



Bom fim de semana a todos!
Visitamos a Fazenda Bom Jesus, onde fomos recepcionados pela própria dona, a veterinária Dra. Eva, uma das pessoas mais influentes e respeitadas de Marajó. Ela gostou de nós e nos mostrou pessoalmente sua propriedade, desde as gracinhas e mimos do búfalo Rambo, adestrado para estar com os turistas...
***
Fui assistir O despertar da primavera em fim de temporada no Rio de Janeiro - a peça vai para São Paulo. Amei! A montagem é mais uma realização da premiada dupla Charles Müller e Claudio Botelho, que já acumula indicações ao Prêmio Shell de Teatro 2010.
E pensar que o autor, Frank Wedekind, morreu sem ver sua peça encenada de modo integral. Pudera, pois ousou, em 1891, retratar a repressão sexual que enlouquecia os jovens e os levava ao suicídio em seu país, a Alemanha.
Foi censurado, criticado, excomungado. Somente em 1974, quase 80 anos depois, a peça teve a primeira montagem decente em Londres, sendo imediatamente aclamada pela crítica. Em 2006, estreou em Nova Iorque uma nova versão do texto, musicada com rock. É essa que vemos agora nos palcos brasileiros.
O melhor é que a montagem transmite o vigor e o ímpeto da juventude. A gente sente o gosto de se apaixonar pela primeira vez, a inquietude, a ânsia de viver e conhecer. No final, depois que as cortinas se fecham, toca a música de outro musical emblemático: Hair.
Let the sunshine... Let the sunshine in, the sun shine in...
A força da juventude é enorme! Gostaria de ver a juventude novamente mobilizada, como na época de Hair e em O despertar da primavera. Mas parece que já não existem ideais...
Só sei que eu me sinto jovem e me identifico com essa força criadora. O despertar da primavera reaviva a chama dentro da gente. Saímos acordados e potentes!
Abaixo, os protagonistas Pierre Baitelli e Malu Rodrigues, excelentes.
Chegando à ilha, ainda é preciso rodar uma hora de carro em estrada de terra e atravessar o rio Paracauari de balsa...
... para chegar à cidade de Soure, onde nos hospedamos no Hotel Marajó - simples e muito confortável. Tem piscina e um pé de taperebá que nos alimentou com sucos e caipirinhas durante toda a estadia!
Visitamos duas fazendas. A primeira foi a Sao Jerônimo, um lugar tão selvagem e radical que foi locação do programa No Limite em 2001.
Na chegada, os visitantes se reúnem na sede na sede da fazenda, que sobrevive do turismo e da extração de côcos. De lá, fomos levados por uma trilha no meio do mato por nosso guia, Seu Lázaro, um caboclo muito simpático e bem humorado. Volta e meia parava, dava uma olhadinha para trás e dizia:
- Deixa eu ver onde está o último, que é pro Curupira não levar!
No meio do caminho, topamos com cutias esbaforidas e uma turma de macacos-de-cheiro - um macaco pequenininho de rabo empinado - correndo a nossa frente.
Chegamos a um braço de mangue semelhante a um rio, onde embarcamos em uma pequena canoa cheia de água no fundo. Ufa! Um tal de tirar a água com a cuia!...
Fomos levados pelas remadas vigorosas do Seu Lázaro e seu ajudante, Aílton, avistando coqueiros meio submersos e revoadas de garças, guarás e papagaios por todos os lados. É uma gritaria nos ares! Benza Deus, a natureza!
Lá pelas tantas, o mangue deságua em um estuário muito aberto, onde do lado direito é a mata fechada e do lado esquerdo, uma praia de areia tão branca e fininha que nossos pés afundavam até os tornozelos.
Ali, era permitido o banho.
- Mas cuidado com a arraia! - preveniu Seu Lázaro.
Aprendi com ele: as arraias costumam dormir rentes ao chão, cobertas por uma fina camada de areia, junto à superfície das águas. Se pisamos nelas: zupt! Lá vai um ferrão no pé. A solução é entrar na água juntos, em bloco, e nunca se aventurar muito longe sozinho.
- Assim, elas fogem - explicou o caboclo.
Foi o que fizemos. Delicioso! A água é meio doce, meio salgada, bem leve, fruto da mistura das águas do Rio Amazonas, Xingu e do Oceano Atlântico.
Tem mais aventuras nesta fazenda à la Indiana Jones! Daqui a pouco eu conto!