A vida os separou, veio o Golpe Militar, ele e ela foram presos, submetidos a torturas e exilados – ela na Suécia, levando consigo o menino, e ele na Alemanha.
Em Estocolmo, Carmen foi arrumadeira – arrumava 40 camas por dia em um hotel. Depois, foi faxineira em uma escola. Enamorou-se de um chileno também exilado e ficou grávida. Mas o romance acabou e o homem partiu, deixando-a só. Perguntei à Carmen como se virou para trabalhar, cuidar de um bebê recém-nascido e ainda do filho pequeno, sozinha em um país estranho, e o rosto dela se contraiu.
- Foi tão triste, tão triste... Melhor não falar. Não vale a pena.
O tempo passa. Vinte anos depois, Luis e Carmen se reencontram no Chile, logo após a abertura. Ele se casou com uma alemã e tiveram três filhos, mas agora está separado. E... O amor floresce. Novamente.
- Nos reunirmos foi também um encontro com as nossas raízes, com o nosso país, com o que verdadeiramente somos.
Como os filhos continuavam morando na Suécia e na Alemanha, elegeram um lugar no meio do caminho, a cidade de Gijón, em Astúrias, Espanha, para viver. E duas vezes por ano a família se reúne toda para celebrar, receber e dar carinho uns aos outros.

Luis Sepulveda é o escritor latino-americano mais lido no mundo após Paulo Coelho e Gabriel García Marquez. No momento, escreve um roteiro com Walter Salles, um western!, e seu livro Diário de um killer sentimental (Ediouro) está sendo filmado em Marselha, sob o comando de Luc Besson. Carmen Yañez é poeta com seis livros publicados.
Tive a honra e o privilégio de conviver durante três intensos dias com este casal que muito me inspirou e instruiu. Obrigada.
Um agradecimento especial a Dulce Neves e Letícia Adriazola por sua contribuição inestimável para que Luis e Carmen tenham tido uma estadia alegre, com amor e conforto, em Ribeirão Preto.
E mais um obrigada à Dulce pela canjica e o arroz doce!!!