segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A biblioteca de Carlos

Na semana passada, conheci a biblioteca de Carlos Drummond de Andrade. Não pedi, não planejei, aconteceu. De repente, eu estava entrando no apartamento no Posto 6, Copacabana, onde o poeta morou boa parte da vida, desde o início da década de 60 até falecer, em 1987.

A biblioteca inteira cabe em um pequeno quarto, mais parte de uma estante em outro quarto. Muitos volumes encadernados com capas de couro e letras douradas. Uma quantidade menor de livros comuns, edições antigas, algumas das quais reconheci, pois meu pai possuía esses mesmos livros em sua própria biblioteca.

Um álbum de retratos chegou às minhas mãos e vi fotos da família que remontam aos tataravôs. Muito bem guardadas e conservadas. Imagens de Itabira, terra natal do poeta, onde uma colina foi transformada nos dias de hoje em um grande buraco - é o que me informaram - graças a uma mineradora.

E mais: Drummond bebê; muito jovem, o rosto fino semelhante a caricatura que fez de si mesmo mais tarde; com a esposa de toda a vida, Dolores; com a filha Maria Julieta criança, loura, linda; com os netos bebês e adolesentes; na companhia de amigos como Lygia Fagundes Telles, Manuel Bandeira, Pedro Nava, Fernando Sabino, Helio Pellegrino, Paulo Mendes Campos...

De tudo, o que mais me impressionou foi o tamanho da biblioteca: pequena. Diferente de outras bibliotecas de escritores contemporâneos ou intelectuais que tive a oportunidade de conhecer, com estantes do chão ao teto repletas de camadas e camadas de livros, uns por cima dos outros. Como se acumular fosse garantia de apreender seu conteúdo.

A biblioteca de Carlos ocupa pouco espaço. Mas aposto que o poeta leu cada um daqueles livros, do início ao fim.





7 comentários:

Pâmela disse...

Poxa, que lindo!
Nunca tinha pensado em como essas grandes bibliotecas, na verdade, deixam muitos livros esquecidos... Uma pena!
Beijo!

Pablo Lima disse...

é por aí! já eu tenho uma vastíssima coleção de livros, mas quanto a lê-los (por inteiro) não tem rolado com frequência!

sábio carlos...

Anônimo disse...

Com certeza.
Ter livros não quer dizer saber o quê descrevem, e não tê-los não é não saber descrevê-los.

Sorte a sua poder fazer a visita inadvertida..

Bjokas.

Socorro Acioli disse...

Mais uma lição do Drummond para nós que ainda corremos riscos...
Bjs!
Socorro Acioli

DOIDINHA DA SILVA disse...

Bibliotecas são o meu sonho de consumo....Procuro ler todos os que eu compro, e com estas promoções de agora, terei livro para uns 05 anos ....Mas acabo lendo....

E esta foto está linda !
Que emoção....

Hazel Evangelista disse...

Adorei esta descrição!
Fiquei curiosa para ver essa biblioteca. Não deu para tirar umas fotos?

Beijos

Valéria Martins disse...

Não deu para tirar fotos porque era uma situação muito delicada, não seria conveniente. Mas, uma vez tendo a honra de ver e manusear aquele tesouro, sinto que e alguma forma me pertence também.