Graças a Mônica Paiva, do blog Moniquinha, que veio ao Rio neste fim de semana, conheci uma porção de mundo ainda real dentro do Leblon que habito desde 1998.
Porque o Leblon de Manoel Carlos pirou. Os preços triplicaram, não só dos imóveis, mas de tudo. Vejam:
Outro dia, fui ao armarinho da Rua Dias Ferreira comprar um zíper para uma almofada, que havia arrebentado. Na hora de pagar, o atendente me disse: "Sai pela metade do preço". "Por que?", perguntei. "Porque o aluguel da loja dobrou. Passou de R$ 2,5 mil para R$ 5 mil e vamos fechar".
Olha que o armarinho é uma micro-loja, onde mal caberia uma sorveteria. "Há quanto tempo vocês estão aqui?", eu quis saber. "Quarenta anos", respondeu o rapaz, cabisbaixo.
No domingo, a Mônica me convidou a encontrá-la após a missa, aqui no Leblon mesmo, pois sua irmã Marília, que a estava hospedando, é minha vizinha de bairro. "Na Santa Mônica, né?", deduzi, por ser a principal igreja do Leblon, na Ataulfo de Paiva esquina com José Linhares. "Não, naquela outra..."
Aquela outra é uma igreja onde eu nunca havia pisado, perto do Shopping Leblon, bem na entrada da comunidade de baixa renda chamada Cruzada - espécie de favela horizontal dentro do bairro. (Sim, por mais que queira ser chique o Leblon não se livra de ter a sua favelinha).
Foi uma surpresa boa: lá dentro havia gente comum, moradores da Cruzada misturados com a classe média dos arredores. Havia até uma vizinha do meu prédio. O coroinha era um adolescente negro e o coral, muito afinado, formado de moças com jeito de serem da Cruzada também.
No fim da missa, o padre falou da necessidade de os fiéis contribuírem com mantimentos para as cestas básicas distribuídas pela paróquia, pois com o fechamento do supermercado Sendas, o Leblon está servido, apenas, pelos dois supermercados mais caros do Rio de Janeiro: Zona Sul e Pão de Açúcar. "As pessoas têm que sair do seu bairro para fazer compras. E não é o bairro ao lado, mas, mais longe, como Botafogo, Copacabana ou até Barra da Tijuca".
O que começou como uma brincadeira e um charme, o Leblon do Manoel Carlos, está virando um pastiche do que já foi um bairro calmo e familiar do Rio de Janeiro. O último que sair, apague a luz.
Abaixo, a Rua Dias Ferreira, onde hoje os paparazzi correm atrás dos artistas o fim de semana inteiro.
3 comentários:
Pelo jeito tá saindo mais barato morar em NY!!!
Jesus abençoa!!!
Xeros minha linda e uma semana de muita paz e saúde pra ti!!
Valéria
Eu gostei de meu aniversario totalmente . Mas gostei muito de sua presença entre nós.
E vou fazer o possivel para o ano voce e sua familia vir a MG e em Santo Antonio do Amparo
A Missa que Marilia escolheu foi otima!Achei o padre bem dinamico.
com amizade e carinho de Monica
Minha sogra vai sempre na missa dessa igreja. É mais perto da casa dela.
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