domingo, 28 de junho de 2009

O amor 20 anos depois - A linda história de Luis Sepulveda e Carmen Yañez

Luis e Carmen conheceram-se em Santiago do Chile muito jovens. Apaixonaram-se, mas ficaram pouco tempo juntos. O suficiente para o nascimento de um filho, hoje com 37 anos.

A vida os separou, veio o Golpe Militar, ele e ela foram presos, submetidos a torturas e exilados – ela na Suécia, levando consigo o menino, e ele na Alemanha.

Em Estocolmo, Carmen foi arrumadeira – arrumava 40 camas por dia em um hotel. Depois, foi faxineira em uma escola. Enamorou-se de um chileno também exilado e ficou grávida. Mas o romance acabou e o homem partiu, deixando-a só. Perguntei à Carmen como se virou para trabalhar, cuidar de um bebê recém-nascido e ainda do filho pequeno, sozinha em um país estranho, e o rosto dela se contraiu.

- Foi tão triste, tão triste... Melhor não falar. Não vale a pena.

O tempo passa. Vinte anos depois, Luis e Carmen se reencontram no Chile, logo após a abertura. Ele se casou com uma alemã e tiveram três filhos, mas agora está separado. E... O amor floresce. Novamente.

- Nos reunirmos foi também um encontro com as nossas raízes, com o nosso país, com o que verdadeiramente somos.

Como os filhos continuavam morando na Suécia e na Alemanha, elegeram um lugar no meio do caminho, a cidade de Gijón, em Astúrias, Espanha, para viver. E duas vezes por ano a família se reúne toda para celebrar, receber e dar carinho uns aos outros.




Luis Sepulveda é o escritor latino-americano mais lido no mundo após Paulo Coelho e Gabriel García Marquez. No momento, escreve um roteiro com Walter Salles, um western!, e seu livro Diário de um killer sentimental (Ediouro) está sendo filmado em Marselha, sob o comando de Luc Besson. Carmen Yañez é poeta com seis livros publicados.

Tive a honra e o privilégio de conviver durante três intensos dias com este casal que muito me inspirou e instruiu. Obrigada.

Um agradecimento especial a Dulce Neves e Letícia Adriazola por sua contribuição inestimável para que Luis e Carmen tenham tido uma estadia alegre, com amor e conforto, em Ribeirão Preto.

E mais um obrigada à Dulce pela canjica e o arroz doce!!!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Querido Michael

Você que alegrou a vida de tanta gente. Todo mundo tem pelo menos uma lembrança de uma festa em que sacolejou o esqueleto ao som de Beat it, Thriller, Billie Jean - quantas outras? E quem nunca tentou imitar suas danças, sozinho na frente do espelho ou em meio às gargalhadas dos amigos?

Agora, acabaram-se as chances de assistir a um dos seus inacreditáveis espetáculos ao vivo. Desejo que encontre a paz e o Amor que faltaram.
Com Deus,


quarta-feira, 24 de junho de 2009

O peso das lembranças

Outro momento marcante da viagem aconteceu durante a visita à casa de Lalo, chileno que vive em Sertãozinho. Recebeu-nos com bom vinho e run da Venezuela, segundo ele, o melhor que há. Em certo momento, percebi que a sala havia se esvaziado e fui atrás das pessoas, pela casa. Vi que estavam todas reunidas em um quarto que parecia ser um escritório. Ao perceber minha aproximação, Lalo me convidou a entrar.

- Estava mostrando a Luis e Carmen uma foto que eu sabia que os emocionaria.

Apontou um pôster com uma fotografia do poeta Pablo Neruda, grandão e gorducho como era, vestido com um poncho e abraçado a Salvador Allende.

- É uma bela foto – eu disse.

Perguntei a Lalo como havia sido chegar ao interior de São Paulo com vinte e poucos anos, sem família, sem dinheiro, e ter que construir tudo do zero.

- Foi horrível – disse – Mas aqui estamos e este é o meu lugar – fez um gesto que abarcava o quarto com as estantes cobertas de livros, alguns em espanhol, mas a maioria em português.

Logo todos saíram e ficamos eu, Carmen e Letícia, outra chilena que veio parar em Ribeirão Preto após o golpe militar de 1973. Carmen contou que na noite em que se deu o levante dos militares, a energia foi cortada e a cidade ficou às escuras. AS TVs e rádios foram controladas e as pessoas ficaram sem saber o que estava acontecendo, o que fazer ou aonde ir. Ela, que costumava dar abrigo a refugiados políticos em sua casa – inclusive brasileiros exilados após o golpe de 1964 – foi presa e levada a Vila Grimaldi.

- O que é Vila Grimaldi? – perguntei.

- Era um dos centros de tortura de presos políticos espalhados pelo Chile.

- E você foi...?

Letícia respondeu:

- Valéria, não existia destino diferente para quem passasse por um desses lugares.

Carmen olhou para mim e sorriu um sorriso triste, e por um segundo, seu rosto me pareceu infinitamente mais velho.



Continua: O amor 20 anos depois - A linda história de Luis Sepulveda e Carmen Yañez.

domingo, 21 de junho de 2009

O Chile e a feijoada

A lembrança mais marcante desse primeiro - e intenso - dia em Ribeirão Preto foi uma feijoada di-vi-na! que comemos ontem na casa da apresentadora de um programa na TV local. Ela ofereceu o almoço em homenagem a Luis Sepulveda (foto abaixo) e sua esposa Carmen, recebendo-nos em sua casa, uma construção muito louca de cinco andares rodeada de uma sucessão de lagos que deságuam uns nos outros, onde vivem carpas e pacus de até 15 quilos. Tem até uma cachoeira artificial! É a pujança econômica do interior paulista, sô!

Quanto à feijoada, era daquelas que não se encontra mais no Rio - pelo menos nos restaurantes da Zona Sul, todos preocupados com a obssessão dos fregueses por não engordar: cheia de pedaços de orelha, rabinho e pés de porco. Saborosa e perfumada, acompanhada de couve com minúsculos pedacinhos de bacon e farofa crocante! A sobremesa, inacreditável, era... Canjica! Tinha acabado de sair do fogo e não resistimos, cada um comeu um potinho. Saímos de lá quase sem conseguir respirar - viva a fartura e a hospitalidade brasileiras!!!

À noite, a experiência de conhecer a comunidade chilena da região, que se reuniu para prestigiar o casal de escritores famosos. Viajamos de carro até uma cidade próxima, Sertãozinho, capital da indústria de cana de açúcar e ainda mais rica que Ribeirão. Fomos recebidos na casa de Lalo, chileno que chegou aqui em 1976, sem nada, fugido do golpe militar. Aliás, todos os que vivem aqui chegaram por esse motivo. São histórias de renascimento e reconstrução muito emocionantes, que pretendo contar com calma mais adiante.

A noite terminou em um bar muito simples e familiar, onde Lalo e seus compatriotas locais tocaram e cantaram músicas chilenas e latino-americanas com tanta vibração e emoção que os olhos de Carmen se encheram de lágrimas. Eu percebi.



sexta-feira, 19 de junho de 2009

Contato

Saiu no exterior As lágrimas de meu pai e outras histórias, livro de contos inéditos do escritor norte-americano John Updike - que nunca tive a oportunidade de ler.

Uma resenha publicada no jornal, entretanto, chamou minha atenção. O jornalista destaca um conto cujo personagem, já idoso, sofre um assalto e ferimentos leves durante uma viagem, e em vez de ficar mal considera o incidente "revigorante".

O próprio narrador explica: "Foi, suponho, o elemento de contato". Ou seja, o cara aposentado, com os filhos criados e os netos distantes encontrava-se cada vez mais isolado. O episódio do assalto faz com que a família se reaproxime. E quem não gosta de atenção?

Lembro dos meus 13 anos, quando caí doente com mononucleose. Normalmente é uma doença leve e repouso durante uns 15 dias resolve. No meu caso, a taxa no sangue era a maior que o médico tinha visto na vida e fui obrigada a ficar de molho um mês e meio.

Curiosamente, as lembranças que tenho desse período são doces. Meu pai, que já era separado de minha mãe, passava para me ver todos os dias. Minha avó sentava-se ao meu lado, batíamos papo e assistíamos juntas a todas as novelas. Minha mãe esmerava-se na cozinha preparando quitutes para me agradar - engordei um bocado.

E entendi perfeitamente o personagem do Updike (foto abaixo), solidarizando-me com o autor que morreu velhinho e provavelmente estava falando de si mesmo.






Neste sábado, viajo à Feira do Livro de Ribeirão Preto. É uma grande feira que está em seu nono ano. Sou responsável pela vinda ao Brasil do escritor chileno Luis Sepulveda (Ediouro). Cuidei de toda a negociação, desde a indicação deste autor à curadoria, o convite inicial e a viagem em si - ele perdeu o vôo na última hora, foi um corre-corre mas deu tudo certo e já está em Ribeirão. Agora, vou conhecê-lo pessoalmente e a sua esposa Carmen, que é poeta.

Pretendo atualizar o blog enquanto estiver lá. Volto na terça-feira. Abraços, até!

terça-feira, 16 de junho de 2009

A sinceridade do Herbert

(...) “Além disso, tem a questão da condição física, porque eu não tenho sensibilidade, ereção.”
Em uma época em que o sexo é hipervalorizado e está exposto na mídia e em todos os lugares, me tocou a sinceridade do líder do Paralamas do Sucesso, Herbert Viana, em entrevista a Mônica Bergamo publicada domingo na Folha de S. Paulo.

Ao ser indagado a respeito dos namoros que teve após a morte da esposa Lucy, além de tocar no assunto que é tabu para muitos paraplégicos, completou: “para ser 100% honesto, sexo não me faz falta. (...) A energia foi canalizada para a música. Tenho instrumentos em todos os lugares da casa, no jardim, em todos os cantos onde passo algum tempo. (...) Fico tocando e viajando.”

Eu acredito, sim, que é possível canalizar a energia sexual para uma atividade criativa e tirar disso muito prazer e realização. Também acredito que é possível uma mulher ser feliz sexualmente com um homem deficiente, tudo depende da ocasião e da qualidade do relacionamento entre eles.

Isso me faz lembrar o filme Amargo regresso, com Jane Fonda e Jon Voight (pai da Angelina Jolie!), que rendeu a eles o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz e Ator. A protagonista é bem casada – mas não tem orgasmos – com um oficial que parte para a Guerra do Vietnã. Ela vai trabalhar como voluntária em um hospital de veteranos e se apaixona por um soldado paraplégico. Eis que em uma cena ousada para a época, Jon Voight faz sexo oral na Jane e ela goza pela primeira vez. Claro que o marido, quando retorna, vai para escanteio. Daí o título.

Tudo isso para lembrar que não existem regras, por mais que os outros – a sociedade e, principalmente, a mídia – queiram nos sugerir através de imagens e conteúdos bombardeando-nos por todos os lados. O importante é encontrar meios de ser feliz. E ser!

domingo, 14 de junho de 2009

Plantação

Queridos amigos, alguns dias sem escrever no blog e... a gente perde o ritmo! Aliado a isso, uma pane nos sistemas da Net Vírtua - serviço que me deixa mais descontente a cada dia - contribuiu para o atraso nas postagens e as visitas aos blogs alheios. Peço sinceras desculpas.

O fato é que quando a gente chega ao fim de uma longa viagem, tem que dar uma paradinha para respirar. Nas últimas semanas, aconteceu de vários projetos se encerrarem juntos. A publicação na internet de Mr. Page e os sonhos, um outro trabalho de fôlego, que se estendia desde janeiro, também foi terminado - graças a Deus! -, y otras cositas más: sementes que vinha plantando desde outubro passado, quando deixei a estabilidade de um emprego para me aventurar por conta própria.

Agora é hora de começar outra plantação! Lavrar o solo e arrumar as sementes de modo mais organizado e com foco, esperando que a próxima colheita seja ainda mais próspera e abundante.

Conto com a companhia e o incentivo de vocês nessa nova etapa. E vamo que vamo!



quinta-feira, 11 de junho de 2009

Fernand Léger e as convicções

Aproveitei minha estadia em São Paulo para passear um pouco. Na manhã de quarta-feira fui à Pinacoteca, onde havia uma exposição de Fernand Léger (1881-1995), artista francês contemporâneo de Chagall, Picasso e Braque.

Léger teve laços de amizade e trabalho com o Brasil, fato que eu (e muita gente, creio) desconhecia. A exposição mostra desenhos, maquetes e outros projetos que foram criados para embelezar obras públicas, principalmente em São Paulo, mas que nunca chegaram a se concretizar. Isso não impediu que desenvolvesse amizade com artistas brasileiros como Tarsila do Amaral, cujo estilo foi definitivamente influenciado pelo mestre francês. É possível visualizar isso ao vermos obras da pintora ao lado das de Léger, na mesma mostra na Pinacoteca.

Ver tantos projetos irrealizados dá uma sensação de frustração. Mas, ao fim da exposição, ao me deparar com a cronologia da vida do artista, vi que a "fase brasileira" foi uma ínfima parte da criação de Léger. O homem teve uma vida plena, realizou dezenas de quadros e painéis em obras públicas em todo o mundo, e também ensinou a muita gente em seu ateliê, entre eles outra brasileira, a concretista Lygia Clark.

Tudo isso reforça a convicção recente de que o importante é apostar, lançar sementes ao solo, buscar chances e oportunidades de realizar coisas. Umas vão vingar, outras não, mesmo assim é preciso continuar sempre. Em algum lugar diferente de onde estamos, vamos chegar.

Com sorte, teremos uma vida plena de realizações como Fernand Léger.



A primeira vez em que ouvi falar desse artista foi durante viagem à Europa com meu pai, aos 16 anos. Num intervalo de nossa estadia em Cannes, no Sul da França, ele me levou de carro à encantadora cidadezinha de St. Paul de Vence, onde almoçamos ao ar livre no restaurante La Colombe D´or.

Na mesa ao lado, comiam juntos a atriz francesa Simone Signoret, mulher de Yves Montand, e o ator japonês Toshiro Mifune, estrela do clássico Os sete samurais. Atrás de nós, um mural de Fernand Léger, imortalizado em várias fotografias que tiramos nesta tarde inesquecível.

domingo, 7 de junho de 2009

Fotos dos lançamentos no Rio e SP




































Queridos amigos, em primeiro lugar, MUITO OBRIGADA por todas as visitas e os comentários carinhosos. Isso é fundamental para a gente a continuar caminhando!
Essa semana que passou foi uma época de colheita, de gozo pelas coisas realizadas. De repente, o tempo parou, fez uma PAUSA, e eu me vi imersa em uma paz incomum, tranquiiiila, as preocupações evaporaram, e eu me dediquei a curtir os meus amigos e o meu "filho" Mr. page e os sonhos.
Até o dia do lançamento em São Paulo, segundo meus editores no MOJO - que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente na festa , o e-book já havia tido mais de 1.000 downloads. Muito bom!!!
Guardadas as proporções - Mr. Page tem menos de 15 páginas, pois ninguém tem saco de ler textos longos no computador - , imaginem o quanto é difícil vender mil livros de papel em uma livraria. Se você não é Luis Fernando Veríssimo ou Paulo Coelho, leva anos ou nunca acontece!
Em São Paulo, em meio à trilha sonora irada e às caipirinhas transadérrimas do Bar Tapas (com as bolotas laranjas nas paredes), recebi amigos de toda a vida. No Rio também, e a discotecagem de vinil do Dj Ed foi o toque todo especial, com aquele chiadinho de antigamente como uma valsa em nossos ouvidos.
Em breve vou incrementar o meu Facebook colocando todas as fotos lá. Por enquanto, uma pequena amostra aqui.
Obrigada mais uma vez e uma ótima semana para todos nós!!!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Mr. Page e os sonhos

Queridos amigos, esta é a surpresa: Mr. Page e os sonhos é a minha estréia como autora na internet. É um livro 100% digital da editora MOJO Books - http://www.mojobooks.com.br/.

Para ler basta acessar o site, se cadastrar e baixar o PDF. É 0800, di grátis, bem democrático.

Gostaria muito que vocês lessem e comentassem lá no site do MOJO. Mas aviso: é bem diferente do que costumo escrever no blog. Acho que vão gostar!

Abaixo, estão a capa e as informações sobre as comemorações no Rio e em São Paulo. Porque coisa boa merece festa, não acham? Aguardo vocês lá. Obrigada por tudo.

Um agradecimento especial ao meu editor no MOJO, Danilo Corci. E às amigas Márcia Régis e Cláudia Soares, que leram os originais e me incentivaram.

Lançamento do 110º livro da MOJO Books escrito por Valéria Martins

SÃO PAULO
Dia 4 de junho, quinta-feira
MOJO Club apresenta: The naked girl remains the same
DJ sound: Digitas + Gente Bonita
Das 20h às 0h
R$ 5 - Até 21h, pediu um mojito, ganha outro
Tapas Club
Rua Augusta, 1246, São Paulo - SP

RIO DE JANEIRO
Dia 5 de junho, sexta-feira
Bar com drinques + DJ Ed Heinz com sua coleção de vinis de rock + livro exposto no telão
Das 22h30 às 2h
Espaço Telezoom
Rua Dias Ferreira, 78/301, Leblon
Tel.: 21-3435-1617
Os convidados pagam somente seu consumo individual




Agora, só voltarei ao blog no fim de semana que vem, com fotos das festas. Beijos, até!!!