Ontem, finalmente, a Flip morna esquentou. O aumento da temperatura começou com a mesa do inglês Neil Gaiman, que atraiu a juventude dark, punk e clubber de São Paulo a Paraty. Não assisti à mesa, mas sei terminou às 13h15 e às 16h a fila de gente vestida de preto, cabelo moicano, tatuagens, piercings aqui e acolá ainda era looonga. Mr. Gaiman deve ter ficado com a mão doendo, se é que não teve uma tendinite! Sorte da Editora Conrad, que publica a maioria dos livros do escritor.
Às 15h, começou a conversa entre o simpático Alessandro Baricco, escritor italiano cuja obra foi adaptada para o cinema mais de uma vez, e o charmosíssimo Contardo Calligaris. O mediador, Manuel da Costa Pinto, falava demais e se esforçava demais por fazer perguntas "inteligentes" (um saco!). Ao mencionar uma afirmação de que o cinema é hoje a arte que melhor expressa ou reproduz a a vida privada humana, ouviu de Contardo: "Não concordo, pois a literatura, justamente talvez por mostrar menos, e por seus recursos próprios, como as diferentes formas de contar uma história, fala sobre a vida humana de maneira ímpar, pois cada escritor tem seu modo de pensar e de dialogar com o leitor".
Contardo é um fofo! Quando eu trabalhava na Editora Campus/Elsevier, tive a oportunidade de fazer o lançamento de seu livro Cartas a um jovem terapeuta. Na primeira reunião, esperava um sedutor – pois muitos psicanalistas usam a aura de poder e charme da profissão para exercitarem sua sedução. Mas não. Foi seco e direto, sem margem a conversa fiada. Passei a considerá-lo ainda mais por isso.
Ao fim da conferência dele com Baricco, comprei O conto do amor – seu primeiro romance, lançado pela Cia das Letras – e estou lendo. É uma história de amor passada na Toscana, Itália, e ele se expõe bastante, o que é admirável.
Na mesa das 17h, dois escritores que eu não conhecia travaram um divertido e espinhoso diálogo: Cees Nooteboom e Fernando Vallejo. O primeiro, holandês, viaja o mundo (por isso me interessei!) e escreve livros de viagem e romances passados em países longínquos. O segundo, colombiano radicado no México, é um senhor meio rabugento, vegetariano e excêntrico. Muita gente o destestou, mas eu adorei. Mais abaixo, reproduzirei um diálogo dele com o mediador – excelente! – Ángel Gurría-Quintana, que participou de todas as Flips até hoje.
Às 17h, Luis Fernando Veríssimo apresentou o dramaturgo Tom Sttopard na mesa mais esperada da Flip. Stoppard preferiu falar de pé e era muito difícil seguir seu raciocínio. Desde dicas sobre a relação entre linguagem e imagens, pois é dramaturgo e roteirista, até citações de filmes que viu, etc. Confesso que me cansei e fui embora no meio.
Hoje, às 17h, é a mesa Livro de Cabeceira, na qual alguns autores, não todos, lêem livros que marcaram suas vidas. Da Record, estarão lá Zoë Heller e Cintia Moscovich.
Um comentário:
Na fila do Neil Gaiman com certeza estava o meu chefe e o filho dele exibindo seu moicano verde...
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