sábado, 29 de agosto de 2009
O fundo do poço
Mas onde é o fundo do poço? Dentro de nós, na maioria das vezes. Porque a realidade continua igual no lado de fora: os mesmo problemas, as mesmas questões. Mas a gente se exaspera e vai dar lá no fundo do poço.
Às vezes, leva dias para sair...
Essa semana tive conversa bizarra com um motorista de táxi. Ele me conduzia pela ruas de Botafogo, todas engarrafadas, e começamos a discorrer sobre a necessidade de paciência no trânsito. Daí evoluímos para a vida. Lá pelas tantas perguntei:
- E o que fazemos quando a paciência de esgota para uma determinada situação?
Ele fez uma pausa... E respondeu:
- Olhamos lá para cima e pedimos: mais paciência. Porque Ele, lá em cima, é que sabe tudo, pode tudo. E as coisas aqui embaixo não vão mudar de uma hora pra outra só porque a gente quer.
OK. A humildade. Só nos resta respirar fundo...
E vamo que vamo - pra cima, de preferência.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
O guerreiro Gengis Khan
Esse é um resumo pífio, feito por uma leiga em História, de Temudjin ou Gengis Khan. Não me perguntem por que, mas sou apaixonada por esse personagem histórico, assim como por seu berço, a Mongólia. Um dia, ainda vou lá.
Vidas passadas? Talvez.
No sábado fui ao cinema assistir O guerreiro Gengis Khan. Cinemão asiático. Conta a história da criança e do jovem antes de se tornar o estrategista. Ele cresce sozinho, órfão, entre as planícies. Passa anos preso, submetido a humilhações e, como diz o monge que o visita vez em quando, só aguenta porque é "forte de espírito".
No fim do filme, na hora H de uma batalha onde está em desvantagem, ele reza ao deus Tengrin - sim, ele também é um homem de fé - e rola uma tempestade terrível, com raios e trovoadas. E os mongóis têm pavor de trovão.
Findo o conflito, Gengis Khan, o vencedor, é interpelado por um companheiro:
- Todos os mongóis temem os trovões. Por que você não os teme?
- Porque em uma época da vida, quando vinham os trovões, eu não tinha onde me esconder. Daí, perdi o medo.
Salve Gengis Khan!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Miss Brasil 2000
Eu e a família, em casa, também nos reunimos na frente da televisão. Mas eis que na primeira meia hora do programa - decepção! - a candidata brasileira foi descartada. Incompreensível, pois tem beleza acima da média e ganhou várias disputas simuladas em sites nos dias anteriores ao concurso.
Assim, dentre mais de 100 misses - essa nova mania dos países de declarar independência está tornando a concorrência mais acirrada - foram selecionadas 15. E como disse a minha filha, "cada uma dessas, a gente encontra umas 10 iguais em uma volta no Shopping Leblon".
Shows de um rapper gordo e de um clone tardio de Donna Summer, o topete do Donald Trump - patrocinador do regabofe - e um júri formado de vários 'ninguéns' me fizeram esconder o rosto com as mãos e desejar que minha mãe estivesse dormindo àquela hora da noite (o concurso começou a ser transmitido ao vivo das Bahamas às 22h).
No final, ganhou a Miss Venezuela, país vencedor pelo segundo ano consecutivo - o que nos faz especular que o dinheiro do petróleo esteja servindo para vários fins. A boca e o sorriso da moça eram tão grandes que ela quase engoliu a coroa - feita de diamantes sintéticos.
Conclusão: a era dos concursos de Miss definitivamente ficou para trás.
Abaixo, a bela potiguar Larissa Costa, Miss Brasil 2009.
sábado, 22 de agosto de 2009
Liberdade e criatividade
- De dizer o que penso (com jeito, tudo pode ser dito).
- De pedir o que quero.
- De propor a realização de coisas favoráveis a mim e aos que me cercam.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Perdoar é esquecer
Eu, a dona da verdade.
Mais eis que dia desses me surpreendi amando intensamente uma pessoa que, um dia, foi causadora de tantos dissabores, confusões e conflitos. Essa pessoa está em situação extremamente frágil, e nos últimos tempos a paz baixou sobre nós seu véu diáfano, transparente, e me fez esquecer.
Esqueci tudo, tudinho. E percebi que, sim, no fim das contas, perdoar é esquecer.
Essa pessoa é a minha mãe.
domingo, 16 de agosto de 2009
Sozinha por opção
- Tá namorando? - pergunto.
- Não, estou sozinha por opção.
- Como assim? Você quer ficar sozinha?
- Não quero ficar com alguém só por ficar. Não há ninguém interessante em vista. Então, toco a minha vida. Estou bem assim.
E ela parece bem mesmo: jovem, sorridente. É uma mulher muito bonita. Será que não está sendo exigente demais?
- Não. É que eu não quero perder tempo com bobagem. A gente que já amou sabe: ou a coisa bate logo no início ou não bate. Então, eu conheço os caras, saio algumas vezes, mas logo sinto: não é este. E pronto.
Nos despedimos com dois beijinhos e vou embora refletindo... Não é que faz sentido? Até demais.
sábado, 15 de agosto de 2009
A dor necessária
O filme mostra como um casamento chega ao fim. E deixa claro que é melhor abreviar este fim; do contrário, por medo da dor do rompimento e de todos os desafios dele decorrentes, o sofrimento se prolonga. E contamina todos os que estão em volta. A começar pelos filhos.
Seperação é sempre ruim para as crianças, ninguém quer ver os pais separados. Mas é como se a gente tivesse uma estaca cravada no peito e se acostumasse com o desconforto. O ser humano tem uma capacidade de adaptação incrível. Só quando um solavanco arranca a estaca é que percebemos que após a dor maior - lancinante, definitiva e violenta -, vem o alívio. E tudo se resolve: as coisas que estavam paradas, entrevadas, andam; a energia estagnada se escoa. E o rio da vida retoma o seu curso.
Assisti À deriva de duas formas: como filha única de pais separados (a protagonista tem irmãos, o que ajuda muito) e como mulher/mãe de duas crianças, que se separou. Doeu!...
Mas é o mais belo e delicado filme que vi nos últimos tempos.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Boas notícias
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Dicas do Abílio
No domingo, a Folha de S. Paulo publico um uma linda entrevista com ele. O motivo: o lançamento do site http://www.abiliodiniz.com.br/ cujo objetivo é dar continuidade aos temas abordados no livro Abilio Diniz - Caminhos e escolhas (Ed. Campus/Elsevier), que ficou anos na lista de mais vendidos.
Ao longo das respostas, Abílio discorre sobre o que podemos fazer para diminuir a distância entre o corpo e a mente. Ou como minimizar os efeitos do tempo sobre o corpo e como manter nossa mente desperta e ativa apesar dele. Nenhma grande novidade, nada que a gente não saiba e intua. Mas faz toda diferença ouvir de um homem que é um exemplo de que a teoria na prática dá certo. Algumas dicas do Abílio:
- "Dizem que correr não é bom porque causa muito impacto. Mas não precisa correr, basta caminhar três a quatro vezes por semana. Um pouco de impacto é necessário para fortalecer as articulações".
- "Musculação é o único remédio para a perda de massa muscular. Não precisa ir para a academia malhar horas, mas tem que fazer um pouco, principalmente para as pernas, pois evita aquele efeito do velho que anda arrastando os pés. E evita quedas."
- "Para conservar a sua capacidade mental é preciso estar sempre aprendendo algo novo. Por isso, agora eu estou aprendendo francês."
- "Aconteça o que acontecer - desgraças, perdas, falta de dinheiro - o importante é fazer a escolha de ser feliz. Uma vez que você firmar este compromisso consigo mesmo, o resto entra pelos lados."
domingo, 9 de agosto de 2009
Histórias da vida real
Lá pelas tantas, um menino de uns 12 anos veio em minha direção... Pensei que queria a minha bolsa, mas não. Avançou com a mão no cordão de ouro que levo no pescoço com o meu cristal de estimação. Estávamos os dois molhados e os dedos dele escorregaram, não chegou nem a me machucar. E não levou o colar.
Meu sutiã saiu do lugar, fiquei meio segundo pelada, desamparada... Mas a raiva tomou o lugar do medo, soltei um grito alto e espontâneo: "Socorro!"
Nada. O menino correu para o mar e os seus colegas sentados, olhavam quietos. Endireitei o biquíni calmamente, olhei para o bando como quem diz: "E aí? Mais algum vai chegar? Pode vir!" Nada. Silêncio sob o sol de domingo no Rio de Janeiro.
Na sexta-feira fui assistir no cinema O contador de histórias, sobre a vida real do mineiro Roberto Carlos Ramos, que viveu dos 6 aos 13 anos entre as ruas e a Febem, foi adotado por uma pedagoga francesa, recuperou-se e hoje é um dos 10 melhores contadores de histórias do mundo. O filme é muito legal!
Em certo momento, a pedagoga conversa com a diretora da Febem. Ela diz: "Eu sabia que um menino de 13 anos não podia ser irrecuperável". E a diretora comenta: "Roberto Carlos é um garoto de sorte. Ele encontrou uma mãe. O que você fez - levar para casa, dar comida, roupa, atenção, carinho - é o que uma mãe faz. Eu gostaria de tratar cada um, individualmente, como você faz. Mas não dá."
A conversa termina e elas fumam em silêncio.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
O amor singelo
Numa época em que anda tão difícil homens e mulheres se encontrarem – quero dizer um verdadeiro encontro, e não uns esbarrões por aí – um casal harmonioso compartilha sua vivência gratuitamente com uma platéia embevecida.
Nesta quarta-feira, fui pela primeira vez a um dos encontros do Amor Singelo, comandados por um casal de terapeutas no Jardim Botânico. Encontrei uma sala lotada de homens e mulheres – muito mais mulheres do que homens, mas eles compareceram!
Na primeira meia hora rola uma meditação. Cheguei atrasada e entrei quando começava uma interessante palestra sobre O medo, passagem secreta para o amor. Como assim?
O casal listou e comentou uma série de medos que dificultam o acesso ao amor que, na verdade, reside dentro de nós. Vamos lá:
Medo de ficar sozinho – Acomete aqueles que têm uma visão depreciativa de si mesmos, por isso acreditam que ninguém irá querê-los. É preciso aprender a nutrir-se e ficar bem só, para poder se abrir para o outro. Depois do inverno, sempre vem a primavera.
Medo de ser rejeitado – O não é um elemento estruturador. Ele nos ensina o limite e nos ajuda a construir uma ética de conduta. Não deve ser temido, mas usado como uma fonte de aprendizado.
Medo da entrega – A pessoa teme perder suas características em contato com o outro. É preciso ser flexível e permitir as mudanças que o amor traz. Não devemos temer, mas querer mudar!
Medo do compromisso – Quando não há um sólido projeto de vida, a pessoa pensa que será arrebatada pelo outro. É preciso se conhecer bem e estar em profundo contato consigo mesmo para afastar esse medo.
Medo da plena potência – A gente pede, pede, mas precisa se preparar para quando a coisa chegar. Senão, nessa hora pode pôr tudo a perder. É preciso acreditar nas nossas potencialidades e em nosso valor. Somos merecedores do Amor!
Como conseguir superar todos esses medos? Ralando o côco, tentando extrair sabedoria do sofrimento, aproveitando as situações que a vida traz para crescer e amadurecer.
Falar é fácil. Quem se habilita? O prêmio é o Amor.
sábado, 1 de agosto de 2009
A arte de fazer um filme “suecado”
Na quinta-feira, eu e meus dois filhos participamos de uma das oficinas idealizadas pelo diretor francês Michel Gondry – de Brilho eterno de uma mente sem lembranças e Rebobine, por favor – para a realização de um filme “suecado”, ou seja, um filme bem tosco, caseiro, feito com recursos mínimos, mas capaz de contar uma história de verdade.
Éramos 13 pessoas: meia-dúzia de crianças entre 8 e 12 anos, quatro jovens estudantes de cinema e apenas três adultos. Foi uma experiência inesquecível!
Segundo Gondry, estas são as etapas para realizar um filme “suecado”:
Escolher o gênero do filme – O nosso era “terror musical”.
Escolher o título (mesmo antes do enredo) – A voz do cantor mudo que acorda o bebê no berço foi eleito por votação.
Desenvolver a história – início, meio e fim.
Escrever as cenas – Usamos uma escaleta de verdade.
Filmagem!
Em três horas e meia de trabalho filmamos a hilária história (criação coletiva) de um cantor que é vaiado pelas crianças e fica mudo. Como vingança, ele rouba as vozes das crianças com um rádio. Elas querem se comunicar, não conseguem e atacam os adultos. Planejam o atropelamento do cantor, o rádio se quebra, recuperam suas vozes e terminam todos juntos – inclusive o cantor, que também volta a falar – cantando e dançando.
Os cenários fazem parte da exposição Rebobine, por favor, em cartaz no CCBB até o próximo fim de semana, dia 9 de agosto. Quem passar por lá pode pedir para assistir ao nosso filme, que está exposto na “videolocadora” que integra a exposição.
Mesmo sem conhecer o Michel Gondry (abaixo), eu o agradeço publicamente por proporcionar esta experiência de criatividade explícita, sem compromisso, sem pré-requisitos, sem cobranças ou expectativas, a quem quiser se aventurar. É delicioso! É de graça! Só precisa chegar cedo para se inscrever. Informações: 21-3808-2020.