira..."
Ou seja, somos levados nessa onda que é o tempo, e que parece se mover numa velocidade cada vez mais rápida. Pior, conspiramos a favor dela. Se estamos no meio da semana, queremos que chegue logo sábado e domingo para que possamos descansar ou nos divertir. Se estamos no meio do mês, queremos que chegue logo o dia 30 para receber salário. E assim, a vida da gente também passa mais rápido.
Essas reflexões vieram à tona porque encontrei, em meio aos meus guardados, um cartão de Feliz Ano Novo que recebi em 2005. Contém versos de um autor desconhecido, do ano 300 d. C., traduzidos do sânscrito.
Saudação ao amanhecer
Concentra-te neste dia que desponta,
pois ele é a própria vida em seu breve curso.
Jazem nele todas as verdades e realidades da tua existência;
a felicidade de crescer, a glória de agir, o esplendor da beleza.
Pois o dia de ontem é apenas um sonho e o amanhã, uma visão.
Mas o dia de hoje, bem vivido,
torna cada dia passado um sonho de felicidade
e cada amanhã uma visão de esperança.
Concentra-te, portanto, neste dia.
Neste dia maravilhoso que desponta!
Aí está o antídoto para a correria do tempo. É um freio totalmente ao nosso alcance. Mas é preciso praticar.
Todo mundo comenta que o tempo está passando mais rápido atualmente. Em 2005, fui cobrir como frila a reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) em Fortaleza. Lembro que havia uma tenda interativa – na qual infelizmente não consegui entrar por causa do trabalho – que mostrava cientificamente porque o tempo, de fato, está passando mais rápido ou porque temos essa sensação. Alguns colegas viram e comentaram, impressionados.
A educadora Rose Marie Muraro, em seu livro Textos da fogueira (Ed. Letraviva, 2000), mostra um panorama dos mitos de origem e de destruição da humanidade e comenta que a aceleração que sentimos hoje é fruto das frequentes inovações tecnológicas que intervêem na nossa maneira de viver e fazem com que as informações sejam transmitidas cada vez mais rápido.
Se na Idade da Pedra essas transformações ocorriam em longuíssimos períodos – um milhão e meio de anos entre os hominídeos começarem a confecionar armas para se defender até conseguirem se organizar para usá-las para caçar –, desde a Segunda Guerra Mundial, com a invenção dos primeiros computadores, esses períodos encurtaram. Hoje, a cada ano diversas inovações surgem tornando outras obsoletas e por aí vai.
O que tudo isso tem a ver com a gente? Bem, minha filha de 13 anos, outro dia, num domingo à noite, me perguntou incrédula: "mãe, o fim de semana já acabou? Nossa, parece que ontem era sexta-feira..."
Ou seja, somos levados nessa onda que é o tempo, e que parece se mover numa velocidade cada vez mais rápida. Pior, conspiramos a favor dela. Se estamos no meio da semana, queremos que chegue logo sábado e domingo para que possamos descansar ou nos divertir. Se estamos no meio do mês, queremos que chegue logo o dia 30 para receber salário. E assim, a vida da gente também passa mais rápido.
Essas reflexões vieram à tona porque encontrei, em meio aos meus guardados, um cartão de Feliz Ano Novo que recebi em 2005. Contém versos de um autor desconhecido, do ano 300 d. C., traduzidos do sânscrito.
Saudação ao amanhecer
Concentra-te neste dia que desponta,
pois ele é a própria vida em seu breve curso.
Jazem nele todas as verdades e realidades da tua existência;
a felicidade de crescer, a glória de agir, o esplendor da beleza.
Pois o dia de ontem é apenas um sonho e o amanhã, uma visão.
Mas o dia de hoje, bem vivido,
torna cada dia passado um sonho de felicidade
e cada amanhã uma visão de esperança.
Concentra-te, portanto, neste dia.
Neste dia maravilhoso que desponta!
Aí está o antídoto para a correria do tempo. É um freio totalmente ao nosso alcance. Mas é preciso praticar.

Assinar:
Postagens (Atom)