“Com um pouco de humor e imaginação, é incrível o que passa entre duas pessoas”. Essa frase de Madame Adelman sintetiza o filme Monsieur e Madame Adelman, uma tragicomédia inusitada sobre tudo o que pode acontecer – e eventualmente acontece – em um casamento.
“E foram felizes para sempre” é a enigmática frase que encerra os contos de fadas. Ao longo da vida ouvia comentários de gente mais velha e experiente – ‘É aí que começa a verdadeira história’ – e ficava intrigada. Pensava que uma vez juntos, o casal desfrutava uma vida feliz e harmoniosa até o fim dos tempos. O índice elevado de separações leva a crer que não é bem assim. Não estamos presentes no dia a dia de um casal, mas para que se separem algo muito grave deve acontecer.
Monsieur e Madame Adelman mostra justamente a intimidade entre duas pessoas que se amam muito. Em um relacionamento esse amor se estica, deforma, alarga, esquenta, esfria. Impressionante e assustador. Principalmente porque nos reconhecemos nos papéis – quer dizer, eu me reconheci agora que trilhei uma boa parte da estrada e conheço algo da vida.
Não é um filme contra o casamento – apesar da lavação de roupa suja que presenciamos. É a favor do amor e do relacionamento, com todos os desafios, dores e prazeres que este possa suscitar. Transformador. Ainda mais nesses tempos de intolerância e impermanência, quando tudo muda com um clique, inclusive as relações, quiçá, amorosas.
Um comentário:
Oi Valéria. Gostei muito do comentário. Suscinto, esclarecedor da essência da trama e,principalmente, instigador. Não vi, ainda, o filme. O que farei tão logo possível. E agradeço a você por isso.
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