Numa época em que anda tão difícil homens e mulheres se encontrarem – quero dizer um verdadeiro encontro, e não uns esbarrões por aí – um casal harmonioso compartilha sua vivência gratuitamente com uma platéia embevecida.
Nesta quarta-feira, fui pela primeira vez a um dos encontros do Amor Singelo, comandados por um casal de terapeutas no Jardim Botânico. Encontrei uma sala lotada de homens e mulheres – muito mais mulheres do que homens, mas eles compareceram!
Na primeira meia hora rola uma meditação. Cheguei atrasada e entrei quando começava uma interessante palestra sobre O medo, passagem secreta para o amor. Como assim?
O casal listou e comentou uma série de medos que dificultam o acesso ao amor que, na verdade, reside dentro de nós. Vamos lá:
Medo de ficar sozinho – Acomete aqueles que têm uma visão depreciativa de si mesmos, por isso acreditam que ninguém irá querê-los. É preciso aprender a nutrir-se e ficar bem só, para poder se abrir para o outro. Depois do inverno, sempre vem a primavera.
Medo de ser rejeitado – O não é um elemento estruturador. Ele nos ensina o limite e nos ajuda a construir uma ética de conduta. Não deve ser temido, mas usado como uma fonte de aprendizado.
Medo da entrega – A pessoa teme perder suas características em contato com o outro. É preciso ser flexível e permitir as mudanças que o amor traz. Não devemos temer, mas querer mudar!
Medo do compromisso – Quando não há um sólido projeto de vida, a pessoa pensa que será arrebatada pelo outro. É preciso se conhecer bem e estar em profundo contato consigo mesmo para afastar esse medo.
Medo da plena potência – A gente pede, pede, mas precisa se preparar para quando a coisa chegar. Senão, nessa hora pode pôr tudo a perder. É preciso acreditar nas nossas potencialidades e em nosso valor. Somos merecedores do Amor!
Como conseguir superar todos esses medos? Ralando o côco, tentando extrair sabedoria do sofrimento, aproveitando as situações que a vida traz para crescer e amadurecer.
Falar é fácil. Quem se habilita? O prêmio é o Amor.
10 comentários:
Valéria Martins, passei por aqui como um desses cães vadios que reviram sacos de lixo e encontrei, na porta da sua casa um baú de reflexões interessantes e muito valiosas.
Só acha quem procura.
Lí muita coisa, principalmente sobre esse encontro, no seu blog.
Também sou carioca, e lamento não ter tido informação sobre isto.
Bem...Jean Paul-Sartre dizia que "o nosso inferno são os outros".
Não é verdade, Jean Paul-Sartre, errou.
Nosso inferno somos nós mesmos e as
limitações que nos impomos,os medos, fobias e frustrações que vamos recalcando, acumulando e nos
transformam num depósito de material inservível.
Diferentemente, de Sartre, Sigmund Freud, na minha opinião, sempre esteve mais perto da essência dos valores humanos.
Ele tem uma frase, sobre a matéria do seu texto que é lapidar, pois dizia , que "só se odeia a quem verdadeiramente,amamos e não conseguimos alcançar".
É por aí.
E este não conseguir alcançar,não está no outro e sim, nas barreiras que colocamos entre nós e nossos objetivos afetivos.
A sociedade judaico-cristã, a nossa sociedade,criou em torno do amor e da mútua doação, uma fatalidade impossível de conviver com a felicidade, que é a dramática perspectiva de " até que a morte nos separe"...
Isto é uma crueldade para sentimentos livres, que não se subordinam aos garrotes de temporalidade para viverem suas verdades e emoções.
O momento tem que ser eterno!
Esta ansiedade de ser perene , indissoluvel, mata a principal caracteristica do amor entre os homens:a liberdade.
E as pessoas não param para refletir, que ninguém ama sempre, ninguém odeia sempre, pois é muito tênue a linha divisória entre o amor e o ódio.
E o amor é este transgressor desta linha divisória.
Amor e ódio,têm a mesma origem:a libido!
O que é mortal, não é esta constante passagem do querer e não querer, o que é destrutivo para o relacionamento afetivo e a indiferença.
Este,sim,é um ácido que corrói todas as visceras de qualquer possibilidade de reencontro.
E nós nem percebemos...
Desculpe ter sido tão prolixo, porém, como também dizia o velho e insuperável Freud:
"A boca que se cala, trai-se por todos os poros, e fala pela ponta dos dedos".
E não quis correr este risco (rsrs).
Fiquei , realmente feliz em poder ter estado aqui.
Um abração carioca.
Todos somos merecedores do amor e acredito que o primeiro passo seja tentar sem medo.
Bj!
Vou ler com mais calma o seu texto.
Hoje é aniversário do meu sobrinho e estamos numa correria danada.
Com carinho Monica
Existe curso para quase todo tipo de profissão.Meus pais participavam de um curso de pais. Acho que erraram pouco conosco por causa deste curso.
Mas este que voce fez é excelente.
Mostra os medos que existe e como els contribuem para sermos o que somos.
Vou tornat a ler
Muito bom!
com carinho Monica
A gente encontra tanta gente nada a ver na vida, se machuca, sofre, mas nunca consegui deixar de acreditar que o meu verdadeiro amor estaria ali guardado. Mas eu só consegui querer tê-lo, depois que sofri e vi que a gente não morre por isso, só nos tornamos mais fortes. Bjs
Outro dia li que ter medo não é sinônimo de covardia. Ao contrário. Ter medo faz parte da vida natural e encará-lo é o primeiro passo para viver a fundo. Fazer as coisas apesar do medo era o lance, dizia o autor. Faz todo o sentido pra mim, mas dá um frio na barriga...
bjs
Valéria,
Os medos relacionados parecem simples de ser vencidos, mas a verdade é outra.
É certo que é necessário auto-conhecimento, e auto-aceitação, e empenho em acertar. Muito interessante a ideia da palestra.
Beijo.
Concordo, falar é muito fácil. O medo trava a gente e não é todo mundo que consegue se impor e dominá-lo não... Aliás, me arrisco dizer que a maioria fica parada, sem reação.
Como somos fracos, no fim das contas...
Deve ter sido bom esse evento, hein... Eu tenho dois desses medos, mas não conto aqui quais são... hehehe
Muito bom esse post, adorei!
Beijocas
Val, que pena não ter isto por estas bandas. Adoraria participar destes encontros.
E acredito muito nisto tudo que você postou
Medo de ficar sozinho todo temos devido a idéia de que não somos feitos pra viver só. Sem entender que pra viver bem com alguém precisamos antes saber viver saudavelmente com a gente mesmo. Já diz a Lya Luft, ‘ solidão é um campo vasto que não devemos atravessar sozinho’.
Quando era adolescente reparava muito num casal de irmãos de meia idade que ia todos os domingos no mesmo restaurante que a minha família costumava almoçar. Casal querido e simpático, mas achava que eles tinham uma aparência de mofados e ficava pensando que era pela falta de amor em suas vidas. Sabe, aquele amor carnal, paixão, que revira a gente e nos dá cor nas bochechas... e em outros lugares, claro.
Medo de ser rejeitado temos sempre, desde que o mundo virou mundo quando começamos a interagir com pessoas além de papai, mamãe e afins. O lance não é receber um não é como agimos sobre esta negativa.
Medo da entrega comecei a ter quando entendi quais eram as minhas expectativas reais perante os outros e comigo mesma, e te confesso que isto começou a ficar muito claro quando amadureci. Antes era um tal de se jogar do penhasco e depois se o mergulho desse errado eu me virava. Com o passar da adolescência vem as limitações, os freios e também as cautelas. Tem um tempo que não abrimos concessões, é o tempo do radicalismo até voltarmos a ser mais flexíveis quando descobrimos que nada é cor de rosa e entre o preto e o branco existe o cinza.
Medo do compromisso. Sinceramente, lá no fundinho entre eu e todos os meus lados b acredito que essa coisa só acontece quando a gente não está a fim mesmo da pessoa e esta limitação é mais imposta pra nó mesmos, como um muro delimitador no terreno, do que com a pessoa em questão. Popularmente falando desculpa fria pra aquietar a minha consciência.
Medo da plena potência – passei por isto, queria tanto aquilo e quando recebi me perdi. Até me achar, amiga, rolou várias encruzilhadas e montanhas, mas foi positivo o resultado. Sabe aquele sensação quando alguém te olha e você vira pro lado porque acha que não é contigo? Foi mais ou menos assim, não estava me achando tudo aquilo por mais quisesse.
Agora pra resumir todos este post que virou algo imenso.
O inferno está dentro da gente, é fato. Os nossos piores inimigos estão ali dentro da nossa caixinha de Pandora. Aquela escondida dentro do nosso corpo, embalada por vezes em papel de presente, por vezes em jornal velho.
No final quem complica tudo é a gente.
A gente corre atrás do amor como se fossemos os templários e o amor o Santo Graal, mas quem sabe realmente o que é ele.Será que realmente queremos isto porque somos , em muitos casos, os nosso maiores sabotadores.
Quantas vezes estivemos do lado do objeto tão adorado, tão querido por todos e viramos para o outro lado?
Bom, este assunto rende mais alguns post e alguns debates, hein?
Bom chega de tanto escrever e vamos em frente.
bjos queridos pra ti!
Bom finde!
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