Viajar so e, na verdade, estar rodeada de novas pessoas o tempo todo. Ontem estava novamente refletindo sobre isso, pois Julie foi trabalhar e eu tinha o dia inteiro pela frente sozinha, tendo que encarar o metro, os onibus... La fui eu, destemida, e deu tudo certo. O povo londrino e simpatico e todo mundo da informacoes com um sorriso no rosto. Entao, em vez de ficar me digladiando com mapas, paro e digo as pessoas aonde quero ir e elas me mostram sorrindo, muito gentis.
Ontem caminhei pela regiao de Bloomsbury, onde moravam Virgina Woolf e sua turma. Nao consegui encontrar a casa dela, mas sim a casa de Litton Strachey, escritor e critico ingles que foi interpretado magistralmente por Jonathan Pryce no cinema, no filme Carrington. O escritor foi casado com a pintora Dora Carrington (interpretada por Emma Thompson) e ambos eram homossexuais mas se amavam tremendamente. Cada um tinha sua vida sexual particular, mas formavam um casal apaixonado ao mesmo tempo (!). Tanto, que quando ele fica doente e morre, ela se mata com um tiro de espingarda.
Fui caminhando pelas ruas e atravessando parques ate o British Museum. Uau, toda a historia da humanidade esta la. Lembro que quando estive na Grecia em 1997, fui ao Parthenon e achei tudo muito bonito, mas um tanto depedrado. Pudera, pois todos os afrescos estao la no British Museum!!!
Estava meio sem saber por onde comecar, quando cai no meio de um tour guiado por um homem com um broche na lapela: The Bible Tour. Interessantissmo, pois ele nos levou a uma parte do museu dedicada aos Assirios, que viveram cerca de 600 a.C. Os caras entalharam suas historias nas pedras com tantos detalhes, como por exemplo, a expressao de pavor dos cavalos durante as batalhas. La pelas tantas, uma senhora atras de mim perguntou: From wich congregation you are? Ou seja, ela pensou que eu era religiosa como ela... Ate sou, mas comungo em outra vertente!
Coisas que mais chamaram minha atencao no museu: a mumia de Cleopatra - sim, ela chegou la em 1843 - e a Pedra de Rosetta, impressionante obelisco negro, todo entalhado com hieroglifos, que ajudou os exploradores ingleses a compreender a escrita dos antigos egipcios.
Mais caminhadas e travessias de parques, e cheguei a British Library. Ai sim eu me senti em casa!! Principalmente na sala que contem os Tesouros da biblioteca, um comodo escuro onde os documentos mais incriveis que se pode imaginar encontram-se expostos por tema. Literatura tem o diario de Lewis Carroll, uma carta de Jane Austen para a irma, anotacoes de Virginia Woolf para Mrs. Dalloway, de Joseph Conrad para Lord Jim, de Oscar Wilde, um poema escrito a mao por Sylvia Plath...
Musica contem partituras originais de Mozart! Rascunhos de letras de musicas dos Beatles!!!
Ciencia tem estudos de Leonardo da Vinci sobre o curso do Rio Arno, em Florenca, sobre como a lua refletia a luz do sol e sobre mecanismos com rodas e polias, alem de cartas de Charles Darwin e Isaac Newton! Isso sem falar nas Biblias e Alcoroes todos desenhados com tintas coloridas...
Ja era noite quando fui encontrar Julie em um pub, pois era despedida de um colega que vai passar tres meses viajando de barco pelo Atlantico e Mediterraneo. Muita gente nova, gente genuinamente inglesa, que, na verdade, quer dizer gente de todas as partes do mundo.
Enfim, aqui estou so mas acompanhada o tempo todo.
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