sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Mulheres, comida e Deus

Estou lendo um livro muito sincero, de auto-ajuda, da norte-americana Geneen Roth: Mulheres, comida e Deus (Ed. Lua de Papel). Ela fala às mulheres que têm problemas graves de peso e vivem na montanha-russa de engordar e emagrecer. Não vivo esse drama, mas aprecio muito os bons livros de auto-ajuda porque, invariavelmente, servem não somente a um propósito mas se aplicam a outras áreas da vida com a intenção de nos fazer melhorar.

Entre muitos assuntos, Geneen fala sobre a importância de viver o sofrimento - quaisquer que sejam os motivos - até o fim, com a cara e a coragem. O impulso de fugir do sofrimento causa as obssessões: por comida, sexo, drogas. Porém, isso é um comportamento mecânico - no passado, quando éramos crianças pequenas e muito vulneráveis, fomos feridos e desenvolvemos mecanismos de fuga, porque não havia outra forma de se defender. O problema é que crescemos e não descartamos esses mecanismos, e eles ficam se repetindo continuamente. Como evitar? É preciso aprender a encarar a vida como ela é, sem o filtro das obssessões.

Difícil? Sim. Mas a grande vitória é perder o medo de sofrer. Saber que, apesar das piores tragédias, conseguimos sobreviver. Isso nos faz plenos de potência, vitoriosos, invencíveis. Já pensaram?

E aí ela vai mais longe, ensinando que o fio condutor que nos faz atravessar os piores momentos e ainda ser capazes de colar os cacos e seguir adiante é algo chamado... Deus.


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um lugar

É lá que eu quero ficar
Quando esta etapa acabar
E a outra começar

Lá onde a quietude e a paz remetem à Eternidade
Onde o vento quase não sopra
E quando o faz, é suave.

Lá onde o tempo pára
E podem passar os anos e os séculos
E tudo continua igual
Embora em constante movimento.

Lá onde o silêncio é o tamborilar das gotas nas folhas
O canto distante de um pássaro
E um regato correndo longe das vistas da gente.

Lá onde se vê a dança silenciosa das árvores
E uma moça sentada na grama em profundo contato consigo.

E um jarro com lindas rosas começando a murchar
Como que para nos lembrar
De que a qualquer momento
Pode ser hora dessa etapa acabar
E a outra começar

É lá que eu quero ficar.



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Valeu, André!

Tinha acabado o evento na Off Flip, os escritores com os quais trabalho davam autógrafos e, vendo que estava tudo em ordem, me levantei para ir embora. Surgiu na minha frente a capa de um livro e ouvi a voz:

- Eu também quero um autógrafo. Você pode autografar para mim?

Levantei os olhos e vi um homem de uns quarenta anos, pele e cabelos claros, óculos, sorriso simpático no rosto:

- Sou leitor do seu blog.

Entre surpresa e atordoada, perguntei:

- Mas onde você conseguiu isso? (O livro Encontros com Deus foi publicado em 1997, ou seja, séculos!)

- Na internet - ele respondeu, como se fosse óbvio. Para mim, não era.

Começamos a conversar e eu soube que ele se chama André, mora em Taubaté e vai à FLIP todos os anos, aproveitando para passear pela região antes e depois do evento.

- Lembro de um post em que vc contou que deu de cara com uma cobra aqui perto, na Praia do Sono.

Eu não me lembrava desse post.

Assinar um livro na FLIP, onde sou conhecida como agente e produtora - e não como escritora -, teve um significado especial para mim. Me fez recordar um sonho que andava esquecido mas precisa se realizar. Afinal, meu desejo de infância é ser escritora.

Escrevi uma dedicatória bem bonita para o André. Desenhei um sol sorrindo, como gosto de fazer. Agradeci a ele o sorriso, a presença, a lembrança que serviu para me acordar. Agradeço agora, novamente: valeu, André!


sábado, 14 de agosto de 2010

Tudo o que acontece é para o bem

Eu esperava o meu amor mas a chuva era terrível, e as pessoas diziam que seria impossível chegar. Estava inquieta, angustiada. Minha amiga disse:

- Se acalme, porque tudo o que acontece é para o bem.

A frase reverberou nos meus ouvidos... Sim, eu sei que sim, muito embora alguns fatos sejam tão terríveis que não conseguimos enxergar ou compreender como possam ser para o bem. Minha amiga continuou:

- Tudo o que aconteceu na minha vida até hoje, eu descobri o por quê. Só tem uma coisa que eu não entendi o por quê até hoje.

Calei e olhei fundo nos olhos delas, porque eu sei o que é: o casamento desfeito às vésperas, por causa da morte do noivo, em um acidente de automóvel. Continuei:

- Mas você já pediu a Deus que lhe mostre o por quê? Que lhe faça entender?

Ela pensou por um momento.

- Não.

- Então, faça isso. Peça. Eu pedi e fui atendida.

Contei a ela como, recentemente, entendi porque o meu pai morreu quando eu tinha 17 anos e as consequências disso em minha vida - para o mal, inicialmente, e depois para o Bem.

- Você tem razão, vou fazer isso. Vou rezar e pedir - disse a minha amiga.

Ainda não estive com ela depois dessa conversa.


domingo, 8 de agosto de 2010

William e Isabel






Existem momentos na vida que são de coroação. Não a coroação de nós mesmo, mas de uma situação, um estado de coisas. São momentos em que a gente sabe que, depois de trabalhar e trabalhar, chegou lá. É meio que um milagre, porque vamos tateando às cegas no caminho, tantas são as bifurcações e escolhas que temos que fazer. Mas, de repente, a coisa chega.

Foi assim na sexta-feira, dia 6 de agosto, quando esperava no palco, escondida atrás das cortinas da Casa de Cultura de Paraty, junto com William Gordon e Isabel Allende, combinando em que ordem iríamos nos sentar, quem ia começar, quem ia falar o que. Após passar duas noites sem dormir, eu estava estranhamente calma.

Era segredo que Isabel também ia participar. Eu já sabia, mas não podia contar, sob pena de os fãs dela invadirem a Casa de Cultura. E o foco da mesa era o William. Deu tudo certo. Fiz uma breve introdução e algumas perguntas pré-preparadas, e o casal respondeu fazendo mil brincadeiras, tipo:

Isabel - "Eu escrevo 14 horas por dia e ele 11 minutos. Tudo o que ele faz, só consegue fazer por 11 minutos. Inclusive o amor".

William - "Ela tem sorte, pois a maioria das pessoas faz amor em 6 minutos. 11 minutos é muito tempo".

Logo abri para as perguntas do público e todos perguntaram à vontade, sendo que o foco continuou sendo, o tempo todo, o William e seu livro O anão. No fim, estava todo mundo feliz! As pessoas, na fila de autógrafos, sorriam de orelha a orelha. William, todo satisfeito e Isabel, feliz por ver seu amado feliz.

Passou alguém por mim e escutei: "Essa mesa valeu a FLIP".

E eu senti como se uma enorme coroa dourada e brilhante pairasse sobre a Casa de Cultura de Paraty, como um ovni, coroando aquele momento. Pode parecer conversa de maluco, mas não é não: a felicidade reinou e fomos todos coroados. Amén!

sábado, 31 de julho de 2010

William C. Gordon na FLIP

Queridos leitores,

Faz tempo que não uso o blog para divulgar questões profissionais. Mas este caso merece, porque a minha amizade com o William Gordon nasceu junto com a A Pausa do Tempo, em janeiro de 2008. Quem voltar lá nos primórdios vai encontrar o registro completo da visita dele ao Rio de Janeiro e das histórias lindas que ele me contou, especialmente, o seu Encontro com Isabel Allende, sua mulher há 23 anos.

Agora, William virá ao Brasil novamente para lançar o novo romance policial O anão feio (Ed. Record) em um evento na programação paralela da FLIP, na Casa de Cultura de Paraty. É no dia 6 de agosto, sexta-feira, de 11h45 às 13h, com sessão de autógrafos em seguida. Eu sou a apresentadora/mediadora da mesa e sinto-me muito honrada (e nervosa) com isso.

Para quem lê bem em inglês, vale acessar o site do William e ler sua biografia: http://www.williamcgordon.com/

Seu modo de falar sobre si, sem pudor ou medo de se expor, me encanta! E olha que a vida nunca foi fácil nem para ele, nem para Isabel, nem para os dois juntos.

Mas, como o próprio William diz: "(...) Isabel e eu forjamos uma aliança rica em inspiração e abundante em afeto. Nós tomamos conta um do outro e de vários outros também".

Esse casal é fonte de inspiração permanente para mim.

Abaixo, o querido William Gordon (foto de Lori Barra).


quarta-feira, 28 de julho de 2010

O fio de ouro da vida

- Tem um trabalho que eu faço, O fio de ouro da vida.

- Sim?

- É um resgate e uma valorização daquilo que sempre nos salvou e sempre nos guiou para fora das situações de risco, dificuldades...

- Isso me faz lembrar algo que sempre me ajudou.

- O quê?

- Eu sempre acreditei na felicidade. Sempre achei que podia ser feliz. Quando estava triste ou quando algo ia mal na vida, eu procurava corrigir: isso destoa da felicidade. O normal do ser humano é ser feliz.

- Que interessante... Mas você deve ter tido uma infância boa, um bom parto...

- Que nada. Nasci de fórceps, a única diferença é que o meu avô era psiquiatra e mandou o obstetra colocar o ferro sob os meus braços, e não na cabeça. A infância? Acho que os piores momentos foram lá.

- Curioso... Isso confirma uma intuição que eu tenho, de que além do que é construído nessa vida, há algo mais. Algo que já vem com a pessoa. É uma herança.

- Pois é. No meu caso, acho que essa crença na felicidade é o meu fio de ouro da vida.

- Sim, com certeza é.