Escolas e editoras são entidades muito parecidas. Nenhuma é perfeita, as duas são cheias de defeitos e os clientes - sejam pais ou escritores - estão sempre insatisfeitos.
A escola onde matriculei meus filhos quando eram bebês e onde um deles está até hoje - a outra já entrou na faculdade - não foge a regra. É um colégio 'progressista', 'liberal' onde estudam muitos filhos de artistas. Como tudo na vida, tem um lado bom e um lado ruim. Em alguns momentos, lamentei tê-los colocado lá. Mas existe uma época do ano em que esqueço os defeitos e me vem a certeza: fiz bem. Foi a escolha certa.
É a Semana da Cultura. Durante uma semana os alunos preparam a escola para ser um imenso pavilhão de exposições dos trabalhos realizados durante o ano. No sábado, os pais são recebidos com café da manhã e visitam as salas onde há videos, instalações, declamação de poesias, performances. O clímax é o sarau de música no ginásio.
A cada ano, a Semana da Cultura é uma surpresa e uma emoção. Vejo os rostos dos colegas dos meus filhos - a maioria eu conheço desde que usava fralda e chupeta - se transformando. Uns, que não via faz tempo, reconheço os traços. Outros apresentam poemas de uma profundidade que eu não imaginava ou cantam lindamente. E, de repente, sou impactada pela consciência do tempo que passou e do que está por vir.
Esses jovens que eram bebês cresceram, se tornarão adultos, vão namorar, casar, trabalhar, procriar, sofrer, viajar, amadurecer... A grande aventura do ser humano se repetindo de forma única e especial em cada um deles.
E logo virão os filhos, que também serão matriculados em colégios, e quem sabe um dia, quando esses jovens forem pais e assistirem alguma festa de escola, terão a mesma percepção que eu tive, da infinitude e finitude do tempo, como dois lados de uma mesma moeda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário