Lya não gosta de viajar sozinha, sente-se insegura, gosta de ter alguém para conversar. Afinal, é uma senhora de 69 anos, 70 em setembro, mas não se pode dizer que seja "velha". É gordinha, caminha com dificuldade por causa de um problema num dos joelhos, mas mesmo assim não é "velha". É uma mulher muito interessante, isso sim. E sábia. Uma voz de ponderação, discernimento, nesse mundo em que os mais variados estímulos nos puxam para todos os lados, em que as notícias nos jornas nos fazem desanimar. Lya nos dá esperança: pode ser diferente!
É por isso que pessoas se aglomeram onde quer que ela vá, para ouvi-la falar. E ela gosta de conversar com o público, pois gosta de gente. Na hora de interromper o bate-papo e partir para os autógrafos, ela sempre reclama: "mas essa é a melhor parte!..." Sim, porque depois vem a fila de autógrafos e nem sempre as pessoas são ponderadas, equilibradas ou educadas como a Lya.
Na quarta-feira à noite (28/5), pouco antes do início do projeto Sempre um Papo (http://http//www.sempreumpapo.com.br/capa/index.php) em São Paulo, a organização veio nos dizer que havia um homem esperando por ela desde as 14h. O evento estava marcado para as 19h. Lya mandou-o entrar e o homem a abraçou e falava a um palmo de distância do seu rosto. Dava para ver que tinha problemas, mas Lya pacientemente aguentou enquanto ele a enlaçava para uma foto que nunca ficava boa. Várias repetições depois, conseguimos levá-lo embora.
A fila de autógrafos era longuíssima e quase todas as pessoas queriam conversar, abraçar, beijar. Lya pediu: "pega uma cadeira e senta aqui do meu lado". Sentei. Senti que ela é meio "sugada" por essa ansiedade das pessoas, de quererem ser lembradas, de quererem o afeto e o equilíbrio que ela exala. Mas de onde vem isso?
De uma infância feliz, como a própria Lya diz: "se temos uma família que nos ama e ampara, nosso caminhar será mais firme e sem tropeços. Se há problemas na infância, o chão fica esburacado e o caminhar será mais sujeito a quedas". Ela define a família ideal (ela sabe que é idealizada, mas afirma que é possível) "é aquela da qual podemos dizer: mesmo quando não me compreendem e me reprovam, eles me amam, me respeitam e me acolhem. Assim, eu sinto que tenho meu lugar no mundo".
Sua própria família, que ela criou, é muito alegre e feliz. Três filhos, não sei quantos netos. Todo mundo fica admirado pois o novo livro, O silêncio dos amantes (Record), é repleto de todo tipo de tragédias. Tem até um anão que vira porco. "As pessoas ficam se perguntando se tem algum anão na minha família, mas pelo contrário, todos são bem altos", brinca.
Mais três anos sozinha e Lya conhece Vicente, "um velho charmoso de barba bem branca". Ela tem 65 e ele, pouco mais que isso. Dois anos de namoro e estão casados a três, morando juntos na mesma casa. Durante nossa viagem, ela telefona pra ele de manhã, de tarde, de noite. Como foi no início? "Igualzinho como sempre: a perna fica bamba, a boca seca, a gente se apaixona. E tem mais: já avisei a ele que está proibido de morrer antes de mim!"
Querida Lya... Ela me ensina a saber esperar, a enxergar os GANHOS que a vida traz (no mesmo ano em que Helio morreu, nasceu seu primeiro neto), que o amor é a maior aventura da vida e não tem idade para começar. Tudo isso eu já sabia, mas a Lya é uma prova muito inspiradora.
É por isso que pessoas se aglomeram onde quer que ela vá, para ouvi-la falar. E ela gosta de conversar com o público, pois gosta de gente. Na hora de interromper o bate-papo e partir para os autógrafos, ela sempre reclama: "mas essa é a melhor parte!..." Sim, porque depois vem a fila de autógrafos e nem sempre as pessoas são ponderadas, equilibradas ou educadas como a Lya.
Na quarta-feira à noite (28/5), pouco antes do início do projeto Sempre um Papo (http://http//www.sempreumpapo.com.br/capa/index.php) em São Paulo, a organização veio nos dizer que havia um homem esperando por ela desde as 14h. O evento estava marcado para as 19h. Lya mandou-o entrar e o homem a abraçou e falava a um palmo de distância do seu rosto. Dava para ver que tinha problemas, mas Lya pacientemente aguentou enquanto ele a enlaçava para uma foto que nunca ficava boa. Várias repetições depois, conseguimos levá-lo embora.
A fila de autógrafos era longuíssima e quase todas as pessoas queriam conversar, abraçar, beijar. Lya pediu: "pega uma cadeira e senta aqui do meu lado". Sentei. Senti que ela é meio "sugada" por essa ansiedade das pessoas, de quererem ser lembradas, de quererem o afeto e o equilíbrio que ela exala. Mas de onde vem isso?
De uma infância feliz, como a própria Lya diz: "se temos uma família que nos ama e ampara, nosso caminhar será mais firme e sem tropeços. Se há problemas na infância, o chão fica esburacado e o caminhar será mais sujeito a quedas". Ela define a família ideal (ela sabe que é idealizada, mas afirma que é possível) "é aquela da qual podemos dizer: mesmo quando não me compreendem e me reprovam, eles me amam, me respeitam e me acolhem. Assim, eu sinto que tenho meu lugar no mundo".
Sua própria família, que ela criou, é muito alegre e feliz. Três filhos, não sei quantos netos. Todo mundo fica admirado pois o novo livro, O silêncio dos amantes (Record), é repleto de todo tipo de tragédias. Tem até um anão que vira porco. "As pessoas ficam se perguntando se tem algum anão na minha família, mas pelo contrário, todos são bem altos", brinca.
Lya casou-se pela primeira vez com Celso Luft, autor de uma gramática que leva seu nome, e tiveram 3 filhos. Era seu professor, quase 20 anos mais velho, e não era comum naquela época. Aos 23 anos de casamento, ela conhece o psicanalista e poeta Helio Pellegrino num congresso de escritores em SP. Amor à primeira vista. Lya largou o marido, a família (os filhos criados) e mudou-se para o Rio para viver seu grande amor. Tinha bem mais de 40 anos.
Três anos depois, Helio sofre um enfarte e morre. Quando ela fala dele, dá para sentir quão violento foi esse corte. Lya volta para Porto Alegre, passa 4 anos sozinha, tentando reconstruir a vida. Até que o marido a chama e voltam a se casar. Menos de um ano depois, o homem sofre um AVC e vira "alface" (como resume alguém que conheci). Enfermeiras, fraldas, remédios... Mais três anos. Nesse meio tempo, a mãe tem Alzheimer e faz mil estripulias, é preciso interná-la. Um belo dia, o marido morre.Mais três anos sozinha e Lya conhece Vicente, "um velho charmoso de barba bem branca". Ela tem 65 e ele, pouco mais que isso. Dois anos de namoro e estão casados a três, morando juntos na mesma casa. Durante nossa viagem, ela telefona pra ele de manhã, de tarde, de noite. Como foi no início? "Igualzinho como sempre: a perna fica bamba, a boca seca, a gente se apaixona. E tem mais: já avisei a ele que está proibido de morrer antes de mim!"
Querida Lya... Ela me ensina a saber esperar, a enxergar os GANHOS que a vida traz (no mesmo ano em que Helio morreu, nasceu seu primeiro neto), que o amor é a maior aventura da vida e não tem idade para começar. Tudo isso eu já sabia, mas a Lya é uma prova muito inspiradora.
4 comentários:
ai q lindinha...até me emocionei...acho que, no fundo, todos querem pegar pra si um pouco dessa sabedoria.
Acho que, no fundo, inclusive eu.
beijocas!
Quando li "Perdas e ganhos" fui conquistada por essa senhorinha sensível e perseverante. E não me canso de admirá-la a cada dia que passa. Um exemplo para mim.
.... estar no lançamento com a Lya e depois com minha amiga Valeria aqui em Campinas, na semana passada, foi a melhor "bruxaria" que esta maravilhosa senhora pôde fazer a uma fã... ela é realmente especial - beijos!
Poxa, que inspiraçao
é quase um perfil da Lya, que eu nunca tinha lido
muito legal o texto, e ela inspiera aquela pauta de que falamos hoje... beijos, ro
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