Ontem, visitei a casa de uma grande escritora viva da literatura brasileira, Nélida Piñon. Ela é autora da casa editorial onde trabalho e o propósito do nosso encontro era combinar os detalhes do lançamento do seu novo livro, "O aprendiz de Homero", que chegará às livrarias em março de 2008.
Eu nunca havia ido à casa da Nélida, só a conhecia de lugares públicos, como a Bienal do Livro de 2006, em São Paulo. Lembro que, nessa ocasião, assisti a uma palestra dela e o que mais me marcou foram as falas sobre as dificuldades para ser levada a sério pelos colegas escritores – pois ela começou a escrever muito jovem, era mulher e solteira, e os outros a olhavam com cada de: "que garota petulante!" – e sobre ser fiel a própria escrita. Relembrei isso quando ela falou, ontem, sobre sua fidelidade à literatura. "Eu nunca traí a literatura", disse como quem reflete consigo mesma. Perguntei: "Como assim, Nélida? Trair como? Me dê um exemplo". Ela respondeu imediatamente: "Nunca fiz acordos espúrios para distorcer minha escrita e torná-la mais comercial ou para acompanhar qualquer moda ou tendência. Eu poderia ter feito isso, mas não fiz". Concordei. De fato, ela domina a técnica e pode usá-la como bem entender. Então, completei que muito me impressionou sua fala na Bienal, quando ela contou que sempre escreveu sobre o que quis, da maneira que quis. E ainda aconselhou os novos escritores: "não adianta tentar ser como este ou aquele escritor. Vocês têm que escrever de próprio punho, com o seu jeito, o seu estilo".
Se o público vai gostar, é outra história.
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