sábado, 1 de setembro de 2012

Mario, que acendeu a chama

Um dos efeitos colaterais mais chatos de envelhecer é que as pessoas começar a morrer. Quando não nós mesmos, os outros, amigos e parentes.

No início de agosto eu estava em São Paulo, no Metrô, quando meu compadre Marcos André me telefonou.

- Vá, o Mario morreu.

De que? Como? Quando? Enfarte fulminante, 47 anos, 2 filhos.

...

Hoje vi fotos no facebook, da galera da rua reunida - todos nós morávamos no Jardim Botânico, passamos a maior parte da adolescência e juventude juntos - ao redor de um churrasco.

E o Mario no meio, sorrindo.

Lembrei de um samba antigo que o meu pai - que também se foi a exatos 29 anos, em 28 de agostos de 1983 - gostava muito:

Naquela mesa tá faltando ele, e a saudade dele tá doendo em mim...

...

Mario e eu na pista de dança da discoteca do Clube Federal, no Alto Leblon, 16, 17 anos, música lenta, corpos grudados, hálito no pescoço. Começamos a nos beijar e os beijos, que até então se limitavam à boca, desceram para o corpo. Pelo menos era essa a sensação.

Um fogo acendeu dentro de mim, como se alguém houvesse apertado aquele botão de ignição que existe nos fogões. A chama mestra, primeira, começou ali e continua ardendo, flamejando, até hoje (graças a Deus). Mário foi quem apertou o botão da ignição.

Lembro que não preguei o olho naquela noite, fascinada e encantada com os percursos daquela nova energia circulando dentro de mim, fazendo-me sentir mais viva e acordada.

Eu e Mário ainda ficamos juntos em algumas festinhas, mas nunca rolou namoro. Uma carinho especial, uma simpatia, sim.

A imagem que guardo dele é na Praia de Ipanema, em frente ao Posto 10, onde a galera se reunia. Mário de pé, shorts azul claro combinando com os olhos e uma flor cor de rosa atrás da orelha, sorrindo, a imensidão do céu e mar atrás de si.

É lá onde ele reside agora.

Abaixo, Marcos André (camisa branca), Mario (no meio, camisa azul clara) e eu, com a bola no colo. (1982)

2 comentários:

Mônica disse...

valeria
Antes quero te contar que me mudei novamente para santo antonio do amparo. Estou trabalhando
na supervisao de uma escola particular.
Estou gostando pois estava ficando triste, sem motivo.
Mas agora nao tenho mais o tempo do mundo para vim aqui, mas esta bom!
Ver gente nova, ver crianças, me fez bem. Ainda estou angustiada, mas vai passar.
E a morte? O que dizer? Ainda mais do primeiro amor!
Eu tenho a impressao que doi mais um pouquinho do que as outras que virão.
Eu senti muito a morte de minha primeira colega de escola. Foi como se tivesse morrido alguem muito proximo. Fiquei um monte de tempo dormindo com a luz acesa, de medo.
Um abraço e ainda aguardo sua visita
um abraço de sua amiga Monica

DOIDINHA DA SILVA disse...

Nossa,Valéria.Essa história me deu uma nostalgia e me mostrou o quanto somos vulneráveis.