Nessa viagem a SP, fiquei hospedada em um hotel 5 estrelas por conta do Projeto Sempre um Papo. Ótimo, pois normalmente em viagens de trabalho os hotéis são 3 estrelas.
Adentrei a suíte do dito cujo e me deparei com uma cama maravilhosa, gigantesca, onde três dormiriam folgados. Mas eu era apenas uma. Seis travesseiros. Como só preciso de dois, retirei cuidadosamente os outros quatro e os coloquei arrumadinhos sobre uma das poltronas do quarto. Fiquei pensando se, apesar do meu cuidado, iria tudo para a lavanderia após minha partida.
No banheiro, um kit de produtos Granado: shampoo, condicionador, creme hidratante, sabonete de glicerina. Pelo menos umas seis toalhas à disposição, todas amarradas com ramos de palha e um cartãozinho: "Preparado para você". Dá vontade de desamarrar todas, mas peguei apenas uma. Afinal, eu ia passar apenas uma noite naquele hotel.
Atrás da porta, um roupão. Lembrei de uma pessoa que conheci, que dizia que um hotel só é bom se oferecer roupão. Mas como tinha que tomar banho meio correndo, deixei o artigo lá onde estava.
Após o Sempre um Papo, Lya estava cansada e não queria sair para jantar. Levei-a até seu quarto, me despedi, peguei o elevador e fui comer num japonês bem bacaninha que há na rua do hotel. Pois não consigo dormir de barriga vazia. De volta ao quarto, encontro um prato de frutas já descascadas e cortadas sobre a mesa. Que pena, pois eu estava cheia de sashimis e shimejis, e não podia comer mais nada. Pensei em guardar na geladeira, mas não cabia, então, pensei que comeria no dia seguinte, antes do café. Mas no dia seguinte, as frutas já não estavam frescas, um leve gosto de azedo, e deixei pra lá. Foi tudo para o lixo.
Nessa minha breve estadia, refleti sobre o fato de que o luxo não é sustentável. Um dos maiores sonhos do ser humano é ser rico. E quanto mais rica uma pessoa se torna, mais exigente em termos de consumo ela é. Basta folhear as diversas revistas voltadas para Luxo que pipocam por aí. Lá na Record, recebemos várias. Suas páginas trazem: o novo IPod de ouro, o pen drive de diamantes... Domingo passado, a Revista de Domingo do JB trazia uma entrevista com um business man da griffe Louis Vutton, em viagem ao Brasil, e ele repetia que a LV é capaz de criar produtos "perfeitos" para agradar o consumidor mais exigente, ou seja, o mais rico!
Enfim... Nada contra a riqueza, pelo contrário, também quero ser rica! Mas espero manter sempre a consciência de que tudo que consumimos tem um custo para a natureza e, consequentemente, para as nossas vidas.
4 comentários:
Urrú, minha amiga! Isso aí! Lixo de um, tesouro de outros - o lixo vira luxo, e o luxo pode ser um lixo... bjs
Eu acho esse luxo todo uma besteira. Mesmo rica, não usaria um produto LV simplesmente para ostentar a marca. Minha vida caminha cada vez mais em direção ao simples e essencial da vida.
Bjs
o insustentável luxo do ser...
Deve ter sido legal ficar nesse hotel! Mas seu post me fez refletir...eu sempre falo pro pessoal da agência que queria ser rica pra não trabalhar e ficar de saco cheio em Bora-bora. Bjs, Ana
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