Amigos, o tempo é curto e o espaço também. Então, vou me limitar a registrar as falas que mais chamaram minha atenção, em cada uma das mesas que pude assistir até agora. Combinado?
Tenda dos Autores, quinta-feira, 15h
Verdades inventadas, com Tatiana Salem Levy, Arnaldo Bloch e Sérgio Rodrigues.
Foi uma mesa com clima bastante cordial e harmonioso e todos se saíram muito bem. Tatiana me pareceu a mais despojada em sua maneira de se expressar ao vivo. Disse a respeito de A chave de casa:
“O meu livro é fruto muito mais de encarar a minha solidão e o incômodo da escrita, do que de experiências pessoais minhas. O escritor precisa transformar em sangue o passado – o seu e o dos outros – e depois doar o seu sangue."
"Precisei ter muita coragem, sim (para escrever o livro), não para expor os fatos da minha vida, mas para expor a minha solidão e o meu silêncio.”
Off Flip, quinta-feira, 17h
Luiz Ruffato falou sobre a experiência de ser jurado do concurso de contos promovido pelo evento.
“O jurado é meio como um editor. O critério principal, ao meu ver, é escolher o texto que consegue falar ao maior número possível de pessoas – esse texto é o que tem méritos.”
Tenda dos Autores, sexta-feira, 19h
Richard Dawkins, ateu e darwinista convicto, ao ser perguntado sobre o que diria a Deus se morresse e desse de cara com Ele: “Primeiro eu perguntaria ‘que Deus é você?’ (Referindo-se às variadas deidades nas variadas culturas). Depois eu diria: ‘Não existem evidências científicas de que Você exista!’”
Casa da Cultura, sexta-feira, 10h30
Marcelino Freire e o angolano Ondjaki, que desde o ano passado mora no Rio de Janeiro, tiveram uma conversa hilária sobre o acordo ortográfico, mediada por Marcelo Moutinho.
Ondjaki: “Sobre este assunto, o Mia Couto cunhou uma frase que tem a ver com o que eu penso, que é ‘A minha pátria é a minha língua portuguesa’. Mas tenho um amigo que tem uma mente muito pornográfica e ele mudou a frase para ‘A minha pátria é a minha língua em uma portuguesa.’”
“Transar é uma solução cultural muito interessante que o brasileiro criou. É um meio termo que não existe em Angola, onde só existem o 8 e o 80 - ou se diz phoder ou fazer amor.”
“Brochar é outra palavra que não existe em Angola, no máximo dizemos tive uma desistência. Aliás, como isso quase nunca acontece em Angola, é por isso que não temos uma palavra.’”
Marcelino Freire (na foto abaixo): “Para mim, o acordo é muito mais uma questão comercial do que cultural, para as editoras terem que reeditar todos os livros etc. Porque eu nunca precisei de um dicionário para ler Eça de Queirós ou Fernando Pessoa.”
“Estou mais para o lado de um acordo pornográfico, como, aliás, o meu colega aqui.” (Referindo-se a Ondjaki)
“Sinto saudades do trema! Aquelas duas bolinhas bem delicadas, bem viadinhas. Eu adorava botar o trema na lingüiça!”
6 comentários:
Oi Valéria cada pérola que você ouviu por ai né.
Bj!
Obrigada por nos fazer compartilhar desses momentos!
Cada um disse o que pensava! deve ter sido divertido!
Com carinho Monica
Flip, Flip, Flip! Ah, como eu queria ter ocnseguido umas férias do trabalho e ter ido!!!
Aproveite muito! (Mesmo que, pelo texto, já dá pra ver que eu nem preciso dizer pra você aproveitar...)
A-D-O-R-O como vc anota as falas e as traduz aqui. A gente fica com uma sensação de que está mais perto dos autores e acontecimentos. Saudade de vc! beijoca
Ah, eu tb sinto saudade do trema, do "idéia"...
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