segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ir do Rio a Porto Alegre...

A Passeata dos solteiros que agitou São Paulo no fim de semana passado deu margem a reportagens bem engraçadas:

"Quem não arranjou um cobertor de orelha, ainda tem chance...", disse um locutor.

"Fulano já foi padrinho de oito casamentos, mas continua só...", narrou outro.

E o tal fulano dizendo:

"Fui padrinho até da minha tia!..." (E olha que ele não era tão feio!)

Outro fulano:

"Se alguém botar a mão aqui (no ombro), tá levando."

Uma gordinha:

"Hoje as pessoas só olham o corpo. Eu que tenho uns quilinhos a mais, tô sobrando!"

As justificativas são várias. Mas o que faz um homem e uma mulher se atraírem de verdade? Mais do que isso: o que proporciona um verdadeiro encontro?

Lembro de uma amiga que chegou na minha casa cabisbaixa, vinda de uma consulta com o astrólogo:

- Eu disse a ele que quero muito encontrar um companheiro, mas ele respondeu que eu estou querendo ir do Rio a Porto Alegre sem passar por São Paulo...

Pois é. Não tem jeito: para ir do Rio à capital gaúcha, temos que passar por São Paulo. O que significa isso? Fazer a sua parte: cuidar de si, ter paciência, não se revoltar, curtir a vida da melhor maneira, não desacreditar, se divertir, ser feliz. E, quando menos se espera, o Amor acontece.

Abaixo, a Av. Paulista. Vamos?


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Os olhos do outro

Ver o mundo através dos olhos do outro. Quase sempre nos esquecemos. Por que?

Certa vez, participei de um "grupo de jovens" na igreja próxima de onde morava, no Jardim Botânico. Achei chatérrimo! (Me inscrevi só para ficar mais perto de um garoto que costumava encontrar na missa aos domingos. Deu tudo errado: ele ficou em um grupo diferente do meu e nem olhou pra mim!)

No grupo de jovens, um dos temas era: "Quando um amigo seu está indo por um caminho que julga errado, você o abandona ou fica ao lado dele, para protegê-lo?"

Era uma questão ética e a maioria votou que era preciso "ficar ao lado e proteger". Na época, eu discordei. Mas hoje essa lembrança retorna e, com a maturidade que adquiri, reconheço que sim, a verdadeira amizade envolve apoiar o amigo até os limites do possível. Até que isso não fira a nossa própria integridade.

Como se consegue isso? Procurando enxergar o mundo através dos olhos do outro. Reconhecer que cada um tem um caminho a percorrer e que isso faz parte do seu aprendizado. Quem somos nós para julgar? Cada pessoa tem que tirar suas próprias conclusões.

Creio que a delicadeza e o respeito de tentar enxergar o mundo pelos olhos do outro é uma das maiores provas de amizade.

sábado, 22 de maio de 2010

As marcas da bondade

Meu pai era um intelectual amigos de muitos artistas. Um deles era o fotógrafo José Medeiros (1921-1990). Fez a câmera de muitos filmes brasileiros, tirou muitas fotos para O Cruzeiro e Manchete e, hoje, o Instituto Moreira Salles é guardião de sua obra.

Mas, aos 7 anos, nada disso importava para mim. O que eu gostava mesmo era quando o Zé colocava o punho fechado sob meu queixo e fazia um movimento rápido de modo que meus dentes batiam uns nos outros parecendo uma britadeira! Eu morria de rir!

Ele também fazia muitas piadas e brincadeiras, e eu adorava a presença daquele senhor com cabelos esvoaçantes brancos e cara de maluco. Depois que voltei a morar com minha mãe, nunca mais o vi. Mas ele deixou uma lembrança tão forte que até hoje eu faço a brincadeira do queixo com os meus filhos. Eles pedem:

- Mãe, faz aquilo com o meu queixo?... - e dão risada.

Tudo isso para dizer que nós, seres humanos, muitas vezes guardamos lembranças ruins de pessoas que nos fizeram mal e deixaram marcas negativas. Mas a bondade também deixa marcas profundas, positivas, capazes de passar de geração em geração. Como as que o Zé deixou em mim, mesmo sem saber.

E vocês, quais marcas a bondade registrou em sua história, em sua vida, em seu coração?

Abaixo, algumas fotos do Zé.





quinta-feira, 20 de maio de 2010

Chegar lá

Existem muitos sonhos e metas na vida da gente. Alguns levam anos, até décadas para se concretizar. Mas, de repente, puf! Acontece. E daí?...

Tenho observado situações em que as pessoas queriam muito conseguir algo. E quando a coisa chegou deram uma "murchada". Por que?

Lembro de uma das entrevistas com Werner, em que ele comentou:

- O cara não pode ter como meta uma casa com piscina e carro na garagem. Senão, o que fará depois que chegar lá?

O fato é que, depois que um sonho muito almejado se realiza, a vida continua. Antigos problemas continuam. Novos surgem. E temos que seguir em frente. Para onde?

Aí eu me lembro novamente do Werner:

- Eu nasci sem nada e vou morrer sem nada. Nesse meio tempo, quero me divertir. O importante é a beleza do caminho.

Pois é... Vamos acalentar nossos sonhos, sim. Sabendo que depois de cada um deles, há mais. A caminhada continua.

E tem a história do mestre sufi que morreu, chegou ao paraíso, olhou em volta e perguntou ao anjo:

- Pois bem, aqui é muito bonito. Mas depois daqui, o que tem mais?




quinta-feira, 13 de maio de 2010

Três coisas

Uma forma de começar a caminhada em direção à saúde é simples: lembrar-se todos os dias de fazer três coisas que te façam bem.

Terminei assim a redação de um texto para uma cliente, psicoterapeuta, e ao ler para ela fui corrigida.

- Está errado. Não é simples.

- Hã?

- É isso mesmo que vc ouviu: fazer três coisas que nos dêem prazer todos os dias não é simples. Muita gente não consegue.

Caramba!... Fui para casa pensando e constatei que os dias passam tão rápido, tão cheios de tarefas, tanta a correria, que encontrar esses espaços é mesmo difícil.

No encontro seguinte, voltei ao assunto. Falei que nem eu estava conseguindo encontrar tempo para as três coisas. E ela:

- Não estou falando de ir ao cinema no meio da tarde, mas, sim, pequenas coisas como tomar um sorvete, levar seu cachorro para passear, molhar suas plantinhas pela manhã. Uma pausa para se conectar.

Ah!...

Corrigi o fim do texto e ficou assim:

Uma forma de começar a caminhada em direção à saúde é, por exemplo, lembrar-se todos os dias de fazer três coisas que te façam bem. Por incrível que pareça, não é fácil.

E vocês, quais são as três coisas que lhes dão prazer? Conseguem fazer algumas delas todos os dias?


sábado, 8 de maio de 2010

Karma

Segundo a tradição da Yoga, não podemos alterar nosso karma, mas, sim, aprender a conviver melhor com ele. O que acha disso?

Isso é como um livro que você escreveu e não pode apagar mais. Claro que podemos apagar o que escrevemos. Eu digo: sim, é possível modificar um karma, mudar o destino. Para isso, temos o livre arbítrio.

A breve entrevista publicada na revista Prana Yoga Journal, à venda nas bancas, com Joseph Michael Levry, fundador do Naam Yoga, que combina os ensinamentos da cabala e do Yoga, ficou reverberando dentro de mim.

Concordo? Não concordo?

Fiquei alguns dias observando e refletindo sobre a vida humana. (Não sei a utilidade disso, mas não consigo ser de outro jeito).

karmas impossíveis de mudar. Uma pessoa que nasce com nanismo - palavra politicamente correta para anão - terá que conviver a vida inteira com isso. Não existe tratamento que faça um anão crescer.

Mas todos nós que tivemos a infância marcada por perdas ou faltas - e não há ninguém sobre a face da Terra livre disso - podemos, sim, reescrever o livro do destino.

Dá um trabalho!... Mas se não o fizermos, o que mais vale a pena?


quarta-feira, 5 de maio de 2010

O que você quer, o que você precisa

A princesa e o sapo é uma recente animação da Disney. Em vez de ficar correndo atrás da Pixar, tentanto imitar o que ela faz, a Disney resolveu recuperar a velha fórmula de: história "fofa" com moral positiva + bons números musicais. O resultado é um filme "fofo". Com uma mensagem muito interessante.

A princesa e o sapo é um filme sobre o trabalho. Tiana é negra e nasceu no Sul racista dos Estados Unidos. Seu sonho é ter um restaurante. Na verdade, esse era o sonho de seu pai. Mas ele passou a vida trabalhando duro e, após a morte, a única coisa que conseguiu deixar para a filha foi um caldeirão onde costumava cozinhar. E convidava os vizinhos para comer.

A trama corre e, no fim do filme, Tiana se vê tentada pelas forças do mal. Ela tem a chance de fazer um pacto com o maligno e conseguir tudo o que quiser - o bendito restaurante - ou seguir trabalhando duro como o pai.

Nessa hora, lembra-se da conversa com Mama Odie, hilária feiticeira cega, totalmente do bem, que vive nos pântanos da Louisiana. Ela lhe diz: "O que você quer não é o que você precisa".

Em rápido flashback, Tiana relembra o pai cozinhando e compartilhando com os vizinhos, em amorosa confraternização. Conclui: "Meu pai não teve o que queria... Mas teve o que precisava".

Nossa heroína diz não ao vilão e... É claro que o final é feliz.

Abaixo, a sábia Mama Odie.


sábado, 1 de maio de 2010

A peteca no ar

"Desde a infância, Blixen conviveu com a dor", diz a reportagem no caderno Ela de O globo de sábado, sobre o jubileu de 125 anos da escritora dinamarquesa Karen Blixen (1885-1962), comemorado em 2010.

O texto traz mais algumas informações além daquelas que sabemos, principalmente, através do filme Entre dois amores (Out of Africa, 1985), no qual Meryl Streep interpreta Karen no período em que foi proprietária de uma fazenda na África. Desde a emigração com o marido - barão corrupto e mulherengo que lhe passou sífilis - até o regresso à Dinamarca após a falência.

No meio tempo, ela vive um caso de amor pra lá de moderno com Denys, aviador aventureiro vivido por Robert Redford: não existe compromisso e os grandes momentos são aqui e agora.

A dor - ou as dores, melhor dizer - vêm do fato de o pai ter se suicidado, a sífilis ter lhe subtraído a qualidade de vida e Denys ter morrido em um acidente aéreo, entre outras.

Mas, mesmo no fim, diz a matéria: "Ela alimentava-se com ostras e champanhe, como para confirmar para si mesma que a coragem e o entusiasmo pela vida são mais importantes que tudo".

A arte de manter a peteca no ar... Vamos aprender com Karen Blixen.

Abaixo a escritora, feliz, em sua fazenda na África.