domingo, 9 de agosto de 2009

Histórias da vida real

Neste domingo eu fui assaltada... Não foi grave. Caminhava na praia, nesse dia lindo e luminoso, indo de Ipanema em direção ao Leblon. A areia estava plana e resolvi ir pela beira d´água. Assim que atravessei o canal do Jardim de Alah havia muitos moradores da Cruzada de São Sebastião - comunidade de baixa renda no Leblon - jogando bola na maré baixa. Segui em frente, feliz da vida.

Lá pelas tantas, um menino de uns 12 anos veio em minha direção... Pensei que queria a minha bolsa, mas não. Avançou com a mão no cordão de ouro que levo no pescoço com o meu cristal de estimação. Estávamos os dois molhados e os dedos dele escorregaram, não chegou nem a me machucar. E não levou o colar.

Meu sutiã saiu do lugar, fiquei meio segundo pelada, desamparada... Mas a raiva tomou o lugar do medo, soltei um grito alto e espontâneo: "Socorro!"

Nada. O menino correu para o mar e os seus colegas sentados, olhavam quietos. Endireitei o biquíni calmamente, olhei para o bando como quem diz: "E aí? Mais algum vai chegar? Pode vir!" Nada. Silêncio sob o sol de domingo no Rio de Janeiro.

Na sexta-feira fui assistir no cinema O contador de histórias, sobre a vida real do mineiro Roberto Carlos Ramos, que viveu dos 6 aos 13 anos entre as ruas e a Febem, foi adotado por uma pedagoga francesa, recuperou-se e hoje é um dos 10 melhores contadores de histórias do mundo. O filme é muito legal!

Em certo momento, a pedagoga conversa com a diretora da Febem. Ela diz: "Eu sabia que um menino de 13 anos não podia ser irrecuperável". E a diretora comenta: "Roberto Carlos é um garoto de sorte. Ele encontrou uma mãe. O que você fez - levar para casa, dar comida, roupa, atenção, carinho - é o que uma mãe faz. Eu gostaria de tratar cada um, individualmente, como você faz. Mas não dá."

A conversa termina e elas fumam em silêncio.


10 comentários:

Carolina disse...

putz, Val que situação, hein? Que bom que ele não conseguiu levar o que pra você tem mais valor do que pra ele. Nestas horas acredito piamente em guias e proteção.
Aqui no RS é assim também e a sensação de impotência fica ali parada no ar, de mãos dadas com a frustração e a pergunta que não quer calar. O que será do mundo? O que será de nós, reféns e bandidos?

É igual o silêncio que fala mais alto entre a pedagoga e a diretora da Febem. Aquele silêncio pesado e que mata muitas vezes a esperança.
Conheci a história do roberto já faz anos e achei , na época um sonho de superação e de amor incondicional, que é na verdade o ato em si de adoção. Aquele filho que não vem pronto com seus genes,com suas previsões, mas que temos a enorme capacidade de transformar. Bonito mesmo.
bjos e boa sorte, amiga!

Babi Mello disse...

Valéria ainda bem que não aconteceu nada de grave, eu sofri um assalto certa vez e a sorte não foi tão grande tenho uma marca dentro de mim até hj por causa desse assalto, é complicado como a marginalidade é crescente e que somos imunes, vivemos com medo, receosos. E infelizmente penso que essas situações só tende a crescer.
E o medo que ficamos... Espero que esteja bem e recuperada disso.
Bj!

figbatera disse...

"Viver é muito perigoso" (C.D.A.)

Denise Egito disse...

Ganhei convites para esse filme, mas não fui achando que fosse chato.
Gostaria da sua opinião sobre o meu último post.
Me chame para o tal encontro. As coisas por aqui estão melhorando... =D
Beijos e boa semaninha =]

Denise Egito disse...

Ah, esqueci de dizer...
Já vi o Ang Lee =] Gostei muito, embora me incomodasse a submissão que a espiãzinha vivia.
Beijos

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Valéria,
Uma situação dessas provoca diversas sensações, mas acho que as que se destacam são a de impotência, e a de profunda tristeza.
Beijo.

Mônica disse...

Eu quero ir assistir a este filme, mas os cinemas de BH são muito abafados. Vou esperar esta crise de gripe acabar.
Com carinho Monica
OBS Eu já fui assaltada, mas tive também a sorte de não me machucarem. E foi a muito tempo.

Halime disse...

Nossa, Val, fiquei chocada... Sei que assaltos, infelizmente, são comuns no Rio, mas ouvir com pessoas próximas da gente... A forma como assaltam, de repente, o menino nem estava pensando nisso, mas viu o cordão, queria uma grana pra cheirar.. É mto triste. Mas vc ficou bem e, quando essas coisas acontecem, é só o que a gente consegue pensar, né? Beijo grande.

Unknown disse...

Infelizmente ninguém está livre de roubos. Vou assistir ao filme. Bjux

Vanderhugo disse...

Puxa...
ainda bem que não houve nada mais sério...

vou assistir o filme. Conheço a história do Roberto Carlos e, outro dia, o vi no Jô Soares de novo...

olha, acabei não indo ao Rio, mas, qdo for, aviso, ok?

Bjs