Está em cartaz no Teatro Oficina (http://www.teatroficina.com.br/events/24), em comemoração aos seus 50 anos de atividades, a peça Vento forte para um papagaio subir, que inaugurou o Oficina em 1958. Outras duas curiosidades sobre o espetáculo (entre muitas) são que se trata da primeira peça teatral escrita por José Celso Martinez Corrêa e que o primeiro ator a interpretar o protagonista, o jovem poeta João Ignácio, foi José Serra, atual governador do Estado de São Paulo (!!!).
No domingo à noite, fui assistir à peça em companhia de quatro amigos, dois dos quais nunca haviam ido ao teatro. Tomei o cuidado de avisar: "esse não é um espetáculo convencional, tudo pode acontecer..." De fato, as luzes se apagaram e começou a aventura!
Lucas Weglinsky – o novo João Ignácio – é um ator excepcional. Carisma, olhar brilhante, totalmente entregue ao personagem. Passa o tempo todo elameado, pois um tempestade atingiu a pequena cidade do interior paulista onde ele mora e esse é o mote para que decida romper com o futuro medíocre que o aguarda, e planeje ganhar o mundo.
Logo no início, ele conta como escreveu a primeira poesia para uma tal Dona Feliciana. Nesse momento nossos olhares se cruzam, ele caminha na minha direção e tchanam: sou Dona Feliciana! (Ui!...) Zé Celso se aproxima – ele fica o tempo todo em cena, mas não é personagem e sim uma espécie de demiurgo orientando sua criação– e ordena: "luzes na Dona Feliciana!" Vem um foco de luz sobre mim, um rapaz me aponta uma câmera, meu rosto aparece num telão, não tenho coragem de olhar. João Ignácio começa a ler o poema que dedicou a Dona Feliciana e permaneço impávida... No final, palmas! e o foco de luz sai de mim. (Confesso que depois fiquei com saudades...)
A peça evolui. Fulano de tal, dono da livraria da cidade, notório filho-da-puta, é um gordinho de óculos sentado perto da entrada do teatro. Um ator agarra-o pelas orelhas, o sacode sem piedade. Zé Celso vai até lá, faz o ator largá-lo e lhe faz carinhos, consolando-o.
Mais adiante, contamos com a participação da atriz Maria Alice Vergueiro (Tapa na pantera; http://www.youtube.com/watch?v=6rMloiFmSbw), que estava na platéia. Ela encarna outra personagem e improvisa uma música cujo refrão é "Foda-se o amanhã!..."
No final, após muitas participações especiais, Zé Celso nos convida a sair do teatro, atravessar a rua e festejar com ele seus 71 anos embaixo do "minhocão" – um viaduto em frente ao Oficina. Lá fomos nós!
Embaixo da ponte, pufes coloridos espalhados, música, uma moça vestida como vendedora de balas de antigamente vende vinho em taças de plástico, cigarros em pacote e avulsos, e... baseados. Já enrolados, prontos para o consumo.
Uma gripe fortíssima me impediu de me arrojar nessa comemoração. Fui até o Zé, dei beijo e abraço e parabéns, e fui comer uma pizza perto dali. Os amigos que nunca tinham ido ao teatro gostaram: "não deu pra acompanhar muito bem... Mas gostei, o tempo passou rápido!". É isso, Zé Celso é universal.
2 comentários:
que engraçado! o curioso são os amigos q nunca foram ao teatro. Em Maceió conheci um casal q nunca tinha comido manga! como assim?
O rapaz é de Barreirinha, nos Lençóis maranhenses, e mora lá. É irmão da minha amiga e estava de pasagem por SP. A namorada também é de Barreirinha, mas mora em SP há 8 anos. Essa não tem desculpa para nunca ter ido ao teatro, né?
Mas nunca ter comido manga, morando no Brasil, é pior: inacreditável... Bjs
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