Neste domingo eu fui assaltada... Não foi grave. Caminhava na praia, nesse dia lindo e luminoso, indo de Ipanema em direção ao Leblon. A areia estava plana e resolvi ir pela beira d´água. Assim que atravessei o canal do Jardim de Alah havia muitos moradores da Cruzada de São Sebastião - comunidade de baixa renda no Leblon - jogando bola na maré baixa. Segui em frente, feliz da vida.
Lá pelas tantas, um menino de uns 12 anos veio em minha direção... Pensei que queria a minha bolsa, mas não. Avançou com a mão no cordão de ouro que levo no pescoço com o meu cristal de estimação. Estávamos os dois molhados e os dedos dele escorregaram, não chegou nem a me machucar. E não levou o colar.
Meu sutiã saiu do lugar, fiquei meio segundo pelada, desamparada... Mas a raiva tomou o lugar do medo, soltei um grito alto e espontâneo: "Socorro!"
Nada. O menino correu para o mar e os seus colegas sentados, olhavam quietos. Endireitei o biquíni calmamente, olhei para o bando como quem diz: "E aí? Mais algum vai chegar? Pode vir!" Nada. Silêncio sob o sol de domingo no Rio de Janeiro.
Na sexta-feira fui assistir no cinema O contador de histórias, sobre a vida real do mineiro Roberto Carlos Ramos, que viveu dos 6 aos 13 anos entre as ruas e a Febem, foi adotado por uma pedagoga francesa, recuperou-se e hoje é um dos 10 melhores contadores de histórias do mundo. O filme é muito legal!
Em certo momento, a pedagoga conversa com a diretora da Febem. Ela diz: "Eu sabia que um menino de 13 anos não podia ser irrecuperável". E a diretora comenta: "Roberto Carlos é um garoto de sorte. Ele encontrou uma mãe. O que você fez - levar para casa, dar comida, roupa, atenção, carinho - é o que uma mãe faz. Eu gostaria de tratar cada um, individualmente, como você faz. Mas não dá."
A conversa termina e elas fumam em silêncio.
10 comentários:
putz, Val que situação, hein? Que bom que ele não conseguiu levar o que pra você tem mais valor do que pra ele. Nestas horas acredito piamente em guias e proteção.
Aqui no RS é assim também e a sensação de impotência fica ali parada no ar, de mãos dadas com a frustração e a pergunta que não quer calar. O que será do mundo? O que será de nós, reféns e bandidos?
É igual o silêncio que fala mais alto entre a pedagoga e a diretora da Febem. Aquele silêncio pesado e que mata muitas vezes a esperança.
Conheci a história do roberto já faz anos e achei , na época um sonho de superação e de amor incondicional, que é na verdade o ato em si de adoção. Aquele filho que não vem pronto com seus genes,com suas previsões, mas que temos a enorme capacidade de transformar. Bonito mesmo.
bjos e boa sorte, amiga!
Valéria ainda bem que não aconteceu nada de grave, eu sofri um assalto certa vez e a sorte não foi tão grande tenho uma marca dentro de mim até hj por causa desse assalto, é complicado como a marginalidade é crescente e que somos imunes, vivemos com medo, receosos. E infelizmente penso que essas situações só tende a crescer.
E o medo que ficamos... Espero que esteja bem e recuperada disso.
Bj!
"Viver é muito perigoso" (C.D.A.)
Ganhei convites para esse filme, mas não fui achando que fosse chato.
Gostaria da sua opinião sobre o meu último post.
Me chame para o tal encontro. As coisas por aqui estão melhorando... =D
Beijos e boa semaninha =]
Ah, esqueci de dizer...
Já vi o Ang Lee =] Gostei muito, embora me incomodasse a submissão que a espiãzinha vivia.
Beijos
Valéria,
Uma situação dessas provoca diversas sensações, mas acho que as que se destacam são a de impotência, e a de profunda tristeza.
Beijo.
Eu quero ir assistir a este filme, mas os cinemas de BH são muito abafados. Vou esperar esta crise de gripe acabar.
Com carinho Monica
OBS Eu já fui assaltada, mas tive também a sorte de não me machucarem. E foi a muito tempo.
Nossa, Val, fiquei chocada... Sei que assaltos, infelizmente, são comuns no Rio, mas ouvir com pessoas próximas da gente... A forma como assaltam, de repente, o menino nem estava pensando nisso, mas viu o cordão, queria uma grana pra cheirar.. É mto triste. Mas vc ficou bem e, quando essas coisas acontecem, é só o que a gente consegue pensar, né? Beijo grande.
Infelizmente ninguém está livre de roubos. Vou assistir ao filme. Bjux
Puxa...
ainda bem que não houve nada mais sério...
vou assistir o filme. Conheço a história do Roberto Carlos e, outro dia, o vi no Jô Soares de novo...
olha, acabei não indo ao Rio, mas, qdo for, aviso, ok?
Bjs
Postar um comentário