sexta-feira, 15 de junho de 2012

Do antigo Egito a Idade Média em Las Vegas

Entrar e sair dos hotéis em Las Vegas é um grande programa. Porque cada um é um parque temático.

Na minha chegada, conheci o Monte Carlo, cujo nome refere-se ao cassino mais chique do mundo, na Riviera Francesa. Por fora, é a mesma estética fake. Por dentro, é puxo luxo kitch norte americano.

Assim por diante, o hotel Excalibur imita um castelo medieval, New York New York tem fachada como os arranha-céus da Grande Maçã, MGM faz referência ao grande estúdio de cinema em Hollywood.







Abaixo, uma das entradas do New York New York com uma Limo parada à porta (como são chamadas as limusines em Las Vegas). A propósito, esta é a cidade americana com maior números de limusines em circulação, mais até que Los Angeles ou Nova Iorque.



E, como nada pode faltar nessa cidade de sonho, cada hotel se esmera em prover diferentes diversões. Tem hotel com quadra de vôlei de praia artificial, com areia e tudo.



Tem também um complexo de hotéis de luxo em estilo moderno: Area, Vdara, Crystal.

Area tem um incrível shopping de lojas de marca, uma ao lado da outra: Valentino, Prada, Givenchy, Chanel e... HStern! A nossa marca brazuca de jóias também está lá!



Da janela do meu quarto de hotel, eu via o Mandalay Bay, todo dourado - onde acontecem as lutas de MMA promovidas pelo UFC, cuja sede fica em Las Vegas - e o Luxor - um dos mais kitch de todos, em formato de pirâmide imitando o antigo Egito.







Fui vistar o Luxor e não gostei. É esquisito!... Depois fiquei sabendo que as hordas de japoneses e chineses que visitam Las Vegas nunca se hospedam no Luxor. Dizem que aquilo é um túmulo, à moda dos faraós.

Para o turista não se cansar, o transporte de um a outro hotel é feito por escadas e esteiras rolantes, ou em pequenos trens.

Abaixo, eu e o leão dourado na entrada do MGM.





quinta-feira, 7 de junho de 2012

Um vulcão no meio do caminho

Las Vegas nasceu como um entreposto de escoamento do ouro e minérios extraídos do deserto norte-americano a caminho do porto de São Francisco. Os mineradores e aventureiros gostavam de jogar cartas, e assim surgiu a fama de ser um local propício à jogatina.

Em 1911, Las Vegas tornou-se oficialmente uma cidade. Mas o crescimento veio a partir de 1940, quando a máfia se mudou para a região e começou a investir dinheiro na construção dos hotéis e... cassinos.

O primeiro deles, que continua firme e forte até hoje, é o Flamingo Hotel. Fica na parte antiga da cidade, Old Las Vegas, que merece um post especial. Este hotel, no entanto, é pequeno perto da segunda geração de resorts que começaram a ser construídos a partir de 1989.

O primeiro dessa segunda leva é The Mirage, em cuja entrada existe um vulcão que entra em erupção a cada meia hora. O turista está passeando pela rua e começam explosões, música apoteótica, luzes vermelhas!... É o vulcão do The Mirage, rodeado por um inacreditável complexo de fontes de água - considerando que estamos no meio do deserto.

Cada hotel de Las Vegas tenta superar o outro com atrativos inusitados. Bellagio, por exemplo, - talvez o mais fiel à estética cafona-chic norte-americana - tem na entrada um imenso lago com chafarizes dançarinos. A cada 15 minutos, jatos de água entram em ação ao som de músicas variadas: clássicos, Michael Jackson, new age.

O mais bonito desse show é que a água sobe muito, muito alta e, dependendo da música, é pulverizada formando uma cortina de gotículas que envolvem as hordas de turistas amontoados nas balaustradas ao redor, todos de boca aberta.

Alguns hotéis são exemplos flagrantes do tema do livro de Umberto Eco, Viagem na irrealidade cotidiana, no qual ele critica a obsessão pela cópia tão característica dos americanos. O hotel Paris tem uma Torre Eiffel na entrada - quase em tamanho natural. Já The Venetian tem um lago onde os turistas podem passear de gôndola.

Críticas a parte, confesso que adorei tudo. É um uma brincadeira. Tem que levar com humor e deixar o lado o seu lado criança se manifestar.

Abaixo, os chafarizes dançarinos do Bellagio com a Torre Eiffel fake ao fundo.




terça-feira, 5 de junho de 2012

Eu e eu mesma em Las Vegas

De vez em quando a vida nos dá uns presentes. Presentões. Em abril surgiu uma oportunidade de trabalho muito boa que trouxe junto uma viagem para um lugar inusitado, que eu não imaginava o que era, e que dificilmente planejaria visitar: Las Vegas, a cidade do jogo no meio do deserto norte-americano. O que eu não sabia é que lá tem muito mais coisas legais para ver e fazer, além do jogo.

Para ser sincera, eu não joguei nenhuma vez. Não apostei um centavo sequer. Mas adorei perambular entre as máquinas coloridas e barulhentas, espalhadas nos imensos salões onde é sempre noite - propositalmente, para as pessoas perderem a noção do tempo e seguirem jogando.

Eu estava fora dessa onda. Trabalhava de sete da manhã às seis da tarde e depois disso... alforria! Partia sozinha para The Strip, como é chamado o Las Vegas Boulevard, a rua dos grandes hotéis onde se concentra o movimento.

Las Vegas é uma Disneylândia para adultos. Cada hotel - um mundo! - é um parque temático onde há tudo que os sonhos dos adultos podem sonhar. Tem um hotel que tem uma montanha-russa dentro. Eu fui, claro. E gritei tudo o que tinha para gritar - de alegria, cansaço, êxtase...

O bom dessa viagem é que também foi um grande encontro comigo mesma. Eu adorei a minha companhia. Nos divertimos pacas, eu e eu mesma.

Aos poucos vou contar minhas aventuras em Las Vegas. A fabulosa Las Vegas, como diz o velho slogan da cidade: Welcome to fabulous Las Vegas.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Vaga-lumes

Vinte anos, trinta anos!... Mas o que é o tempo?

- Vavá, lembra aquela viagem a Visconde de Mauá, quando furou o pneu na estrada à noite?

- Lembro...

- Foi horrível!...

- Foi!... Mas ali, eu vi uma coisa que nunca mais vi, e que nunca mais esqueci...

Ana não me deixou completar a frase.

- Os vaga-lumes!

Batemos nossas mãos no ar, clap!

A força da lembrança iluminou a cena:

Estrada de terra, pneu furado, motorista esbravejando.

De repente alguém fala, "Olha!..."

Na densa floresta acima de nós, centenas, milhares de vaga-lumes piscavam suas luzinhas quebrando com delicadeza a escuridão. A beleza nos obrigou a parar, esquecer o pneu furado, a fome, a vontade de chegar...


A constatação da amizade e de que o tempo é nada.

domingo, 11 de março de 2012

Intimidade

Em tempo de Amores líquidos, quando é difícil aprofundar os relacionamentos e amizades, a exposição de fotografias da norte americana Nan Goldin no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em cartaz até 8 de abril, é chocante e tocante ao mesmo tempo por mostrar a INTIMIDADE das pessoas, aquilo que a gente costuma esconder, e quando chega lá vem aquela velha frase: "A intimidade é uma merda".

Rostos sem maquiagem, caras tortas de recém-acordar, roupas sujas espalhadas pelo chão, manchas roxas em corpos nus. Nada é disfarçado, nada é fake nas fotos de Nan Goldin, pelo contrário, a realidade é nua e crua. Um exemplo é a foto da mulher que acabou de fazer amor e, nua, lava o sexo com um chuveirinho no bidê. Sorrindo.

As fotos de Nan Goldin nos levam a refletir sobre a beleza das imagens da nossa rotina menos glamurizada: acordar com os olhos inchados, escovar os dentes, fazer pipi e cocô, dar comida aos cachorros, descascar batatas, cozinhar...

Como disse o nosso querido Nelson Rodrigues, "de perto ninguém é normal". Eu acrescentaria: de perto ninguém é comum. Cada um de nós é um universo de particularidades e beleza por mais banais que pareçamos ser na superfície. Mas quem tem coragem de mergulhar fundo para descobrir o tesouro? Quem tem coragem de experimentar a INTIMIDADE?

Pra ser sincera, fiquei com vontade de ser modelo da Nan Goldin.

- Ei, Nan! Quer dar um pulinho no Rio de Janeiro, na Rua João Lira, no Leblon?

quinta-feira, 1 de março de 2012

A morte de uma criança

Devia ser proibido morrer criança. Não faz sentido na nossa mente limitada de humanos. Mas quem somos nós para julgar os desígnios de Deus?

Nesta terça-feira, 28 de fevereiro de 2012, meu filho Gabriel perdeu um de seus melhores amigos, o querido Vitor, de morte natural, de repente, sem qualquer aviso ou sintoma.

Os dois têm 13 anos. Os dois desceram juntos a ladeira da escola, chegaram ao ponto de ônibus e se despediram: “Até amanhã”.

Mas naquela mesma tarde a morte chegou e, com sua violência natural, alterou as rotinas de todos que conheciam o Vitor.

Vitor tinha uma risada que todo mundo ria quando escutava.

Ao terminar de bater um 'pratão' de comida na nossa casa, eu lhe perguntava:

- O que vc quer de sobremesa? Tem melancia, melão, manga...

Ao que ele sempre respondia:

- Banana.

Eu ria, porque banana é uma fruta forte, que enche a barriga da gente... Mas ele gostava mesmo era de comer banana de sobremesa.

Vitor tinha medo de cachorro, porque já tinha levado mordida. Mas uma vez viajamos com a madrinha do Gabriel, e ela tem um cachorro que late sem parar, e ele foi no carro com cachorro e tudo... Deve ter perdido o medo!

A morte do Vitor é um caminhão desgovernado que investe, a 100 Km por hora, nas pilastras da nossa fé.

Nosso Amor à família Rubim. Muita Paz e Luz.

Oração das Crianças

Por favor, Senhor, permita-me crescer forte e seguro sob tua proteção e guia.

Protege, oh Senhor, minha família, meus amigos, meu país e minha fé.

Tem paciência, Senhor, conosco, as crianças, para que possamos aprender a amar-te, conhecer-te e viver perto de ti.

Amén


Abaixo, Vitor (esq.) e Gabriel em Buzios, RJ.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Carnaval 2012

Carnaval, para mim, é como a Meditação da Rosa Mística, que nunca cheguei a fazer (vontade não falta). Essa meditação dura três horas e funciona assim:

Um grupo de pessoas se reúne passa a primeira hora rindo. Mesmo que não sinta vontade de rir, deve forçar o riso. Lá pelas tantas, as risadas - de verdade - vem com tudo. A gente se acaba de rir. Aí vai serenando, serenando, e vem a segunda hora, quando se deve chorar. Após os primeiros choros forçados, chegam os choros ancestrais. Que medo! Aí vai serenando, serenando... E a terceira hora é em silêncio. Para cada um tirar as próprias conclusões.

Mal comparando, no Carnaval eu chego de mansinho... Esse ano vai ser diferente? Será que não vou gostar tanto do Carnaval? Mas aí eu vejo toda aquela gente sorrindo, cantando, dançando no meio da rua. É uma festa cheia de gente - e festa boa. Temos permissão para parar tudo e festejar, todos juntos, no meio da rua. Que maravilha!

Começo a cantarolar baixinho, mexer os pés e a coisa vai crescendo, aparecendo, e daí a pouco sou tomada pela festa. Não quero mais parar. Esse ano foi assim, mais uma vez.

Fantasias engraçadas que eu vi:

. Negão de camisa, chapéu panamá, óculos escuro e o nariz pintado de preto...? Era o Mestre Cartola, gente!
. Bando de amigos com bombom de Serenata de Amor ao redor do bumbum.
. Três moços altos, louros, com caras de gringo, vestidos como comissários de bordo. Levaram um avião inflável e ficavam jogando para o alto no meio da multidão.
. Homem enorme de gordo com peruca chanel, vestido vermelho, dentões brancos postiços e um coelho de pelúcia azul na mão: Mônica e Sansão!
. Homem de lata, do Mágico de Oz: no lugar do pinto tinha uma torneira de onde saía suco de pêssego com vodka... Eca!

Eu me fantasiei de policial, índia, rastafari e dondoca. No dia da policial, aos engraçadinhos que vinham pedir "me prende, me prende", eu respondia: "Não posso, tô em greve!"

Bem que podia ter mais um Carnaval no meio do ano!

Abaixo, o baile do Cordão do Boitatá na Praça VX, Rio de Janeiro, no domingo de Carnaval.