Meu pai era um intelectual que vivia cercado de livros, revistas e jornais. Mas todo sábado e domingo de manhã ele se dedicava ao jardim.
Era um jardim imenso, em terreno inclinado, difícil de cultivar. Ele mesmo tratou de construir jardineiras em patamares e as enchia de flores. Todo mês de maio viajava à Europa e trazia de lá montes de pacotinhos com sementes. No jardim do meu pai, só entravam plantas que dessem flores. Nada de folhagens.
Por causa disso, sempre que vejo flores - silvestres, em um canteiro, em um jardim, no mato - eu me lembro do meu pai. É uma forma linda, delicada e alegre de lembrar do meu pai.

Da mesma forma, lembro da minha avó Violeta toda vez que como uma sobremesa gostosa. Ela era cozinheira de mão cheia, mas gostava mesmo de fazer doces. Não ligo para doces, gosto mais do sabor salgado. Mas quando vou a algum almoço ou jantar e a sobremesa é deliciosa, lembro da vovó. É uma forma gostosa e afetuosa de lembrar dela.
E vocês, quais coisas boas lembram pessoas queridas?
