Ele está no Rio de Janeiro, dando um curso de férias na Estação das Letras, e eu tive o prazer e a honra de ser apresentada a ele antes da aula começar. Uma simpatia e uma generosidade!
Em 20 minutos de conversa ele me contou que durante a oficina - que tem a duração de um ano - ele lê um clássico inteiro com os alunos, palavra por palavra. "Quais clássicos?", perguntei. Ele respondeu: "Flaubert: Madame Bovary e Educação sentimental. Porque todos os segredos da ficção estão nessas narrativas". Continuou: "Flaubert ministrou a primeira oficina literária de que se tem notícia. Ele ensinou Guy de Maupassant a escrever durante 8 anos. Lado a lado. Por isso, Maupassant também é bom de ler."
Apreendido e registrado. Abaixo, o livro dele que eu tenho.
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Fui assistir O despertar da primavera em fim de temporada no Rio de Janeiro - a peça vai para São Paulo. Amei! A montagem é mais uma realização da premiada dupla Charles Müller e Claudio Botelho, que já acumula indicações ao Prêmio Shell de Teatro 2010.
E pensar que o autor, Frank Wedekind, morreu sem ver sua peça encenada de modo integral. Pudera, pois ousou, em 1891, retratar a repressão sexual que enlouquecia os jovens e os levava ao suicídio em seu país, a Alemanha.
Foi censurado, criticado, excomungado. Somente em 1974, quase 80 anos depois, a peça teve a primeira montagem decente em Londres, sendo imediatamente aclamada pela crítica. Em 2006, estreou em Nova Iorque uma nova versão do texto, musicada com rock. É essa que vemos agora nos palcos brasileiros.
O melhor é que a montagem transmite o vigor e o ímpeto da juventude. A gente sente o gosto de se apaixonar pela primeira vez, a inquietude, a ânsia de viver e conhecer. No final, depois que as cortinas se fecham, toca a música de outro musical emblemático: Hair.
Let the sunshine... Let the sunshine in, the sun shine in...
A força da juventude é enorme! Gostaria de ver a juventude novamente mobilizada, como na época de Hair e em O despertar da primavera. Mas parece que já não existem ideais...
Só sei que eu me sinto jovem e me identifico com essa força criadora. O despertar da primavera reaviva a chama dentro da gente. Saímos acordados e potentes!
Abaixo, os protagonistas Pierre Baitelli e Malu Rodrigues, excelentes.
7 comentários:
Olá Val,
Fiquei com muita vontade de ver a peça.Sou da época de "hair", vivi está época com todas as mudanças quer ela provocou na sociedade.
Concordo contigo, hoje realmente parece que os jovens não teem ideais, aquela vontade de mudar o mundo que tanto nos incendiava, nos impelia, nos fazia sentir poderosos...parece que atualmente todos estão satisfeito com o que está aí..será mesmo? Ou será que há um unanimidade no "deixa pra lá", cada um importando-se cada vez mais apenas consigo mesmo,o resto não interessa? Parece que atualmente se faz tão pouco pelos outros, pelo próximo, para o bem de todos...Desculpe-me, creio que a tragédia do Haiti mexeu muito comigo...
Bjus
Querida Neide, mexeu comigo também... Tanta miséria e ainda por cima um terremoto... Não dá pra entender... Parece que já estava tão ruim que foi melhor arrasar com tudo para recomeçar do zero... Tenho medo que com o planeta Terra aconteça algo semelhante.
Beijos! Vamos nos alegrar! Hoje é sexta-feira!
Também tenho Os segredos da ficção. Volta e meia, releio trechos. É maravilhoso!!!
E você acredita que alguém pode ensinar e alguém pode aprender a escrever? Eu acredito que todos PODEM escrever.
Fui apenas ouvinte de uma mini oficina do Raimundo na Bienal do livro de Recife, sai de lá bastante motivada, apesar do pouco tempo... Ele é ótimo! Sempre leio a coluna dele num jornal aqui de Recife.
Bjssss
Valéria é uma pena que às vezes grandes artistas só são contemplados após a morte.
Bj!
Oi querida, acabei de ler Madame Bovary, que coincidência. Estou colocando minha leitura dos clássicos em dia.
Também amei o "Despertar...", fui com filha e marido. Minha filha, de 17 anos, ficou super emocionada. Bjos
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