sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Verões trepidantes

Devo contar que uma das coisas mais bacanas da semana passada foi conhecer o Rafael, do blog Buda verde, linkado neste que lêem agora. De vez em quando, ele nos presenteia com contos curtos e enigmáticos, que revelam grande talento. Conversamos muito sobre ler e escrever, e fizemos um tour completo pelas livrarias do Leblon. Muito legal!

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Uma das vertentes do meu trabalho na fase atual é ser agente de escritores. Significa trabalhar para emplacar seus cursos e palestras em feiras de livros, eventos literários e afins. Muito me orgulho de ter entre os que represento Marcelo Mirisola, um dos mais elogiados e polêmicos autores da literatura brasileira contemporânea.

Convido-os a visitar o site Congresso em foco, também linkado aqui, e acessar sua crônica mais recente, Terapia do amor. No final do texto, há link para resenha elogiosa do livro Animais em extinção (Record, 2008), publicada no jornal O Globo de sábado passado (24/1).

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Sábado, dia 31/1, é meu aniversário. Mais um verão trepidante, como foram todos até hoje, graças a Deus. Afinal, movimento é vida! Quem está morto fica quietinho!...
Viajo hoje, sexta-feira, e retorno domingo à noite. Wish me luck! Até segunda!


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Evadir-se

Leio matéria em O Estado de S. Paulo que fala dos desaparecidos no mundo. Gente que saiu de casa para estudar, trabalhar, visitar outros países e nunca mais voltou. As famílias ficam procurando 10, 20 anos, sem notícias. ONG especializada no assunto diz que, na maioria das vezes, as pessoas são encontradas mas não querem voltar. Ou seja, desapareceram por vontade própria, por querer cortar os laços com a família.

Por que? Quais seus motivos?, fico pensando.

Há os filmes. Em O franco atirador, um dos soldados fica perdido no Vietnã após o fim da guerra. O amigo volta anos depois e finalmente o encontra. Descobre que se tornou campeão de roleta russa. Uma década fazendo roleta russa sem morrer. E na hora em que o amigo diz que veio para levá-lo para casa, ele pede para competir uma última vez e... Bum! Triste!...

Há também O céu que nos protege, baseado no livro de Paul Bowles, dirigido pelo Bertolucci. No fim, a mulher ocidental se torna berbere. Enrolada em panos, mãos tatuadas. Quando vai à cidade, à beira do deserto, um amigo a reconhece e fica feliz, julgava-a morta. Vai levá-la para casa. Pede que aguarde um minuto, pois vai ali resolver problema e, quando volta, ela não está la. Sumiu. Voltou para o deserto.

Esse tema me mobiliza muito. Talvez porque, um dia, lá atrás, tenha passado pela minha cabeça. Acho que já passou pela cabeça de todo mundo. Ou não?



segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

That´s Rio de Janeiro

O domingo começou morno, frente fria saindo, céu nublado, nada pra fazer. Fui visitar minha mãe e no meio da tarde, as pessoas começaram a ligar.

É verão no Rio de Janeiro e o fluxo de gente vindo de fora é enorme.

De repente, aqui estava o casal de super-amigos que vive em São Paulo, ele israelense e ela maranhense de Barreirinhas (a porta de entrada dos Lençóis Maranhenses). Ele a trabalho, ciceroneando equipe de filmagem canadense, que veio para filmar documentário na Região dos Lagos.

- Qual é a boa?

Eu, carioca nascida e criada, moradora desde sempre, devo saber.

- Péra aí, vou fazer umas ligações e retorno já, já - respondo.

Em seguida, liga outra amiga. De Ouro Preto. A querida que me convida todos os anos ao Fórum das Letras também está por perto, com os filhos. Junto de mim, acompanhando a movimentação, outra amiga e comadre, carioca como eu, mas que mora em Campinas, com a mãe a tiracolo, nascida no Acre.

Ligo para o Espírito Santa, em Santa Teresa, onde outro querido, o fantabuloso DJ Zod (maranhense too!), toca aos domingos um lounge bacana. Não tenho dúvida: é pra lá que todos devem ir!!!

O bar é invadido por um batalhão de gente de todas as origens, sotaques e idiomas diferentes. Os canadenses não entendem nada, entreolham-se admirados. O israelense explica:

- That´s Rio de Janeiro.

Ficamos na varanda conversando, bebemos cerveja, saímos para passear, tomamos sorvete, voltamos, encerramos a conta, vamos para roda de samba que acaba de ser formar na esquina... Ufa! Uma delícia!

Mas chego em casa e vejo os jornais intactos, a pia cheia de louça, a gata miando com fome.

Tem seu preço morar no Rio de Janeiro.


sábado, 24 de janeiro de 2009

Brad Pitt indicado ao Oscar de Melhor Ator































































Convenhamos que ele não é um excelente ator... Mas precisa?
Benjamin Button me pareceu um Forrest Gump mal contado. O filme é baseado em conto fantástico de F. Scott Fitzgerald, incluído no livro Contos da era do jazz, que acaba de sair pela José Olympio. Ainda não li, mas dizem que é de arrepiar os cabelos.
São três horas de projeção e confesso que no fim já estava olhando o relógio. Mas esquecia todo o desconforto cada vez que o Brad aparecia na tela.
Em dado momento, quando ele chega à idade "adulta", a mocinha olha seu rosto e diz: "You are perfect!"
De fato, minha cara!
Se ele ganhar, será forçação de barra da Academia. Mas quem sabe?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um sujeito animoso

Trechos de maravilhosa entrevista de Ariano Suassuna ao Jornal Rascunho deste mês:

"Sou uma pessoa que com 80 anos ainda continuo animoso. Não vou dizer a você que sou alegre, porque acho que alegria não é uma palavra que expressa bem a atitude de ninguém diante do mundo, a não ser que haja certa dose de irresponsabilidade. É antes uma paixão pela vida e um encanto pelas pessoas. Eu gosto de gente. Não sou amargo, apesar de saber que a vida tem coisas muito duras. (...)

Ah! sou um encantado com a vida! Vou lhe dizer uma coisa: se antes de nascer tivessem me consultado, mesmo que tivesse a consciência que tenho hoje de como a vida pode ser dura, ainda preferiria viver cem vezes porque tenho essa paixão pela vida. (...)

Não acho que o ser humano é um ser completo, ele está a caminho e ele caminha para o absoluto, para a divindade. (...) Eu procuro fazê-lo. Mas cada um de nós tem que começar por si. Agora, ele só é finalizado coletivamente. (...) No momento, acho que isso não é possível. Mas não me desespero."




(Bálsamo em semana de alguns dissabores e difíceis constatações. Mas aí, eu entro no quarto da miss e ganho um sorriso, e um beijo de despedida. E tudo reluz...)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Querido Elton

Eu devia ter uns 7 anos quando assisti num domingo à noite, no Fantástico, a um homem todo vestido de branco, sentado em frente a um piano, com tufos de plumas brancas saindo dos ombros, óculos enormes em forma de estrela, aros de brilhantes, cantando uma versão psicodélica de Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles. Adoreeei! Eu ainda não sabia quem ele era, mas naquele momento, Elton John ganhou uma fã.

Por isso, na segunda-feira, fui à Praça da Apoteose ver meu ídolo. Ele entrou vestindo fraque preto com um bonequinho a bordo de um foguete bordado nas costas. Afinal, a turnê chama-se Rocket Man Tour. É uma comemoração aos seus 60 anos, completos no dia 25 de março de 2007. Esse ano, ele faz 62!

Sir Elton John começou cantando meia dúzia de lindas novas canções. Ao fim da primeira, subiu na banqueta, pôs um pé em cima do piano e saudou o público com as mãozinhas pra cima. Ao descer de sua posição, deu um salto com as pernas para o alto - sua marca registrada - e caiu sentado em frente ao piano. A Apoteose urrou!...

Num show de três horas ininterruptas, duas horas foram só de sucessos. Goodbye in the yellow brick road, depois Daniel e Rocket Man, com longa improvisação ao piano. Cada música evocava em mim o amor e a gratidão a esse homem que nos deixou tantas canções maravilhoas, que tocam todos os dias nas rádios do mundo inteiro, até hoje! E que continuarão sendo tocadas para os nossos filhos e netos!

No fim, não pude conter as lágrimas durante o bis com Skyline Pidgeon e “uma música de amor, que dedico a todos vocês e ao presidente dos Estados Unidos, Mr. Barack Obama”: Your song.

Cantei, me esgoelei, bati palmas, urrei, ovacionei meu querido Elton, que me acompanha desde criança. E, internamente, agradeci: “Obrigada, obrigada, obrigada!!!”

Abaixo, o querido aos 23 anos, em 1970, cantando Your song - que foi gravada por meio mundo, mas é composição dele - em um parque em Londres.

sábado, 17 de janeiro de 2009

O aniversário da Miss

Minha mãe é a Primeira Miss Brasília – assim, no tempo presente e com maiúsculas, como ela gosta de frisar.

Quando a nova capital brasileira foi inaugurada em 1959, ela estava na cidade a passeio. Inscreveu-se no concurso por brincadeira e acabou ganhando. A manchete do jornal era: “Brasília tem miss de olhos cor do mar”, numa alusão aos olhos verdes da carioca.

Meu avô, psiquiatra, diretor do Instituto Philippe Pinel (!!!), no Rio de Janeiro, soube pelo rádio e ficou furioso! Mas minha avó deu força ao sonho da filha única, que no fundo queria ser atriz em Hollywood, e as duas rodaram o mundo.

Um dos prêmios era um contrato para ser garota propaganda do café brasileiro no exterior e isso rendeu muitas fotos e recortes em jornais e revistas estrangeiros, que passei a infância admirando. Minha mãe organizou todos os registros dessa fase em um enorme álbum feito sob encomenda, onde se lia na capa, em dourado: Martha Garcia, Primeira Miss Brasília.

Hoje, comemoramos seus 70 anos. Se ela souber que revelei sua idade no blog, estou perdida. Não chegou a brilhar nas telas de Hollywood, mas acabou tendo uma vida tão difícil quanto a de alguns ídolos de sua época. Mora em um hotel para idosos – apesar de não ser tão idosa assim – e tem muitos problemas de saúde.

Mas hoje era um dia alegre. Levei um bolo confeitado com os dizeres: Martha e Johnny Depp (é seu querido!). Mandei fazer santinho de lembrança. Distribuí flores aos idosos. Cantamos parabéns, tiramos fotos, ela ganhou muitos beijinhos e afagos. No fim, perguntei:

- Gostou da festa?
- Não. (Ultimamente, anda monossilábica)

Respirei fundo.

- Mas foi melhor do que nenhuma comemoração, concorda?
- É.

Fui para casa exausta, mas feliz.