Leio matéria em O Estado de S. Paulo que fala dos desaparecidos no mundo. Gente que saiu de casa para estudar, trabalhar, visitar outros países e nunca mais voltou. As famílias ficam procurando 10, 20 anos, sem notícias. ONG especializada no assunto diz que, na maioria das vezes, as pessoas são encontradas mas não querem voltar. Ou seja, desapareceram por vontade própria, por querer cortar os laços com a família.
Por que? Quais seus motivos?, fico pensando.
Há os filmes. Em O franco atirador, um dos soldados fica perdido no Vietnã após o fim da guerra. O amigo volta anos depois e finalmente o encontra. Descobre que se tornou campeão de roleta russa. Uma década fazendo roleta russa sem morrer. E na hora em que o amigo diz que veio para levá-lo para casa, ele pede para competir uma última vez e... Bum! Triste!...
Há também O céu que nos protege, baseado no livro de Paul Bowles, dirigido pelo Bertolucci. No fim, a mulher ocidental se torna berbere. Enrolada em panos, mãos tatuadas. Quando vai à cidade, à beira do deserto, um amigo a reconhece e fica feliz, julgava-a morta. Vai levá-la para casa. Pede que aguarde um minuto, pois vai ali resolver problema e, quando volta, ela não está la. Sumiu. Voltou para o deserto.
Esse tema me mobiliza muito. Talvez porque, um dia, lá atrás, tenha passado pela minha cabeça. Acho que já passou pela cabeça de todo mundo. Ou não?
11 comentários:
Na minha não passou ainda, se passou foi qdo era adolescente sabe. Acredito que essas pessoas fazem isso para tampar algum vazio. Na verdade é dificil saber qual a real.
Bj!
Faltou falar do amor mesmo no post, mas diferenças se completam.
Viva o amor (2).
Nossa, nunca tive esse pensamento de querer sumir no mundo. Mas, sem dúvidas, o seu post me causou uma boa reflexão...
É estranho pensar o que leva algumas pessoas a fazerem isso ou até mesmo chegarem ao ponto de se suicidar.
Sim, acho que é uma ideia tentadora em alguns aspet=ctos. Deixar tudo e ir para onde ninguém conhece você, sua história, seu passado.
Eu não abriria mão do que tenho hoje, as pessoas que amo e a vida que levo. Mas já quis isso sim.
Na maioria das vezes, pra fugir dos problemas.
Sei lá, se a vida está mesmo uma porcaria e não há nada a fazer para mudá-la, fugir é uma boa ideia. Meio covarde. Mas é uma ideia.
Beijos!
enquanto isso, li uma matéria hoje falando de um homem tido como morto que luta para provar que está vivo...
Talvez um dos motivos para as pessoas não quererem voltar para perto da família pode ser a falta de respeito com a diferença de opinião. A família muitas vezes exerce uma certo poder (ou quer exerce-lo) e para cortar essa amarra só com a distância mesmo. É muito ruim ter que ficar lutando com um preconceito ou uma opinião diferente quando essa quer ser imposta pela família como a certa e não apenas como diferente...
É sempre muito bom visitar teu blog.
Beijinhos
Taí... quero assistir "o franco atirador"...
sobre "evadir-se", tem aqueles que foram comprar pão e...
olha, o legal das suas visitas e comentários é que vc sempre acrescenta algo, uma experiência pessoal... é bom saber que algo que excrevemos evocou uma lembrança legal... ah, e não é ficção, aconteceu mesmo, rsrsrs
bjs
Obrigado, mesmo...
criei o blog para fazer um exercício de escrita. Fico muito feliz com os comentários. Eles dão ânimo. O poema faz parte do meu livro "Quarador", depois a gente pode ver uma forma de eu enviar um exemplar para vc...
Qdo visitar-me de novo, quero que leia a minha tentativa com uma historinha infantil. Acabo de postar!
Bjs e bom fim de semana!
Quando li este texto me veio logo à memória a história de MacCandles, cuja história foi contada em "Into The Wild". Família e Cultura muitas vezes pesam em algumas mentalidades... mas considero que cada um possui um desejo latente de evadir-se. Algumas formas de evasão permitem-nos ainda conviver com este mundo enquanto outras são mais radicais e só se realizam após uma forma de alienação total, seja de sua cultura, de sua família ou até mesmo da vida. Penso, também, que a algumas pessoas é dado uma espécie de percepção mórbida da realidade, o que as leva a intuir a existência neste mundo como um deserto no qual não é possível realizar-se plenamente, uma vez que não conseguem estabelecer laços com as coisas que a realidade lhes oferece. Pode-se perceber isso quando se estuda os padrões de normalidade e de como a maioria das pessoas se adapta a eles, estabelecendo um equilíbrio entre sua subjetividade e as imposições do ambiente. Acredito que alguém poderá dizer que trata-se de algum inconformismo e de uma péssima escolha em se lidar com este inconformismo e uma grande demonstração do que se entende por imaturidade.
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