Agora já são cinco dias de convivência com Mr. William C. Gordon. Já o considero um amigo, pois conversamos sobre todos os assuntos, inclusive nossas trajetórias e reflexões sobre a vida. Ele, inclusive, fala e se expõe mais do que eu.
Contou, por exemplo, como conheceu Isabel Allende. Ele vinha de dois casamentos desastrosos, cada um com 10 anos de duração, mais 5 anos de terapia para se tornar "completo", até que um dia descobriu que estava pronto para um novo relacionamento. Conheceu e saiu com belas mulheres, altas executivas, mas concluiu que não queria nada daquilo. "Quero alguém que tenha a ver com as artes".
Pouco tempo depois, um amigo que trabalhava numa universidade lhe presenteou com um exemplar de "De amor e de sombras", considerado uma espécie de continuação de "A casa dos espíritos". William leu e gostou. "Essa mulher escreve sobre o amor de forma semelhante à que eu acredito que seja o amor", pensou. Fez esse comentário com o amigo e ele disse: "ela está vindo para uma palestra na universidade daqui a duas semanas". O mesmo camarada apresentou os dois e Isabel, que nessa época morava no exílio, na Venezuela, não voltou mais para o país. Ficou na Califórnia com o querido, onde moram até hoje.
"Mas não foi fácil", diz William, pensativo. "Nós passamos por tantas coisas!..." De fato, primeiro foi a doença e morte de Paula, narrados no livro que eu considero o melhor escrito por Allende. Depois ele perdeu uma filha dependente de drogas, vítima de HIV. Depois, mais problemas com outros filhos. "O que importa é que assim que nos encontramos, nossas vidas fizeram: vupt!" (Ele faz um gesto como uma onda que sobe no ar).
Fiquei emocionada, pois também desejo para mim um relacionamento que seja um verdadeiro encontro, no sentido de transformar para melhor a minha vida e a do meu companheiro, ambos caminhando para cima e para frente na mesma direção, juntos.
Tem gente que chama isso de "esperar pelo príncipe encantado". Mas existe. Willliam Gordon e Isabel Allende estão de prova.
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