Quanto à feijoada, era daquelas que não se encontra mais no Rio - pelo menos nos restaurantes da Zona Sul, todos preocupados com a obssessão dos fregueses por não engordar: cheia de pedaços de orelha, rabinho e pés de porco. Saborosa e perfumada, acompanhada de couve com minúsculos pedacinhos de bacon e farofa crocante! A sobremesa, inacreditável, era... Canjica! Tinha acabado de sair do fogo e não resistimos, cada um comeu um potinho. Saímos de lá quase sem conseguir respirar - viva a fartura e a hospitalidade brasileiras!!!
À noite, a experiência de conhecer a comunidade chilena da região, que se reuniu para prestigiar o casal de escritores famosos. Viajamos de carro até uma cidade próxima, Sertãozinho, capital da indústria de cana de açúcar e ainda mais rica que Ribeirão. Fomos recebidos na casa de Lalo, chileno que chegou aqui em 1976, sem nada, fugido do golpe militar. Aliás, todos os que vivem aqui chegaram por esse motivo. São histórias de renascimento e reconstrução muito emocionantes, que pretendo contar com calma mais adiante.
A noite terminou em um bar muito simples e familiar, onde Lalo e seus compatriotas locais tocaram e cantaram músicas chilenas e latino-americanas com tanta vibração e emoção que os olhos de Carmen se encheram de lágrimas. Eu percebi.
