O fim do Carnaval traz em si uma tristeza!... Quatro ou mais dias de imersão total na maior festa do mundo, a alegria pela alegria, por estar junto com o povo, sem distinção de classe, cor, cheiro, nada. O encontrar descompromissado com amigos novos ou antigos para celebrar... o quê? Não se sabe ao certo, mas certamente estar vivo!
Lembro de uma instalação que vi há alguns anos no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, de autoria do cineasta Karim Aïnouz – que dirigiu "Madame Satã", com Lázaro Ramos. Atravessávamos uma cortina de fios brilhantes para adentrar um salão totalmente negro, o chão coberto de purpurina dourada iluminada por discretos feixes de luz pálida. Dois telões em paredes opostas mostravam imagens coadjuvantes do Carnaval: num deles, um casal de amassa numa esquina, beijos sôfregos, mãos aqui e ali; no outro um velho bêbado caminha pelas ruas amparando-se nos postes, cambaleando, quase caindo, mas seguindo em frente. A música era uma sonata clássica, lenta e pungente.
Lembro que entrei e deixei meus olhos se acostumarem à penumbra, ouvindo a música, observando o casal lúbrico e o velho decadente, e naquele momento senti toda a tristeza que coexiste com o Carnaval e que se sobressai quando ele chega ao fim. Acabou. Os amigos foram para suas casas, não é mais permitido andar fantasiado no meio da rua ou, principalmente, violar as regras.
Permanecem a lembrança da alegria e saber que ela mora dentro de nós; seria bom que vigorasse o ano inteiro, independente do Carnaval.
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