sábado, 31 de julho de 2010

William C. Gordon na FLIP

Queridos leitores,

Faz tempo que não uso o blog para divulgar questões profissionais. Mas este caso merece, porque a minha amizade com o William Gordon nasceu junto com a A Pausa do Tempo, em janeiro de 2008. Quem voltar lá nos primórdios vai encontrar o registro completo da visita dele ao Rio de Janeiro e das histórias lindas que ele me contou, especialmente, o seu Encontro com Isabel Allende, sua mulher há 23 anos.

Agora, William virá ao Brasil novamente para lançar o novo romance policial O anão feio (Ed. Record) em um evento na programação paralela da FLIP, na Casa de Cultura de Paraty. É no dia 6 de agosto, sexta-feira, de 11h45 às 13h, com sessão de autógrafos em seguida. Eu sou a apresentadora/mediadora da mesa e sinto-me muito honrada (e nervosa) com isso.

Para quem lê bem em inglês, vale acessar o site do William e ler sua biografia: http://www.williamcgordon.com/

Seu modo de falar sobre si, sem pudor ou medo de se expor, me encanta! E olha que a vida nunca foi fácil nem para ele, nem para Isabel, nem para os dois juntos.

Mas, como o próprio William diz: "(...) Isabel e eu forjamos uma aliança rica em inspiração e abundante em afeto. Nós tomamos conta um do outro e de vários outros também".

Esse casal é fonte de inspiração permanente para mim.

Abaixo, o querido William Gordon (foto de Lori Barra).


quarta-feira, 28 de julho de 2010

O fio de ouro da vida

- Tem um trabalho que eu faço, O fio de ouro da vida.

- Sim?

- É um resgate e uma valorização daquilo que sempre nos salvou e sempre nos guiou para fora das situações de risco, dificuldades...

- Isso me faz lembrar algo que sempre me ajudou.

- O quê?

- Eu sempre acreditei na felicidade. Sempre achei que podia ser feliz. Quando estava triste ou quando algo ia mal na vida, eu procurava corrigir: isso destoa da felicidade. O normal do ser humano é ser feliz.

- Que interessante... Mas você deve ter tido uma infância boa, um bom parto...

- Que nada. Nasci de fórceps, a única diferença é que o meu avô era psiquiatra e mandou o obstetra colocar o ferro sob os meus braços, e não na cabeça. A infância? Acho que os piores momentos foram lá.

- Curioso... Isso confirma uma intuição que eu tenho, de que além do que é construído nessa vida, há algo mais. Algo que já vem com a pessoa. É uma herança.

- Pois é. No meu caso, acho que essa crença na felicidade é o meu fio de ouro da vida.

- Sim, com certeza é.



quinta-feira, 22 de julho de 2010

Viver o tempo

Meus sapatos estavam cobertos de lama e eu os retirei e coloquei junto da imensa lareira. Sentei-me em uma poltrona e pus os pés para cima, virados para o fogo. Logo o calor se fez e foi subindo pelo meu corpo, me aquecendo, espantando o frio e a umidade da chuva.

Olhei o relógio na parede em frente e era pouco mais que quatro da tarde. Fiquei ali, lendo uma revista, conversando com um ou outro amigo que se aproximava. Olhei novamente o relógio e era quase oito horas da noite.

O tempo é uma coisa curiosa. Encolhe e estica de acordo com a nossa percepção interna. Nesse dia, ele passou sem eu sentir. Mas não passou rápido. Pelo contrário, se alongou de uma forma em que eu vi cada minuto se escoar enquanto fazia nada. Por dentro, tudo acontecia.

Volta e meia falo no blog sobre a qualidade do tempo: como viver melhor o tempo?

Vale refletir sobre isso, pois nossa vida é uma questão de tempo.


sexta-feira, 16 de julho de 2010

O mar, o amor

Certa vez, alguém me disse que quando sonhamos com o mar, este representa o amor.

Eu costumo sonhar sempre com o mar. Às vezes está calmo, raso e claro. Outras, está agitado, escuro e perigoso, e eu luto para sobreviver.

Não sei se o mar, em sonhos, representa o amor. Mas sei que o amor, quando surge, amedronta como o mar bravio.

É curioso, porque pedimos por ele, todo mundo está sempre em busca do amor, querendo formar um par. Mas quando aparece...

Acho que o amor amedronta porque nos fala de mudança e entrega. Somos capazes de nos deixar levar pela correnteza, nos afastar da costa, porto seguro, sem saber onde vai nos levar, se a uma ilha ou a outro país, desconhecido?

É assustador mesmo. Um teste de coragem e flexibilidade... Uma aventura cujo prêmio pode ser a felicidade.


domingo, 11 de julho de 2010

Atenção às idéias

Leio o perfil de Pedro Lourenço, jovem estilista de 20 anos que fará desfile, pela segunda vez, na Semana de Moda de Paris, e ele diz que seu processo criativo ocorre quando está só e em movimento. "As idéias fluem quando ele anda, viaja, se desloca", diz a matéria no caderno Ela, de O Globo.

Fico pensando no quanto passei a valorizar e dar atenção as minha próprias idéias desde que deixei o mercado de trabalho formal para me tornar empreendedora (entrepeneur é a palavra chique para isso). Percebo que certas idéias tem um tom especial, como se, ao nascerem, tocassem uma tecla diferente na música da minha vida. É um tom superior que indica: aí tem coisa. Essas idéias são as passíveis de serem realizadas e darem frutos.

Já tive idéias assim que, ao serem realizadas, não deram certo. Mas elas representam apenas 5% e, de qualquer modo, sua execução serviu como aprendizado e para criar e fortalecer laços com todos os envolvidos. Ou seja, valeu!

De modo que ando com um caderninho na bolsa. Cada vez que surge uma idéia ou lembro de alguma pendência, trago o caderninho às mãos e scrt, scrt, scrt... Uma dica: essas idéias têm também um tempo certo para serem realizadas. Se não pomos mãos à obra, já era.

Então, uma lembrança, essa semana, para as vossas idéias. Vamos prestar mais atenção nelas, ficar atentos ao tom mais alto, à luz que se acende sobre nossas cabeças quando uma delas aparece, quem acontecia com o Professor Pardal, da Disney. Quem lembra dele?



terça-feira, 6 de julho de 2010

Sônia aos 60

"Pelos amores que vivi, pelos homens que tive, pelos filmes que fiz e pelas pessoas incríveis com quem trabalhei, devo ter uns 400 anos".

A frase é de Sônia Braga ao completar 60 anos, em entrevista à revista Serafina, da Folha de S. Paulo, quinze dias atrás.

Sônia namorou durante três anos o Robert Redford. Os dois iam acampar juntos nas montanhas. Foi paquerada pelo Clint Eastwood. Namorou o também ator e mergulhador submarino Arduíno Colasanti, e os dois passavam dias em um barco, nus, comendo os peixes que ele pescava.

Sempre admirei a Sônia por esse desprendimento em relação ao corpo. Conta o Hector Babenco que, durante as filmagens de O beijo da mulher-aranha, um dia, ela entrou no estúdio pelada. Ele repreendeu o assistente por não ter lhe oferecido um roupão, mas ela explicou: "Todos ficam esperando a hora de eu tirar a roupa. Então, resolvi entrar nua para acabar logo com aquela expectativa. Todo mundo relaxou e eu pude trabalhar". Ou seja, antes de tudo ela é e sempre foi uma atriz.

Durante quatro anos morei em um prédio tipo casa no Jardim Botânico. Eu morava no terceiro andar e a Sônia no térreo. Seu apartamento tinha poucos móveis e muitos posters de filmes como Eu te amo e Dama do Lotação. Ela raramente parava ali, mas quando estava, andava de calças largas, sandália de dedo, maquiagem nenhuma. Uma diva natural.

Vamos dar os parabéns à eterna Dona Flor, a perene Gabriela, a Tigresa para quem Caetano Veloso compôs a música. Sônia Braga.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

A nossa criança merece

A conversa era sobre nos tornarmos nossos próprios pais, cuidando da nossa criança interior, porque isso seria uma suave preparação para a etapa em que deixamos ter pais.

Meu pai se foi quando eu tinha 17 anos. Minha mãe está aí, mas quem acompanha o blog sabe dos seus problemas de saúde. Então, a conversa era essa. Deixei as palavras atuarem dentro de mim...

Fui assistir Toy Story 3 com meu filho. Eu amo Toy Story! Principalmente o cowboy Woody. Porque ele é inteligentíssimo, brilhante, mas ao mesmo tempo tem falhas de caráter. Quando a situação exige, pode ser um fdp! Ou seja, ele é humano.

Desde Toy Story 1 eu tenho vontade de ter um Woody igualzinho ao do filme. De pano, com uma cordinha nas costas que, quando acionada, faz com que diga: "Tem uma cobra na minha bota!"

Após assistir Toy Story 3, a minha vontade triplicou! Dei tratos à bola e comecei a pensar em como conseguiria o meu brinquedo... No Rio, as lojas oferecem um Woody que não fala frases, só dá gritos de cowboy, por R$ 170 reais! Muito caro!

Mas como os meus amigos são a minha família, lembrei da amiga Claudia Fernandes, que está voltando de Nova Iorque para morar em São Paulo. Escrevi um email, fiz a encomenda e ela me respondeu no dia seguinte:

- Valéria, comprei um Woody na loja da esquina e ele fala 25 frases!

Agradeci mil vezes e mal posso esperar para ter o meu brinquedo nos braços.

Minha criança interior está exultante.