É uma peça diferente, muito muderna, digamos assim. O recorte do texto - tradução de Millôr Fernandes - é focado no Rei Creonte, interpretado de forma soberba pelo ator Luís Melo (que faz o pai do Chico Xavier no filme de Daniel Filho). Algumas falas do rei:
"Conhecemos o verdadeiro caráter de um homem quando lhe é dado poder".
"No dia em que tiver todo poder de que necessito, aí sim, serei humano".
Vale dizer que o universo que o Rei Creonte habita, na peça, é o mundo corporativo. O cenário é a sala de reuniões de uma grande empresa, com uma longa mesa e o trono: uma cadeira de presidente de empresa. As luzes são sempre baixas e atrás da mesa há uma parede envidraçada coberta de persianas. Ele está sozinho.
Acompanhou-me na peça uma grande amiga que acabou de se desligar do emprego em uma multinacional. Ela me disse:
- Lembrei do meu diretor o tempo inteiro... Estava ficando angustiada...
A peça dura uma hora e termina no tempo certo. No fim, todos morrem e quase sentimos o cheiro da morte. A música é um rock instrumental composto especialmente para o espetáculo pela banda Vulgue Tolstói. Impactante.
O fato é que acordei no dia seguinte com as palavras de Creonte ecoando em meus ouvidos... Elas ecoam nos ouvidos da humanidade desde 411 a.C. Já era hora de termos aprendido algo.
Abaixo, Luís Melo encarnando o Rei Creonte.
