Na sexta-feira à noite eu estava meio desconectada de tão cansada e exaurida. Várias tarefas sem graça me aguardavam no dia seguinte; a principal delas, para dar uma idéia: fazer compras de mês, pois a casa estava oca. Então, só para fazer algo diferente, decidi ir ao supermercado na Barra da Tijuca, apesar de ter uma Sendas bem pertinho de casa.
"Sorria, você está na Barra", diz a placa ao fim do túnel da Joatinga. Virei à direita em direção à Barrinha. 20 minutos esperando para entrar no estacionamento do supermercado Mundial. Mas foram 20 minutos olhando a Pedra da Gávea com sua exuberante floresta verdinha cobrindo a encosta. Era um lindo dia de sol. Um vento suave trazia o cheiro do mar e de churrasco. A Barra da Tijuca, nos fins de semana, cheira a churrasco.
Bateu uma saudade de quando eu morei na Barra, bem pertinho dali, na Joatinga. Meu pai se mudou para lá em 1972 e, desde então, eu passava os domingos com ele. Marcou muito a minha infãncia e a minha vida, aquele encontro semanal com a natureza.
Encontros intensos, pois no início, quando a casa ainda não tinha piscina, meu pai e eu descíamos pelas pedras até o canal da Joatinga, que era limpo, e nós mergulhávamos e comíamos os mariscos vivos que ele retirava das rochas com uma faquinha.
E havia a casa do vizinho, eternamente em construção. Meu pai dizia que o dinheiro havia acabado e a obra ficava parada por longas temporadas. Na casa do vizinho, a vista era só mar, 180 graus de mar, enquanto na do meu pai víamos a Pedra da Gávea à direita, a Barra em frente e o mar à esquerda. Apesar de ser um pouco mais triste ver só mar, eu gostava mais dessa vista, talvez porque ela nos inspira a enxergar o infinito. Nas tardes após o almoço eu costumava ir até lá sozinha para ficar sentindo o vento forte despentear meus cabelos, sacudir minha roupa, imaginando como seria bom voar até o horizonte e voltar.
E havia a chegada das tempestades e os dias chuvosos e também os dias cinzentos, com variados matizes de cinza, do cinza claro ao chumbo, tingindo a paisagem. E também os dias de sol radiante após a saída de uma frente fria, céu azul límpido, tudo reluzindo e finas cachoeiras resultantes das chuvas passadas percorrendo as encostas da Pedra da Gávea.
Na fila da caixa, cheguei à conclusão de que eu estava com falta de natureza e precisava fazer algo a respeito. Fiz. Fui hoje à praia em Grumari: vazia, sol fraquinho, mar calmo (sorte), pasteizinhos de camarão, cerveja gelada. E depois atravessei a serrinha até Barra de Guaratiba, comi bobó de camarão com quindim de sobremesa. Voltei de carro pela praia quando o céu já estava escuro, janelas abertas, ouvindo o barulho das ondas.
A saudade passou, tô curada. E vocês, como passaram o fim de semana?
7 comentários:
OI Valéria! Seu fim de semana me inspirou...estou precisando desligar um pouco e entrar em contato com a natureza tbm. Ah! Estou adorando ler seu blog!
Bjs
Meu sábado foi na praia pela manhã e pequenas coisas como acompanhar o marido pra cortar o cabelo, ver os camelos no fim de tarde em Copa e depois sentar no Cafeína pra tomar um café e bater um papo, já que teríamos que pegar minha filha as 9:30 na Katmandú. O domingo é que foi gostoso! Eu, meu marido e duas amigas caminhamos pelas Paineiras, almoçamos em Santa Tereza (um espaguete com frutos do mar, divino, no Sobrenatural), voltar pra casa descansar um pouco e curtir no Municipal o concerto para piano e violoncelo do Rio Folle Journée. Fui dormir renovada, com a alma tranquila e com a certeza que precisamos de poucas coisas para ser feliz. Uma ótima semana! bjs
a saudade não passou, nao estou curado...
Querida Vá,
Lembro de alguns finais de semana com seu pai na Barra. Mesmo pequena ficava prestando muita atenção ao que ele dizia, pois sempre era muito interessante.
Quanto a natureza vc sempre foi chegada a um passeio a lá Indiana Jones. Um simples "ir à praia" vinha junto com alguma escalada, nem que fosse pequena. Na época eu não achava muita graça, mas hoje...
Este final de semana levei o Bernardo para conhecer a Floresta da Tijuca exatamente por essa falta de natureza que eu também estava sentindo.
Beijos e saudades
Ana
É, parece que a falta da natureza bateu em todos. Eu fui para Mauá, mas precisamente Maringá, e dei uma geral nas cachoeiras de lá. Fui no Poço e no Escorrega da Maromba e subi até o topo do difícil Vale do Alcantilado. Falarei sobre isso no meu blog.
Beijos !
Minha cota de natureza desse fim de semana foi a praia que curti no sábado. Vazia e com um sol morno, sem vento.
Mas a dois finais de semana fui a Miguel Pereira onde pude aproveitar o calor da manhã e o frio da noite. Os passeios foram os mais simples possíveis mas o simples fato de estar nessa pequena cidade rodeada de montanhas e ar puro, me deixou totalmente renovada. bj
Nossa, que finais de semanas gostosos!!! Que bom que estão conseguindo se desligar e aproveitar essa pausa do tempo a que temos direito.
Querida Ana, eu queria ser uma borboleta para acompanhar essa ida do Bernardo à Floresta da Tijuca! Uma borboleta azul, para encantá-lo! Mas tenho certeza de que vcs viram muitas pelo caminho. Beijos!
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