Esses dias me peguei pensando fortemente na Branca de Neve. Flashes do filme que assisti umas 100 vezes quando minha filha era pequena me vieram a mente. O rosto da Branca, estampado em uma camiseta que não cheguei a comprar, também.
Uma bobinha, a Branca de Neve, sempre alheia aos perigos que lhe cercam. Mas com seu jeito ingênuo, sempre sorrindo e cantando, se safa do punhal do caçador, dos sortilégios da madrasta má, dos monstros e fantasmas que lhe perseguem na floresta escura.
No meu livro de entrevistas Encontros com Deus (Mauad, 1997), o escritor e religioso Frei Betto conta que, na juventude, teve uma crise de fé. Foi conversar com o padre que era seu mentor e ele aconselhou: “Betto, se você estivesse perdido em uma floresta escura, continuaria a andar ou esperaria amanhecer?” Ele refletiu e concluiu que era melhor esperar amanhecer.
Branca de Neve tomou conta dos meus pensamentos porque tenho andado na floresta escura sem saber ao certo quando verei a luz. Estou fora do alcance do caçador, insuflado pela madrasta má, mas ainda não sei a extensão dos efeitos de sua maldade. As árvores estendem seus galhos, como se fossem braços, se prendendo às minhas roupas e me impedindo de avançar. Pássaros noturnos voam sobre minha cabeça grasnando, turvando os pensamentos, anunciando dificuldades que rezo para não acontecer.
Quero ser Branca de Neve porque ela simboliza a leveza e a pureza mesmo quando o universo parece tramar contra nós. Chega a ser ignorante, a coitadinha, mas isso em nada diminui o valor de seu caráter pleno de Alegria e Bondade. No filme da Disney, após desabar, ela se levanta e segue seu caminho, faz novos amigos, cria uma nova existência para si junto do Príncipe Encantado.
Bobinha e leve como a Branca de Neve, aguardo o amanhecer.
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